Dedicado a todos os aventureiros dessa galáxia dourada

Caro leitor,

Envio-lhe esta mensagem no intuito de contextualizá-lo sobre a atual situação do reino e convidá-lo a se aventurar por esse país ilusoriamente pacífico. Ninguém sabe, mas a calmaria é pura ilusão, e há batalhas sendo travadas dentro e fora das muralhas do castelo. E é sobre elas que desejo falar pelas próximas páginas, apresentando personas importantes e suas fragilidades mais fortes. Meu papel aqui é puramente entretê-lo com minhas habilidades com palavras e, claro, meu poder de onipresença neste lugar.

O que sou, ainda é um mistério... Tanto para mim, quanto para as pessoas à minha volta. Vivo me perdendo no mundo, como Alice ao cair no buraco do coelho. Quem sou eu? Já nem sei, mudei tantas vezes desde hoje de manhã. Alguns me chamam de rainha da poesia, contudo, resguardo minha humildade ao dizer que sou apenas uma simples camponesa vagando pelas ruas. Você pode me ver em qualquer lugar de Granats e nem perceber, já que ando sempre de cabeça baixa e com trapos sob a cabeça para esconder a face de culpada. Sou responsável pela criação desse mundo, pelas dores dos personagens e cada marca de cicatriz nas costas de Haruki. Foram meus dedos que marcaram com tinta o destino de cada um, suas vidas e então... as mortes. Não me orgulho de ser tão cruel, não me agrada falar sobre minhas táticas manipulativas. Portanto, adianto que não sou uma narradora confiável. A responsabilidade sobre o que lerá, sua interpretação de texto, é inteiramente sua. Não diga que eu não avisei.

Falaremos de Granats, o reino em que habita a mais rica cultura e é lar de muitos segredos e magia. É um país que fica entre a Suécia e a Polônia, formado por regiões montanhosas, florestas de pinheiros e um clima frio de montanha. Atualmente é governado por Heiko Andreas III, em uma monarquia absolutista, tendo a igreja como base para suas leis e execuções. Não me agrada nenhuma dessas informações, mas infelizmente é a realidade desse mundo. Você mesmo verá o quanto nada aqui é justo e como não há nada o que fazer além de assistir sangue ser derramado e lágrimas banharem rostos bonitos. A vida é cruel com todos.

Meu local favorito do país se encontra afastado do vilarejo; a Floresta Negra é a mais rica e linda mata do mundo. Composta por gigantescos pinheiros, flores e frutos silvestres — dentre eles a famosa romã, que falarei mais a frente —, é um lar de criaturas místicas e lendas que ninguém conhece. Há fadas, duendes, bruxas (infelizmente, poucas, depois da Grande Caçada), magos e um casarão localizado bem no centro da mata onde habitam seres das trevas denominados vampiros.

O reino de Granats tem como sua maior fonte de renda, o cultivo de romãs. É uma planta nativa do país, que deu origem ao nome. Há quem plante em pomares e também aqueles corajosos, que se aventuram pela Floresta Negra em busca do fruto e nunca mais retornam ao lar. E por causa disso, boatos se espalharam nas redondezas, sobre criaturas que devoram humanos habitando na mata. Contudo, são apenas lendas, nada comprovado, já que ninguém nunca voltou para contar história.

Sobre os segredos de Granats, você, meu caro gafanhoto, terá que desvendar os mistérios por trás de olhos coloridos e cantos escuros. Quando descobrir quais as verdadeiras intenções de cada indivíduo e quem é o vilão desta história, me escreva ao menos um bilhete em meio a jornada. Irei deliciar-me de seus pensamentos a respeito dos habitantes do reino.

Desde já, aviso de antemão: as próximas páginas contém temáticas sombrias, narrações tenebrosas e criaturas sobrenaturais matando por diversão. Se não lhe agrada esse tipo de prosa, sugiro que descarte minhas palavras e deixe para o próximo aventureiro de plantão. Agora, se decidir ficar, mesmo com todo esse ar pesado e cenários góticos, saiba que não irá se arrepender. Minhas citações contém, além de muito drama e ação, o amor ultrapassando barreiras, florescendo em meio a rochedos e ressurgindo das cinzas feito Fênix. Em meio a tanto caos, as guerras internas de Granats, um sentimento bonito surgiu entre seres que não deveriam ter a capacidade de sentir qualquer coisa boa.

Com isso me despeço, pedindo novamente para deixar-me respostas, ao menos um pequeno sinal de fumaça para eu saber que esteve aqui, que não escrevi nada disso atoa. Pegue um punhado de canela, uma adaga de prata e principalmente uma papoula vermelha. Agora sim, está preparado para se aventurar por Granats. Divirta-se!

E tente não andar pelas ruas a noite.

Atenciosamente,
K. Victória.

[Deixarei em anexo imagens representando as figuras dessa história.]