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Capítulo IV: O diretor do meu orfanato é um bode, ótimo.

Assim que chegamos no orfanato, senti que haviam duas possibilidades terríveis nos esperando: a primeira era de que Jason era muito rápido, a segunda era a chance alta dele não estar sozinho. O motivo era simples: eu e Arthur corremos o máximo possível da escola até aqui, e quando sentimos que poderíamos descansar um pouco antes de irmos embora, ambos ouvimos impactos metálicos no andar de cima. Aquele sentimento de ser caçado era terrível, e nesse momento eu tive a realização de que nenhum lugar era seguro.

Completamente assustado, olhei para os lados em busca de qualquer coisa que poderia servir como uma arma, e um livro gigantesco de química foi a única coisa que pude encontrar.

— Que ideia é essa, Getúlio? — Arthur me pergunta enquanto soa indignado e assustado ao mesmo tempo. — Vai começar a ler agora?

— Não, isso aqui é pra se o Jason tiver chegado antes da gente.

Entendendo o meu plano e percebendo que estávamos em uma desvantagem imensa, Arthur engole em seco e pega um livro para si também, mesmo que ambos sabemos o quão fútil aquilo era. Infelizmente para nós, o que quer que tenhamos ouvido também nos ouviu, pois os impactos pararam assim que fechamos a porta. Em passos lentos e cautelosos, eu e meu companheiro subimos a escada que repentinamente parecia não ter fim. Cada passo nosso parecia cobrir menos distância, e a porta não chegava nunca.

Me pegando de surpresa, Arthur passa na minha frente e acelera até a porta, abrindo-a de vez e saltando para dentro com seu livro levantando acima de sua cabeça, pronto para golpear o que quer que esteja lá. Assim que vejo ele lá dentro sozinho, corro até meu amigo e me preparo para atacar também, porém, felizmente, não somos mutilados no instante em que entramos. Suspirando aliviado, eu me recuso a abaixar a minha guarda, inspecionando a sala minuciosamente em busca de qualquer pista de algum réptil assassino.

O escritório estava como sempre: na parede ao nosso lado, uma fogueira imponente projeta uma imagem reconfortante, mesmo apagada. Construída com pedras ásperas e gastas pelo tempo, a fogueira exala um aroma suave de madeira queimada, evocando memórias de noites em que fui chamado aqui para conversar com o diretor. Atrás de uma mesa longa e cheia de documentos, uma grande cadeira preta e confortável se fazia presente, sem ver uso por muito tempo. Na parede, uma coleção de quadros de praias ao redor do mundo cuidadosamente pendurados captura a serenidade do oceano em momentos eternizados. Cada imagem é uma janela para a vastidão do horizonte, com tons suaves de azul e areia dourada que ecoam a paleta de cores do restante do escritório. As ondas, eternamente congeladas em suas formas graciosas, trazem uma sensação de calma, enquanto os detalhes meticulosamente pintados das conchas na areia acrescentam um toque de autenticidade.

Com toda essa beleza eu me sentiria confortável, se não fosse um dos atiçadores de lareira jogado no chão logo ao lado de um cofre, que aparentemente ficava escondido atrás de um dos quadros. Analisando melhor, o cofre estava cheio de arranhões, como se alguém tivesse acertado várias vezes o atiçador nele. Isso abriu mais possibilidades na minha mente, como a ideia do monstro nos caçando estar atrás de dinheiro, ou então só estarmos sendo invadidos por um ladrão em uma hora extremamente inconveniente.

— Arthur, olha isso — eu aponto para a bagunça com uma mão e olho para meu colega, que me encara sério. — Nada disso tava assim hoje cedo.

— Verdade.

Ele concorda e não elabora mais, me dando a impressão que talvez ele não tenha entendido exatamente o que eu quis dizer com isso. Suspirando, me aproximei cautelosamente do objeto, pegando ele para usar como arma, transformando o livro em um tipo de escudo.

— Por que o cofre tá riscado?

— Eu não faço ideia. — Arthur responde enquanto me auxilia em inspecionar o que houve, e quando ele fica silencioso até demais, eu me viro até ele. Ele estava encarando a fogueira com os olhos cerrados, como se tivesse percebido algo. — Getúlio, olha isso aqui.

Eu me aproximo e olho para onde ele aponta, percebendo que o carvão estava completamente bagunçado e destruído. E quando eu encaro com um pouco mais de foco, percebo que vejo até mesmo uma pegada. Considerando essas informações, eu tenho uma ideia que pode funcionar muito, muito bem. Aproveitando que a luz estava desligada e as cortinas fechadas, eu começo o meu plano.

— Nada aqui. Arthur, vamos para o nosso quarto pegar as nossas coisas. — digo enquanto coloco o meu dedo na frente da minha boca, simbolizando um "shh". — E depois a gente mete o pé.

Caminhando até a porta, eu a fecho como se tivesse saído do cômodo, ficando completamente imóvel com as minhas armas em mãos, me arrependendo de não ter deixado o que quer que esteja ali em paz, visto que eu já tinha toda intenção de ir embora. Agora eu estava aqui, armado com um livro e uma barra de metal contra um possível réptil assassino, reavaliando minhas escolhas de vida.

Quando penso em usar o interruptor ao lado da porta, eu ouço o som do carvão se movendo. Os passos saem da lareira e dão volta pelo cômodo, e eu sinto que até mesmo o suor que estava caindo da minha testa alertava o ser que estava fazendo esses barulhos. A situação fica assim por bons minutos, até eu sentir a pior sensação que alguém poderia sentir nesse momento: alguma coisa não só tocou, como segurou no meu pé. O susto foi tão grande que eu não consegui nem tremer ou gritar, em vez disso eu senti a cor indo embora de minha pele e meu coração parando de vez. Como uma reação que eu não conseguiria explicar em mil anos, minha mão se move até o interruptor e o liga, acendendo a luz.

Em vez de um meio-dinossauro gigantesco devorador de pessoas, eu vejo um garoto magrelo e completamente manchado de carvão, e nós nos encaramos sem reação por um segundo inteiro — que nesse momento parecia um ano. Decidindo a reação que mais encaixava com o momento, eu abro a boca.

— Que droga é essa?

Eu grito desesperado enquanto aponto para o rapaz, alertando tanto ele quanto Arthur, que por sua vez está preparado para me auxiliar em uma luta. Esperando algum ataque do garoto desconhecido, eu me surpreendo quando ele simplesmente se levanta, bate nas roupas para se limpar e solta uma leve risada.

— Ah, oi gente, foi mal! — ele diz enquanto se esforça para tirar a mancha de carvão do seu rosto. — Eu tava aqui, ah... consertando o cofre, haha.

Nem em um milhão de anos esse cara tava consertando o cofre, eu não iria cair numa mentira tão ruim dessas.

— Então por que você tava se escondendo, hein?

Arthur pergunta e tira as palavras da minha boca.

— Eu achei que vocês fossem ladrões, né? — o rapaz responde indignado por estar sendo acusado, me deixando embasbacado com tamanha audácia. — Vocês deviam estar na escola, molecada.

Eu achava que era péssimo em mentir, mas hoje eu fico feliz em saber que existe alguém bem pior que eu, e essa pessoa estava bem na minha frente. Encarei ele melhor para tentar entender se ele era mais velho do que parecia, mas não: ele aparentava ter a mesma idade que eu e Arthur.

Você devia estar na escola.

— Não? Eu tô trabalhando.

— O Jason que te mandou aqui, né? — eu questiono, mesmo sabendo que as chances eram bem baixas disso ser verdade. — Fala a verdade!

O rapaz bota a mão no queixo e começa a pensar enquanto murmura o nome Jason repetidas vezes. Ele faz isso por bons segundos até estalar os dedos e voltar a falar.

— Ah! Você conhece o cara que vende cachorro quente na esquina?

— O Getúlio deve conhecer. — Arthur diz e eu e o rapaz ambos olhamos para ele confusos. Ele acabou de fazer uma piada sobre meu peso? Não, ele não faria isso, né? — Quê? Que foi?

— Que vacilo, o rapaz já não está na melhor forma e você fala isso. — o garoto sujo de carvão diz e clica a língua em decepção, se aproximando de mim e passando a mão pelo meu ombro enquanto anda até a porta. — Olha, deixa ele aí, por que eu e você não-

— Sai daqui!

Eu digo enquanto empurro ele para longe, apontando novamente o atiçador como se fosse uma arma mortal. Os dois fizeram piadas sobre mim e eu nem sabia que havia um vendedor de cachorro quente na esquina! Eu imagino que Arthur não tenha dito isso por maldade, mas de certa forma fico azedo com esse comentário.

— Olha, não importa, só me responde. — eu tento questioná-lo novamente, buscando garantir que ele não sabia de nada. — Você conhece o Jason ou não?

— Só o Jason do cachorro quente, cara, nenhum outro!

— Droga, droga... — exclamo desesperado, pensando em como um bate-volta apenas para buscar nossas coisas se tornou uma sessão de interrogatório com um bandido que não sabia mentir. — Arthur, você fa-

Antes que eu pudesse pedir ajuda para o meu amigo, um grande impacto acontece no andar de baixo, e eu imagino que pelo som isso tenha sido a porta voando para longe. Assustados, nós três olhamos um para os outros esperando que alguém faça algo, porém nada acontece depois disso.

— Bem, rapazes, vejo que vocês tem visita, eu vou só volta pro trabalho aqui e...

— Nananinanão, você não vai querer ficar aqui por muito tempo.

Eu digo enquanto pego o garoto pela gola da camisa, tentando impedir ele de tomar uma decisão que faria ele se tornar comida de dinossauro. Nós três andamos até a escada, e quando descemos eu vejo uma criatura que, surpreendentemente, era muito pior que "só" um dinossauro. Era uma cobra, porém dez vezes maior, e cem vezes mais assustadora. Suas escamas pareciam pesadas e eram de uma cor verde escura, e seus olhos brilhavam em amarelo como se fossem dois faróis de um carro. Sua língua dividida e seus dentes afiados davam um detalhe terrível a uma boca que parecia estar sorrindo, como se a criatura estivesse se divertindo com aquilo.

Esse é o Jason!

Grito e olho para o rapaz, que concorda com a cabeça enquanto engole em seco, visivelmente assustado pela aparição em sua frente. Se eu estiver correto, essa era a primeira vez dele vendo algo sobrenatural. Felizmente — ou infelizmente, dependendo da perspectiva — eu já tinha certo preparamento para coisas fora do comum, visto que o espírito que me assombrava ainda estava por aí, mesmo que quieto até demais.

O garoto que estava ao meu lado corre de volta para o escritório e arranca as cortinas, começando a prendê-las com um nó. Vendo isso, eu boto a mão na frente do Arthur e vou lentamente caminhando para trás enquanto posiciono ele atrás de mim, tentando servir como um escudo. De qualquer forma, eu sabia que nada daquilo serviria de nada. O garoto do carvão não ia fazer uma corda para descermos pela janela, Arthur não teria muito tempo depois que eu fosse engolido, e eu já estava em meus últimos segundos.

A cobra lentamente deslizava na minha direção, me encarando com olhos assassinos que indicavam o meu futuro: eu estava prestes a morrer, e a criatura sabia disso. Não, ela se divertia com isso, era como entretenimento. Mesmo sem proferir nenhuma palavra, eu conseguia ouvir ela zombando de mim. Correndo de vez, Arthur me puxa até a sala de cima, fechando a porta atrás de nós enquanto eu ouço a criatura subindo até nós.

Pensando rápido, eu vou até a mesa do escritório e peço ajuda para Arthur, e nós dois arrastamos ela com muita dificuldade até a porta, usando-a de barricada. Vendo o progresso da corda, percebo que estava apenas na metade, e quando a porta sai voando na nossa direção com um único impacto da cobra, eu percebo que o tempo tinha acabado. Estávamos cercados, e pular de tão alto com certeza resultaria em no mínimo uma perna quebrada, o que apenas adiaria a nossa morte.

Eu não queria morrer, eu não conseguia aceitar que iria morrer assim. Se fosse para acontecer, teria que ser de outro jeito, qualquer outro jeito. Uma criatura me caçando até o orfanato? Uma cobra gigante? Eu não sei o que fiz para merecer isso, o que qualquer um de nós fez. Eu estava com tanta raiva, tanto ódio por essa injustiça que meu corpo perdeu qualquer semblante de medo, e a minha vontade era de atacar imediatamente. Levantando o atiçador e preparando para uma investida imprudente, eu me surpreendo quando a criatura recebe um golpe que a faz ser jogada para longe.

Na nossa porta, deitado no chão após uma voadora com as duas pernas, vejo o senhor Underwood, porém algo estava diferente nele. Em vez de usar a sua calça social de sempre, ele não estava usando calça nenhuma, e no lugar eu vejo apenas duas pernas de bode. Não apenas isso, como na sua cabeça eu vejo dois chifres enormes saindo de onde estava seu cabelo ralo grisalho. O diretor temporário do orfanato poderia ser nesse momento meu salvador ou apenas competição para a cobra, e eu não sabia responder essa pergunta.

— Ah, pelos deuses, Poseidon vai me matar... — O senhor Underwood reclama enquanto olha para a criatura com incerteza. Ele suspira e aponta para nós, e do seu lado o poodle preto que costumava andar com ele aqui pelo orfanato sai e começa a correr em nossa direção. — Vocês, fora daqui, rápido!

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o poodle pula na sombra dos nossos pés e começamos a afundar, como se estivessem mergulhando em areia movediça. Percebendo que meus movimentos estavam ficando impossíveis, meu coração acelera e eu entro em desespero, me debatendo para não afundar na escuridão.

Infelizmente, meus esforços são inúteis, e a última coisa que vejo é o senhor Underwood chutando a cabeça da cobra mais uma vez, e logo depois tudo fica escuro.

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