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Capítulo X: Possante como um jato.

Quando as pessoas falam sobre missões, eu me imaginava na situação de um tempo atrás: lutando contra uma criatura gigante, dando meu máximo para sobreviver, essas coisas. Eu nunca cogitaria estar em uma situação completamente diferente. Para a minha surpresa, na verdade eu estava usando todo o meu cérebro para tentar convencer um tiozinho a não ligar para a polícia porque ele acha que nós destruímos o vagão do trem dele. E como explicamos que foi uma mantícora? Difícil, né? Também acho.

— Senhor, não precisa disso. — digo com meu tom mais simpático. — Olha para o meu amigo aqui, todo acabado, nós fomos atacados, eu juro!

Em resposta, ouço palavras baixas no telefone do homem: polícia de Denver, em que posso ajudar? Nem foi preciso dizer que falhamos completamente na nossa tentativa de resolver a situação diplomaticamente. Logo, não foi surpresa quando eu olho para o lado e meus amigos já estão um passo à minha frente, correndo o mais rápido que conseguem. Ignorando os gritos de "voltem aqui, seus pilantras!" e afins, eu corro tão rápido quanto os outros, e no meio do caminho percebo a ausência de uma garotinha esquisita e levemente horripilante. É a Alessa, eu lembro, ela vai aparecer.

Nosso caminho para fora da estação de trem é marcado por diversos gritos e pessoas para nos esbarrar. O Dante deve ter derrubado no mínimo três caras, e a irmã dele veio logo atrás com duas derrubadas. Eu e o Arthur, felizmente, escolhemos o caminho de apenas evitar os "obstáculos", e saímos com impressionantes zero pessoas derrubadas. Assim que chegamos na rua, concordamos silenciosamente em correr ainda mais longe, já que ir para a prisão atrapalharia os nossos planos até demais.

E depois de quase dez minutos correndo, nós finalmente paramos, e só então os outros perceberam a ausência da nossa amiguinha do submundo.

— Cara, cadê a Alessa?

Dante pergunta, ofegante. Nós quatro olhamos para os lados em busca dela, e imaginem só a minha surpresa quando eu encontro nosso alvo ao nosso lado, sentada em um banco e mexendo no pequeno aparelho toca-músicas. Eu confesso que precisei de mais que "um momento" para entender bem a situação. Sem dizer nada, apenas me aproximei dela e mexi em seu ombro, elicitando um "hm?" confuso da garota.

— Onde você estava? — eu questiono. — Você sumiu.

— Ué? — ela responde, e depois de um longo e constrangedor silêncio, a garota finalmente sente que deve uma resposta melhor que "ué". — Eu estou com vocês desde que saímos correndo do trem.

Os outros três se entreolharam confusos, e nós concordamos — mais uma vez sem nenhuma palavra — em simplesmente aceitar a explicação dela. Talvez Alessandra seja um fantasma, talvez só sejamos cegos. Independente da situação, tudo estava relativamente bem, e agora estamos mais preocupados com outros assuntos. Depois de alguns minutos de descanso, nosso grupo finalmente partiu em direção ao nosso próximo objetivo: a rodoviária da cidade. Para a nossa alegria, ela estava mais próxima daqui do que da estação de trem, o que eliminava risco e tempo perdido.

Só enquanto caminhávamos até lá que finalmente dei mais atenção para nossos arredores. A primeira grande diferença entre aqui e Nova Iorque era o fato de conseguirmos ver o céu. Isso vinha da ausência notável de arranha-céus e prédios gigantescos, o que dava uma impressão da cidade ser bem menor, o que eu sabia que não era verdade. Ainda assim, isso era algo bom, já que não era estranho ficar enjoado do tamanho absurdo da cidade em que vivíamos. Bem, o acampamento não era exatamente na cidade, mas era próximo o suficiente. O terminal de ônibus também era diferente, mais bonito e menos lotado. Não me entendam mal, Denver ainda é uma cidade gigantesca e cheia de gente, só não tanto quanto a outra.

Não demorou muito para nos aproximarmos de um dos balcões de atendimento da rodoviária, e Dante logo começou a conversar com a atendente. Ela parecia ser uma mulher com seus vinte e poucos anos, cabelos carmesim e olhos castanhos por trás de um par de óculos semelhante aos meus. Sem querer ser muito chato, ela até que era bonitinha, só não era a Afrodite...

Cara, eu já tô com saudades, isso é estranho?

Uhum, oi, boa noite. — o mais velho entre nós fingiu uma tosse para chamar a atenção da atendente, logo depois forçando seu tom mais educado. Inevitavelmente me vi segurando a risada, pensando no contraste entre o "Abutre" do acampamento e o "Dante" na minha frente. — A gente queria saber se tem algum ônibus daqui pra Las Vegas, e se tiver, poderia me dizer quanto ficaria a passagem?

— Cinquenta dólares por cabeça.

A mulher responde, apoiando a cabeça em uma das mãos e expressivamente desinteressada naquilo. Não a julgo — pelo horário e por ter que lidar com cinco crianças estranhas, eu certamente odiaria trabalhar lá também. Ainda assim, cinquenta dólares? Isso é um absurdo! Olhando para a nossa contadora, Alessandra, eu gesticulo com o intuito de perguntar sobre quanto tínhamos restando. Uma breve negação com a cabeça por parte dela me diz que não estávamos nem próximos de ter essa quantia em mãos. Realmente, nem mesmo um exército de mantícoras sedentas por sangue seria mais forte que o capitalismo.

— Vocês podem pagar de outra forma.

Um sorriso de canto de boca aparece no rosto da mulher, e eu não consigo evitar de levantar uma sobrancelha. Vários pensamentos terríveis infiltram a minha mente, e eu estava rezando para que tenha entendido algo errado.

— Dracmas?

Alessandra pergunta, inocente.

— Isso, dracmas.

A mulher responde em um tom ardiloso, e nesse momento eu, Dante e Arthur suspiramos, aliviados. Isso não dura muito, pois nós três percebemos ao mesmo tempo algo terrível: se ela negociava em dracmas, então com certeza não era uma pessoa normal. Será que vencer é realmente impossível?

— Olha, eu gosto de ajudar semideuses, sério. — ela diz, arrumando sua postura na cadeira e olhando para cada um de nós como se estivesse nos inspecionando, buscando o mais fraco entre nós para dar o bote. — Vocês costumam pagar bem, e geralmente estão desesperados demais para guardar dinheiro. Tipo agora, né? Por causa de Atena...

Meu corpo, que já estava tenso por ter encontrado um ser potencialmente perigoso, congela de vez ao ouvir o nome de minha mãe. Por mais que me doa admitir isso, realmente estávamos desesperados, e eu reconheço que não guardaria nossas dracmas em uma situação dessas. Malditas sejam as mulheres bonitas que na verdade são monstros ou algo tão perigoso quanto!

— Com todo respeito, quem é você?

Dante faz a pergunta certa. Afinal, ela poderia ser uma figura relativamente conhecida, como uma bruxa antiga que vive até os dias de hoje, ou só um monstro cruel. Quem era eu para julgar?

— Uma pessoa disposta a ajudar.

A mulher responde enquanto pisca um dos olhos. Havia um grande problema com isso, e era o fato de suas pálpebras estarem vindo da esquerda e da direita, não de cima e de baixo, assim como um réptil. Eu não sei como expressar o quanto odiei isso. Só depois dessa demonstração que eu consigo perceber um aspecto mágico nela, que trairia sua identidade muito antes de ter nos surpreendido com a menção a dracmas ou minha mãe.

— O que você acha, Alessa?

Eu sussurro para a garota ao meu lado, e em resposta ela apenas dá de ombros. Considerando que seus fones estavam nesse exato momento reproduzindo música em um volume muito alto, eu imagino que ela só não tenha me escutado. Legal.

— Ah, não temos muitas opções, eu acho. Quanto fica em dracmas?

— Mesmo preço que em dólares.

Duzentos e cinquenta dracmas!? Minha senhora, isso é uma falcatrua das grandes. — Dante exclama assustado, como se tivesse sido esfaqueado. — Como eu sei que você não tá passando a perna na gente?

— Não tenho motivos para mentir para clientes dispostos a pagar. — ela sorri mais uma vez, agora de orelha a orelha. — E como eu disse, imagino que estejam dispostos a pagar muito.

Eu olho para a expressão de cada um do grupo. Dante ainda estava chocado com a quantia — e nisso eu concordo com ele — Arthur estava com os olhos semicerrados, como se estivesse pensando em alguma coisa e Briar estava evidentemente confusa. Quando penso que nenhum deles seria útil para quebrar o impasse em minha mente, sinto alguém puxando a manga da minha camisa gentilmente, e quando olho para o lado vejo Alessandra com um dedão levantado. Ok, ela estava ouvindo, isso é bom.

— Moça, me tira uma dúvida. — Arthur põe a mão no queixo e continua encarando a atendente. — Você conhece um Jason?

— Ah, conheço. — a mulher responde enquanto revira os olhos. — O do cachorro quente, né? Um porre.

Sussurrando um "hmm", Arthur também parece satisfeito, me olhando como se estivesse aprovando aquela decisão. Por alguma razão, eu parecia ter virado o líder naquela discussão, e logo eu peço as moedas para Alessandra, que me entrega a quantidade exata em poucos segundos. Se ela já tinha separado tudo de antemão, não faço ideia, porém a certeza que eu tinha era de que essa garota me dava medo, genuinamente.

Assim que repasso as dracmas para a atendente, a mulher me devolve cinco moedas de prata, que eu logo repasso para Alessandra. Por alguma razão, ela havia se tornado a "portadora de objetos importantes", e eu não pretendia quebrar esse costume recém-criado agora.

— Fechou, entreguem essas moedas para um cara no lago Overland. — ela sorri satisfeita. — Vocês têm duas horas pra chegar lá, boa sorte!

A mulher-ou-monstro entrega um mapa para Dante, e assim que estava prestes a se retirar, Briar chama a sua atenção.

— Com licença, nós nunca viajamos antes. — a garota diz, tímida. — Tem como você... dar uma dica de como chegar lá ou algo parecido?

— Vou te contar uma coisa, garotinha. — a mulher diz com aquele mesmo sorriso de antes, porém que agora era claramente falso. — Existem dois tipos de problemas, o seu problema e o meu problema. Esse de agora com certeza é o da primeira categoria.

— Qual é o seu problema?

Briar pergunta, e é possível ver a expressão de repúdio no rosto da atendente, que logo fecha bruscamente as cortinas no vidro que separava seu lado do balcão do nosso. Cabisbaixa, a filha de Ares se vira para sua amiga que estava ao seu lado.

— Poxa, eu não sei o que fazer.

Briar resmunga.

— Acho que você estressou ela.

Alessandra comenta, demorando até demais para criar coragem para colocar sua mão no ombro de Briar. Embora o intuito claramente tenha sido reconfortar, Alessandra demorou tanto para fazer esse gesto que pareceu mais que estava chamando a outra, o que gerou um vai e volta de "hm?" e "quê?". Usar tanto a minha mente para procurar um caminho rápido foi o suficiente para causar dores de cabeça, e eu admito que fiquei um pouco mais estressado do que esperava. Duas horas para chegar em um lago em uma cidade que nunca visitamos, claro, completamente justo.

— Kaizer, você é filho de Atena, cadê os planos?

Com uma mão ocupada massageando a minha testa para aliviar a enxaqueca, levanto o dedo do meio da minha mão livre, apontando-o para Arthur, que finge surpresa ao cobrir sua boca, embora não consiga esconder seu sorriso. Vendo essa cena, Dante não consegue controlar a risada. Se eu pudesse, socaria eles ali mesmo, porém eu preciso manter a calma — no limite do possível.

— Alessa, usa uma dracma pra ligar pra Afrodite por uma mensagem de Íris. — eu sugiro, olhando para a garota enquanto espero ela seguir o plano. Para a minha surpresa, ela gesticula em discordância. — Por que não?

— Não podemos ficar ligando para os deuses.

Alessandra responde e eu reviro os olhos, incapaz de argumentar contra algo que eu sabia que estava correto. Por um lado: sim, eu admito que era uma desculpa para ver Afrodite, por outro lado... ela meio que ofereceu ajuda, então não seria tão incômodo assim né? Ah, quem eu tô enganando, são deuses, qualquer outra coisa é mais interessante do que ajudar herois em missões. Essa deusa em questão estava mais interessada na história de amor de Alessandra do que nos ajudar a salvar a minha mãe. Quando disseram que eles viviam em outro mundo, eu não fazia ideia de que era nesse nível de distanciamento da realidade.

— Em vez de ligar pra Afrodite, por que você não liga pro seu pai, Alessa?

Briar sugere, e eu preciso admitir: ela já pensava mais do que o irmão.

— Não dá. — ela balança a cabeça novamente, visivelmente ficando tímida. — Ele vai fazer alguma piada, e eu fico com vergonha. Por que não usamos o táxi grande e grátis?

Táxi grande e grátis? — Dante pergunta, coçando a cabeça. — Um ônibus?

A garota responde com um joinha. Essa é a melhor descrição que eu já ouvi do transporte público. Se não fosse pela parte do "táxi", ela não estaria totalmente errada, só seria uma grande volta para descrever um nome curto.

— Podemos pedir ajuda para alguém na rua.

Eu lanço o meu complemento para essa sugestão, e assim que vejo Arthur abrindo a boca com um sorriso estampado no rosto, já estava me segurando para não impedi-lo com meu punho no meio do nariz dele.

— Boa ideia, Kaizer. Podemos perguntar para uma velhinha. — ele diz. — Elas nunca mentiriam pra gente.

Para ser sincero, eu não fazia ideia do porquê dele ter dito isso com tamanho sarcasmo. Por que uma velha aleatória na rua teria motivo para mentir para um grupo de crianças? Digo, claro que eu sei o motivo. Arthur é um babaca sarcástico, e agora minha vontade de ir pedir ajuda para alguém na rua havia diminuído cem por cento. Verdade seja dita, o Dante teria dito algo igualzinho, e até o sorriso em seu rosto indicava isso. Talvez Arthur seja um filho de Ares, não de Apolo, pois até então eles eram irritantes igualmente.

— E se a gente roubar um carro?

Com essa simples frase de Briar, todo o grupo fica em silêncio e se vira para a garota, que fica desconcertada com essa cena. Embora ela claramente esteja acreditando que tenha dito algo errado, eu nunca tinha concordado tanto com um plano. Roubar um carro é o sonho de toda pessoa de bem. Ou não, mas era um dos meus sonhos, e ter a desculpa para realizá-lo era perfeito. Cara, a irmã do Dante é muito mais legal que ele.

— Como seu irmão mais velho, eu fico muito triste que você disse isso, Briar. — Dante cruza os braços, mas logo depois cede e usa sua mão para bagunçar o cabelo da garota. — Mas eu tenho que admitir, é uma boa.

— Concordo.

Arthur diz, e com exceção de Alessandra — que estava ficando tão pálida quanto uma folha de papel — todos parecem estar de acordo com o plano. Em uma votação, essa seria a maioria esmagadora, logo ela não poderia reclamar. Para a nossa sorte, estávamos ao lado de um estacionamento, então era como entrar em um restaurante com cardápio ilimitado. E se minha memória não me falha, eu lembro de Alice voltar de uma missão com o Lucian e se gabando de ter feito ligação direta em um carro.

— Se liga, Alessa. — digo já falhando em conter um sorriso, sabendo exatamente qual seria a reação dela ao ouvir o meu plano. — A Alice sabe fazer ligação direta em um carro, e se a gente pedir ajuda pra ela, hein?

A expressão de desgosto que tomou a cara de Alessandra nesse momento foi tão única que eu imediatamente me arrependi de não ter uma câmera em mãos agora. Daria uma foto lendária. Entretanto, terei que me contentar com a boa memória.

— Você concorda? Ótimo! — brinco, muito para contrariar a filha de Ártemis, que balança a cabeça dezenas de vezes tentando expressar que discorda. Para a sua tristeza, ignorar gestos era mais fácil que ignorar palavras. — Até onde eu saiba, você é boa nessa coisa de viver na mata e tudo mais, né? Deve ter experiência em arrombar trancas, então você abre a porta do carro enquanto eu ligo pra Alice.

Claro, viver na mata não tinha ligação nenhuma com trancas, porém ela parecia ser a melhor nisso. Sem surpresa nenhuma, a garota discorda com a cabeça mais uma vez.

— Tem alguma ideia melhor?

Dessa vez Alessandra apenas suspira, espera alguns segundos e — novamente — discorda em silêncio.

— Minha mãe tá olhando.

Ela me encara com olhos marejados, e eu logo lembro que a lua acima de nós se tratava da mãe da nossa companheira. Cara, isso deve ser um saco. Antes que eu possa dizer algo para diminuir a culpa dela — mesmo sabendo que a garota já havia aceitado seguir o nosso plano, por não ter outra opção — Arthur interfere.

— Alessa... se fosse para salvar a sua mãe, você não roubaria um carro? — o filho de Apolo sorri enquanto põe as mãos nos ombros da garota. — Faz esse favor pra gente, querida! Olha o coitado do Kaizer aqui, você vai deixar ele triste assim?

Assim que a garota volta a olhar para mim, finjo a minha melhor expressão triste, o que parece encher ela com mais culpa ainda. Não era necessariamente a nossa intenção, porém se for nos ajudar a cometer um crime pelo bem maior, então que seja. Ossos do ofício!

Enquanto resmunga algo em sussurros, Alessandra me entrega uma dracma, coloca o seu capuz e entra no estacionamento, desaparecendo assim que eu pisco. Como eu disse: levemente horripilante. Felizmente, isso serviria para nos ajudar, então eu não posso dizer que tenho reclamações. Com a moeda de ouro em mãos, eu me aproximo da poça mais próxima, jogo a dracma nela e recito as palavras mágicas, e em um instante vejo a imagem de Alice se formando na minha frente. Ela estava no processo de se maquiar, passando alguma coisa em seu rosto. Assim que me vê, sua expressão fica quase tão azeda quanto a de Alessandra ouvindo o nome "Alice". Mesmo não compartilhando sangue e não crescendo juntas, a influência de Tristan era óbvia nas duas, até em suas reações.

— Alice, quanto tempo!

— O que você quer, quatro olhos? — ela diz, já exausta após trocar uma frase comigo. — Não vai me dizer que todo mundo morreu.

— Eu vou direto ao ponto: preciso da sua ajuda. — cruzo os braços e encaro ela seriamente, porém vejo que ela não estava nem um pouco interessada. Hora do plano B. — Eu pago o que você quiser.

Agora você tá falando a minha língua, diz aí.

O sorriso maligno em seu rosto faz com que um arrepio suba por minha espinha, e eu me arrependo imediatamente de ter dito "qualquer coisa". Uns dias foram mais que o bastante para eu esquecer a criatura cruel e maldosa que Alice era, e esse erro é completamente meu.

— Preciso aprender a fazer ligação direta.

— Ué, você não era o sabidinho? — Alice provoca, empinando o nariz, orgulhosa. — O sabe tudo? Melhor que todos?

— É... eu faltei essa aula. — eu entro na piada, pois sei que é melhor do que tentar discutir. Bem, quem estava pedindo ajuda era eu, então eu nem estava em posição para debater algo. — Agora explica o processo, por favor.

— Opa, opa, opa! Antes disso, vamos falar de negócios. — a garota continua sorrindo vitoriosa, e em um momento eu ouço ela sussurrando para si mesma algo como "eu sou muito melhor que você", e com isso a minha contagem de "pessoas que eu gostaria de socar" aumenta para três, só hoje. — Eu quero uma semana com a sua coruja.

— Cinco dias.

— Uma semana, sete dias, não tem espaço para negociar.

Se fosse qualquer outra pessoa — exceto Dante, e pelo visto, Arthur — eu teria continuado a negociação, crente que tinha boas chances de reduzir o preço. Como se tratava da filha psicopata do meu mestre, então eu já sabia que não adiantaria de nada. Estender isso só me faria ficar ainda mais irritado do que já estava, e logo eu perderia duas vezes, não só uma. Infelizmente, precisamos aceitar algumas derrotas para evitar outras, essa é uma lição que a família McClane me ensinou. A cada momento que passava eu rezava mais e mais para que Alessandra fosse diferente, igual a sua mãe.

— Tá, fechado.

— Ok! Bom passar a perna em-, opa, fazer negócios com você, Kaizer! — Alice mantém um sorriso falso, que logo desmancha e retorna para a sua expressão neutra de sempre. — Tá, qual é o modelo do carro?

— Não faço ideia.

Não faz ideia? É cada uma... cara, você acha que eu faço magia ou algo do tipo? Não sou esse tipo de semideusa. — a garota reclama, e eu consigo ouvir a indignação genuína em sua voz. — Olha, é impossível garantir sem ver. Por via de regra, pra começar, tem um alarme perto do vidro. Se não desarmar, vai fazer barulho. Depois de resolver isso, é pra ter um painel embaixo do volante, arranca ele e liga o fio preto com o vermelho até o carro dar partida. Se você não achar, se fodeu e o problema não é meu, boa sorte!

Antes que eu possa perguntar mais coisas ou sequer me despedir dela, Alice desliga a mensagem de Íris, me deixando sozinho com as centenas de palavras ofensivas que eu estava guardando em minha mente. Bem, que seja, não é como se eu pudesse pedir algo mais detalhado. Mais uma vez eu havia deixado um detalhe passar: eu nunca pedi para Alessandra roubar um carro específico. Chamando o resto do grupo para me acompanhar, entramos no estacionamento no momento exato em que um alarme dispara. Provavelmente aquele que estava perto do vidro e que eu não tinha tido tempo para explicar para a minha companheira gatuna.

Correndo em direção ao barulho, chego a tempo de ver um carro com a porta aberta, porém sem sinal de uma menininha assustada por perto. Conhecendo ela, estou certo de que ela vai aparecer em algum momento. Sem perder tempo, sento no banco do motorista, procuro o painel e o encontro rapidamente. Para a nossa sorte, encontrei os fios mencionados por Alice tão rápido quanto achei o painel, e assim que eu os junto, o carro dá partida na primeira tentativa, desligando o alarme. Quando peço para os outros entrarem no veículo, vejo que todos vão para o banco dos fundos, e assim que penso ter sido abandonado na frente, percebo que Alessandra já estava ao meu lado, relaxando no banco do passageiro.

Eu decidi não perguntar nada.

Agora era a hora interessante: eu nunca dirigi um carro antes, então a primeira coisa que fiz com ele ligado foi testar todos os pedais. Percebendo que os dois primeiros não faziam nada, me assustei quando pisei no terceiro e acelerei reto em uma parede, quase nos arremessando para a frente. Em meu desespero, ouço uma multidão de vozes se aproximando, e agora sabia que não tinha para onde fugir. Tentando lembrar o que as pessoas faziam em filmes, eu mexo na marcha, colocando-a no pequeno R simbolizado naquele mapa confuso. O terceiro pedal fez com que o carro se mova para trás, dessa vez, e quando eu devolvo a marcha para o número um, consigo manobrar o volante de forma que me tire desse maldito estacionamento.

Assim que chegamos na rua, eu comemoro internamente o fato de ter fugido daquele lugar. O problema? Bem, essa fuga não duraria muito a incríveis vinte quilômetros por hora, e agora eu tinha a missão de descobrir como deixar o carro mais rápido. Puxar a marcha para o número dois apenas travou ela, fazendo uns barulhos estranhos no carro, e claro que não poderia ser fácil assim, que erro bobo!

— Alessa, procura algum manual, algo do tipo!

Eu peço, e a garota abre o porta-luvas em sua frente, pegando alguns papeis que estavam grampeados em conjunto. Sem que eu possa lê-lo, imagino que se trate do manual. Alguns segundos se passaram enquanto ela procurava a seção correta, e eu já consegui ouvir gritos de "polícia!", o que nunca era um bom sinal, ainda mais quando você era o meliante a ser procurado.

— Cara, Kaizer, você tem que acelerar esse carro.

Dante diz agitado, e eu vejo no retrovisor sua expressão de pânico.

— O carro não vai mais rápido se você gritar.

— Mas ele vai acelerar se você pisar no acelerador, seu babaca!

— Eu já tô fazendo isso, seu canalha!

Enquanto nós discutiamos, percebo que Alessandra finalmente conseguiu encontrar algo útil, e assim que ela me explica de forma resumida como passar a marcha — uma mecânica tão simples quanto tirar o pé do acelerador e pisar no primeiro pedal, só então colocando a alavanca no número dois — eu me senti, afirmativamente, um idiota. Claro, o nervosismo e a adrenalina certamente não estavam ajudando, mas olhando pelo lado bom... agora estávamos rápidos o suficiente para ir embora! Considerando que não precisaríamos nos preocupar com fugir por muito tempo depois de chegar ao lago, eu grito para o resto do pessoal com toda a minha alegria:

— Nós roubamos um carro!

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