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A Lua Nova I


Despedida à Estela

Miguel e Thaís chegaram à rodoviária às quatro e meia da manhã. Logo depois que Marina e o namorado sumiram entre as arvores do quintal da Irmandade, Priscila avisou a Thaís sobre a morte de Estela. Viajando no primeiro ônibus, chegariam a tempo da cremação do corpo da avó dos amigos.

O velório tinha uma energia completamente inesperada. Thaís viu flores de diferentes cores espalhadas pela capela. Rosas vermelhas emolduravam o corpo de Estela. Havia ainda uma cesta com bolos e sucos. Velas coloridas e algumas pedras também ornamentavam o local.

Quando Rebeca os viu chegar expandiu um sorriso leve e acolhedor. Thaís sentiu os olhos arderem, e era estranho pensar que não sentia exatamente tristeza, sim emoção, admiração e saudade.

— Ela deixou uma carta para mim. — Rebeca mordeu os lábios para segurar as lágrimas que encharcaram seus olhos. — Ela disse exatamente como gostaria que fosse sua despedida e quem ela gostaria que fosse avisado.

Thaís olhou em volta, avistou alguns colegas e amigos que estudaram com eles na escola. Regina conversava com alguns parentes distantes. E havia um grupo de homens e mulheres tão visivelmente parecidos com o estilo de Estela, todos vestidos de branco.

— Eles são sacerdotes e sacerdotisas, amigos de longa data da minha avó, que vieram das mais diferentes partes do país para se despedirem dela. O branco é a cor do luto porque a Deusa pálida é a face da morte.

— Nós sempre achamos que ela era uma sacerdotisa solitária — comentou Miguel.

— Alguma coisa me diz que ainda vou descobrir muitas surpresas sobre ela — respondeu Rebeca dando as mãos aos amigos.

— Olha quem está abraçada ao Caio! — apontou Miguel para Carol e Caio — Tem gente que gosta de amor tipo sofrência!

— Debochado! — cutucou Rebeca — Mas não. Ali agora só tem um carinho bem grande, eles sabem que não formam o casal lá muito feliz. Acho que Caio que precisa de um tempo sozinho, amadurecer mais. Principalmente depois do desastroso e rápido relacionamento com Lavínia.

— Ela veio ou vai vir aqui no velório? — perguntou Thaís.

— Não. Gustavo já me disse que não. Ela não tem empatia nem por mim, nem por Caio, realmente não tem motivo para estar aqui hoje.

Gustavo, Marcos, Caio e Carol se aproximavam, era hora de mudar de assunto.

— Priscila e Marina te mandaram abraços — comentou Thaís — Mais tarde te conto tudo sobre ontem. Linda a foto que Igor nos enviou no grupo... Aquele fim de semana no sítio da sua avó com todos os nossos amigos reunidos foi um dos melhores dias da minha vida.

No final do ano anterior, foi a despedida do colégio e tudo o que aquilo significava. Vários amigos se mudariam de cidade, Igor se mudaria de país. Despedidas, recomeços e saudades. Eles se reuniram no sítio de Estela. Antes que todos chegassem Rebeca levou a avó até a beira do lago e fizeram um pequeno ritual com a energia das pedras Olhos da Deusa. Estela passou um dia tão lucida e cheia de vitalidade como não se via há tempos. Elas sabiam que aquela energia se enfraqueceria cada vez que fosse usada. Que era apenas algo paliativo e passageiro. Mas tornou aquele dia mágico. Foi naquela tarde, enquanto os jovens se divertiam no lago que Estela escreveu sua carta à neta.

Estela não desejava um velório longo, apenas o suficiente para que as pessoas mais importantes pudessem despedir-se dela adequadamente. "A passagem para a Terra do Verão é prazerosa e alentadora. Estarei num lugar paradisíaco e mágico. Não há motivos para tristeza, a Deusa faz girar o ciclo da vida. Voltarei para o seu ventre, o grande caldeirão do renascimento. Por isso a morte é um momento sagrado. Esses sacerdotes e sacerdotisas que serão convidados terão a missão de me purificar e abençoar, pode confiar-lhes esse ritual. Depois que meu corpo for cremado, você, Caio, Thaís e Miguel terão mais uma missão a cumprir."

Ultimo ritual para Estela

Rebeca tinha o olhar vidrado no lago, mas o coração corria solto por lembranças da avó. Despedir-se dela era menos doloroso do que ela imaginou. Neste ultimo ano, desde que ela adoecera, foram muitos os avisos de que a morte estava próxima, e Rebeca fazia de cada momento o ultimo com ela.

Estela às vezes lúcida, às vezes perdida num mundo distante, despertara em Rebeca a ânsia por aprender a canalizar a energia dos Olhos da Deusa para seus desejos, que se resumiam a um: fortalecer a saúde da avó. Mas era uma luta inglória. Talvez Estela já desejasse atravessar o lago e encontrar as brumas onde pudesse encontrar o descanso. Rebeca sentia um incomodo para além da tristeza, repetia uma palavra em sua cabeça: Maktub (está escrito). Num golpe do destino abriu seu diário e encontrou a seguinte passagem:

"Então a senhora é a vovó lua crescente", respondi certo dia. Ela, a princípio, anuviou a feição. Em seguida, me deu uma resposta que eu nunca esqueci: "você tem razão... Minha pequena, você está marcada, já carrega a magia em seu coração. Um dia, eu terei que viver a lua cheia, até minguar. Antes disso, você terá começado a crescer no ritmo da lua".

Reler aquele trecho tão antigo de seu diário a fez entender que a avó tinha uma missão e que foi cumprida. Os mistérios da Deusa eram quase sempre incompreensíveis, mas aquele estava bem claro. Era momento de ela partir para uma nova jornada, não mais na terra. Não havia mais pendências, Estela e Regina reconstruíram seus laços com respeito e amor.

Rebeca deu as mãos ao irmão e aos amigos diante do lago. Os quatro vestidos de branco. No centro do círculo havia um pão de ervas feito por Rebeca exatamente da forma que a avó lhe ensinou, esse era o alimento favorito de Estela. Havia ainda velas e cálices com água e vinho, representando os elementos fogo e água. Um cristal bruto e com as pontas puras e transparentes que representaram o elemento terra. E a fumaça das velas, o perfume das flores e do pão de ervas trouxeram o elemento ar para o ritual. Junto a esses objetos, havia uma pequena urna com as cinzas de Estela.

"Eu desejo que as cinzas do meu corpo estejam no lugar em que eu me sinto em casa e livre. Para que possa continuar a fertilizar essa terra com os mistérios da Deusa."

— Nós estamos reunidos nessa noite de lua nova partilhando de certa tristeza, mas também de alegria — falou Rebeca — a tristeza é pelo fim de um ciclo, mas a alegria é pelo começo de um novo ciclo. Te convocamos grande Deusa e te confiamos nossa querida irmã Estela. Toma-a, protege-a, receba-a na paz da Terra do Verão. E tu bem sabes que com ela vai o nosso amor.

Então Miguel pegou um instrumento de percussão pequeno e Caio pegou o violão e começaram a tocar, as garotas a dançar. Uma cerimônia festiva em memória de Estela.

Ao final daquele ritual, os quatro entraram na canoa e remaram até o centro do lago. O céu estrelado da forma mais impressionante que já viram estava refletido nas águas calmas do lago. Rebeca se levantou, com cuidado para não desequilibrar a canoa, os outros se reposicionaram de forma que o equilíbrio estivesse assegurado.

Então estendeu os braços segurando a urna aberta com as cinzas de Estela. Os Olhos da Deusa imediatamente começaram a emitir partículas brilhantes e uma corrente de vento espalhou as cinzas pelas águas calmas do lago, pelo verde exuberante do bosque, pela fertilidade da horta e sob a acolhedora casa de Estela. Os olhos de Rebeca arderam, emocionou-se em saber que a energia de sua avó sempre estaria junto dela naquele paraíso.

Recomeços

Os quatro não tinham sono. Alimentavam o ardor da fogueira com novos troncos, a leveza do vinho a cada nova taça e alimentavam a alma com pães e conversas infindáveis. Talvez porque soubessem que aquelas noites seriam raras a partir de agora. Apenas Miguel e Thaís morariam na mesma cidade, Rebeca ficaria ali e Caio partiria para mais longe para fazer faculdade de música.

Rebeca escolheu fazer biologia onde Gustavo estudava, para se especializar em botânica. Cada vez mais se empenhava em cultivar e manipular as plantas em poções e alimentos saborosos. Queria saber mais, queria usar o conhecimento da ciência nas poções.

— Nossos planos é morarmos juntos aqui o mais breve possível — contou Rebeca sobre os planos com Gustavo — eu realmente não tenho pretensão de me juntar a nenhuma irmandade. Tenho livros, grimórios e segredos incontáveis para explorar nesse sítio. E Gustavo já compreende e me apoia sobre tudo isso.

— A vida está me levando para outra estrada, claro que por minha escolha — falou Thaís — eu me sinto bem na Irmandade, mais segura e aprendendo rápido.

— Só não entendo porque elas rejeitam a participação de homens — reclamou Miguel — querem me afastar de você?

— Vou explicar: a Irmandade começou há alguns séculos. As mulheres buscavam proteção através da união para seguirem com suas crenças. Foram perseguidas por bruxaria por séculos durante a inquisição! Eram condenadas por tradições simplesmente femininas e sensíveis. A maior parte das vezes não havia nenhuma bruxaria envolvida. O fato é que o preconceito por bruxaria ainda existe, por mais que pareça que não. Elas se salvaram dessa forma e preferem manter seu mundo protegido. Isso as fortalece.

— Se você se sente bem lá e afirma que isso não a fará se afastar de nós — concluiu Caio — vai em frente!

Rebeca pediu para que dessem as mãos. Fechou os olhos inspirando fundo. Em seguida, os abriu emoldurando o rosto com um sorriso.

— Que o nosso refugio seja sempre aqui. Que estejamos sempre prontos a ouvir o chamado uns dos outros. Que a nossa amizade seja combustível para nossa união. E que não importa o tempo e a distância, sempre haverá espaço para nos reunirmos aqui e nos fortalecer.

Os quatro se uniram num abraço e os Olhos da Deusa os envolveu em partículas brilhantes selando essa promessa.

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Queridos leitores,
Eu quero agradecer! Eu trabalhei nessa história para vocês e por isso eu preciso saber o que acharam do final!
Foi o que vocês esperavam?
Imaginaram outra coisa?
Quanto a mim, fica uma sensação de despedida. Vou sentir falta de cada um desses personagens que estão comigo há tanto tempo.
Obrigada pelo carinho, minha escrita não seria a mesma sem vocês!

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