
🔹 24 🔹
⚜ Adam ⚜
Demoro um pouco para conseguir ficar de pé. Quando fui arremessado na parede, o choque foi tão grande que não consegui evitar o impacto da minha cabeça com as pedras do castelo.
Minha garganta está esquisita ao finalmente conseguir me erguer e olhar para a Megan. Ela está no mesmo lugar e seu sorriso está parcialmente coberto pela iluminação do lugar, o que conferia a ele um ar sombrio e até mesmo macabro.
O que está acontecendo aqui?
— Olá Adam — algo em sua voz me fez arrepiar.
— Meg? — não podia ser ela...
— Claro que sim Krauss... Quem mais você queria que fosse com meu rosto? — ela não me chama pelo sobrenome, algo está muito errado.
— Não queria mais ninguém... Porém, o que te deu para me jogar na parede desse jeito? — ainda não me sinto confiante de desencostar a mão da pedra fria. O mundo ainda gira lentamente ao meu redor.
— Nada. Não me deu nada. Só fiz isso porque eu quis, porque eu posso.
— Não tente me convencer disso. Por que?
— Já disse, porque eu quis. É tão difícil assim de acreditar?
— Sim. Desculpe por não acreditar que você voluntariamente quis me machucar, me arremessando contra uma parede — ela está estranha. Algo parece fora do lugar.
Começo a andar em sua direção. Quero me aproximar, ver se há algo em seus olhos. Ver se há um domínio por ali, ou se há algo que posso fazer para ver a verdade.
— Acredite.
— Não acho que fiz algo de errado a ponto de você me jogar na parede. Meg, você disse que gosta de mim.
— Certo... Será que ficaria mais fácil de você acreditar caso eu dissesse que eu não gosto mais de você. Que na verdade eu nunca gostei de você... Estava com você por ser mais fácil, era tudo o que eu conhecia, mas agora em Nihal eu posso ser quem eu quiser, ficar com quem eu quiser.
Parei de caminhar na hora. Doeu. Muito mais do que ser arremessado contra a parede.
— Diga que não quis falar isso — mesmo com algo destoando em sua voz, escutar aquilo me destruiu.
— Ah, mas eu quis dizer sim. Muito mais até! — ela se aproxima de mim, e parece ter feito questão de deixar seus olhos iluminados ao me encarar. — Quer que eu diga mais uma vez olhando diretamente pra você?
Não consigo esconder a surpresa ao perceber que os olhos dela estão da mesma cor que sempre foram. Azuis, tranquilos e reconfortantes. A minha esperança que ela talvez estivesse sob o domínio de uma outra pessoa caiu por terra e meu coração afunda.
— Não, eu... — nem consigo terminar a frase.
As pedras abaixo dos meus pés tremem, e então um bloco de terra se ergue, batendo no meu queixo, me fazendo dar um passo para trás. Estou completamente sem reação.
Elementos que ela domina começam a passar por mim, me tocando, ferindo, porém não consigo encontrar a força ou ação dentro de mim para revidar. Porém o pior de tudo nem era a dor que os seus golpes provocavam, e sim as feridas que as suas palavras provocaram.
— Não vai revidar Adam? Assim não tem a menor graça... — ela debocha, e giro o corpo para escapar do chicote de metal que ela girou na minha direção.
O metal danifica o chão e consigo pisar no metal, a impedindo de continuar com aqueles ataques. Uso o meu domínio de ar para mexer com a pequena camada de ar entre o chão e seus pés, e com sorte consigo desestabilizá-la.
Uso o momento para segurar o chicote que ela segura com tanta firmeza, e a puxo na minha direção. Ela tenta se equilibrar, mas giro os nossos corpos e caio por cima dela. Ela tenta acertar meu rosto, mas seguro suas mãos.
Agora que tenho ela presa ali, percebo que estou mais machucado do que imaginei. Os músculos do meu braço doem. Estou com cortes profundos e diversas manchas roxas já querem aparecer. É difícil mantê-la ali, mas faço um esforço. Se eu soltar ela vai querer brigar comigo e não consigo responder seus ataques.
— Por que você está fazendo isso? Por que Meg? — minha voz sai magoada e nem me importo com isso.
Só percebo que estou chorando quando vejo uma lágrima cair em seu rosto e rolar solitária por sua bochecha. Algo em seu olhar amansa por poucos segundos e eu hesito no aperto.
Grande erro.
Sua perna esquerda escapa e acerta com força a lateral do meu corpo, quando me encolho, seu quadril se ergue e Megan consegue me jogar de lado e mal pisquei os olhos e ela já está em cima de mim.
Mesmo ainda segurando seus braços não tenho força suficiente para frear seus dedos que cobertos com metal afiado começa a penetrar na minha barriga. Estou com certeza atrasando os seus movimentos, mas não consigo me livrar nesse momento dela sem a machucar.
E nem assim eu consigo fazer mal a Megan.
Que droga!
A iluminação está diminuindo? Ah não é isso... São meus sentidos falhando.
Olho para a minha barriga e vejo o sangue escorrer pelo corte, ficando cada vez pior com a continuidade da Megan em me perfurar. Estou perdendo as forças e está cada vez difícil conter os avanços dela.
Quase quero sorrir ao sentir lágrimas molharem meu rosto. Mesmo a poucos centímetros de acabar com a minha vida, o rosto dela está distorcido e vejo o sofrimento escorrer por seus olhos. Algo realmente está errado. Uma pena que não conseguir descobrir o que é, muito menos ajudá-la.
A escuridão finalmente vem e com ela a dor se instala de vez.
⚜ Megan ⚜
Não.
Pelos céus... O que eu fiz?!
Todo aquele sangue esquenta e deixa uma sensação esquisita entre meus dedos. Estou desesperada. Lutei com tudo que tinha dentro de mim para frear tudo aquilo, mas descobri que não sou forte o suficiente.
Adam...
— Menos um — escuto minha voz proferir. E me curvo em cima dele. — Adeus Adam Krauss.
Meus lábios encostam de leve nos dele. Por favor, deixe eu sentir mais uma vez as borboletas em meu estômago com seu beijo. Nem que seja a última vez.
Um raio parece percorrer meu corpo e quase chorei de alívio quando meus braços responderam ao meu comando e acariciaram os cabelos do meu namorado. Mas o quê... Eu estou de volta ao comando do meu corpo?
Um tremor me percorreu da cabeça aos pés.
Sem saber se aquilo pioraria a situação ou não, retiro minhas mãos de sua barriga. As palmas estão cobertas de um vermelho viscoso, e o metal e sangue fazem meu estômago revirar. É um esforço descomunal apenas para levantar o braço.
Parece que meus músculos foram utilizados além do limite.
Mas ainda tenho a magia dentro de mim e tenho que fazer alguma coisa em relação ao Adam, não posso deixá-lo morrer aqui nesse chão frio do território inimigo. Deixo que as lágrimas escorram, mas procuro o melhor modo de ajudar.
Ainda tem o fato de eu não saber o que aconteceu de fato com os meus pais e os nossos amigos.
Não conheço bem o ambiente, mas me esforço além para reunir a umidade do ar. Ainda bem que estamos em um castelo e consigo reunir uma boa quantidade de água.
Infelizmente não sei se ela vai ser o suficiente para curar o ferimento do Adam, mas eu tenho que tentar. Nunca tentei curar uma outra pessoa, mas espero ter aprendido o suficiente para salvar a sua vida. E espero que isso funcione, por mais que ele não tenha o domínio da água.
Ele ainda está de olhos fechados quando consigo fechar completamente a ferida. Espero que tenha conseguido fechar tudo completamente, e acredito que fiz um bom trabalho.
Coloco a mão sobre o que antes era a ferida e aperto um pouco, sem saber muito o que esperar, e quando o Adam solta um resmungo e contrai um pouco, deixo meus ombros relaxarem um pouco. Mas só um pouco mesmo, que já estou olhando ao redor para procurar uma saída.
— Espero que você acorde logo. Quero te pedir desculpas. Nunca que em meu perfeito juízo faria isso para te machucar, eu te amo, então nós dois não é algo que quero destruir. Não vou te deixar aqui sozinho, mas realmente precisamos sair daqui. Te levarei nem que tenha que te carregar. Só preciso descansar um pouco. Estou exausta — digo baixinho, fazendo um carinho em seu cabelo.
Não espero que ele responda, mas fico torcendo por isso.
— Estou acordado. E não precisa pedir desculpas por nada. Você me salvou no final das contas, e isso tem que contar para alguma coisa — a voz dele também é baixa e quase consigo sentir a dor nela.
— Adam! — acabo falando um pouco mais alto do que seria prudente, mas estou tão feliz que apenas o abraço, ele tem dificuldades em devolver o carinho.
— Devagar — mesmo fraca, consigo ouvir a risada em sua voz. — Ainda me sinto um pouco tonto.
— Aguenta só mais um pouco — afrouxo um pouco o aperto, mas permaneço com ele em meus braços. — Como está se sentindo?
— Não sei ao certo, mas nada que eu não consiga superar. Pode tirar o semblante de preocupação do seu rosto, não tão mal quanto pareço.
— Talvez sim, talvez não, porém prefiro não arriscar.
— Estou bem. No mais, posso ficar bem, vou melhorar — ele começa a mexer os braços, testando o movimento.
— E quanto ao meus pais Adam? A Sarah, Lucas?
— Não vou mentir pra você e dizer que eles estão bem, porém, sua avó e o Nicky ficaram para trás. Eles vão ficar bem.
— Nosso plano não saiu como pensávamos... Saí para resgatar eles e acabei tendo que ser resgatada.
— Eu já me conformei com isso. Mesmo quando planejamos algo com cuidado e atenção, as coisas ainda podem dar errado, então, contratempos sempre podem ocorrer. Claro que não esperava que fosse acontecer isso, mas o pior já passou. Mas relembrando o que você disse, precisamos sair daqui.
— Sim. Precisa de ajuda para levantar? — pergunto já ficando de pé e estendendo a mão para ajudá-lo.
— Obrigado — ele aceita e pisco um pouco confusa quando ele não larga minha mão e até entrelaça nossos dedos. — Estou muito feliz que você está de volta.
— Estou tão aliviada que nem se por onde começar... Quer dizer, sei sim. Me desculpa Adam, eu tentei muito parar, tentei te avisar, mas acho que não deu muito certo.
— Você me avisou sim. Eu que não consegui correr, como fugir quando finalmente te encontrei. Estava tão preocupado com você, quando o Tobias te levou, fiquei tão fora de mim que...
— Ei! Não precisa pensar nisso agora. Se já lá o que aconteceu, vamos seguir em frente. Eu não queria ter feito isso, estava tão desesperada...
— Sei disso Megan, mesmo que as suas palavras e ações provassem o contrário, algo em seus olhos ainda carregam o sentimento que eu tenho certeza que está aí dentro. E eu também sinto isso. Eu também te amo.
Ele me beija mais uma vez. O beijo ainda é rápido, por conta das nossas condições, porém, durante esses breves momentos eu me sinto bem. Não há dor nenhuma no corpo, nenhuma ferida na alma, nenhum peso no coração. Tudo que há em mim é apenas o amor que sinto e compartilhamos.
— Preferia ter falado sobre isso com você num momento mais feliz, porém ainda sim estou feliz por ter tirado isso do peito. E por mais que eu queira muito continuar a beijar você, temos que nos mover.
— Ah sim, claro — minhas bochechas devem estar bem vermelhas.
— E por favor me lembre de nunca dar nós no seu coelho de pelúcia! Você bate forte Meg! Comeu espinafre ou o quê? — ele diz com um sorriso tranquilo no rosto.
— Deixa disso! Parece que me passaram num moedor Adam! Estou sentindo partes do meu corpo doer que eu nem sabia que existiam!
— Foi algo assustador com certeza. E sua cura com a água, quase impecável, obrigado.
Estou abrindo a boca para dizer que não foi mais do que a minha obrigação, já que fui eu a fazer aqueles ferimentos quando passos ecoam não muito distante de nós. Adam coloca o dedo sobre os lábios e faz com que me aproxime dele.
— Senhorita Whiiiiiiite — estranho ao escutar a voz do Oliver cantarolar. Ainda está um pouco distante, porém bem clara.
Meu peito aperta ao lembrar da conversa que tive com ele enquanto era apenas pensamento. Essa casca fazendo o que quer com ele... Tenho que dar um jeito de libertar o Oliver, assim como todas as pessoas dessa prisão.
Ok, admito que esse capítulo foi um pouco curto, mas prestaram atenção nos detalhes aqui? Já tem teorias? O que acreditam que vai acontecer agora? As coisas ainda estão emboladas, mas já conseguimos ver onde estão os nós!
Obrigada a todos que estão acompanhando! E se estiverem gostando, não se esqueçam de verificar se o voto está aqui abrilhantando o capítulo! Beijos e até a próxima!!
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