Capítulo VI: O gigante acordou...
...e ele já quer voltar a dormir. Não me entendam errado, eu estou muito grato por ter a oportunidade de sequer acordar, considerando que só nessa tarde eu já fui emboscado por lobisomens e atacado por um dragão. Dito isso, as minhas costas doem tanto que eu sinto que vou partir ao meio, e nesse tipo de situação eu gosto de escolher o remédio "dorme que passa". Infelizmente, eu sou curioso demais para o meu próprio bem, então eu não consegui deixar de perceber a conversa abafada que estava ouvindo.
— Esse tanto de semideuses? Isso não é normal.
Uma voz me faz começar a chuva de perguntas. Primeiramente, semideuses? Segundo, por que eu sempre estava envolvido em coisas que não eram normais? Decidido a procurar respostas, me sento na maca em que acordei e olhei para os lados para me situar. Aparentemente estávamos em um tipo de chalé, confortável e que parecia ter sido transformado em uma enfermaria. A porta não estava trancada e eu não estava algemado, e todos os meus amigos estavam acordando também.
"Isso é um ótimo sinal" é o que eu diria se não tivesse percebido o rapaz com um machado gigantesco nas costas e uma garota que carregava uma espada em uma bainha. Não eram pistolas, mas eu acho que não era imune a armas brancas, então bastou vê-las para eu decidir não tentar nada idiota. A garota com a espada estava logo ao lado de Alessandra, que parecia ter despertado quase ao mesmo tempo que eu, o suficiente para ser notada.
— Que nojo. — a menina na frente dela diz. — Você baba enquanto dorme.
Buscando confirmar isso, eu olho para Alessandra e percebo que ela realmente baba enquanto dorme. Envergonhada, ela se limpa com um papel que estava ao seu lado e pega o fone de ouvido e a adaga de volta, ficando completamente corada e escondendo o rosto. Por fim, fico aliviado quando percebo que ela estava em um estado de mente mais calmo, e sem nenhum sinal de sangue em seus ouvidos.
Do outro lado do chalé, Briar também desperta e imediatamente vejo os olhos dela enchendo de lágrimas ao ver o rapaz de machado. Ele sorri de volta para ela e eu fico confuso, afinal, como eles se conheciam? E é nesse momento que eu me lembro das milhares de vezes que Briar mencionou o irmão, e quando eu ligo os pontos, creio que esse seja o tal Dante que tanto ouvi falar. Olha, eu concordo com ela, o cara realmente parecia maneiro.
— Eu tava com tanta saudade!
Briar exclama enquanto se joga da maca e abraça o irmão com força.
— Calma, calma! Você ainda tá mal. — ele diz enquanto a observa para ver se alguma ferida se abriu, suspirando aliviado quando percebe que ela ainda estava intacta. — Eu também tava com saudades, Bri. Como foi a viagem?
— Bem, bem longa, mas agora eu te achei!
Meu coração se alegra ao ver essa cena, e o sorriso dos dois chega a ser contagiante. Fico feliz que Briar tenha finalmente encontrado o irmão, considerando tudo que aconteceu nas últimas horas. Essa felicidade rapidamente volta a se tornar pura confusão assim que a conversa deles continua.
— O pai contou pra você das coisas, né? Imagino que teja sendo bem difícil assimilar tudo.
— Ah... ele não contou não.
— É sério? Nada mesmo? Nenhuma menção de "deuses gregos" e nossa mãe?
— Não, nada.
Ok, eu odiava ser intrometido, mas como deuses gregos poderiam ter relação com a mãe deles? E essa história logo depois de ouvir "semideuses"? Eu adoraria poder afirmar que estávamos em um acampamento de loucos e nossa próxima missão seria fugir, mas infelizmente seria mentira: eu já ouvi essa história antes. Aos poucos algumas coisas vão se encaixando, porém decidi não me agarrar a nenhuma conclusão por enquanto.
— Você tem certeza que nosso velho não te falou nada sobre Ares?
E na hora que Dante diz isso, um escudo e uma lança vermelha aparecem do nada no topo da cabeça de Briar, brilhando e flutuando como hologramas. Todos que vieram comigo se surpreendem com aquilo, e nós nos entreolhamos com a mesma pergunta estampada em nossas expressões, algo como "você tá vendo isso?".
Sim, eu estava vendo isso, e eu só conseguia me perguntar como.
— E lá vai ela.
Dante comenta enquanto outra pessoa passa pela porta, dessa vez sendo um adulto de verdade. O homem era loiro e tinha uma barba rala, e tinha uma estatura bem normal, nem muito alto e nem muito forte, apenas na medida certa pra estar na média. Ele estava usando roupas casuais, como uma calça folgada e uma camisa florida, e um único jaleco por cima, como se estivesse tentando deixar claro que era um doutor, mesmo se não estivesse tão interessado assim em parecer formal. Eu consigo respeitar isso. Para finalizar, seu par de óculos escuros provava que ele estava pensando mais em sua aparência como pessoa do que como profissional.
— Olha só, pelo menos dessa vez foi rápido, geralmente demora mais.
Como todo ser humano normal faria, Briar começa a pular e tentar agarrar o "holograma", sem sucesso. Eventualmente o símbolo some, porém a confusão continua estampada no rosto de todos nós.
— Gente, com todo respeito, mas por que tinha um holograma na cabeça da Briar?
E como todo bom mistério, todos decidem me ignorar e focar na conversa que o Kuta estava prestes a ter com Alessandra.
— Ei, psiu, eles vão tentar roubar os nossos órgãos. — ele tenta sussurrar e falha, sendo audível para todos no chalé. — Pega essa faca e...
— Não escuta esse cara, ele é mentiroso!
Getúlio, que estava na maca ao lado dele, o interrompe enquanto ameaça jogar seu travesseiro no rapaz, porém ele parecia estar mais ferido do que todos nós.
— Mentiroso e burro, né? Você tá fedendo moleque, pra que a gente vai querer órgão de gente fedida?
A garota de cabelo preto faz seu próprio comentário, deixando Kuta completamente sem graça — e dando para ele um motivo para levantar o braço e cheirar o próprio suvaco, murmurando algo depois — e o resto do chalé fica em um breve silêncio. Visivelmente ofendido e sem pensar bem, Kuta se levanta e tenta, miseravelmente, se esgueirar até a saída, porém eventualmente percebe que falha completamente em ser furtivo.
— Ok...? — a garota que ofendeu Kuta fica visivelmente confusa com ele, decidindo então trocar de assunto e olhar para Briar. — E você, filha de Ares, hein? Melhor do que de Apolo, sem ofensas Tomás.
Nesse momento o médico apenas acena, indicando que não estava nem um pouco ofendido.
— Tem problema em ser filho de Apolo?
Briar pergunta inocente.
— Imagina um unicórnio. Esse unicórnio brilha tanto quanto o sol e fica o dia todo na sua cara, repetindo frases tipo "sou lindo" ou "sou o melhor". Esse unicórnio é todo filho de Apolo.
— Pera, pera. Vocês estão falando sério mesmo sobre essa coisa toda de Ares e Apolo? — Getúlio diz as palavras que estão tomando conta da minha mente. Ótima analogia da garota sobre o porquê dela odiar tal grupo e etcétera, mas eu estava muito mais preocupado com a parte de deuses. — Eu achei que era uma brincadeira.
— Ou atuação, algo assim.
O loirinho, Arthur, complementa. Eu consigo até ver esse cenário, mas já tinha ido longe demais. Todo o lance de teletransporte nas sombras, dragões e lobisomens me fizeram ficar um pouco menos cético sobre essas questões.
— Não caiu a ficha, né? Deuses, monstros, é tudo real.
Novamente, a maioria de nós parece se chocar com a revelação. Claro, não era surpresa que monstros existiam depois de tudo que aconteceu hoje, mas deuses? E nós somos filhos de literais deuses? Isso era demais, e aparentemente ninguém estava questionando a veracidade disso, alguns até pareciam estar achando que isso faz sentido. Eu, pessoalmente, tinha várias dúvidas sobre meu pai que facilmente se justificam caso eu use a desculpa "ele era um deus grego o tempo todo". Já Getulio parece estar arrasado com essa informação, cobrindo o rosto e suspirando bem fundo.
Os últimos meses também passaram a fazer muito sentido. Digo, a dona do orfanato que eu morei por esse tempo se chama Ártemis, e aquela aparição dela fez total sentido. Ela era realmente uma deusa, e Alessandra com certeza sabia disso o tempo todo, já que ela é uma das poucas que não está nem um pouco chocada. Conhecendo ela — mesmo que pouco — eu consigo garantir que ela nem se tocou que não sabíamos de nada, então não consigo nem ao menos ficar irritado.
— E onde nós estamos?
Eu pergunto enquanto minha mente se esforça o máximo possível para fazer com que tudo se encaixe. Eram muitas informações, e eu senti minha realidade virando de ponta cabeça quando percebi que nada que eu pense conseguiria desprovar tudo isso.
— Acampamento Meio-Sangue, sejam bem-vindos. — a garota responde enquanto parece estar se divertindo muito com isso. — Meu nome é Alice, a propósito.
— Ok, senhorita Alice, você pode me dizer pra onde que fica o Brooklyn?
Kuta pergunta extremamente ansioso para passar pela porta e ir embora o mais rápido que pode.
— Você pega a direita, depois a segunda esquerda e vai reto toda vida até a casa do...
O resto da frase dela vai ficar pra sua imaginação, leitor. Abrindo a boca em choque, Kuta parece ter ficado, novamente, muito ofendido, e logo depois partiu direto para a porta, sendo agarrado pela camisa mais uma vez e jogado para trás. Do tanto que esse rapaz já foi puxado, eu não ficaria surpreso se a camisa dele estivesse prestes a rasgar. Vendo essa cena, o garoto de sobretudo e óculos solta uma risadinha e volta ao que estava fazendo: desenhando. Olhando melhor para ele, eu percebo que ele parecia genuinamente descolado, e algo em mim sente uma conexão com ele.
Felizmente, eu tenho bom senso, então eu não iria chegar perto e falar "oi amigo, meu nome é Alexandre e eu me senti conectado com você, que loucura né?".
— E a cobra gigante no orfanato? — Getúlio parece tentar fazer sentido das coisas, e Arthur aparenta estar igualmente confuso. — O homem meio bode, senhor Underwood, o poodle?
— Primeiro, não era uma cobra gigante, era um basilísco. — Alice responde enquanto intimida Kuta com o olhar, garantindo que ele não vai tentar sair novamente. — Segundo, você deve tar falando de Pã, e o poodle eu não faço ideia.
É, basiliscos, Pã, Ares, claro. Tudo isso faz sentido.
— A mãe da Alessa tinha um poodle também.
Briar diz e eu concordo com a cabeça, logo depois vendo Alessandra se levantar da maca e começar a dar voltas pela sala como uma galinha sem cabeça. Ela estava visivelmente em pânico, com certeza pensando no que aconteceu com a mãe depois que fomos embora.
— E ela era a própria Ártemis, eu acho.
Digo e vejo alguma coisa clicar na cabeça de Alice, que me olha confusa e logo depois anda até Alessandra, dando um cascudo nela para que a garota pare de ficar dando voltas. Alessandra olha para ela sem saber como reagir, como um animal de rua triste. Alice inspeciona ela por um longo tempo, encarando ela dos pés a cabeça e depois soltando uma risadinha.
— Sua mãe era Ártemis? — ela pergunta e Alessandra concorda, visivelmente preocupada. — Então seu pai é Tristan?
Ok. Ártemis, Ares, esse tipo de deus eu conheço, mas eu nunca ouvi falar de um deus chamado Tristan. Alessandra concorda mais uma vez, porém agora encara a garota com suspeita em seu olhar, estranhando alguma coisa naquela pergunta, ou até a pergunta em si. Ela tenta até falar com Alice, porém é novamente incapaz de falar, fechando a boca mais uma vez sem soltar som nenhum, decidindo fazer símbolos que eu imagino que seja linguagem de sinais ou algo do tipo.
— Eu achei que você era diferente, você parece até uma gatinha assustada.
Alice comenta e Alessandra fica corada mais uma vez, e eu me surpreendo que ela não explodiu e saiu correndo ali mesmo. Ela cobre o rosto com as mãos e vai até um dos cantos da sala. Algo me diz que ela não viu "gatinha assustada" como uma ofensa.
— Perdão por interromper, mas quem é Tristan? É outro deus?
Briar pergunta e o doutor solta uma longa risada, e demora um pouco para se acalmar.
— Não, não mais. Tristan é o grandioso herói do Olimpo. — ele diz com certa ironia na última parte, o que me dá a entender que ele não leva esse título tão a sério. — Aquele que derrotou Urano e o ex-Héracles.
— Você não gosta dele?
— Não é isso, é que ele fala muito, e olha que eu falo muito.
— E só pra finalizar, vocês realmente não tão de gracinha com a gente, né? — eu pergunto mesmo sabendo que estou sendo repetitivo, mas eu precisava garantir. — Deuses, monstros, poodles, tudo isso vem no pacote. E a gente?
O doutor se ajeita na cadeira e revira os olhos, logo depois recitando algo que eu acredito ser um roteiro que ele tinha pronto para esse tipo de situação, onde ele teria que explicar algo pela milésima vez.
— Vocês são semideuses. Filhos de um deus e um humano, esse tipo de coisa. Você já deve ter notado que tinha algo diferente em você antes, tipo ser muito forte ou saber mexer com máquinas muito bem. — ele bebe um copo d'água antes de continuar, novamente sem muito interesse nisso. — Quanto menos você sabe sobre você mesmo, mais fraco você é, e quanto mais você sabe mais você atrai monstros. Pra ter aparecido um drakon atrás de vocês, então quer dizer que já estava na hora de serem clamados.
— E tem hora pra isso?
— Mais ou menos, não é como se fosse por idade ou coisa do tipo, a hora certa é a hora certa, pra alguns isso é mais tarde, pra outros é mais cedo.
— Ah, então é por isso que vocês falaram que não é normal aparecer tantos semideuses ao mesmo tempo.
— Isso. Geralmente aparece um, no máximo dois, de uma vez só. Mais do que isso é extremamente raro, chegaria a ser uma coincidência improvável. E como vocês vão aprender por aqui, coincidências não existem quando se trata de deuses. E você, carinha... — ele aponta pra Arthur, que olha para os lados para garantir se o doutor não estava falando com outra pessoa. — Gostei do seu cabelo, você é estiloso.
O doutor tira o óculos de sol do seu rosto e eu vejo que ele tinha outro par idêntico por baixo, o que me impressiona muito. Ele pega o par retirado e coloca nas mãos de Arthur, que parece animado até demais pelo presente recebido. O loirinho bota o óculos no rosto e faz um "uau".
— Agora você tá ainda mais estiloso. — os dois se cumprimentam com um aperto de mão que exala narcisismo. — Vamos, vou levar vocês pra conhecer o senhor D, ele é um deus.
Aqueles que estavam deitados ficam de pé, e o rapaz do sobretudo pega uma espada que estava ao seu lado e ela vai se transformando em uma tatuagem brilhante. Como eu disse, esse cara parecia ser muito legal. Ao passarmos pela porta, a primeira coisa óbvia é a cabeça decepada do dragão de agora pouco, e Briar é a que mais fica encantada por isso, parecendo até mesmo que gostaria de ir lá tocar. Quando começamos a andar mais para longe, tive uma visão do que era o acampamento meio-sangue, e foi tipo entrar em um filme épico, só que real.
Era uma clareira no meio da floresta, cercada de cabanas diferentes que parecem ter saído de eras antigas. Algumas são bem clássicas, com colunas e tal, outras mais moderninhas. Eu não fazia ideia do que cada uma representava, exceto algumas óbvias, como a cabana azul perto do lago ou a cabana cheia de caveiras. Construções diferentes e maiores estavam espalhadas, como um grande pavilhão na distância ou uma fazenda de morangos que passamos perto. Um único detalhe me faz suspeitar de um lugar tão lindo: estava vazio demais.
Do momento em que saímos da enfermaria até chegarmos no nosso destino, eu devo ter visto pouco menos de vinte pessoas, o que para um lugar tão espaçoso e cheio de cabanas me faz questionar o que pode ter acontecido.
— Olha que legal! — Briar me pega de surpresa e passa um dos braços pelo meu ombro e o outro pelo ombro de Alessandra, que também se assusta, ainda visivelmente vermelha. — Nós somos primos, né? Já que os deuses são família também e tudo mais...
— Eu acho que sim, primos de terceiro grau ou algo assim? Deve ser complicado. — eu respondo e olho novamente para Alessandra, me lembrando de fazer uma pergunta. — Ei, Alessandra, o que era aquilo antes? Do teu ouvido sangrar e tal.
Levantando os ombros e abaixando-os rapidamente, ela mostra que não fazia ideia também, e não parecia estar muito preocupada com isso. Talvez fosse alguma coisa herdade de ser filha de Ártemis. Se não me engano ela é a deusa da caça, então um "sexto sentido" faz sentido. Se for assim, qual tipo de poder eu devo ter? Não faço ideia, já que eu não sei quem é meu pai e eu acho que não existe um "deus do futebol" na mitologia grega.
— Gente, deixem a mademoiselle em paz, ela já passou por muita coisa.
Kuta comenta e eu me sinto na obrigação de fazer uma piadinha.
— Vem cá, qual que é teu nome mesmo?
— Ah, meu nome é Jonas! — ele responde, e eu sinto que começamos uma batalha de mentiras. — Muito prazer, qual o seu nome?
— Meu nome é Roberto.
Quando eu digo isso, nós dois nos encaramos por um tempo, ambos suspeitando das mentiras do outro. Infelizmente para mim, minha amiga — e talvez prima — Briar não era muito esperta, então ela logo tenta me dedurar.
— Seu nome não é Roberto não, ué?
— Ô Cláudia, você me conhece faz tanto tempo e tá dizendo isso?
Finalmente entendendo o teor da conversa, ela faz um longo "ahhh" e pisca com um dos olhos para mim. Eu solto uma risada controlada, sempre impressionando quando eu lembro quão ruim com mentiras ela era, tanto para contá-las quanto para identificá-las. Pouco tempo depois disso nós finalmente chegamos em frente a maior construção do acampamento, que era um grande chalé. Ele era decorado de uma forma mais "normal" que o resto, sem caveiras ou plantas adornando. Assim que entramos, o doutor nos deixa e se retira, se despedindo principalmente de Arthur, que ainda estava animado com o óculos.
Lá dentro eu tenho outra visão que me surpreende. Começando pelo elefante — ou cavalo — na sala, vejo um centauro que estava calmamente lendo um livro. A parte de cima do corpo dele era a de um humano, vestindo um terno elegante e usando um óculos chique. Sua parte de baixo, como de se esperar, era a de um cavalo, mas uma de suas pernas parecia ser uma prótese. Ao lado dele estava um homem aparentemente comum, usando roupas casuais e com o cabelo e barba completamente desarrumados.
— Eu já disse, eu não quero esse pulguento aqui, ele transforma o meu vinho em água! — ele grita enquanto olha para uma bacia de água, e eu me pergunto se ele não era o "cara doidão" do recinto. — Eu não aguento mais!
— Você é o senhor D?
Getúlio aponta para o centauro, e se eu tivesse que apostar, eu concordaria que ele tem mais cara de "senhor D" do que o homem gritando com água. O centauro olha para nós, sorri, se aproxima do homem gritando e sussurra algo em seu ouvido. O homem passa a mão na água e olha para trás, e nesse momento acontecem duas coisas: primeiro, eu me sinto um completo idiota. Claro que o centauro não era um deus.
Segundo: todos, inclusive o tal deus, se surpreendem ao ver um cacho de uvas flutuando na cabeça de Getúlio.
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