🔹 25 🔹
— Tenho uma ideia... Você confia em mim? — digo, sentindo os dedos dos meus pés ficarem dormentes.
— Confio, mas não sei se vou gostar disso.
Começo a escutar o barulho dos passos se aproximando e sei que não temos muito tempo antes de Oliver chegar ali.
— Preciso confirmar uma coisa Adam... E provavelmente vou precisar de sua ajuda para conseguir. Tenho uma ideia do que me libertou daquele transe, mas ainda não é a hora para arriscar. Nem tenho os meios aqui para testar.
— Certo, e o que você precisa que eu faça?
— Procure uma rota de fuga, precisamos sair daqui. Vou tentar te dar a maior quantidade de tempo que puder, mas por favor, tente ficar pronto assim que eu abrir a minha boca. Onde eu estava quando você me encontrou?
— Não sei ao certo, você parece ter saído da parede... Daquela parede para ser mais específico — ele aponta para a parede escura a minha esquerda.
— Deve ter alguma passagem secreta...
— Provavelmente.
— Precisamos encontrar ela, e talvez você precise me ajudar a levar o Oliver, quero levá-lo como refém.
— Você o quê?
— Não temos tempo para você refutar o meu plano, apenas acredite que eu tenho que levar o Oliver. E estou te pedindo a sua ajuda para isso...
Adam continua a olhar para mim como se tivesse nascido uma nova cabeça no meu ombro, mas quando escuta o barulho de passos ficar cada vez mais alto, ele solta um suspiro e apenas concorda, indo na direção da parede.
Sorrio e corro até a porta, colocando um anteparo na porta, para nos dar segundos preciosos de vantagem. Poucos segundos depois já estou ao lado dele, tentando encontrar qualquer coisa naquela parede. Quase quero gritar de alívio quando Adam empurra uma das pedras e então, silenciosamente um compartimento se revela.
Só que não tínhamos mais tempo, Oliver já está na porta.
— Sério mesmo que você trancou a porta coração? — a voz dele do outro lado me fez respirar fundo.
— Continue abrindo a porta, vou distraí-lo o máximo de tempo que conseguir.
Ele nem tem tempo de falar alguma coisa. Um estrondo me fez encolher, e apenas observei a porta se chocar contra o chão, quando o diretor a derrubou.
— Com licença — ele diz com um sorriso tranquilo e põe o pé dentro do quarto. Na hora eu sinto clima mudar. — Vamos, as coisas já estão preparadas. Tobias já está esperando por você.
— Sinto lhe informar Oliver, mas não sou mais a marionete dele...
— Então é verdade mesmo... Ele sentiu. Você se libertou — uma sombra cresce atrás dele.
— E me sinto muito melhor agora que não sinto mais aquela presença nojenta dentro de mim — sorrio e estou mais uma vez preparando a umidade do quarto para atacar. Droga, estou cansada, não sei se vou conseguir fazer muita coisa sozinha...
Não quero olhar para o lado e fazer com que Oliver preste atenção no Adam, mas realmente gostaria de saber se ele fez algum progresso.
— Presença nojenta... — a risada que Oliver dá é completamente doentia. — Sendo ela sendo isso ou não, mesmo você não indo de maneira "voluntária" ao encontro do Tobias, ainda sim você irá.
— Não, não irei.
Com um timing perfeito, Adam encontra a nossa rota de fuga.
O quarto é iluminado quando a parede se divide e então consigo ver o céu do lado de fora. Não sei ainda onde estou, mas o vento frio enche a sala rapidamente.
As nuvens estão pesadas ali fora, e com o vento forte, chuva começa a invadir o ambiente. Mesmo com o tempo bem fechado e com as nuvens bem carregadas, a luz vem junto da chuva.
Não consigo esconder o meu sorriso.
Oliver parece nervoso agora.
— Você estava dizendo? — digo, carregando uma onda para dentro do quarto e a deixando perigosa, acumulada, acima de nossas cabeças.
— Ah droga! — é um pouco tarde para as sombras do Oliver.
O envolvo completamente com as suas sombras, e vejo ele se debatendo dentro da água que está a cada momento mais gelada.
— Isso não vai funcionar duas vezes sua... — ele começa a xingar, mas Adam se junta a mim, e então Oliver perde as palavras, e vejo o ódio em seu olhar.
— O quê que não vai funcionar duas vezes? — Adam pergunta com um sorriso tranquilo.
— Acredita mesmo que eu não teria um plano na manga para deixar você entrar tão facilmente assim no quarto? Achou mesmo que eu te pararia com uma reles barricada na porta?
— Mas o que você — Oliver arregala os olhos na nossa direção. — Como conseguiu Meg?
— Antes de mais nada, eu não te dei a liberdade de me chamar de Meg. É Megan pra você, pelo menos pra você que está aqui agora. Acho que o seu joguinho de entrar no meu corpo não deu muito certo... — droga, está demorando mais do que imaginei para transformar aquilo em gelo, estou realmente próxima demais do meu limite.
— COMO VOCÊ SE LIBERTOU? — o grito que ele dá me assusta, mas, mesmo assim, ele não consegue se libertar.
— Acha mesmo que vou compartilhar isso com você Oliver... Ou devo dizer, Tobias? — nem sei que expressão eu fiz nesse momento, mas pelo vermelho de ódio e as feições contorcidas que o rosto do Oliver assumiu, acho que atingi um nervo aqui.
Eu tinha saído, tenho quase que certeza de como fiz isso, mas é melhor prevenir do que remediar, então manterei a minha boca fechada e as minhas esperanças altas de que não aconteça novamente.
— Isso é impossível, as pessoas só ficam livres depois da morte — a voz de Oliver está bem sofrida. Vamos lá Megan, só mais um pouco!
— Não diga que algo é impossível só porque você nunca viu acontecer! — o peso na minha voz deve ter atingido algo dentro dele, pois vi os olhos dele suavizarem. Porém isso durou apenas um momento, pois logo o ódio estava estampado em seu olhar.
— O que você fez? — ele pergunta mais uma vez.
— Você não saberá até ser tarde demais — falo, passando uma tranquilidade que claramente eu não sentia.
— Precisamos sair daqui. Daqui a pouco esse lugar estará cheio de gente. As pessoas devem ter escutado os gritos — Adam está alerta, olhando para a porta vazia.
— Certo, então vamos logo carregando o Oliver. Precisamos de um jeito de sair daqui.
— Eu estava providenciando a nossa fuga. Vamos?
— Levando o inimigo para o território de vocês? Essa confiança excessiva ainda vai ser a ruína de vocês! — Oliver fala tão sombrio, tão cheio de certezas, que fico me perguntando se ele tem razão.
— Não se preocupe, que esse passo maior que a perna, com certeza, não vai nos derrubar — Adam diz convicto.
É por isso que eu gosto tanto dele. Quero muito abraçá-lo nesse momento, mas a situação não permite, então continuo apenas me concentrando em diminuir a temperatura e congelar por fim o Oliver. Ele não conseguiria mais escapar, mas sentia ele se revirando dentro do bloco de gelo.
Quase gritei quando seus olhos cravaram em mim. Mas apenas respirei fundo.
— Sabe Oliver, o de verdade. Nem sei se você está aqui observando isso, mas se estiver, quero que saiba que vou dar o meu melhor para tirar o Tobias daí! Apenas espere um pouco mais!
— Quero ver você tentar — ele fala por fim e finalmente consigo congelar o seu corpo.
— Precisamos ir — Adam fala com urgência.
Aceno positivamente com a cabeça e sei que nesse momento provavelmente Tobias está possesso. Não posso negar que quero abrir um grande sorriso só de pensar nele se retorcendo de raiva, porém, acredito que ele deve vir para cima de nós o mais breve possível.
E não quero abusar ainda mais da sorte.
— Pode deixar que eu carrego o Oliver! — Adam diz dominando o ar abaixo do grande bloco de gelo que agora é o diretor da prisão e o passou pela abertura na parede.
— Qual a nossa rota de fuga? — pergunto, me aproximando dele.
— Tem uma nuvem nos esperando do lado de fora. É só pular.
Faço como ele disse, e a nuvem recebe o impacto do meu pulo. A chuva começa a açoitar a minha pele com força, e a tempestade parece ter aumentado. Ainda bem, assim não teria problemas em controlar a prisão do Oliver. Viro para chamar o Adam que ainda não tinha pulado, e minha visão pega alguns guardas aparecendo na porta.
— Cuidado Adam! — grito por cima da tempestade e tento bloquear a porta com um bloco espesso de gelo.
Dois dos homens passam com facilidade pelo gelo e então mal tenho tempo de piscar quando eles entram no quarto e em combate com o Adam. Ele sempre se saiu muito bem nos treinos, mas vez os movimentos dele ali, pra valer, pareciam de algum modo mais precisos.
E ainda bem por isso.
Reforço o bloqueio de gelo com fogo e terra, bem a tempo de ver Adam derrubar um dos homens com um soco poderoso no queixo, que fez o homem voar e se chocar contra as minhas barreiras. O outro estava mais cuidadoso, mas nesse momento eu já estava disponível para dar todo o suporte para o meu namorado.
Vejo quando o homem sem dizer nada, ergue uma das mãos e de repente o quarto se enche de água, de repente virando névoa, e ainda de mãos erguidas, o homem sumiu completamente. A névoa sai até pela janela e eu grito para que Adam tenha cuidado.
Engulo em seco ao ver aquilo. Ainda tem tanta coisa que eu posso aprender, tantos usos para os domínios que eu possuo, mas agora não é momento de ficar chocada. Miragens. É, posso lidar com isso.
Seguro com firmeza o bloco de gelo em que Oliver está. Agora como eu faço para encontrar esse dominador?
Vento passa por mim com uma velocidade impressionante, mas mesmo assim não me machuco, mas o vento está tão forte que conseguiu levar embora até mesmo a chuva, e claro, a névoa.
Sorrio para o Adam que tinha seus olhos brilhando tão intensamente que demorei um pouco para entender o que ele falava.
— Abaixa! — ele grita e meu corpo obedece sem muitos questionamentos.
Sinto o golpe do homem passar próximo demais da minha cabeça. Adam já está pulando na nuvem e eu rolo meu corpo para o lado. Infelizmente não rápido o suficiente para evitar de receber um corte de sua lâmina de gelo, indo do meu ombro até pouco abaixo do cotovelo. Droga!
Uma bola de fogo faz o homem dar um pulo para trás e me dá o tempo de ficar de pé. Sinto a presença do Adam ao meu lado e nem preciso olhar para o seu rosto para saber que ele está exalando ódio.
— Você realmente não deveria ter feito isso — até eu me encolho um pouco ao escutar a voz do Adam.
— Não me faça rir garoto — o homem quase dá de ombros.
— Realmente... — Adam completa.
Os dois estão tão concentrados na conversa deles que nem percebem quando com mais delicadeza do ele merecia, acertei o corpo do homem com um grande bloco de gelo, fazendo com que ele saísse da nuvem e fosse arremessado para dentro do quarto.
— Estamos saindo. Agora Adam.
Ele apenas pisca rapidamente pra mim, mas então já está afastando a nuvem da janela.
Ainda consigo ver o homem levantando e soltando um monte de palavrões e maldições pra cima de nós, mas Adam está fazendo um trabalho exemplar em nos afastar. Espero que o bloqueio na porta nos ganhe tempo suficiente para escapar. Vejo a preocupação do Adam com o caminho a frente e eu estou com o a nossa retaguarda.
Só que ele faz um trabalho tão sublime em nos esconder naquela nuvem, que não demora muito para deixarmos para trás qualquer lembrança daquela construção. As árvores abaixo de nós não passam de um borrão enquanto ele ainda acelera por Nihal.
E quando tenho certeza que não estão nos seguindo, nem mesmo os cobertos por névoa, me permito relaxar um pouco, assim que meus ombros caem um pouco, sinto a dor percorrer meu lado direito. Tinha esquecido do machucado.
Adam desacelera a nuvem.
— Como está o corte? Precisa de ajuda para curar isso? — vejo que os seus dentes ainda estão apertados enquanto ele fala isso.
— Ei, eu estou bem — falo colocando a mão que está boa em seu ombro, e sinto os seus músculos tensionarem. — É verdade, estou bem, só esqueci de curar isso daqui...
— Tem certeza? — a sua voz amansa quando ele olha para mim, e com muito cuidado olha para o corte que ainda pinga um pouco de sangue na nuvem.
— Claro — e mesmo sentindo a exaustão em cada terminação minha, ainda me obrigo a sorrir e usar meu domínio de água para limpar e curar aquele corte. Escuto o suspiro dele assim que meu braço está livre de ferimentos.
— Achei que fosse perder completamente a cabeça quando vi o vermelho em você — ele admite.
— Mas não perdeu a cabeça. Isso é o que importa. Eu estou bem, você está bem, conseguimos carregar o Oliver com a gente...
— Você está muito dolorida, ou posso te abraçar um pouco? Só pra...
— Não precisa se explicar, ou pedir Adam — digo, sorrindo agora muito mais verdadeiramente e abrindo os braços para recebê-lo. E caímos de costas na nuvem macia quando perco o equilíbrio, tamanha é a velocidade que ele passa seus braços ao meu redor.
— Sabe, pra ser bem sincero, estou com saudade da escola. Mesmo que eu não pudesse fazer isso — ele aperta um pouco mais o abraço. — E definitivamente não podia fazer isso — seus lábios caem sobre os meus apenas por um segundo. — Ainda sim tenho saudade das preocupações que nós tínhamos lá atrás. Ter que estudar para as provas, tentar convencer nossos pais a sair no final de semana... Coisas bem mais tranquilas do que escapar de noivados arranjados, resgatar pessoas importantes, lidar com uma sombra de coroa pairando.
Meu coração aperta apenas de imaginar o que ainda passaremos.
— Quanto tempo temos até onde você está nos levando? — pergunto com uma ideia já florescendo na cabeça.
— Na velocidade que estamos não deve demorar muito mais do que dez minutos... — ele responde, franzindo a sobrancelha.
— Que tal se a gente usasse esses dez minutos para nos dar uma folga? Depois do que passamos agora, com certeza estamos merecendo. Sabe, uma folga para agir como namorados que não possuem magia agem...
— Acho que me enganei, só vamos chegar lá em meia hora — Adam diz e eu abro um sorriso.
— Muito bom saber disso — me aconchego um pouco mais no seu abraço, agora olhando para o horizonte, e a vista é de tirar o fôlego. — Posso muito bem aproveitar o passeio com você.
— Ignorando completamente o fato que estamos passeando numa nuvem que estou controlando, carregando um bloco de gelo que você fez pra aprisionar uma pessoa, podemos, com certeza, aproveitar o passeio!
— Ei! Não é pra mencionar isso! Isso não é coisa de casal normal!
— Certo, certo... — rimos um pouco juntos. — Pensei que essa coisa de ser fugitivo fosse ser mais excitante, mas os filmes me enganaram, pois não é nada divertido ser perseguido por ninguém e quando a adrenalina baixa, tudo parecer doer e tremer.
— Concordo com você, mas isso ainda não é uma conversa normal.
— Eu não me importo se a gente não é normal Meg, desde que eu esteja ao seu lado, eu posso ser o que quer que a vida nos reserve — sem ter como responder aquilo, apenas ergo a cabeça e dou um beijo nele.
Só de estar ali em seus braços, me sinto bem. Parece até que minhas forças estão sendo reestabelecidas.
— Sabe Adam... Agora que eu passei por essa experiência de não controlar meu corpo, fiquei um pouco curiosa. Como você se sentiu quando eu estava em sua mente, quando fizemos os testes de domínios? Se sentiu a minha presença, algo diferente...
— Foi um pouco esquisito sim. Era quase como se eu tivesse sendo observado, só que na minha mente. As ideias iam brotando na minha cabeça e eu não tinha motivo para duvidar delas, os pensamentos pareciam meus. Não eram como se os pensamentos fossem implantados por alguém. Era quase como se fossem apenas lembranças, não pareciam ordens.
— E quanto aos seus sentidos, os movimentos do seu corpo, você sentiu algo diferente?
— Não, eu ainda estava no controle de tudo o que fazia, mesmo que em alguns momentos os movimentos parecessem estranhos para mim, não houve um momento que pensei que não fosse eu no controle. Mas porque essa pergunta?
— Isso tem a ver com o que aconteceu mais cedo...
— Quer dizer com você me arremessando contra a parede e quase me matar?
— Exatamente. E mais uma vez desculpa por isso. Eu não estava no controle do meu corpo, mas como me falaram e também pelo que passei, é bem diferente do domínio da mente. Mas ainda sim é muito perigoso.
— Não precisa pedir desculpas. Aquele pedido para que eu corresse fez todo o sentido.
— Infelizmente não sei o que fizeram comigo, já que a última coisa que lembro realmente é ser desacordada pelo Tobias e as asas dele me cobrirem.
— Disso, eu infelizmente também lembro — vejo a garganta dele oscilar.
— Depois disso, quando acordei, percebi apavorada que não tinha mais controle sobre meus movimentos. Se as vozes que ecoavam dentro de mim tivessem conseguido fazer tudo aquilo com você... — meu coração quase para.
— Mas não conseguiu. Você foi mais forte. Infelizmente eu também não consegui ver o que foi feito com você, já que a minha pílula de invisibilidade perdeu o efeito, e não pude mais seguir vocês tão de perto.
— Não sei se força... Mas ainda bem que estou de volta. É uma experiência que eu não desejo para ninguém, ser o mero expectador dos movimentos.
— E como você está falando isso, e quis trazer o Oliver, então posso presumir que a mesma coisa aconteceu com ele? — Adam vira para o bloco de gelo.
— Exatamente.
— E como você sabe?
— As coisas aconteciam de maneira diferente na mente. Conseguimos conversar numa espécie de limbo, ou sei lá o que é aquilo, mas é um lugar que Tobias não tem acesso. E Adam... A quantidade de pessoas que ele tem sob o seu controle é absurda!
— Quer dizer então que o exército dele é maior do que as estimativas que vimos?
— Se aquelas pessoas forem um indicativo, as previsões estão MUITO erradas.
— Números não são tudo, claro que ajudam bastante, mas daremos um jeito nisso.
— Não temos outra opção além de fazer que Tobias pague por tudo que fez. Daremos um jeito, nem que precisemos criar algo do zero, conseguiremos. Mil anos na prisão submarina que ele ajudou a criar seria pouco ainda. Ele não pode ter mais poder de jeito nenhum. Melhor alguém inexperiente como eu do que um desequilibrado como ele.
— Concordo plenamente com você.
— Preciso fazer com que ele sinta a dor que é ser controlado e usado para magoar as pessoas que mais gosta. Se bem que duvido bastante que tenha alguém que ele goste nesse nível.
— Ninguém é poderoso o tempo todo Megan, e mesmo que não consigamos ver fraqueza alguma, nada nos impede de criar algumas... A prova viva é que você conseguiu escapar das garras dele. E falando nisso, como é que você conseguiu isso?
— Ainda não tenho certeza sobre isso, mas prefiro não falar sobre isso na frente do Oliver assim. Não sei o quanto ele está escutando nem o quanto ele pode escutar. Melhor deixar para falar sobre isso depois.
— Nossa, você tem razão. Agora é voltar para um lugar seguro e entrar em contato com a sua avó. E com o Nicky.
— Sim, vou falar com os dois, informar o que eu passei e como acho que podemos ajudar o Oliver. Eles podem me ajudar a organizar as minhas ideias.
— Claro. Tenho certeza que eles vão pensar em alguma coisa mesmo que a sua ideia não gere resultados. Vai ser bom levar uma notícia boa para o Nicky. Com certeza ele ficará muito aliviado em saber que as ações e maldades que foram feitas são apenas o resultado do controle rígido de um homem desequilibrado por poder.
— Espero que isso traga um pouco de alívio para ele.
Ele apenas sorri em resposta e ficamos alguns minutos apenas olhando pra frente, aproveitando a companhia um do outro. Nem sei em qual momento eu passo a encarar o Adam ou o momento em que ele faz um carinho tranquilo com a ponta de seus dedos em meu rosto.
O beijo que ele me dá, preenche e ilumina cada cantinho meu. Estávamos voando em uma nuvem há um bom tempo, mas é quando seus lábios estão nos meus que eu me sinto flutuar.
— Como eu queria que as nossas vidas estivessem menos complicadas. Para podermos aproveitar a nossa magia com mais tranquilidade.
— Sim. Passear com você com calma, sem carregar um prisioneiro, seria um sonho.
E o destino, apenas para jogar na nossa cara que realmente nada era tão complicado que não pudesse piorar um pouco, além de nos lembrar que ainda estamos em território inimigo, uma voz que me faz encolher começa a ecoar pelo ar, em alto e bom som.
"Saudações Nihal. Aqui quem fala é Tobias Smith, governador da província do Ar. Devido a acontecimentos recentes, quero pedir a ajuda de todos os cidadãos que vivem aqui, pois o assunto é de suma importância. O diretor da prisão da água Oliver Fox foi sequestrado. Os sequestradores já foram identificados e se chamam Megan White, neta de Edith White, alta classe da província do raio, e Adam Krauss, filho de Raphael Krauss, governador da província do fogo. Caso você veja tanto os sequestradores, como o sequestrado, avise imediatamente as autoridades responsáveis, avisem o máximo de pessoas que conseguirem. Eles podem ser considerados perigosos! Agradeço a atenção de todos e tomem cuidado."
O recado começa novamente, mas tudo o que consigo escutar é um zumbido baixo em meu ouvido. Raiva ferve em minhas veias e não sei como vou me livrar dela. Então uma imagem minha ao lado de Adam é refletida nas nuvens.
É muito cara de pau para um homem só. Se eu e Adam formos sequestradores, ele então se classifica como o quê? Ele está tão cego com a sua loucura que não percebe todos os limites que estão sendo deixados para trás?! Alguém tem que parar esse homem!
— Era só o que nos faltava! Colocar toda uma nação atrás de nós! — Adam fala entre dentes, se afastando um pouco de mim ao se sentar com a postura reta. — Desculpa amor, mas precisamos acelerar um pouco agora para conseguirmos chegar a tempo ao portal para sairmos daqui. Senão nossa viagem será muito mais demorada, e perigosa.
Apenas concordo e ele acelera pelo ar, o chão não passando de um borrão abaixo de nós. Eu me ocupo em colocar mais umas camadas de gelo ao redor do Oliver.
Sinto a nuvem desacelerar e escuto um xingamento baixo de Adam ao olhar para baixo, acompanho seu olhar e vejo uma pequena comoção perto de duas árvores que formavam um arco. Deviam ter umas dez pessoas ali.
— Droga! E lá se vai o nosso portal de volta para casa. Parece que vamos ter que fazer o caminho mais longo.
— Não vejo outra opção — solto um suspiro cansada. — Mas você não está cansado? Não precisa descansar um pouco?
— Ainda consigo seguir. Não estou tão cansado assim. Posso levar a gente por tempo suficiente para encontrarmos um lugar melhor para nos esconder, e por conta do Oliver, temos que procurar bem.
— Tem certeza?
— Sim. Se você quiser descansar um pouco, imagino que você deve estar bem mais cansada do que eu. A nuvem é fofinha o suficiente, e posso nos levar e ainda ficar de olho no Oliver. Ao menor sinal de que ele possa sair desse gelo, eu te acordo.
— Me chame mesmo. E também se tiver cansado, que podemos dar algum jeito de continuarmos e você ainda sim repousar.
— Sei que sim. Agora tente recarregar as energias Meg, com certeza vamos precisar — ele diz com um sorriso tranquilo e eu me estico para dar um beijo nele antes de me acomodar e encontrar uma posição confortável.
Acrescento umas camadas de gelo antes do cansaço me fazer apagar, e mesmo com as perguntas e preocupações povoando a minha mente, caio num sono sem pesadelos.
Se não fosse toda a situação que aconteceu para levar os dois até aí, eu até que amaria um passeio numa nuvem grande e fofinha! Eu só gostaria de enterrar um certo governador bem fundo pra ele se entender com os comparsas dele lá debaixo!
O que vocês estão achando do desenrolar dos fatos pessoal?! Gostaria de lembrar para a minha imensa alegria que vocês podem e devem deixar aqui o comentário de vocês, o voto, chamar os amigos, que já passamos da metade da história e as coisas só tendem a esquentar e embolar!
Beijos e até o próximo capítulo ♥
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro