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Capítulo XVIII: O MAGO.

— ...e acho que é só isso.

Eu ouço a voz de Kaizer e logo desperto, percebendo que eu estava distraída desde o início da conversa dele com Hefesto. É, imagino que isso seja confuso, então eu vou resumir o resumo: ele explicou o que aconteceu desde o início da nossa aventura, contou sobre os sonhos dele e sobre a profecia. Acho que isso cobre a maior parte do assunto.

Alguns pontos que pareciam ter sido importantes: ele não sabia que Hermes — que aparentemente se chama Nolan — tinha um filho, aparentemente o Monte Cáucaso é o monte de Prometeu — que é um cara bem ruim — e ele não estava com uma cara nada boa. Ok, agora isso cobre o assunto inteiro. Não se preocupem, eu juro que vou prestar atenção na próxima vez, porém eu tenho quase certeza que não perdi nada de importante. O Kaizer fala muito, sério!

— Ah, não, não é só isso. — Kaizer exclama e eu suspiro, sentindo-me exausta. — Alessinha, mostra pra ele a coisa roxa que a gente achou no hotel.

Assentindo com a cabeça, a garota abre sua mochila e tira de dentro o frasco que achamos. Só de vê-lo eu sinto meu estômago revirando. Aquela coisa parecia nojenta, como se estivesse se movendo dentro do vidro, buscando uma saída.

— Eu não faço ideia do que é isso.

Hefesto cuidadosamente pega o frasco da mão de Alessandra. O deus inspeciona o vidro por uns momentos, porém quando ele o vira, sua expressão fica ainda pior. Seus olhos brilham como se estivessem em chamas e eu posso jurar que vejo fumaça saindo de seus ouvidos, como um personagem de desenho animado. Em um movimento rápido, o deus arremessa o frasco no fogo de sua forja.

— Tá, olha... esqueçam essa coisa roxa, ok? Não deve ser coisa boa. — Hefesto pressiona a região entre seus olhos e respira fundo. Aos poucos o calor da sala diminuía, muito para o nosso alivio. — Calminha, Valdez, calminha... tá, vamos começar do início. Você falou de um homem ruivo de cabelo longo, né?

Ele olha para Kaizer, que por sua vez confirma com a cabeça.

— Evitem contato com ele. Sob nenhuma circunstância vocês devem interagir com ele, entendeu? Nem olhem nos olhos dele. — Hefesto diz com um tom de tamanha seriedade que eu quase presto continência. — Outro ponto importante: quanto mais tempo Atena estiver sob a maldição de Prometeu, mais fraca ela fica. Vocês tem que se apressar.

Cara... será que meu irmão lembra desse cara ruivo?

Eu me pergunto, logo virando para o lado e olhando para Dante. Após tanto tempo convivendo com ele, eu conseguia ver as engrenagens em sua cabeça girando, tentando formular um único pensamento racional. O rapaz colocava sua mão no queixo para pensar, e eu não me surpreenderia se ele começasse a babar a qualquer momento.

Não, ele não lembra de nada disso. Ainda bem que não sou só eu!

Quando paro de encarar Dante, percebo que Hefesto estava vasculhando uma de suas pilhas de sucata. Após muito resmungar, o deus volta com uma chave vermelha e chique em suas mãos. Ele estende ela para Kaizer, que tenta segurá-la, apenas para ser surpreendido por um puxão de Hefesto, que arregala os olhos e põe o dedo em sua cara.

— Isso aqui prende as correntes de Prometeu. — sua voz se torna tão grave que eu sinto ela ecoando dentro de minha mente. Era uma sensação tão desconfortável que eu estava quase pedindo para ele parar. Eu provavelmente teria feito isso se não pensasse que ele poderia me incinerar com um toque. — Escute o que eu digo. Use a chave em Atena, mas nunca soltem o outro cara. Entenderam? Não soltem o cabeludo ruivo.

Quando eu finalmente consigo escutar meus próprios pensamentos, pergunto:

— Q-quem é o outro cara?

Pergunto timidamente. Antes de Deucalião eu não achava que esse tipo de pergunta incomoda as pessoas, mas agora eu percebi que as vezes pessoas fortes irritadas não precisam de um bom motivo para estarem irritadas. Elas só são assim.

— Ele foi o maluco que começou a guerra. Trouxe Urano de volta, matou um pessoal e foi deixado para morrer por um semideus. Zeus tinha outros planos, então agora ele está pagando o preço. — ele me responde com mais calma do que eu imaginei, e eu instintivamente solto a respiração que estava segurando. Que besteira da minha parte ter medo de um amigo da minha mãe. Ele nunca faria nada, né? Né...? — Não soltem ele!

Ele finalmente entrega a chave para Kaizer.

— E por que ele fez isso?

Solto outra pergunta, já um pouco mais confortável.

— Raiva. Ele é um filho de Nêmesis que queria se vingar do Olimpo por algum motivo. De algum jeito ele encontrou uma forma de reviver Urano e deu no que deu.

Hefesto encara um ponto na parede por um momento, me dando a chance de ver em seu olhar o seu desconforto.

— Qual o nome desse maluco? — é a vez de Dante perguntar. — Acho que já ouvi o nome dele antes.

— Antares.

Hefesto responde sem pestanejar. O clima na sala parece pesar por um momento. Eu olho para Alessandra em busca de saber se ela conhecia ele ou não, porém por sua expressão eu imaginava que ela estava tão perdida quanto eu. Kaizer e Dante, por algum motivo, também pareciam confusos.

— Senhor Hefesto, sem querer incomodar, mas você consegue me dizer quem são os outros três caras que apareceram no meu sonho?

O deus coça a cabeça e se perde em pensamento, pausando antes de prosseguir.

— O de relógio dourado é o Nolan, sem dúvidas. Os outros dois eu não tenho certeza. Não faltam caras com machados e cajados nesse mundo. — ele dá de ombros. — Enfim, vocês não têm tempo a perder. Cheguem lá, derrotem quem estiver prendendo Atena e usem a chave. E pela última vez... não se envolvam com o cara de cabelo vermelho.

Sempre que ele dizia esse tipo de coisa a voz dele ecoava como uma explosão dentro da minha cabeça, e eu só imagino que ele esteja fazendo isso repetidas vezes por pura diversão. Se eu tivesse poderes divinos eu provavelmente faria isso também. Minha cabeça inteira parece purê depois? Sim, mas estar do outro lado deve ser maneiro.

— Soa simples.

Dante comenta e eu concordo. Derrotar um cara mal e salvar a mãe do Kaizer? Tá no papo!

— Ei, eu sei que estamos sem tempo e tudo mais... — Kaizer diz com a voz mais respeitosa que o normal. Na verdade, eu nunca ouvi ele com um tom tão gentil assim. — Porém eu gostaria muito de garantir que estou preparado, e que forma melhor de garantir isso senão buscando compartilhar de sua infinita sabedoria na arte da forja, senhor Hefesto?

— Hm... — Hefesto cruza os braços e empina o nariz, resmungando. Essa fachada mal dura dois segundos antes dele abrir um sorriso extremamente convencido. — A arte da forja é muito complexa, garoto. Você não aprenderia tudo em um dia, vai por mim. Mas... já que eu sou um cara muito legal, eu posso te dar uma mãozinha. O que você tem em mente?

Kaizer e Hefesto se afastam enquanto o semideus mostra os desenhos em seu caderno. O deus parece se impressionar e eles logo iniciam uma conversa com tantos jargões técnicos que meu cérebro instintivamente começa a filtrá-los como se fossem parte de outro idioma.

— Alessa, Dante. — eu chamo os dois semideuses, que me olham em silêncio. Enquanto Dante parecia estar recuperando seus neurônios queimados nos últimos minutos, Alessandra parecia entediada, e eu vejo que sua mão vai e volta de seu fone a todo momento. Ela estava doida para colocá-lo e voltar para seu mundo musical. É justo... mas agora não! — Quem vocês acham que vai estar nos esperando no monte?

— Não faço ideia. — Dante dá de ombros. — Pode ser qualquer um ou até mesmo ninguém.

Eu e Alessandra nos entreolhamos com o mesmo pensamento: péssima resposta.

— É... e o traidor? A profecia falava de um traidor, né?

— E o des-destino c-cruel de um filho de A-Ares.

Alessandra diz com um sorriso, como uma das outras alunas na escola que eu estudava quando falavam a resposta certa para a professora. O problema é que a resposta certa no momento me lembrou de algo que eu não queria lembrar.

— Relaxa, relaxa. — Dante põe a mão em meu ombro. — Não é tão literal assim.

— V-você já ouviu muitas profecias antes?

Pergunto enquanto uma gota de suor cai da minha testa. O calor infernal dessa forja somada com aquela sensação estranha que faz meu coração acelerar e meu corpo tremer muito iria me fazer suar que nem um porco daqui a pouco. Eu odeio ficar suada.

— Uma só. — ele sorri. — Eu saí em uma missão com o Kaizer e a Alice antes. Eu te conto essa história depois, prometo.

Dante bagunça o meu cabelo. Parecia ser uma história legal de ouvir. Alessa parecia discordar, já que sua expressão fecha quando o nome de Alice é mencionado. Estranho... eu jurava que elas se davam bem. Elas duas não são filhas adotivas do Tristan?

— E você, dona muerte, quem você acha que é o traidor?

Alessandra encara Dante por alguns segundos, perdida em pensamento. Sem muita enrolação, ela apenas dá de ombro e responde:

— Nenhum de voc... vocês. — ela abre um pequeno sorriso. — Nem o K-Kaizer. Ele quer... ele quer fazer música comigo!

— Eu posso ir junto?

Alessandra dá um joinha com sua mão esquerda.

— E eu?

Pergunto mesmo que não saiba tocar nenhum instrumento. Ainda assim, sou ótima em dar apoio moral!

Alessandra responde com outro joinha, porém logo a garota parece se assustar com algo. Ela começa a resmungar e murmurar algumas palavras completamente ininteligíveis, e eu consigo entender coisas soltas como "falta gerente" e "marketing". Além disso, ela acompanha seus sussurros com várias voltas pela oficina, nos rodeando sem parar.

Bem, isso é até Dante agarrá-la pelo topo de sua cabeça, impedindo-a de andar.

— Não precisa se preocupar com essas coisas agora. — Dante ri. — Inclusive, você arrasou no palco. Você já fez isso antes? Porque bem que parecia.

Alessandra cora com as palavras de Dante. Ok, a hora é ruim pra dizer que ela é super bonitinha?

— Eu ta-va nerv-nervosa...

Suas palavras mal saem de sua boca, e a garota logo abaixa seu olhar.

— Eu também! — digo enquanto puxo ela para um abraço. — E olha que eu nem cantei! Mas você mandou muito bem mesmo, Alessa, parecia uma cantora de verdade!

— Essa b-banda... um dos... sonhos.

Eu imagino que faltou um "é" e um "meus" no meio dessa frase, porém eu já estou começando a me acostumar com o dialeto pela metade de Alessandra. Inclusive era incrível que ela tenha conseguido cantar sem gaguejar nem omitir palavras. Todo mundo tem uma vocação e a música com certeza era a dela.

— Quantos sonhos você tem?

Dante pergunta assim que eu me afasto do abraço. Depois de arrumar sua franja, Alessandra levanta três dedos em sua mão.

— Quais são? — eu pergunto e ela nega com a cabeça. — Poxa, Alessa! Me conta...

— V-vai dar azar. — ela nega mais uma vez. — M-mas vocês fazem parte... e eu estou quase cumprindo um deles!

Ela abre um grande sorriso. Tá, ela é mesmo super bonitinha. Um instinto meio estranho de protegê-la de todo o mal do mundo toma conta de mim por um instante, e eu logo percebo que talvez entenda um pouquinho melhor o que Dante sente por mim. Sem mais delongas, eu puxo Alessandra para outro abraço apertado, muito para o desprazer da garota que resmunga durante o abraço inteiro. Sinto muito Alessa, mas você é muito abraçável.

Depois disso a conversa se encerra, restando apenas a espera. Nós nos afastamos um pouco da forja, fugindo do calor e achando um lugar para descansarmos até a volta de Kaizer. Depois de pouco mais de uma hora, ele volta com o cabelo chamuscado e seu rosto sujo de graxa. Em suas mãos, no entanto, estava o fruto de seu trabalho: era uma espada grande com sua lâmina curvada na ponta e afiada com perfeição. Sua empunhadura era a parte mais diferente, pois nela vejo o que parecia ser o acelerador de uma moto acoplado em um pequeno cilindro metálico.

— Você bota o óleo aqui. — Hefesto sai também, um pouco mais sujo de graxa do que o normal. Ele remove um pequeno pino do cilindro metálico na espada de Kaizer. — Quando acelerar, vai acender uma faísca que vai botar o resto da lâmina em chamas, entendeu?

— Essa vai ser boa.

O filho de Atena sorri enquanto ergue as chamas. No canto da minha visão vejo Dante com seus olhos brilhando de pura inveja. Se meu irmão fosse um pouco menos controlado, ele provavelmente já teria avançado em Kaizer com o objetivo de roubar sua arma nova. Não posso culpá-lo: era uma arma bem legal, e olha que ele nem usou a coisa das chamas.

— Boa? Vai ser do cacete, moleque. — Hefesto ri, orgulhoso. — Não é perfeita, mas vai prestar. Quando eu for visitar meus pirralhos no acampamento eu aproveito pra dar uma conferida nela também, talvez te dar umas dicas de como melhorar ela e tudo mais. Bem, essa é minha deixa. Boa sorte moleque, boa sorte pros outros aí também! Voltem sempre!

Hefesto se despede enquanto acena e retorna para sua forja. Com o nariz empinado e sua espada repousando em seu ombro, Kaizer se aproxima de nós sorrindo de orelha a orelha.

— Você tá muito legal, Kaizer!

Eu digo o que estava passando pela minha mente. Desaprovando dessa atitude, Dante me puxa para o lado e sussurra em meu ouvido:

— Não elogia muito. — sua voz estava cheia de inveja. — O ego dele infla muito fácil.

Assim que ele diz isso, vejo listras pretas aparecendo no rosto de Kaiser.

— É, eu sou muito legal.

— Valeu aí, exibido. — Dante responde enquanto cruza os braços e se aproxima dele. Seus olhos se cruzam e eu consigo imaginar a conversa que eles estavam tendo. Era algo do tipo "eu sei que você é legal, mas eu nunca vou admitir isso" e "eu sei que você sabe que eu sei que você me acha legal". — Para onde vamos agora?

Aproveitando o silêncio de sua superioridade atual, Kaiser espera um pouco para responder. Eu nunca antes vi uma batalha de egos tão inflados, e logo percebi que era um milagre eles serem tão próximos. Eu achei que pessoas assim não conseguiam se misturar, mas pelo visto é um tipo de oito ou oitenta.

— Pro Cáucaso, ué. Você não ouviu quando falei isso umas mil vezes? — Kaiser zomba. As veias no pescoço de Dante começam a saltar, mostrando que ele estava prestes a puxar seu machado e terminar o que começou naquele penhasco. — Relaxa, Abutre, o senhor Hefesto ofereceu uma carona. Deixa que eu resolvo.

Enquanto Kaiser volta para a oficina, ouço Dante rangendo os dentes e resmungando algo como "eu vou matar esse canalha". Por eu estar muito ocupada segurando minha risada vendo essa cena, me assusto quando ouço o som de um assobio tão alto que não me surpreenderia se o galpão fosse demolido — coisa que felizmente não acontece. Kaiser volta com seu sorriso ainda maior do que antes. Assim que ele chega, o som de um impacto é ouvido do lado de fora, assim como um pequeno terremoto que quase me faz cair no chão.

— A carona chegou.

Tomando a frente, Kaiser nos leva para fora da oficina de Hefesto. Em vez de gansos de bronze malignos, eu vejo algo ainda mais absurdo. Era um dragão colossal, lançando uma sombra no ferro-velho inteiro por conta de seu tamanho. Assim como os gansos, ele também era feito de bronze. Diferente deles, no entanto, ele não disfarçava que era uma máquina de destruição; seus olhos brilhavam em chamas, e mesmo sendo uma máquina, parecia até mesmo ter um espírito intimidador, olhando para os lados como se não tivesse interesse em nós.

— Que... legal...

Digo boquiaberta. Até mesmo Kaiser, que agia como se o dragão fosse dele, parecia embasbacado com a criatura metálica. Como se estivesse satisfeito com nossa adoração, o dragão estende sua asa para que subamos nele, e assim o fazemos. Em seu topo, sua "espinha" parecia ser feita para que vários passageiros se mantivessem firmes, o que era uma ótima adição para nós.

Quando já estávamos seguros, o dragão bate suas asas e eu sinto tudo tremendo ao nosso redor. Só a ação de começar a voar já continha poder o suficiente para arremessar alguém para longe, e eu mal consigo imaginar quão impossível seria lutar contra ele. Claro, eu não tinha intenção nenhuma de fazer isso, mas se acontecesse... bem, acho que seria melhor se nunca chegasse a isso.

Não demora muito para o dragão chegar na sua velocidade máxima, e assim que ele cruza as nuvens, eu mal consigo segurar um suspiro de admiração. Acima das nuvens o mundo era muito mais lindo que o normal. O sol parecia brilhar mais, o céu tinha uma cor mais bonita e as nuvens abaixo pareciam um mar de algodão. Por um momento, eu quase esqueci daquela sensação terrível que me atacava sempre que eu lembrava que estávamos próximos do fim da missão.

Caralho... é muito bem construído...

Kaiser diz em admiração.

— Olha a boca!

Repreendo-o, e as listras pretas em seu rosto somem.

— Desculpa. Pessoal... aproveitando que estamos aqui, eu queria dizer uma coisa, mesmo sabendo que é tarde. — Kaizer soa preocupado. — Eu queria agradecer vocês. Sei que esse é um problema meu, vocês não precisavam se envolver para ajudar minha mãe, porém eu agradeço muito que vocês o fizeram.

— Tá tudo bem, Kaizer. — digo. — Somos seus amigos!

Concordando comigo, Alessandra dá um joinha. Em resposta, o rapaz sorri.

— É, quatro olhos, tamo contigo a todo momento. — Dante também concorda. — Mesmo você sendo insuportável às vezes.

— Não mais que você. Obrigado pessoal, de verdade. — ele parece ficar tímido. — Outra coisa. Alessa, se na hora você ver que eu vou tomar uma decisão irracional, não hesite em fazer a coisa certa. Eu sei que você é a pessoa com a cabeça mais fria daqui.

— Ok.

Ela responde. Considerando que além do próprio Kaizer a competição era eu e Dante, não posso discordar da afirmação dele. Meu irmão, no entanto, não parecia ter chegado à mesma conclusão, e ele logo ergue sua sobrancelha.

— E eu não?

— Você é... um pouco cabeça quente.

Digo em uma tentativa de impedir Kaizer de provocá-lo enquanto voamos em alta velocidade a uns mil metros de altura. Eu conheço o meu irmão e sei que nem esse tipo de condição iria impedi-lo de começar uma briga. Meu plano parece funcionar, e além de alguns grunhidos de reclamação, Dante não parece querer continuar aquela discussão, e nós logo voltamos a ficar em silêncio.

Exceto pelo som do vento ao nosso redor, vez ou outra posso ouvir o som de trovões que ficam mais frequentes à medida que avançamos. Acompanhando os sons, percebo que as nuvens abaixo de nós também vão ficando mais escuras, e o clima brilhante e iluminado de antes se torna macabro. Na distância eu vejo o que só poderia ser a raiz disso tudo: uma montanha enorme, com uma caveira de rocha esculpida em seu topo. Mesmo nessa altura vejo vários trovões caindo nela, e ao seu redor havia um anel de chamas.

Na velocidade que estamos, demoramos apenas alguns segundos para chegar no nosso destino. O dragão pousou logo antes de um lance de escadas que nos levaria ao que sinto que seria o final da nossa jornada. Assim que descemos dele, a criatura nos olha uma última vez, quase como se desejando boa sorte, e logo começa a voar novamente, sumindo na distância tão rápido quanto nos deixou aqui.

A cada trovão eu sentia meu coração acelerando mais e mais. Era muita coisa em jogo, e só agora eu consegui perceber isso. Atena não é só a mãe do Kaizer: ela é uma deusa! E pelo que Hefesto falou, outro deus era culpado por isso. E se ele estivesse aqui para nos impedir, o que faríamos? Se até um dragão parecia um obstáculo invencível, quão forte um deus é?

Me assustando, sinto uma mão repousando gentilmente em meu ombro. Olhando para trás, vejo que era Alessandra. Sua boca se abre, porém nenhuma palavra sai. Ela desiste, porém segue me olhando com preocupação em sua expressão. Isso também dura pouco tempo, pois a garota logo balança a cabeça e se afasta, seguindo em frente.

— Ok...?

Questiono, mas logo decido deixar de lado e sigo ela. Dante, como de costume, estava na frente. Vendo que ele já estava com seu machado em mãos, eu também saco minha adaga, e logo todos nós entramos em nossa formação de combate de sempre. Eu e meu irmão na vanguarda, Alessandra e Kaizer logo atrás.

Subindo as escadas, vejo que vários esqueletos adornam cada pedaço do monte. Era como se um massacre tivesse acontecido aqui e ninguém tivesse se preocupado em limpar os vestígios. No topo, no entanto, era ainda pior. Era uma pilha de ossos humanos, e três figuras se destacaram entre tudo isso. Duas pessoas estavam sentadas em cadeiras de pedra. Uma delas era uma mulher de cabelo branco trançado e olhos brilhantes. Uma águia repousava em seu colo, arrancando pequenos pedaços de sua carne a cada mordida, gerando um grunhido de dor da deusa.

Do outro lado, na outra cadeira, haviam tantas águias que eu mal conseguia enxergar a pessoa que estava lá. Era impossível sequer saber se ela estava viva ou morta, porém eu vejo um detalhe que me faz lembrar dos vários avisos de Hefesto: uma longa mecha de cabelo ruivo.

Entre eles, no entanto, estava o verdadeiro perigo. Com quase dois metros de altura, um machado ainda maior do que o de Dante e vestindo uma armadura macabra, vejo um homem de cabelo castanho avermelhado com um tapa-olho. Sua expressão era séria e irritada, como se seu dia tivesse sido arruinado no momento em que nos viu chegar.

Dante dá dois passos à frente. Assim como o outro homem, ele parecia ter ficado extremamente irritado assim que viu ele. Antes que eu possa sequer me perguntar como eles se conheciam, o homem do tapa-olho diz:

— E agora... — sua voz rouca ecoou pelo morro, e até mesmo os trovões pararam. — ...vai começar o fim de tudo.

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