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A Lua Cheia


A lua de sangue

Perla olhou-se no espelho. Rugas no canto dos olhos e em volta dos lábios transformavam seu rosto. Sabia que naquela noite deveria usar os Olhos da Deusa e isso lhe causava medo. Desde a tempestade, não tinha coragem de usá-los, pois experimentou a fúria ainda desconhecida da Deusa.

Não partilhou seu temor com Marina ou Priscila, elas ainda acreditavam na batalha pelo poder das pedras. Priscila conduziu as intrigas e seduções para tentar desestabilizar Rebeca e Thaís. Perla permaneceu reclusa aguardando a lua de sangue.

— Hoje vamos fazer uma fogueira à beira do mar! Logo adiante tem as dunas, lá fica bem deserto, vamos assistir a lua nascer totalmente cheia no mar — disse Priscila.

— Eu li que vai ser lua de sangue — comentou Lavínia.

— Era a surpresa de Priscila! — Riu Marina. — É o eclipse lunar. A lua fica coberta pela sombra da terra.

— Irado! — exclamou Marcos.

Caio, Rebeca, Thaís e Miguel se afastaram da galera.

— Ontem eu só restabeleci o domínio da minha emoção quando encontrei a Deusa através da energia da lua — explicou Rebeca — a minha intuição diz que o eclipse pode diluir esse contato nosso com a Deusa. 

— Isso significa que teremos que ficar atentos para controlar nossas emoções — disse Caio — Elas terão mais força do que o desejo da Deusa.

— É tão estranho. Eu não pressinto nada de ruim. Sinto uma energia tão boa com relação à Marina e até mesmo à Priscila — questionou-se Thaís — Será que a batalha já terminou e nem percebemos?

— Você é a guardiã do outro par de Olhos da Deusa. Ele ainda não chegou até você — disse Miguel — É claro que isso ainda não terminou.

— Isso pode acontecer de forma pacífica — Thaís sentia mal em pensar que deveria ser guardiã daquelas pedras poderosas.

— Thaís, lembre-se dos meus sonhos — advertiu Caio.

— Temos que ficar atentos. A minha avó nos alertou: o que virá antes ou depois da cena revelada ao Caio depende de nós. — Rebeca segurou as mãos de Thaís. — Durante o eclipse, os nossos próprios desejos ficarão mais fortes que os desejos da Deusa. Você precisar fortalecer seu desejo para vencermos a batalha.

— Isso me faz pensar na lua negra, quando temos que lidar com nossas sombras, medos, vícios — refletiu Caio.

— Faz sentido: no eclipse a lua está sob a sombra da terra — completou Miguel.

Thaís olhou para o horizonte, o mar e suas ondas cheias de energia. Ela tinha medo, a angústia vinha em ondas a cada vez que pensava o que aconteceria naquele luau. Quando Caio falou sobre a lua negra e lidar com as próprias sombras, isso se acentuou. Como seria capaz de exercer algum desejo e energia nessa batalha se o que lhe dominava era o medo? 

Eclipse

Faltava menos de uma hora para a lua nascer. O luau já estava preparado na praia. Rebeca colocou os brincos. "Esteja comigo, minha Deusa, me ajude a controlar meu medo, a dosar meu desejo, a discernir minhas atitudes. O que você espera de nós essa noite?" 

Perla olhou para as pedras dentro do porta-joias. Pareciam inofensivas e de pouco valor, apenas brincos antigos. Empurrou o cabelo ruivo para as costas e colocou o primeiro brinco na orelha. Respirou fundo, esperando pela ardência, mas nada aconteceu. Colocou o segundo brinco e as linhas de expressão começaram a sumir de seu rosto. As olheiras desapareceram, a dor pelo corpo também. Perla parecia ter vinte anos novamente.

— Eu me esqueci da minha idade, esqueci os meus medos, esqueci o que eu era antes de me tornar guardiã deles. Eu devo lutar mesmo que seja uma luta inglória?

***

Aquele trecho na praia estava totalmente deserto. Uma imensa duna e o oceano delimitavam a faixa de praia onde as tochas foram instaladas, e onde a mesa com frutas, petiscos e coolers com bebidas foram acomodados. Uma pilha de madeira no centro do cenário aguardava o fogo para queimar. Eles jogaram algumas cangas na areia. Decidiram acender as tochas e a fogueira depois do eclipse. O cenário na praia era lindo: o mar brilhava prateado sob um céu avermelhado na extensão do horizonte.

— Fizemos vários arranjos de flores para o cabelo, acho que esse é o que mais combina com você — Marina ajeitou as flores brancas na lateral dos cabelos de Thaís.

Rebeca observava Marina e Priscila, não havia qualquer sinal da ruiva  ou de um ritual preparado. Marcos tocava um tambor, enquanto Caio tocava violão, as vozes os acompanhavam. Gustavo não se desgrudava dela. Tudo numa harmonia curiosa. Gustavo a puxou para dançar, os outros fizeram o mesmo.

As tensões foram se dissipando e dando lugar a magia misteriosa. A música, a alegria e as danças ocupavam sem restrições a cada um dos espíritos presentes. Nada parecia ser capaz de quebrar a sensação de paz e alegria.

De repente, Rebeca viu a figura de Perla se aproximando, ela caminhava com os cabelos vermelhos soltos e um vestido branco longo. Era uma mulher atraente e imponente. O coração de Rebeca perdeu o compasso, encarar Perla despertava um temor nunca experimentado.

Gustavo não estava disposto a parar de dançar, Marcos e Caio aceleram a música. Todos aceleram o passo. Rebeca não conseguia parar e nem se comunicar com ninguém. A sensação de impotência era forte demais. Perla parou a beira da roda e sorriu para Rebeca. Ninguém mais parecia vê-la. Era como uma aparição enxergada apenas pela garota.

Perla abriu os braços, as pedras em suas orelhas brilharam na cor de seus cabelos. Toda a cena congelou. Gustavo parecia uma estátua de cera perfeitamente esculpida. Rebeca olhou em volta e todos estavam da mesma forma, parados, sorrisos congelados e olhares petrificados. Apenas ela e Perla podiam se mover. Rebeca precisava agir, não compreendia a intenção de Perla, mas não podia deixar que ela controlasse seus amigos. Usou o ar para formar uma corrente de vento em torno do grupo. Criou, assim, um campo de força. Lá dentro, todos voltaram a dançar imperturbáveis, sem perceber a presença de Perla.

Nem Miguel, Thaís e Caio prestavam atenção no que acontecia em volta e isso intrigava ainda mais a Rebeca. Perla sabia o que estava fazendo, ali naquele momento a batalha era entre as guardiãs das pedras. Os outros seguiam num transe mágico movido a risadas e músicas.

Rebeca conseguiu desprender-se de Gustavo e encarar Perla através da corrente de vento. Aquela mulher de beleza e força estonteantes. Então, a grã-sacerdotisa acendeu uma das tochas e o vento encarregou-se de acender as outras. E as labaredas consumiam o oxigênio diluindo a corrente de vento. A qualquer momento era poderia obter o controle da cena novamente.

− O que você quer? – inquiriu Rebeca.

− Que você entenda que precisa de mim.

Rebeca franziu a testa tentando compreender aquele jogo perigoso. Perla planejou sua próxima jogada, concentrou o poder das pedras em Miguel. Ele atravessou o círculo de tochas e caminhou em direção ao mar. Rebeca tentava manter o campo de força quando viu Miguel na beira do mar. Tentou chamá-lo, mas ele estava em transe. A cena repetia exatamente o sonho de Caio.

Rebeca então  gritou o nome de Thaís. Aos ouvidos dela, a voz da amiga estava distante e abafada, mas a entonação era de terror. Quando ela se virou para olhar Rebeca, viu Miguel entrando na água. Correu atrás dele gritando seu nome, mas já era tarde demais, ele já havia mergulhado.

Rebeca tentava dominar a energia dos poderes do outro par de pedras, mas Perla tinha mais conhecimento de magia do que ela. O enfraquecimento de Rebeca era visível, a dor tomou conta dela, migrando por todo o corpo. O desespero a dominou. A cabeça latejou intensamente, então, ela desmaiou.

As lembranças dos exercícios com Miguel despertaram Thaís. Ela precisava tentar, então fechou os olhos e buscou por ele. "Escute a minha voz Miguel. Controle seu desejo, seja forte. Volte para a praia." Precisava abrir o canal com ele e trazê-lo de volta. Mas, não sentia a presença dele, nenhum sinal de que ele a ouvia.

Caio não percebia o que acontecia, estava hipnotizado por Carol e Lavínia que dançavam para ele. Priscila, Marcos e Gustavo também estavam alheios. Formavam uma roda de música, dança e risos, havia uma energia circulando entre eles, mantendo-os sob uma magia misteriosa. Só Marina observava a cena aguardando seu momento de agir. 

A lua finalmente nasceu no horizonte. Subia em sua forma plena e no mais intenso vermelho. Thaís virou-se para Perla, seu coração quase parou de bater, mas era chegada a hora. Ela sabia que a única maneira de resgatar Miguel era tomando para si o que lhe pertencia. Direcionou todo seu desejo para os Olhos da Deusa e eles lhes responderam. Com os olhos fechados, Thaís se transportou para o corpo de Perla. Controlou sua consciência e seu corpo, conseguindo erguer o corpo de Miguel do mar. Ao dominar Perla, Thaís interrompeu sua força sob Rebeca que despertou.

— Caio! Ajude! — gritou Rebeca ao ver corpo paralisado de Miguel boiando no mar.

Caio largou o instrumento e correu para a água. Thaís começou a sentir seu corpo enfraquecer, não sabia por quanto tempo aguentaria. Rebeca deu as mãos para Thaís e lhe transferiu mais energia. Foi o tempo exato para que Caio trouxesse Miguel  à areia.

Thaís ajoelhou ao lado dele, abandonando seu domínio sobre Perla.

— Acorda, Miguel! Por favor — gritava ela, enquanto Caio tentava bombear água para fora de seus pulmões.

Rebeca precisava impedir Perla. Chamou novamente a força do ar, fez o vento levantar ondas e rajadas de areia sob ela. Mas, Perla usava os mesmo elementos para se proteger e continuava a caminhar em direção a eles. Ambas tinham o mesmo poder, era uma batalha estéril. Caio segurou Thaís pelos ombros e suplicou:

— Ele podia ficar oito minutos sem ar. Não há água nos pulmões. Só você pode trazê-lo de volta. Ele está aí dentro!

A lua clareava lentamente enquanto subia pelo céu. Lavínia, Carol e Marcos continuavam a cantar e dançar sem perceber o que acontecia. Priscila saiu do transe ao ver Marina se levantar e caminhar em direção à água.

— Está acontecendo! — assustou-se segurando a prima pela mão.

— A lenda vai se cumprir. — Marina a encarou, antes de caminhar até Miguel.

Quando Marina ajoelhou-se ao lado de Thaís, pegou suas mãos e a encarou com convicção:

— Feche os olhos. Escute sua própria respiração. Deixe que apenas a minha voz esteja com você agora. — Thaís já confiava em Marina. Sentia segurança em suas palavras. — Está vendo o ar tornar-se fluído como a água? Pode ver as correntes brilhantes atravessando? Uma delas é a corrente da consciência de Miguel.

Thaís encontrou a corrente que os ligava, agarrou-se a ela. Chamou a consciência de Miguel: "Eu estou com você, volte comigo". Miguel ouviu sua voz e sentiu seus pulmões abrirem para a entrada de ar. Os dois abriram os olhos ao mesmo tempo. O sorriso expandiu-se junto com os pulmões de Thaís. Parecia ter ficado sem respirar assim como Miguel. Ele a olhava ainda buscando o ar com sofreguidão.

Marina levantou-se e olhou para Perla. Era visível que a lenda cumprira seu destino. A lua clareou, e Perla caiu de joelhos sob as águas do mar. Rebeca sentiu as pernas bambearem de exaustão. Caio ajudou Miguel a se levantar. Os quatro deram as mãos de frente para a lua.

As ondas molhavam o corpo trêmulo de Perla, seus cabelos perdiam o brilho diante de uma lua cada vez mais clara e intensa. Ela observou cada um daqueles jovens e se sentiu fraca. Então, tirou os brincos de sua orelha e ergueu as mãos na direção deles.

— Eu cumpri minha missão, minha Senhora. Entrego essas pedras a quem é sua guardiã. — Curvou as costas e olhou para as águas que lhe cobriam até a cintura. 

Thaís inspirou com força e fechou os olhos. Sabia que não tinha escolha a não ser aceitar sua missão. E ela já sentia as pedras lhe atraindo como ímãs. Abriu os olhos, levantou o queixo, alongou a coluna, soltou as mãos de seus amigos e caminhou até Perla que permanecia ajoelhada. 

— Por que fez tudo isso se já sabia o que deveria acontecer?

— Porque a minha missão também era despertar a sua força, desejo e poder. Você é jovem, um dia entenderá o meu sacrifício. — Perla perdeu seu brilho. As rugas expandiram em seu rosto e mãos. Os cabelos estavam opacos e ela sentiu dificuldade de se levantar.

Thaís colocou os brincos em suas orelhas e estendeu as mãos para ajudar Perla. A força da Deusa cresceu dentro dela, sentia-se mais forte. Assim, compreendeu a humildade de Perla.

− Obrigada. Que a bênção da Deusa esteja com você – disse Perla, antes de caminhar para longe deles.

Nesse instante todo aquele campo de força que mantinha Marcos, Gustavo, Lavínia e Carol alheios aos acontecimentos se desfez. Eles viram Perla se afastando.

— Quem era? — perguntou Marcos se aproximando deles e apontando para Perla até que observou Miguel — Que isso? Você está todo molhado! O que aconteceu?

Miguel bateu nas costas do amigo sorrindo, tentando encontrar uma história convincente para aquilo tudo.

— Se eu te contar que eu e o Caio temos poderes e que Thaís e Rebeca possuem pedras mágicas, o que você me diria? — Miguel viu o rosto de Marcos franzir — Elas são como bruxas, entende?

— Você já foi melhor nisso! — gargalhou Marcos — Inventa uma história melhor!

— Beleza! — respondeu Miguel vendo todos rindo — Aquela mulher achou divertido entrar no mar e se afogar durante o nosso luau, daí eu o Caio a tiramos de lá!

Apenas Marina e Priscila não riram. Enquanto Perla desaparecia nas sombras da noite, Marina observou os tremores na cabeça de Priscila e a puxou para uma conversa reservada.

− O que foi isso, Marina? Você se bandeou para o lado deles? – ela parecia ter perdido a serenidade e o controle, ou seja, a velha Priscila parecia estar de volta − Isso é traição à Irmandade. Perla, aquela bruxa fraca e velha!

− Não volte a ser imatura e estúpida. Olha para mim! – Marina estendeu-lhe um frasco com poção de apatia – Beba isso e respire devagar. Concentre-se na minha voz. Fique calma, suas atitudes devem ser amenas e bem pensadas. Depois que todos se deitarem, nós vamos até a casa onde Perla está hospedada. Entenda: isso não é o fim, é um recomeço!

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