Sintoma
Terceiro mês de gestação...
Já na metade de meu terceiro mês de gravidez, eu sentia todos os sintomas possíveis. Meu corpo está ganhando mudanças, inclusive no peso, odiei é óbvio. Vou de cinco em cinco minutos no banheiro, tudo bem, não é tanto assim porque não parei para contar, mas juro que minha bexiga não segura mais nada. Por muitas vezes fico tonta e não lembro muito bem das coisas, por isso carrego um pequeno caderninho comigo pelo hospital.
Betty tem sido incrível, contei tudo a ela principalmente sobre o pedido de Jason e meu amasso com Cheryl. A loira ficou louca, dizendo que era seu sonho nos ver juntas e que Veronica quando soubesse também iria surtar. Minha chefe me ajuda muito, diminuindo meus plantões e por várias vezes me substituindo em cirurgias.
Jason mudou, ele está muito atencioso e quer estar presente em tudo, até uma roupinha para bebê comprou. Sua irmã acha que nossas conversas são apenas sobre o bebê quando na verdade seu gêmeo tem feito de tudo para que eu lhe de uma segunda chance, mas o mesmo ainda não me convenceu nem um pouquinho.
E falando em minha melhor amiga, a cardiologista parece ser um dos meus sintomas da gravidez. Digo, é normal começar a me sentir atraída por ela? Não que eu queria arrancar suas roupas e joga-la na cama, mas beijar, tocar... Deus, tenho reparado em cada detalhe de seu rosto, suas atitudes, a forma como anda e a maneira como fica sexy fumando. E nem gosto que ela fume! Só posso estar fodida da cabeça, é a única explicação.
— Toni.
Revirei meus olhos com o chamado.
Péssima hora, Jason.
Parei meu percurso para mais uma vez ir até o banheiro, o ruivo parou a minha frente e tinha um sorriso gigante nos lábios.
— Estava pensando em te convidar para jantar. O que acha?
Suspirei, ultimamente eu ando bem irritada com simplesmente tudo e Jason é um dos motivos. Quando o mesmo me pediu aquela chance e deu um tempo para pensar, o neguei mais ou menos dois dias depois, mas sua insistência é muita. Parece não aceitar que não o quero.
— Hoje estou ocupada, Jason. Sinto muito.
Comecei a dar passos de volta a meu destino, pensando que o mesmo me pararia, mas não aconteceu. Ainda bem. Consegui chegar a tempo no banheiro, havia acabado de sair de uma cirurgia pequena, mas que para minha bexiga era enorme. O expediente de hoje estava quase no fim, uma pequena animação já me invadia porque hoje iria me divertir um pouco com Betty e Veronica, tudo bem que seria em casa, mas para mim já basta.
Faltava um pequeno detalhe: falar com Cheryl. O que acontece é que amanhã é domingo e pela primeira vez em alguns meses nós quatro estamos de folga todas juntas. Nem lembro a última vez que fizemos algo, o hospital realmente nos tira a vida social. Fiquei sem ver minha melhor amiga por boa parte do dia, ela estava em um caso importante de transplante lembro-me dela mesmo me falar para arrumar algo para fazer essa noite.
— Finalmente te achei!
Cheryl deu um pulo do sofá em que estava deitada assim que falei, a assustando. A mesma suspirou, colocando a mão sobre o peito. Dei uma pequena risada, debochando da mesma que revirou os olhos. Estava na sala de descanso, onde usamos para comer, nos reunir, conversar, mas dificilmente alguém descansa ali.
— O que houve, T?
Voltou a deitar seu corpo no sofá.
— Deixe eu me sentar.
Pedi, me aproximando. Cheryl levantou seu tronco, assim que me sentei a mesma descansou sua cabeça sobre meu colo e fechou os olhos. Desfiz o coque que havia em seus cabelos, os deixando esticados por minhas pernas e sofá. Esse é com certeza o cabelo mais lindo que já vi. Pensei acariciando seu couro cabeludo, assistindo a ruiva relaxar.
— Está muito cansada?
— Demais.
Murmurou, sem abrir os olhos.
— Não parei um segundo hoje, aquilo foi uma loucura.
— Mas deu tudo certo e graças a você.
— É a única coisa que me motiva, ver que consegui ajudar.
Reparei em seu rosto, descendo meu olhar para seus lábios que para mim estavam cada vez mais chamativos. Toni, se concentra. Desviei o olhar para um quadro que havia na parede, era um corpo humano com todas suas identificações, mas sinceramente nem a medicina está conseguindo me fazer tirar essa maldita atração por Cheryl.
— Já ia me esquecendo, mas vim aqui por outra coisa.
Cheryl riu, negando.
— Esse esquecimento é o sintoma que mais tem te afetado.
— Você vai decorar todos os meses?
Franzi a testa.
Suas sobrancelhas se elevaram, um sorrisinho apareceu em seus lábios e seus olhos continuavam fechados.
— Aguarde e verá. – deu de ombros. — Ainda lembra o que veio me falar?
— Ah. – lembrei-me do jantar. — Convidei as meninas para irem ao seu apartamento, para jantarmos.
Seus olhos se abriram.
— Toni, você esqueceu.
— O que?
— Tem uma semana que estou te falando para arrumar algo para fazer sábado, porque eu iria sair.
Então, a lembrança de Cheryl me dizendo que haveria uma grande festa hoje onde era meio exclusiva, me veio a cabeça. Como pude esquecer? Ainda ontem ela estava toda animada comentando sobre. E é por isso que me falou para arrumar algo para fazer.
— Não da pra faltar?
Perguntei, fazendo um pequeno bico.
— T, eu te avisei. – suspirei ao ver que não conseguiria convencê-la. — Mas espera, por que tem que ser no meu apartamento?
— Porque vai ter crianças e você é desapegada.
— Eu não sou desapegada!
Resmungou, sentando no sofá.
— Sabemos que você tem um quarto para guardar suas coisas preciosas.
E ai estava, o grande mistério sobre minha melhor amiga. Um no qual, não sei do que se trata. Cheryl tem um quarto em seu apartamento que a uns seis meses foi interditado, ela disse que estava apenas guardando coisas que não iria usar, mas que coisas? Por muitas vezes tentei ver o que havia dentro da porta, mas a ruiva sempre o deixa trancado e é a única chave que não tenho dela.
— Você nunca vai aceitar que é só um quarto com coisas velhas, certo?
— Certo.
Descansei minha cabeça em seu ombro, provavelmente já estava na hora de ir embora, mas ficar perto de Cheryl ultimamente tem sido uma coisa que prezo muito. Fechei meus olhos, sentindo seu cheiro bem de perto. É estranho como as situações mudam, Jason acabará de me convidar para jantar, mas neguei porque queria passar a noite com Veronica, Betty e minha melhor amiga para no final ser rejeitada por ela.
— Então... – sussurrei. — Preciso ir.
— Tudo bem, T. Ainda preciso ficar mais um pouco.
Soltou o ar, estava cansada.
— Pode manter o jantar em meu apartamento, não me importo e eu provavelmente não vou voltar hoje.
Nunca me importei com as aventuras de Cheryl, quantas vezes a mesma saiu e voltou só no outro dia ou a encontrei no hospital virada, fedendo a bebida. Mas dessa vez, sentia um pouco de incômodo dela me trocar para ter uma noitada.
— Não te verei nem antes de ir?
— Vou me arrumar na Heather.
Heather? Ok, essa é minha deixa.
— Estou indo.
Levantei, querendo sair o mais rápido do local. O que eu esperava? Passo todo um mês reparando em minha melhor amiga, a achando atraente e culpando minha gravidez. Talvez não seja sintoma, eu a quero todo tempo perto de mim e quem sabe um pequeno ciúmes me invadiu.
— T.
Ela me segurou, virei-me ficando a sua frente.
— Calma. Está chateada porque não vou?
— Não, Cher.
Pensa em uma desculpa, Toni.
— Estou apertada para ir ao banheiro.
— Ah. – ela riu. — Como sempre, a gente se vê. Se cuida, T.
Seus lábios entraram em contato com minha bochecha, antes que eu saísse ainda vi um sorriso nos mesmos. Suspirei, negando ao que minha cabeça queria que eu fizesse. Nem pensar. Eu não posso chegar e beija-la. Em uma confusão interna caminhei pelos corredores do hospital, já havia combinado um horário com as meninas então, não estava me preocupando com nada. A única coisa que eu queria era um banho quente, comida e minhas amigas para poder me distrair um pouco.
(...)
Megan e Dylan, dois espertinhos que corriam pelo apartamento de Cheryl livremente. Sim, eu mantive o jantar. Ela mesmo falou que eu poderia usar, a ruiva tinha que prestar para algo essa noite. Enquanto cozinhava para as meninas, estava absorvida em pensamentos. Betty e Veronica estavam por perto, bebendo um vinho que apenas provei, mas também de olho nas crianças.
As duas são tão cuidadosas com seus filhos, fico imaginando como seremos eu e Jason cuidando do nosso bebê. Na verdade, por muitas vezes só penso em mim, ainda não consigo ver o ruivo junto de uma criança como se alguma vez na vida tivesse pensado em ser pai. O engraçado é que consigo ver Cheryl junto de nós, ajudando no que for preciso, deve ser porque a mesma sempre está por perto.
— No que tanto pensa, Topaz?
Betty se aproximou enquanto eu mexia nas panelas, a tentativa de fazer um macarrão estava em andamento, mas não poderia prometer muita coisa. Nunca fui boa na cozinha.
— Nada!
Era melhor espantar esses pensamentos.
— Desculpa a demora para ficar pronto, acabei começando muito tarde.
Me desculpei, já estava tarde para as crianças estarem acordadas e não gostava de atrapalhar nesse sentido. O casalzinho deve ter horário para tudo, conheço muito Betty para saber.
— Não se preocupe, final de semana eles dormem o horário que querem. – deu de ombros, bebericando seu vinho. — Por que Cheryl não veio?
— Tinha uma festa.
Justifiquei, tentando demonstrar que não me importava.
— Humm... – murmurou. — Não conversaram sobre aquilo?
— Não, nem iremos.
— Achei que tivesse gostado.
Suspirei, é claro que gostei.
Mas não sei se Cheryl gostou ou se é tudo por conta da gravidez.
— Não quero falar sobre isso.
A cortei, Betty levantou as mãos em sinal de rendimento. Voltei minha atenção para as panelas, estava quase pronto quando uma mãozinha pequena tocou em minha perna. Olhei para baixo e era Megan, sorrindo em minha direção. Seus cabelos loiros e compridos caiam formando alguns cachinhos, os olhos claros eram igualzinhos aos de Betty.
— Tia.
— Fala, meu anjo.
Me abaixei para ficar a sua altura.
— É verdade que vai ter um bebê?
— É sim.
Sorri com sua curiosidade.
— Que legal! Agora vou ter mais um amiguinho.
— Claro que vai. – toquei em seu braço o acariciando. — Quando nascer vou avisar para sua mãe te trazer para conhecê-lo.
— Oba!
Pulou de alegria, jogando-se em meus braços. A acolhi de uma forma que não queria soltar mais. Como será que vai ser quando eu for, mãe? Ele ou ela, ira gostar de mim? Serei uma boa, mãe? São tantas duvidas que só serão respondidas lá para frente. Megan resolveu me ajudar com o jantar enquanto tagarelava sobre como seus amigos e a escola são legais. Fiquei animada ao ouvir tantas histórias da pequena, ela parecia feliz e amava suas mães.
Jantamos todos juntos, Dylan mal comeu e já estava dormindo, Veronica deitou o mesmo em um dos sofás. Falando na morena, a Betty deu uma dura nela por estar mexendo no celular e falando com não sei quem. Não consegui prestar atenção na discussão, Megan estava muito falante ao meu lado, parecia incansável.
A loirinha grudou em mim, falou tanto que quando estávamos assistindo um filme, a mesma adormeceu com a cabeça deitada em meu colo. Finalmente havia se entregado.
— O que acham de dormir aqui hoje?
Sugeri ao casal, Betty estava no colo de Veronica. A loira ainda estava bebendo, sua esposa parou antes do jantar. Acredito que minha amiga já se permanecia bem alterada.
— Acho melhor, daqui a pouco Betty nem caminha mais.
— Veronica! – a pediatra a repreendeu, estalando um tapa em seu braço. — A Toni só quer que a gente durma aqui porque Cheryl não irá voltar.
— Isso é verdade. – dei de ombros. — Não sei mais dormir sozinha.
— Sei... – semicerrou os olhos em minha direção. — Você adora que ela te agarre a noite.
Sua fala era embolada. Bêbada.
— Claro, Betty.
Soltei uma risada, acariciando os cabelos de Megan que dormia tranquilamente, os dois pequenos pareciam não se importar com o barulho, estavam exaustos. Veronica começou a fazer uma brincadeira com Betty, a mesma dizia estar sóbria, mas não conseguia calcular nem 2 2. Nós riamos, estava tudo tranquilo e eu havia esquecido por algum tempo dos gêmeos que confundem minha mente, o único problema é que eles parecem não me deixarem em paz.
Um barulho na porta do apartamento me fez olhar em direção, a mesma se abriu em poucos segundos e só uma pessoa tem a chave além de mim. Cheryl. Ela adentrou o local, usava roupa social. Uma camisa branca e um blazer preto, uma calça preta bem colada em suas pernas compridas e um sapato de salto alto também preto. Era difícil ver a ruiva toda de preto, mas sinceramente ficou ainda melhor nela.
— Limpa a baba.
Betty sussurrou, chamando minha atenção. Neguei a sua observação, mas ela continuava a me encarar balançando suas sobrancelhas como se insinuasse algo.
— Boa noite, meninas.
A ruiva desejou, já se livrando de seus saltos. Uma mania muito comum de minha melhor amiga é andar de pés de calço por todo o apartamento. Por muitas vezes a repreendi, mas no final acabei por pegar a mesma mania.
— E a festa?
Indaguei, observando a mesma fazer a volta do sofá para vir até meu lado. Seu corpo se posicionou com calma, ela percebeu que havia uma garotinha dormindo esticada.
— Estava chata, resolvi vir pra cá. – deu de ombros. — Sobre o que estavam falando?
— Sobre você.
Betty respondeu com rapidez.
Arregalei seus olhos em sua direção.
— Sobre mim?
Cheryl arqueou as sobrancelhas curiosas.
— Ela está bêbada.
— Deixe-a falar. – a ruiva me cortou. — O que falavam, Betty?
— Que Toni adorou quando você a agarrou enganada.
Puta que pariu! Tirem agora a bebida desta mulher.
Senti Cheryl me olhar, encolhi meu corpo no sofá, escondendo o rosto entre minhas mãos após senti-lo esquentar. A vergonha me dominava de uma forma absurda, nunca tive essa reação sobre minha melhor amiga, mas hoje estava experimentando a sensação de não querer de jeito nenhum olha-la.
— Ela fala mais disso do que do próprio, Jason. – Betty voltou a falar. — Até negou jantar com ele.
— Betty!
A repreendi, voltando a minha postura anterior e tomei coragem para encarar Cheryl que não tirava os castanhos de mim. Suas sobrancelhas estavam franzidas e eu sabia que a partir de agora teríamos uma pequena discussão.
— Jason te chamou para jantar? E não me contou?
Suspirei, na verdade vai ser uma longa discussão.
— Ei, amor. – Veronica chamou a atenção da esposa. — Que tal levarmos os meninos para o quarto?
— Mas...
— Só vamos.
A morena puxou Betty junto dela, o menor foi levado pela loira, claro que Veronica estava por perto porque o estado da pediatra não era muito bom. Megan a mais pesada foi levada por Veronica, deixando apenas duas pessoas na sala e um clima completamente tenso.
— Quer começar a falar?
Cheryl indagou.
— A algum tempo Jason me pediu mais uma chance, disse que iria tentar mudar por mim e pelo bebê. – comecei a história, a ruiva ouvia atentamente. — Eu neguei, óbvio. Mas desde então, ele vem querendo se aproximar e hoje me convidou para jantar, mas eu já havia marcado com as meninas...
— Se não tivesse compromisso, você iria?
— Não sei, Cheryl. Provavelmente não.
— Provavelmente, não é uma certeza.
Negou, suspirando.
— Cheryl, eu só não contei porque sabia que ficaria brava. Estamos tão bem, nem brigamos até hoje.
— Não estamos brigando. – justificou. — Estamos conversando.
— Ele parece animado com a gravidez.
Comentei, Cheryl balançou a cabeça em positivo como se estivesse assimilando minha fala, a mesma ficou em silêncio, eu sabia que estava absorvendo o que falei sobre Jason. Resolvi não falar nada também, apenas apreciando o silêncio entre nós.
— Então, sobre o que Betty falou...
— Ela está bêbada, Cher.
Interrompi.
— Bêbados não mentem.
Justificou, rindo e revirei os olhos.
— Já se beijaram?
Betty apareceu novamente, descendo as escadas com Veronica ao seu lado. A morena revirava os olhos com cada vez que a mesma cambaleava por pisar em falso nos degraus.
— Você vai ter um grande trabalho.
Falei para Veronica.
— Sim, já vi que irá me incomodar a noite toda.
— Eu nunca incomodo!
Betty se defendeu, jogando seu corpo no sofá em que Dylan estava deitado. A mesma fechou seus olhos e nós três rimos, provavelmente não havia mais forças para a loira se levantar.
— Leve ela para o apartamento da Toni, gente fica com as crianças.
Me surpreendi quando Cheryl falou.
— Olha, eu nem vou protestar porque Betty bêbada é um saco!
Veronica resmungou.
— Não se preocupe, amanhã a gente cuida das crianças até ela se recuperar. Qualquer coisa, ligamos.
Cheryl continuou a falar. Me pergunto quando a mesma se tornou tão simpática e responsável sobre crianças. Não que ela as odiasse, mas nunca foi muito chegada por fazerem muito barulho.
Procurei por minhas chaves as entregando a morena que já carregava sua esposa para meu apartamento, Cheryl as acompanhou apenas para ter certeza que ficariam a vontade. Decidi subir e ver como o casal estava. Dormiam perfeitamente no quarto de hóspedes da ruiva, estavam com travesseiros aos redores, uma pequena proteção caso algum se mexesse.
Depois de ver que estava tudo sobre controle resolvi tomar um banho, para relaxar antes de deitar. Não demorei muito e quando sai, Cheryl rapidamente fez o mesmo. Já vestida com meu pijama preto, estampado por ursinhos, descansei meu corpo na cama. Geralmente antes de dormir, fico acariciando minha barriga e notando o quanto tem de diferença. Não era muito, mas havia.
— Está falando com ele?
A voz de Cheryl chamou minha atenção, a olhei e a mesma estava parada me observando. Vestida em seu pijama vermelho xadrez, se aproximou da cama, sentando ao meu lado.
— Estou apenas acariciando minha barriga.
— Você sabia que a partir de agora, ele pode nos ouvir?
Sorriu animada com o que acabará de falar. Neguei, observando Cheryl deitar seu corpo, a mesma aproveitou que minha blusa estava levantada e deitou sobre meu peito, deslizando os dedos por minha barriga.
— Ei, bebê.
Falou e eu soltei uma risadinha.
— Ela acha que você não nos ouve, mas eu sei que sim. Aparentemente eu pesquiso mais sobre você do que sua própria mãe.
— Cheryl!
A repreendi e ela riu.
— Estou brincando, mon petit amour.
Não sabia se ela estava falando comigo ou com o bebê, mas sei que odeio quando a mesma começa a falar em francês. Foi um desejo seu desde muito nova e posso dizer que a mesma aprendeu sozinha, pela internet, assistindo filmes, ouvindo música... Ela é realmente apaixonada pela língua francesa.
— Não conte a sua mãe, mas... – voltou a falar, ainda deslizando seus dedos por minha barriga. — Je savais que c'était elle dans les dortoirs depuis le début.
Franzi a testa, Cheryl levantou sua cabeça e virou para me encarar, um sorrisinho apareceu em seus lábios. Queria entender o que significava suas palavras e o sorriso. Minha memória nunca me ajudaria, nem lembro mais da primeira palavra que a mesma falou e estou arrependida de ter negado quando perguntou se eu queria aprender.
— O que você falou?
A tentativa é sempre livre.
— Descubra. – sorriu ainda mais. — Está com sono?
Não.
Quero conversar mais um pouco, admirar seu rosto.
— Acho que não.
Dei de ombros.
— Sabe, eu te conheço o bastante para saber que tem algo te incomodando. – seus castanhos estavam penetrados nos meus. — Quer me contar?
— Não tem nada para contar, Cher.
— Tudo bem.
Voltou a deitar sua cabeça em meu peito e olhar para minha barriga, instantaneamente minha mão foi aos seus cabelos que cheiravam tão bem me deixando embriagada. Comecei a acaricia-la enquanto seus dedos faziam desenhos imaginários sobre minha barriga. Mordi o lábio, confusa sobre todos esses sentimentos que tem ocupado minha mente, coração, alma... Talvez eu queira beija-la, mas não podia. Estragar nossa amizade seria um erro enorme. Quem eu teria ao meu lado? Jason? Um cara que só me deu valor quando fiquei grávida?
— Também adorei te agarrar aquele dia... – a voz de Cheryl soou baixinha no quarto. — Só pra você saber.
Abri um sorriso, a ruiva continuava na mesma posição e eu também. Estamos atraídas uma pela outra? É isso? Mas... Deus, não. Como vamos lidar com isso? Somos melhores amigas a vida toda e agora vamos nos pegar? Não faz sentido, mas juro que daria tudo para poder beijar seus lábios. Quem sabe a gente se beije e combine de esquecer o que aconteceu.
Cheryl se movimentou, virando seu rosto para me encarar novamente, seus olhos castanhos estavam tão brilhantes que me hipnotizavam. Pare, ou não irei me controlar. Em silêncio, ela se aproximou, devagarinho, me torturando ao descer seu olhar para meus lábios por apenas um segundo, fiz o mesmo, um sinal de que também queria aquilo. Eu sei, estou enlouquecendo, ela é irmã do Jason e minha amiga a vida toda. Entreabri a boca, apenas para ela ter certeza e quando senti sua respiração sobre a minha fechei meus olhos. Tudo se acabou quando os lábios de Cheryl desviaram dos meus e foram até minha testa depositando um beijo demorado. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, a mesma começou a falar:
— Por mais que eu queira fazer isso, não devo. – sussurrou segurando meu queixo, abri meus olhos e vi que a mesma olhava para cada detalhe de meu rosto. — Estou vendo toda a confusão que está em sua cabeça, tenho medo que isso seja apenas carência e acabe com tudo que temos. Temos algo tão lindo.
Sorriu ao falar as últimas palavras.
— Se você tiver certeza do que quer, não irei negar, mas não vou ser apenas uma atração sua ou descoberta. Não quero ser uma experiência, Toni. Não pra você.
Senti cada palavra que saiu por sua boca, meu coração acelerou de tal forma que eu não conseguia nem pensar direito. O que Cheryl está querendo dizer? Ela sente algo? Ou apenas não quer acabar com nossa amizade? Seu corpo se moveu, saindo da cama e indo até o interruptor para apagar a luz. Acompanhei todos seus passos, a mesma deitou ao meu lado e abraçou meu corpo junto ao seu, me aconcheguei nela ainda confusa com toda situação. Como sempre Cheryl sabia o que falar e fazer para nos deixar bem.
— Nada vai mudar e sabe disso, ainda somos nós. – beijou meus cabelos e eu respirei seu cheiro. — Boa noite, T.
— Boa noite, Cher.
Desejei, fechando meus olhos. Por mais que eu quisesse o sono não vinha, as palavras martelavam em minha mente "não quero ser uma experiência, não pra você”. Se queria me deixar mais confusa ainda conseguiu, agora quero descobrir o que você esconde, porque não quer ser experiência. Enfim, como ela disse quero ter certeza.
A tradução de Cheryl falando em francês com bebê é "eu sabia desde o inicio que era ela nos dormitórios" então, ela agarrou Toni porque quis. Não sei se a tradução ta certa usei o tradutor, me perdoem.
Bom, esse é o maior capitulo até agora e to me empolgando demais, estão ficando enormes e tenho medo que fiquem cansativos. Acho que termos mais dois capitulos sobre o terceiro mês de gestação.
Cheryl esconde algo no quarto. Palpites? Ela também insunuou não querer que Toni seja apenas mais uma para ela ou estou louca?
No próximo capitulo teremos choni cuidando das crianças e quem sabe mais aproximações afetivas...
Enfim, Cheryl é um sintoma da gravidez ou não?
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