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Capítulo XIII: A FORÇA.

Menos de um minuto depois de Arthur sair da caixa em que estávamos escondidos, um impacto ecoa pela sala. O som inconfundível de alguém caindo no chão, com certeza, a pergunta era: esse alguém era o nosso aliado ou algum monstro? Embora eu gostasse de ser otimista, tinha quase certeza que sabia que muito provavelmente era a primeira opção. E a pior parte de toda essa situação era não estar vendo nada, pois só Alessa e Kaizer tinham visão pelas frestas na madeira.

— Eita, deu ruim. — Kaizer diz, sua expressão exibindo preocupação e decepção igualmente. — Alessandra, você tem alguma ideia?

— Hm hm.

A garota responde, e diferente do filho de Atena, ela parecia estar só extremamente desapontada.

— Nem eu. — o rapaz junta as mãos e fecha os olhos. — Vá em paz, Arthur.

— Espera aí, pessoal, do que vocês tão falando? — eu pergunto, engolindo em seco enquanto espero a resposta que assombra o fundo da minha mente. — O que aconteceu com ele?

— Tomou um belo soco de um esqueleto e agora tá sendo arrastado pelas pernas.

Ok, ele tá vivo. Eu penso, sentindo alívio por um breve momento, logo depois racionalizando a segunda parte; ele está sendo sequestrado. Não só isso, como Kaizer havia dito isso como se fosse mais um incômodo do que um risco sério.

— Atacar. — Alessa diz. — Eu... lados. Escondida?

— Quê?

Nós três falamos em unisom.

— Furtividade! — ela insiste, ficando irritada. — Ajudar o Arthur!

Impedindo ela de continuar falando, Dante dá um peteleco na testa dela e diz "tem que aquecer o motor da tua cabeça pra você falar direito?". Enquanto isso, eu tomo o lugar dela e vejo a cena que estava sendo descrita. A cada segundo que perdíamos discutindo, pior ficava. A esse ponto, Arthur já estava nas escadas, quase saindo do barco. Talvez Alessa estivesse certa sobre atacar, mas não tínhamos tempo para furtividade.

— A gente tem que ir agora!

— Não, a Alessandra tá certa. A gente tem que chamar a atenção deles e pegar eles de surpresa.

Kaizer diz, seus olhos buscando pela sala em busca de qualquer coisa que possa ajudá-lo em seu plano.

— Tá maluco, Kaizer? — meu irmão põe as mãos ensanguentadas no ombro do filho de Atena, que vê suas roupas sendo sujas e adota uma expressão de nojo. — O moleque tá sendo levado, a gente tem que agir logo.

— É!

Eu concordo.

— Eu não sei se vocês sabem, mas tem uns dez esqueletos só do lado dele. Quem sabe quantos tem lá fora? — ele diz, e nem eu nem Dante temos resposta. — Além disso, lembram do nosso amigo dragão? Nada impede ele de terminar o trabalho assim que a gente der as caras.

— E o Arthur, cara? A gente tem que se arriscar.

Mesmo diante dos argumentos inegáveis de Kaizer, meu irmão ainda insiste, e eu não posso evitar de sentir o mesmo. Nós com certeza dariamos uma forma de sair dessa situação, não deixaríamos nosso amigo ir embora tão fácil, né?

— Você e eu temos experiência com esse tipo de loucura, Dante. — Kaizer começa, pausando logo antes de olhar para mim e para Alessa. — E elas duas? Você consegue garantir que elas vão ficar bem contra aquele tanto de inimigo?

Dante abre a boca e solta meias palavras, gaguejando e se interrompendo enquanto olha nos meus olhos. Eu conhecia o meu irmão, e sei que aquilo havia sido um golpe baixíssimo da parte de Kaizer. Dante nunca me arriscaria assim. Eu conseguia ver a preocupação em seu olhar, e senti que em uma parte mais escura de sua mente, ele já havia pensado no pior, e aquele pensamento era o bastante para fazê-lo repensar suas palavras.

— Tá, a gente segue o seu plano.

Dante suspira e se rende, e logo nós todos saímos da caixa. Tudo estava vazio no andar de baixo, e assim que subimos as escadas para vermos a localização do nosso alvo, a situação já havia escalado para o pior: como imaginávamos, não estávamos mais no lago de antes, e sim em um lugar completamente diferente. Era um píer imenso, porém com muito menos construções, somente um galpão no meio do nada, e era exatamente lá que nosso aliado estava sendo levado.

— Droga, droga, droga! — eu digo, já sentindo o desespero me consumir. — Ele tá indo embora!

— Bri, calma, tá tudo certo. — Dante me segura pelos ombros e logo depois me envolve em seu abraço caloroso. — A gente vai dar um jeito, não se desespera.

Sem dizer nada, eu apenas retribuo o abraço e tento me acalmar. Eu não conseguia sequer pensar em uma razão para aquilo estar acontecendo. Era uma única ordem: ficar em silêncio e escondidos na caixa. Como Arthur poderia ser tão... impulsivo? Ele não parecia ser esse tipo de pessoa, e agora a vida dele estava em risco e eu me sentia impotente.

— Ah, olha ele. — Kaizer e Alessandra conversam, com o rapaz apontando para uma figura familiar na distância, que eu mal consigo reconhecer enquanto ainda estava abraçada com meu irmão. — O nosso dragãozinho favorito tá com eles.

— Muitos esqueletos.

Alessa complementa.

— Esqueletos roxos, minha pequena amiga. O último monstro que brilhava roxo... bem, vamos precisar de um milagre se acontecer a mesma coisa de antes.

— Não temos o Arthur.

— Tem razão, Alessandra, não temos o Arthur. — Kaizer repousa a mão na cabeça dela e dá dois tapinhas de leve, como se estivesse parabenizando um animal. — Muito bem lembrado.

Colocando a mão onde Kaizer tocou em seu cabelo, Alessandra vê que uma pequena mancha de sangue se instaurou ao seu toque. Incomodada, a garota abre a boca para reclamar com ele, porém Dante os interrompe.

— É isso ou deixar ele morrer. — ele me solta cuidadosamente e seu tom de voz parece um pouco mais elevado que o normal. — Vocês dois estão mesmo cogitando não fazer nada? Eu esperava mais.

— N-não foi o que eu disse.

Alessandra se defende, sua voz trêmula e sua expressão ofendida. Eu conseguia entender ela. Eram realmente muitos esqueletos, e aquele brilho roxo era muito perigoso. Kaizer e Arthur mal saíram vivos da situação do hotel.

— Eu não vou deixar ele.

Digo enquanto sigo pelo píer a passos rápidos, ouvindo meus companheiros vindo logo atrás de mim. Me aproximando do galpão, vejo que ele era extremamente simples. Um portão de correr na parte da frente e janelas próximas do teto, a aproximadamente quinze metros de altura. Parecia ser proposital, como se eles tivessem escolhido esse local para se encontrarem com Deucalião simplesmente por conta de quão impossível parecia ser invadir sem ser pela porta da frente. A cada segundo que passava, mais a pergunta ecoava.

Por que Arthur fez isso?

— Alessa, consegue usar aquela coisa das sombras pra subir lá?

— Sem apoio. — ela aponta para as janelas, e eu vejo que ela realmente não teria nenhum lugar para ficar de pé. — Cansa muito.

— Tudo bem. — digo, suspirando e pensando, porém nada vinha à mente. Eu com certeza não era o tipo de filha de Ares que era boa em guerras. — Olha, por que a gente só não entra pela porta da frente, arrasta o Arthur e corre?

— A bala do Deucalião é mais rápida. — Kaizer age como um balde de água fria mais uma vez. — É uma escolha idiota. Foi exatamente esse tipo de coisa que nos colocou nessa situação, o Arthur foi idiota.

Esse comentário me remete a noite anterior. Enquanto todos estavam dormindo, eu não conseguia parar de pensar. Me sentia inquieta, cheia de medo e insegurança, e logo fui atrás do dragão. Era uma ideia idiota, claro, porém de alguma forma consegui convencer ele a me ajudar a treinar. Foi uma sessão rápida de combate, que se resumiu a meus socos atingindo-o como se eu estivesse socando uma parede escamosa de metal. E, obviamente, ele não precisou me acertar de verdade para eu ser derrotada. Ainda assim, foi bom vê-lo em uma luz menos agressiva.

O problema? Eu ainda não tenho dúvidas de que ele colocaria uma bala na cabeça de todos nós assim que passássemos por esse portão. Enquanto nós pensávamos, Alessa deu a volta pelo galpão, procurando por alguma entrada ou algo para nos ajudar. Infelizmente, não havia nada.

— Só temos a escolha idiota.

Olhando para a porta, vejo Alessa encostada nele, tentando escutar algo. Eu me aproximo e faço o mesmo, escutando algumas vozes abafadas. Muitas, muitas vozes. Eu logo sinalizo para Alessandra, que me olha confusa. Isso me confunde. Não eram sinais muito complicados: eu estava contando com os dedos e logo dando de ombros. A tradução era fácil, "Quantos inimigos? Sei lá!". Confesso que esperava um pouco mais da garota que se comunicava não-verbalmente a maior parte do tempo.

— A gente tá perdendo tempo.

Dante vai se aproximar da porta, porém Kaizer se coloca em sua frente.

— Dante, lembra do que eu falei. Se a gente fizer isso, você garante que a Briar e a Alessandra vão sair ilesas?

— Não escuta ele, você sabe que eu me viro.

Mais uma vez, meu irmão me olha preocupado. Com certeza ele havia visto minhas lutas. Eu venci o caça-bandeiras, derrotei o Alexandre nos duelos. E mesmo assim, pela forma que ele desvia o olhar, percebo que não era o bastante. Dante não confiava em mim o suficiente para esse tipo de coisa. Eu me recusava a sentir que ele estava me tratando como um fardo, não seria justo.

— Hm hm, não. — Alessandra olha para Dante. — Perigoso. Vão se machucar.

Alessandra diz, indo até a porta e arrastando-a lentamente, abrindo apenas uma pequena fresta, o suficiente para conseguir enxergar o que tinha dentro. Eu faço o mesmo que ela, curiosa. A visão do interior do lugar era no mínimo assombrosa. Além da trupe de esqueletos brilhantes e o capitão do navio, havia um esqueleto que se destacava dos demais. Sua estatura era enorme: aproximadamente três metros de puro osso e metal — por conta de sua armadura brilhante. Em suas costas repousava uma lâmina dourada, tão grande que somente alguém de seu tamanho conseguiria usar.

Todos os cantos da minha mente ecoavam a mesma sensação. O medo de sequer cogitar lutar contra aquela criatura. De alguma forma, eu sabia que não tínhamos nenhuma chance. Eu conseguia enxergar a batalha diante de meus olhos, e em todas as possibilidades que eu via, seríamos massacrados. Claro, as coisas seriam diferentes se Deucalião lutasse ao nosso lado. Meus instintos diziam que ele sozinho seria o suficiente para derrubar todos os esqueletos. Porém, eu não saberia convencê-lo, nem ao menos sabia se ele poderia ser convencido.

— Dez mil dracmas pelo garoto.

— Dez mil? — o esqueleto soa irritado. Sua voz era tão macabra quanto a do dragão, mas com malícia no lugar de raiva. — Olha o tamanho dele. Não vai durar um dia sequer na arena.

Ouvindo isso, Deucalião vira seu rosto para a direção de Arthur, que estava desmaiado e amarrado a uma cadeira. A expressão do dragão demonstrava o seu desgosto por toda aquela situação, e mesmo sem dizer nada, era possível ver o quão decepcionado ele estava. Suspirando, ele retoma as negociações.

— Não importa. Mesmo que seja fugindo até morrer de cansaço ou de algo pior, o moleque vai dar um bom espetáculo. Você sabe disso.

— É, tanto faz, o dinheiro é do chefe mesmo.

Sinalizando para um de seus servos, um esqueleto menor se aproxima do maior e entrega a ele uma sacola. Entregando-a para Deucalião, todos ficam em silêncio enquanto o dragão verifica as moedas, em pouco tempo determinando que estava tudo certo.

— Sempre bom fazer negócios com vocês.

— Igualmente. — o esqueleto diz com um indício de sarcasmo em sua voz. — Levem o moleque, acabamos por aqui.

Mesmo quando os esqueletos começaram a arrastar Arthur para longe, eu não pude acreditar que eles realmente estavam indo embora. O tempo estava acabando de verdade. Sem milagres, sem enrolação. Ele estava sumindo diante de nossos olhos.

— Kaizer, Alessa, vocês têm algum plano? — eu olho para meus colegas. Kaiser balança a cabeça em negação, Alessandra estava cobrindo o rosto com as duas mãos. — Dante?

Virando para meu irmão em um ato de desespero, vejo que ele estava rangendo os dentes e empunhando seu machado com muita raiva. Desde o início de minhas memórias, ele sempre foi o tipo de pessoa que já teria passado por essa porta faz muito tempo. Não haveria sequer uma discussão sobre planos ou algo do tipo. Ainda assim, ele estava parado, apenas lidando com a própria raiva.

O motivo? Eu.

Quando algo poderia me prejudicar, Dante mudava completamente. Era o único momento em que sua impulsividade era controlada.

— Tem explosivos. Tá vendo? — Kaiser segura meu braço e aponta para algumas caixas no armazém. Nas que tinham suas tampas removidas, vejo algumas dinamites. Seria o suficiente para criar uma grande distração. — O problema é que eu não sei como acender.

— Você não sabe fazer fogo? — eu pergunto. — Sei lá, com um palito?

— Ótima ideia, Briar. — ele diz, sorrindo, e por um instante sinto que fui útil. Isso até ele jogar um balde de água fria em mim com suas próximas palavras. — E aí a gente faz uma fogueira e esperamos o Arthur ir embora, né? A gente não pode chegar perto dos explosivos, cabeçuda!

— Arco?

Alessandra pergunta.

— O único que tínhamos está com o sequestrado.

Kaiser diz e a garota suspira. Era uma ótima opção para acender o pavio de longe, e eu não duvido que ela tenha a capacidade de acertar a flecha.

— De qualquer jeito, os explosivos vão explodir o Arthur também.

Dante diz, seus braços cruzados e sua expressão irritada. Infelizmente, ele tinha um ótimo ponto. Arthur estava longe de ser imune a explosões — na verdade, ele parecia ser mais suscetível a elas. A discussão sobre o que fazer e se faremos algo durou uma eternidade. Dante e Kaiser não saiam do pescoço um do outro, com este último mencionando repetidas vezes o quão arriscado era. Alessandra já havia desistido completamente de dar ideias, ficando em silêncio o tempo inteiro. Já eu? Bem, não podia dizer que estava muito diferente dela.

Algo em mim sabia que eu não conseguiria convencer Dante de que ele não precisava se preocupar comigo. Eu não provei que era forte o suficiente. Eu sou fraca.

A voz dos dois só se silencia quando Alessandra os interrompe, dando a notícia que nenhum de nós queria ouvir:

— Eles foram embora.

O silêncio entre nós quatro se torna palpável. Abrindo a porta, nós adentramos o armazém sem nenhuma palavra ser dita. O único que restava lá dentro era Deucalião, que apenas cospe no chão e se retira, voltando ao seu navio. A ficha finalmente cai: Arthur foi levado. Para uma arena, ainda por cima, onde ele provavelmente morreria antes de sequer termos a chance de pedir ajuda.

— Porra, porra! — Dante grita, usando seu machado para partir uma caixa em milhares de pedaços. — Por que o idiota... por que esse moleque fez isso? Cacete, Kaiser, era pra a gente ter metido a porrada nos esqueletos e meter o pé com ele. A gente já viu coisa pior.

— A gente com certeza não viu coisa pior.

Ouvimos! Nós ouvimos coisa pior. O Tristan não falava toda hora da guerra e um montão de histórias assim? — meu irmão soa ainda mais irritado, e por um instante sinto que teria que impedi-lo de ir atrás dos esqueletos sozinho. — Nenhum deles teria deixado o Arthur ir embora assim.

— Nós não somos nossos pais, Abutre. — Kaiser responde, averiguando o armazém inteiro em busca de algo. — Não lutamos na mesma guerra. Os tempos são outros, não precisamos nos arriscar assim.

Eu me sento na cadeira, sentindo uma lágrima escapar dos meus olhos. Mesmo querendo, não conseguia nem ao menos participar dessa discussão. Nada disso faz sentido. Eram dezenas de esqueletos, como eles desapareceram sem fazer barulho? "Magia, Briar, é sempre magia." é o que Alexandre diria nessa situação. Definitivamente não deixa melhor.

— E se ele morrer antes de irmos atrás dele?

Eu questiono, mesmo tentando ao máximo evitar de pensar nessa possibilidade.

— Ele não vai morrer.

Kaiser responde, se aproximando de Alessandra, que estava abaixada ao lado de um monte de feno. Os dois encaram o chão em silêncio.

— Promete?

Insisto, buscando algum tipo de garantia, mesmo sabendo que isso não era possível.

— Ele não vai morrer, Bri. — Dante diz, mesmo que sua voz traia que nem ele estava tão confiante no que disse. — Achou alguma coisa, Kaiser?

— Achei. — o rapaz diz "bom trabalho, Alessa" enquanto bagunça o cabelo da menor mais uma vez, que grunhe em desaprovação e afasta a mão dele. — Esse símbolo é familiar. Uma vez minha mãe me contou uma história dela e do meu pai. Eles entraram no labirinto e bem... foi uma bagunça. Antigamente ele estava sob controle de Dédalo, mas desde que ele morreu, as coisas ficaram mais complicadas. Uma filha de Hécate conseguiu tomar controle do labirinto durante a guerra, só que ela morreu também, e o atual dono do labirinto é desconhecido.

— Tá, tá, resume. — Dante interrompe. — O que isso significa pra gente?

— Eu consigo abrir o labirinto, mas é pior do que invadir o armazém com os esqueletos e o dragão aqui. Se outra pessoa estiver controlando ele, então nunca acharíamos a saída e morreríamos na mesma hora. — o rapaz começa a explicar, porém algo em seu tom de voz expressava que o pior ainda estava por vir. — E já que os esqueletos estão levando o Arthur para lá, então eu acho que o chefe deles é o dono do labirinto.

Tudo que eu entendi foi: se tivéssemos invadido o armazém antes, as chances de sairmos vivos seria maior do que se formos atrás do Arthur agora. Eu não sei quanto tempo fico parada, apenas em silêncio e processando a informação. Só sei que passou tempo suficiente para ter que ser puxada para fora. Alessandra é quem segura a minha mão, me levando de volta ao navio, que estava quase zarpando. Dante e Kaiser continuavam discutindo, porém eu nem conseguia escutar mais. Os únicos pensamentos presentes na minha mente eram possibilidades, "e ses" infinitos.

— Briar, Briar, Briar! — Dante diz, colocando as mãos nos meus ombros quando finalmente voltamos ao convés. — Olha, o Kaiser deu uma boa ideia, tá? A gente salva a mãe dele, ela fica devendo uma pra gente e ajuda o Arthur. Uma deusa com certeza dá conta do recado.

— E-ela... ela vai ajudar a gente?

Pergunto olhando para Kaiser.

— Eu conheço a minha mãe, ela com certeza vai ajudar a gente.

O rapaz diz, e eu consigo sentir certa honestidade em sua voz. Ainda assim, sempre havia a possibilidade de demorarmos demais, ou até pior: falharmos em salvar Atena.

— Ei, olha pra mim. — meu irmão pede e eu o faço. — A gente tem que ir bem rápido até a mãe do Kaiser, tá? Promete que não vai desistir?

— Prometo.

Digo, concordando que era a melhor opção. Eu não conhecia muito bem os deuses, só ouvi algumas histórias ruins desde que cheguei ao acampamento, porém se tratava da mãe do Kaiser. Ela não mentiria, né? Não, eu preciso acreditar que vai dar tudo certo. Enquanto nós estávamos nos preparando para continuar a viagem, Deucalião sai do andar inferior, e eu vejo em sua expressão o quanto ele estava se divertindo ao nos ver assim.

— Em todos os meus anos nesse mundinho, acredito que nunca vi um semideus tão idiota. — ele diz, nos provocando. — Meus parabéns ao resto de vocês. Obedeceram ordens simples e sobreviveram, ao contrário do amiguinho de vocês.

— O Arthur vai morrer?

Alessandra pergunta. Deucalião olha nos olhos dela e ri.

— A essa hora amanhã a carcaça dele vai virar janta de monstro, garotinha.

— O Arthur sabe se virar. — eu comento, irritada. Como ele conseguia dizer essas coisas? Por que existe uma pessoa tão ruim? — Ele vai sobreviver e a gente vai-

— O labirinto. — Kaiser me interrompe. — Ainda existe alguma forma de se localizar nele? O fio de Ariadne ou algo parecido?

— Isso não existe faz muito tempo moleque. — Deucalião responde, me ignorando completamente. — Não desde a troca de liderança por lá. Já adivinhou quem?

Kaiser suspira e fica em silêncio, olhando nos olhos do dragão antes de responder.

— Eu tenho uma ideia, é o-

— Hermes. Isso mesmo. O traidor do Olimpo em carne e osso é o novo dono daquele lugar. Uma pena pra vocês, que nunca conseguiriam pisar os pés lá sem ele ficar sabendo.

O incômodo é visível no rosto de Kaiser, que olha para meu irmão. Os dois pareciam estar pensando o mesmo, e isso me assusta. Raramente os dois concordavam, e um ponto em comum deles ser algo tão ruim quanto isso é um péssimo sinal. Rindo, o dragão se retira e volta ao seu timão. No meio daquele clima terrível, o navio começa a afundar, e Alessandra é a primeira a correr até o andar inferior, assustada.

Nós três continuamos em silêncio por mais um tempo. Eu não fazia ideia do que eles estavam pensando, e eu gostaria muito que aquele clima de esperança tivesse continuado, porém isso não parecia ser possível. Mesmo sabendo que uma deusa poderia nos ajudar depois, Kaiser e Dante estavam completamente derrotados. Isso não fazia sentido. O que Hermes iria querer com Arthur? E Apolo não faria nada? Isso está me enlouquecendo!

— Eu preciso pensar um pouco. Encontro vocês depois.

Kaiser diz e se levanta, descendo com seu rosto estampado com sua raiva. Assim que ele o faz, eu abraço Dante, trêmula e assustada. Meu irmão me abraça de volta, e eu consigo sentir que ele mesmo estava perdido em pensamentos. Coisa que, com todo respeito, ele não costumava fazer muito.

— A gente fez a coisa certa, Dante?

— Eu... não faço ideia. — ele responde com sinceridade. — Eu queria poder parar de pensar nisso e terminar a missão, mas essa merda vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Eu acho que é a mesma coisa com você, né?

— É. Eu nem lembrava da missão, eu só... queria resgatar o Arthur. Como a gente vai conseguir sem ele?

— Do mesmo jeito que sempre fizemos. Batendo a cabeça até acharmos uma solução.

Observando o fundo do mar, eu e Dante ficamos sozinhos por mais um tempo. Algumas coisas começaram a passar na minha mente, e eu não fazia ideia de como processá-las. Uma hora atrás as coisas eram completamente diferentes. Um medo novo parecia tentar invadir a minha mente, me assombrando como nada assombrou antes. É como se meus pulmões estivessem tendo dificuldade em respirar, e meu coração batia tão forte que eu temia que o som dele estivesse ecoando para o mar inteiro escutar.

Em meros minutos. Se em meros minutos tudo ficou tão ruim, então nos próximos minutos algo poderia acontecer novamente. Eu não sabia o quê, mas a possibilidade estava lá. Alguém poderia sumir, talvez a Alessa, ou o Kaiser ou... ou meu irmão. Eu não conseguia parar de lutar para respirar, ofegante e sentindo um nível de desespero que eu não sabia ser possível. Dante parecia ter percebido isso, e meu irmão me abraça mais forte. Ele estava lá, ele sempre esteve lá.

E depois de hoje, eu tenho medo de algum dia ele não estar mais.

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