Você disse que, quando me viu pela primeira vez, não conseguiu deixar de me observar, mas eu te disse que não tinha reparado seu olhar.

Sabe qual é a verdade que eu não te contei sobre esse dia? Eu também te vi. Eu vi quando seus olhos me seguiam quando eu me aproximei, naqueles pequenos segundos em que nossas existências se colidiram pela primeira vez.

Eu fiquei com medo e pensei "não, por favor, não olhe". Porque eu não sou o tipo de pessoa que se deve amar assim, de repente. Minha aparência engana e faz com que não percebam o perigo que existe em se aproximar demais de mim.

Eu sou estilhaços de alma. Você também vê? Você se arriscaria a me amar mesmo sabendo que meus fragmentos ferem? Você se arriscaria a confiar nesse amor? Desde que disseram que você gostou de mim e que queria me conhecer, eu tive medo de ser uma dessas pessoas tóxicas que nos enchem de traumas. 

Então eu te conheci. Você me lembrou algodão doce, daqueles que completam nossos dias felizes na infância. Eu sei, não é romântico. Mas e se eu disser que você me lembrou meus sonhos de infância? Aqueles sobre amores reais e sorrisos sinceros. Que deu um sabor doce ao meu ser sempre amargo? Não seria isso também amor? E eu me vi temendo que assim você também se dissolveria. Tive medo de de descobrir que você também era propaganda enganosa, de te achar incrível e depois perceber que aquela nuvem que eu pensava segurar, era apenas açúcar colorida.

Eu te conheci um pouco mais.Você me lembrou lar, porque você foi o único que conseguiu me abrigar da tempestade que existia dentro de mim. Ela parecia nem existir quando eu estava ocupada demais sorrindo a cada mensagem que trocávamos, cada momento que vivíamos. Mesmo estando tão longe a maior parte do tempo, eu me apaguei a sua presença. 

E, sabe? Obrigada por ter me visto aquele dia.