Me deste uma rosa
E esperou que com ela
Eu esquecesse
Todas as vezes que me fez
Por ti
Através de ti
Sofrer

Me deste uma rosa
Vermelha como o sangue
Que caiu pela ferida
Que pulsou forte em suas veias
Quando você
Como se fosse espinho
Me feriu

Me deste uma rosa
Um monte delas na verdade
Pra me mostrar que existem
Mais iguais a mim
Mais arrancadas e separadas de suas raízes
Para viver de enfeite e murchar por aí

Me deste muitas rosas
E como do vaso elas eram cativas
A mim você também quis fazer
E fez
Por muito tempo
Mas então eu lembrei
Que não sou rosa
Sou mulher
E nem eu
Nem estas tuas rosas
Nascemos para nos despedaçarmos em suas mãos

Me destes rosas
Mas me ensinou a ser espinho
Não me deu solo fértil para crescer potente
Cortou minhas raízes com medo de até onde eu poderia ir

Ele me deu muitas rosas em minha pele
E talvez
Você que lê
Também tenha o desprazer de ganhar rosas como estas
De alguém que algum dia tanto amou
E que tanto pareceu te amar
Não digo para deixar de acreditar
No verdadeiro
No carinho e no respeito
Só quero que te lembrar
Que, se um dia
O homem que te dava rosas
Deixar rosas marcadas em sua pele
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Não espere até ter rosas brancas sendo jogadas na terra