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O mundo rejeitado

Miguel

Os roxos, ainda recentes e doloridos, não passaram despercebidos dos olhares atentos das moças que arrumavam a casa. Os sussurros chamaram a atenção dos meus pais, que logo me questionaram sobre o ocorrido. Tolo fui em abrir meu coração e contar sobre a descoberta de um amigo. Principalmente para meu pai. O arrependimento amargo ecoou por dias como um lembrete doloroso da sinceridade.

Os contei com um sorriso que rangia os lábios. Havia encontrado um amigo de verdade. Diferente das marionetes que nos rodeavam nas reuniões com outras famílias do nosso nível. O encontro com outros destinados era oco, performático, e sem sentido. A busca de um outro para com você é apenas recriar uma genética de poder e dinheiro. Caim não se importava com nada disso, pois ele só queria tocar minha alma.

Sabe alma? A percepção crua de que você é alguém cheio de falhas, ambições impossíveis, análise cruel do mundo violento que vive? Um indivíduo que é capaz de proclamar a própria existência sem utilizar de apetrechos, joias e roupas caras.

Caim. Foi uma das poucas pessoas que eu conseguia enxergar uma alma. Ele era puramente verdadeiro, desde a sua intenção burra em me roubar.

—Um amigo. —Foi assim que eu disse na mesa de jantar.

—Se é um amigo, então ele deve ser importante para você. — Meu pai insistiu, com a voz cortante como uma navalha. —E isso significa que fará o que for preciso para mantê-lo em sua vida. Tornar-se um destinado, como eu, sua mãe, e seus irmãos que estão no exterior, é a única forma.

Tudo que eu sabia sobre ser um destinado advinha deste homem, e das coisas que vi. O papel de proteger humanos normais, que não tinham capacidade de uso das energias, era algo recente. Ser destinado era um passo para conflitos violentos entre famílias ricas afim de estabelecer leis de poder uma sobre as outras.

E eu, como um Sólis, a família mais poderosa atual, devia carregar essa responsabilidade.

—Ou eu matarei seu amiguinho. —Ameaçou. Ele me encarou fixo. Sem expressar algum tipo de sentimento. — Sabe que sou capaz disso.

Pela amizade que nutria com ele, cá estamos, a caminho do centro de treinamento que prometi nunca pôr os pés novamente.

—Por que está tão calado? —Caim percebia minha mudança de humor. Melhor que aqueles que me deram a vida.

—Tentando não ficar nervoso. —Sorri. —É a sua primeira vez aqui! Estou ansioso!

—Ei... —Ele me encarou sério. —Você mente mal para caralho, Miguel. —A afirmação de Caim quebrou meu rosto solicito. —Não sei o que está escondendo, mas se não quer dizer, é porque não quer.

Como não querer ser amigo de alguém assim? Era tão sincero que chegava a ser violento. Ríspido, mas profundamente verdadeiro. Cleiton estacionou o carro na entrada daquele templo de madeira no meio de outro terreno em meio a Mata Atlântica. Nós estávamos na Tijuca, um pouco longe de casa.

—Eu vou esperar vocês no carro. —Cleiton abriu a janela, e acendeu um cigarro.

Nós, saltamos do carro para seguir direção até o lugar. Caim esperou que eu me aproximasse, mas seguiu na minha frente. Dava para sentir que ele estava animado com a experiência do lugar.

"Desculpe, Caim. Eu nunca quis seguir esse caminho..." sentia que havia traído meu amigo. Agora estava abraçado as ambições da tradição da família. O caçula que foi aprisionado para ser a referência em poder.

Assim que abrimos a porta do templo, avistamos três figuras que olhavam um monitor. Na tela passava algo que se parecia com um programa de televisão. As figuras se incomodaram com o abrir da porta, e olharam para a gente.

—Quem voltou, se não o prodígio! —Ricardo, o rapaz de cabelo loiro, vestido com um quimono, sorriu em me ver. —Oh! Trouxe um aluno novo!?

—Pare de encher o ego de uma criança irresponsável, Ricardo. Tens vinte anos, já deveria saber que isso cria adultos imbecis que só sabem olhar para o próprio umbigo. —Batista. Também de quimono, utilizava óculos e tinha um cabelo preto lambido. —Com essa cara de cu, parece ter aceitado seu destino.

—Batista... —No meio dos dois, meu mestre, Vargas. Um homem que a barba descia por toda extensão do tronco. Era careca, e a única coisa que tinha no topo capilar eram rugas expressivas devido a idade e ao jeito ranzinza. —Espero que seja a última vez que eu tenha que corrigir teu linguajar.

—Desculpa... —Batista engoliu a saliva a seco. —Mestre.

Vargas tinha um corpo aparentemente frágil, mas era violentamente assustador. Os olhos mal abriam, talvez por conta da descendência asiática.

—Mestre. Voltei aos treinos, mas com uma condição. —Eu não tinha medo do Vargas. —Que aqui seja aceito treinar Caim. —Apontei para meu amigo.

Caim ficou nervoso. Era estranho o ver ansioso, trêmulo. "Ele deve ter sonhado com essa oportunidade por anos." Era muito diferente a forma que enxergávamos esse caminho.

Vargas, contudo, o olhou com descontentamento. Quando se treinava por muito tempo com ele, era perceptível todos os sentimentos que era capaz de transmitir através dos olhinhos semicerrados.

Ele havia odiado Caim.

—Miguel você é neto e filho de alunos que eu possuo muita estima. Mas esse respeito não o dá direito de trazer vermes para meu templo. —Vargas encarava Caim. Desgostoso. —Eu não treino coisas que não crescem.

—Mes... —Tentei argumentar.

—Então faça um teste comigo! —Caim se pronunciou. —Eu vou mostrar para um velho como o senhor, que até vermes podem sofrer metamorfose!

Uma sentença de morte. Nunca na história alguém havia tido a coragem de sobrepujar a ordem de Vargas. O mestre era conhecido pela sua incrível capacidade de poder. Ele ficou em silêncio. Levantou-se devagar. Apoiando os braços nas pernas para fazer uma alavanca. "Fodeu! Ele vai matar o Caim!" me coloquei a frente de meu amigo. —Por um segundo, parecia que o mestre havia percebido meu movimento.

Ao invés de vir até nós. Ele começou a caminhar para um cômodo a esquerda. —Batista. Eu não tenho paciência para desinstruídos. Nível básico, para os dois. —Fechou a porta com calma.

Batista virou-se para a gente, ainda sentado, e nos chamou para perto. Nos sentamos próximo ao mais velho. Ele deu uma moca em nossas cabeças.

—Que porra! —Caim falou alto.

—Não me importa de onde vocês venham. Aprendam a respeitar a casa que serão ensinados. —Ele olhou diretamente para Caim. —Você não me parece ser burro, não aja como um inconsequente só por não dar valor a sua vida.

—Batista! Agora que as lutas vão começar! —Ricardo ainda estava entretido com a televisão.

—Desliga, Ricardo. É hora de ensinar os mais novos.

De bico e cara emburrada, Ricardo acatou as ordens de Batista. Ficamos numa pequena roda sentados. Eles nos analisavam pelo olhar, enquanto o silêncio pairava pelo ambiente. —Mentira, as cigarras faziam o cricrilar incomodo do lado de fora.

—Qual o seu nome? —Batista questionou.

—Caim.

—Isso é apenas o ordenado pela tua mãe e pai, qual o fardo da tua família? Sobrenome?

—Eu... —Caim tentava se lembrar. —Acho que não tenho um sobrenome. Papai nunca me chamou de nada além de Caim.

—Isso é bom. Para quem não carrega o passado dos outros, é mais fácil construir seu próprio destino.

—Esse papo romântico de novo Batista!? —Ricardo debochou.

Batista deu uma moca em Ricardo também, que rapidamente se lembrou do motivo que ficava em silêncio na presença do mais velho.

—Miguel. O que é um destinado? —Me questionou.

Olhei para Caim. —Você sabe o que é?

—Eu só sei que são as pessoas capazes de combater os parasitas... E alguns outros destinados que usam suas habilidades para violência.

—Desde a covid-29 começou a existir um padrão não biológico nos infectados. Além de ser raro de perceber a detecção por conta do aumento de autoimunes, eles começaram a sofrer mutações corporais que fizeram os corpos se modificarem. É o que vemos atualmente.

—Os parasitas. —Ricardo acrescentou. —São apenas humanos que ignoraram a exigência de vacina ou possuem baixa imunidade e pegaram o vírus. Para ele tornar alguém um parasita, o vírus precisa se desenvolver até o estágio quatro. Normalmente a pessoa está morta por dentro.

—Os órgãos já pararam de funcionar. O sangue é preto e podre, e o cérebro já foi tomado pelo desejo do vírus. —Batista finalizou. —Ainda assim. O vírus aprendeu a esconder o corpo do indivíduo para não ser parado antes da mutação.

—Os destinados na verdade já existiam antes do vírus. —Continuei a falar para Caim. —Eles eram usuários de um poder oculto guardado pelas famílias da chamada "antiga monarquia". Era utilizado em batalhas ocultas por impérios antigos que causavam destituição de território e até destruição de povos.

—Caralho... —Caim xingou, e outra vez levou uma moca de Batista. —Legal! Eu quis dizer legal!

—Ainda que seja algo dito na mídia. Poucas pessoas querem saber do assunto. O que facilita aos destinados se manterem discretos. —Falei a Caim. E ri do galo que se formava em sua cabeça.

—O que é esse "poder"? —Ele fez as aspas com os dedos, e olhou para Batista, na busca que ele respondesse.

—Caos... —Batista respondeu.

—É uma energia que reside nos seres humanos, contudo, é difícil de ampliá-la para bel uso. —Expliquei a ele. —Os primeiros humanos a aprimorar apareceram no...

—Aquemênida! —Ricardo completou. —Ou...

—Império Persa... —Caim concluiu. —Que do... —Ele já viu a mão erguida do Batista. —Supimpa? —Ele estava extasiado com a educação. —Me diz! O que mais eu posso aprender!?

—Vamos abrir teus canais de Caos, primeiro, muito ensinamento em um dia vai fritar teu cérebro de pobre. —Batista afirmou.

Era engraçado ver Caim tão animado com o aprendizado. Uma animação que eu nunca tive naquele lugar. Era como se ele fizesse mais parte dele do que eu jamais fiz. Não me doía. Não tinha inveja. Só não conseguia compreender tal amor por um ambiente de luta.

Precisaria aprender a ter. Para manter Caim bem. 

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