Capítulo 3
- Sejam bem-vindos aos décimos oitavos Jogos da Fome! Chamo-me Ludovic e irei apresentar os Jogos este ano. Estamos no marco das 2 horas e existem 7 tributos mortos, 5 dos quais no tradicional Banho de Sangue, 1 suicídio e 1...1 problema de estômago. - o apresentador ri-se enquanto clica num botão, fazendo aparecer as imagens dos tributos mortos. O seu longo cabelo loiro, preso por uma série de produtos, tapa a face do tributo do distrito 3 mas o ecrã move-se, mostrando a sua face.
- Este ano os Criadores dos Jogos decidiram mostrar aos tributos e a todos os espetadores como é viver num bairro do Capitólio. Ora, colocámos um vasto número de pratos para que os tributos possam aproveitar. O que eles não sabem é que toda a comida e bebida está envenenada e apenas alimentos naturais são seguros, bem como a água que nasce de uma única uma fonte, escondida algures na Arena.
Neil, o mentor de Rubi Meade, a tributo do distrito 1, observava com impaciência a sua "menina" pelo ecrã número 1, enquanto seguia a narração do egocêntrico Ludovic pelo ecrã 3. Todos os mentores tinham acesso a duas câmeras constantemente centradas nos tributos do distrito a que lhes foi atribuído. Tinham o ecrã do apresentador Ludovic e ainda uma outra que alternava constantemente entre tributos, a que era transmitida em direto.
- Não Rubi, não fiques aí!
O perverso mentor agarra uma almofada, preocupado com Rubi que se aproximava do limite da arena. Ónix aliara-se a um grupo forte e provavelmente não iria a lado nenhum mas Rubi não estava a ser inteligente em ficar junto à barreira. Podia ficar encurralada facilmente.
RUBI – Distrito 1
Rubi sabe que ficar muito tempo junto à barreira é perigoso. A arena parece ser pequena, qualquer pessoa que se afaste das mansões ou fica na Cornucópia ou algures no bosque onde ela está.
Após o início dos Jogos, ela escondera-se atrás de umas árvores perto da Cornucópia, observando os 5 aliados a chacinarem quem se aproximava da Cornucópia. Entre eles estava Ónix mas ela sabia que se tentasse fazer aliança com eles, seria morta num abrir e fechar de olhos.
Por sorte ninguém passou por ela o que a permitia criar uma estratégia.
"Só tenho de esperar que eles saiam do centro para poder avançar e roubar o que sobrou. O rapaz do Distrito 11 não vai resistir a caçar tributos."
Tal como previra, 20 minutos depois o grupo afastou-se, deixando a Cornucópia à mercê de Rubi. A jovem de 18 anos começa a correr, aproximando-se o mais rapidamente que pode de uma faca enterrada na areia pelo seu antigo colega de distrito. Enquanto desenterrava uma garrafa de água vazia um som proveniente de um dos escorregas surge, deixando a jovem assustada.
Sem ter tempo de levantar-se e fugir, observa com espanto uma criança de 14 ou 15 anos a surgir de dentro do escorrega. Ambos se olham por uns segundos e os olhos arregalados do rapaz focam-se na espada que está ao lado de Rubi.
- Calma... Eu não te quero matar.
- O objetivo destes Jogos é matar, caso não tenhas percebido. – afirma o rapaz, saindo devagar do escorrega, pronto a fugir caso a rapariga tente algo.
- Eu sei mas como podes ver as chances não estão propriamente do meu lado. – afirma Rubi, abrindo as mãos, deixando óbvio que o seu peso é um fator negativo. – E tu também não pareces muito positivo... Foi preciso coragem e destreza para te esconderes num escorrega tão perto daqueles cinco.
- Foi sorte.
- Rubi, distrito 1.
- Alexander, distrito 9.
- Achas que podemos ficar juntos e tentar sobreviver? Não tenho coragem de matar uma pessoa tão nova.
O jovem cala-se, pensando na sua decisão. Rubi não sabe o que se passa na cabeça dele, se ele planeia-a matar enquanto dorme ou roubar tudo e deixá-la à mercê dos tributos. Mas uma vez mais, Alexander também não sabe o que ela estará a pensar.
- Pode ser.
Rubi sorri, contente por fazer um aliado, ainda que temporário. Ainda a medo, ambos desenterram alguns alimentos enlatados, materiais como corda e ligaduras e ainda um frasco de veneno de líquido transparente. Apenas a espada que Rubi encontrara mais cedo e um machado sobraram. Após recolherem tudo, caminham de volta ao bosque onde Rubi estivera.
- É melhor ficarmos por aqui por hoje. Andarmos junto à barreira e assim. Tenho a certeza que muitos estarão dentro das mansões e apesar de ser tentador, não estou muito confiante.
O rapaz concorda sem dizer uma palavra. Rubi compreende a desconfiança constante por parte dele, é normal.
- Fazes-me lembrar o meu irmão. Ele é mais velho que tu, talvez uns 3 anos. Também tem olhos azuis e a face quadrada. Só tem o cabelo mais castanho. Tens algum irmão?
Alex, como Rubi o decide chamar, para de rasgar as folhas do chão e olha para ela, com os olhos húmidos de lágrimas. Claramente tocou num ponto fraco no jovem tributo, coisa que não pretendia.
- Não, ele morreu de fome no ano passado.
Não falam mais. O ambiente ficou tenso e depressivo e ela sabe quando se calar. Aprendeu isso na escola do seu distrito, quando as colegas gozavam com o seu peso. Agora devem estar feliz por verem o seu saco de pancadas prestes a morrer enquanto elas estão nas suas belas casas a descansar, sem preocupações.
Decidem então começar a caminhar até encontrarem a barreira, lançando pequenas pedras à sua frente para não serem apanhados de surpresa. Já afastados da Cornucópia, os aliados observando por entre as árvores o que parece ser o topo da mansão azul. No entanto, o seu foco é a barreira, a qual segundos depois é descoberta quando Alexander lança uma pedra para o seu lado direito, assustando-os.
- Bem, é aqui, vou só verificar a direção dela e podemos acampar.
- Eu vou procurar comida.
- Cuidado com a barreira e fica atento a algum tributo que se aproxime. Não te percas.
Rubi sente que está a ser uma mãe para Alex mas não o consegue evitar. O tributo tem apenas 15 anos, é ainda uma criança e ela, com os seus 18 anos, sente que não sairá viva da arena. O que lhe resta fazer é morrer com um pouco de dignidade, protegendo ao máximo o rapaz. Através de um suspiro de tristeza, a jovem continua a lançar algumas pedras, sonhando que uma delas possa quebrar a enorme parede invisível que separa a sua iminente morte de uma vida de liberdade e, quem sabe, felicidade.
SYLAS – Distrito 11
A casa vermelha não era propriamente vermelha. A mansão aparentava quatro tons diferentes. Amarelo, laranja, vermelho e vermelho escuro. Pelo menos era o que se observava de fora. A porta era a única coisa da mansão que era branca, não passando despercebido ao grupo, principalmente a Jack que fez um comentário sobre isso.
- Desta vez vamos todos juntos. Não quero surpresas.
Para Sylas, afirmar a sua posição no grupo era importante. Para além de ser um rapaz alto e forte, tinha tido também a maior pontuação deste ano. Precisa de mostrar o que vale, tanto em força bruta como em liderança.
Aproximam-se todos da porta, com Judith, a tributo do distrito 2 na frente. Em último ia Ónix, a proteger a retaguarda. Após entrarem, observam com espanto a mansão que se lhes apresenta. Apesar de nunca ter visto nenhum, Sylas tinha ouvido falar de vulcões e o que causavam a cidades e campos inteiros, destruindo tudo por onde passavam.
- Parece que estamos dentro de um vulcão. – é instantaneamente interrompido por Judith, que pede para se calar. Aponta para o teto e avisa, silenciosamente, de que não estão sozinhos.
Ao darem o primeiro passo, ouvem o grito masculino proveniente do andar de cima. Todos ficam imóveis. Se existe alguém em dificuldades, existe outro tributo que está a ganhar a luta. Segundos depois ouvem-se passos, alguns gemidos e por fim, um vulto enorme cai alguns metros à frente deles.
- O que... o que é aquilo?
O som do canhão soa e confirma as suas suspeitas. Um tributo morreu carbonizado. Esforçando a vista, Sylas ainda consegue ler o número da camisola chamuscada do cadáver. Distrito 4.
- Não consigo ver... - Ónix sai para a rua, seguido do som repulsivo de vómito.
- Será que existe alguém mais ali em cima?
- Não me parece. Vamos avançar. Judith, prepara o arco. – Sylas ordena, deixando a tributo passar à sua frente. Poucos passos depois, a tributo começa a gritar, levantando o pé esquerdo.
- O que se passa? O que foi? – Jack assustado aproxima-se dela mas retrocede imediatamente com um esgar de dor na sua face. – O chão... ele queima.
Judith desequilibra-se e cai contra a parede, berrando a plenos pulmões. Sylas observa com horror a roupa a deitar fumo e o sangue a escorrer das suas costas.
- Temos de a salvar! – Ónix tenta correr para ela mas Sylas puxa-o para trás.
- Não podemos. Não sei o que está a acontecer, mas o mesmo ia acontecendo ao Jack. Algo no chão está a queimar quem passa por aqui e se tentarmos ajudá-la ainda acabamos como ela.
- E vamos ficar aqui a olhar? A vê-la morrer?
- É um jogo. Ela perdeu, simples.- o tributo do distrito 2 detém-se ao lado de Sylas, que nota numa lágrima a escorrer o seu olho.
- Bart... - Judith estica um braço numa última tentativa de ser salva mas ninguém lhe estende a mão. Está demasiado longe.
Alguns minutos passam. Sylas não é pessoa para ficar parado, então juntamente com Jack, tentam descobrir a mecânica da mansão. Já Ónix e Bart, tentam recompor-se do trauma. Ainda chegaram a tentar puxar a jovem para porto seguro mas a cara dela ao cair no chão, havia derretido e se colado ao chão.
- Como é que o outro tributo chegou ao andar de cima? É isso que não está a fazer sentido. – Jack passa a mão por cima de alguns azulejos laranjas, afastando um pouco mais a mão ao passar pelos azulejos vermelhos.
- Achas que certos azulejos são seguros?
- Sim, deixa-me tentar uma coisa. – o rapaz pousa a sua mochila e respira fundo, pisando um azulejo amarelo. – Não está muito quente, apenas morno.
O jovem avança mais um pouco, pisando apenas nos amarelos e vermelhos escuros. Por fim chega ao fundo do hall de entrada, vira-se e acena para os restantes.
- Os azulejos amarelos estão mornos. Os laranjas estão muitos quentes e os vermelhos estão a escaldar, queimam a vossa pele em segundos, como aconteceu com a Judith...
- E os vermelhos escuros? – pergunta Sylas, escondendo o receio.
- Estão mornos mas quando começam a ficar vermelhos, quer dizer que ficam tão quentes como os vermelhos normais.
"Maldito. Ele percebe mesmo a mecânica disto. Tenho que me livrar dele o quanto antes."
Sylas não admite mas tem medo de confiar nos outros. A sua vida depende da análise de Jack e pelo que vê, o tributo do distrito 5 pode estar a mentir para poder eliminar um potencial inimigo.
- Podemos acampar ali, na sala de estar. Os sofás não me parecem estar quentes e o chão está mais amarelo que vermelho, somos capazes de aguentar a noite. Que me dizem?
Todos concordam, incluindo Sylas, que acena positivamente mas a contragosto.
"Agora como se não bastasse ser o salvador do grupo, também julga que está na liderança."
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- Muito bem! Com a chegada da noite temos mais duas mortes, o que perfaz o total de 9 tributos eliminados nas primeiras 12 horas. – Ludovic ri-se excentricamente enquanto narra os acontecimentos. – Como é natural, algumas alianças foram formadas. A tributo do distrito 1 aliou-se ao tributo do distrito 9, por exemplo. Rubi recebeu 7 pontos na avaliação e Alexander, 6.
A imagem atrás do cabelo de Ludovic muda, mostrando céu e os tributos mortos, ao som da música tradicional de Panem.
- Oh, aí vem o anúncio dos tributos caídos. 9 tributos, infelizmente um suicídio. A tributo tinha tido a pontuação de 8, era promissora.
As cameras nos vários distritos mostram as fotos dos tributos mortos. Em cada casa, o projetor dado pelo capitólio anuncia a morte de cada um, envolto num furacão de duas melodias. A música de Panem e o choro das mães, irmãos e amigos dos tributos caídos espalham-se pela noite como nuvens cheias de lágrimas prestes a cair na terra.
Tributos Caídos:
Distrito 2: Tributo feminino
Distrito 3: Tributo Masculino
Distrito 4: Tributo Masculino
Distrito 6: Tributo Masculino
Distrito 6: Tributo Feminino
Distrito 8: Tributo feminino
Distrito 10: Tributo Masculino
Distrito 10: Tributo Feminino
Distrito 12: Tributo Masculino
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Espero que tenham gostado do novo capítulo! Cliquem na estrelinha e comentem o que acharam! Façam as vossas apostas em quem acham que pode vencer os Jogos da Fome!
Boas leituras!
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