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Capítulo I: Que sera, sera.

Eu estava morrendo.

Eu conseguia sentir a minha alma se preparando para ir embora do meu corpo, e meus ouvidos já zumbiam para me avisar do meu fim iminente. As vozes da minha mãe e do meu pai ecoavam em minha mente como memórias amargas, lembrando-me da sensação que me preenchia: traição. Onde quer que você esteja, a gente vai sempre te proteger. Eles me diziam toda vez, e enquanto eu ainda conseguia enxergar, desesperadamente olhei de um lado ao outro. Eles não estavam lá.

Eles mentiram.

O símbolo de Hades se desfaz no topo de minha cabeça, as vozes dos outros semideuses no lugar já estavam abafadas demais para eu escutar. Meu pulmão ardia, e em um instante os meus batimentos cardíacos eram a única coisa que eu poderia ouvir. A memória de Alice me questionando passa como uma provocação, e eu senti aquele turbilhão de emoções sendo a única coisa que me fazia permanecer nesse mundo.

Tem certeza que o Tristan é mesmo teu pai?

Ela me perguntou com um sorriso, e toda a certeza que eu coloquei em minha resposta antes já não estava mais lá. Apenas dúvidas, e a dor de uma mentira. Eu não queria morrer, não agora, não assim, cheia de arrependimentos e sonhos. Memória atrás de memória atrás de memória, minha vida se torna uma sequência de acontecimentos diante dos meus olhos, eu ainda estava lá, eu ainda conseguia sentir tudo.

E como uma onda de vida me atingindo com força total, eu sinto meu corpo caindo no chão, e as vinhas já não me apertavam mais. Demoro para conseguir respirar novamente, pois a minha garganta estava quase completamente fechada, e aquilo tudo era demais para mim. Eu choro, eu sinto as lágrimas saindo dos meus olhos, eu começo a tossir. Sangue, saliva, eu consigo segurar o vômito. Eu senti gratidão por estar viva, eu senti raiva, eu senti mágoa. As pessoas se aproximaram, Alexandre, Briar, Getúlio, todos eles preocupados e soltando perguntas que eu não conseguiria responder, pois a minha audição ainda não havia retornado.

Eu queria pedir espaço. Eu queria me afastar de todos. Eu queria ir para a minha casa.

Eu não conseguia falar. As palavras nunca saíram da minha boca com facilidade, muito menos quando minha mente estava cheia demais para processar. Eu sabia que as pessoas me olhavam com estranheza, eles tinham pena de mim, até medo. Talvez eles sabiam o que eu via quando os encarava? Não, eu nunca falei disso, ninguém pode saber, nunca. Eu só queria poder fazer amigos. Eu queria a minha mãe, o meu pai.

Não.

Eles mentiram. Eles eram traidores, eles me odiavam. Alice estava certa, eu não tinha o sangue deles, eu nunca seria tão forte quanto eles. Eles me odiavam porque eu era uma decepção? Eu decepcionei eles, por isso não vieram me salvar? O que eu precisava fazer? Eu precisava de uma dica, eu preciso que vocês me falem o que fazer. Eu me sinto tão, tão sozinha. Meu coração parecia queimar, eu sinto algo ruim dentro de mim, uma sensação indescritível que nunca senti antes. Eu me assusto. O que eu estava sentindo?

Minha cabeça gira, eu me confundo. Eu precisava retraçar meus passos. Primeiro eu saí com Alexandre e Briar, depois minha mãe me levou embora com um cachorro. Ela falou do pinheiro, ela queria que eu ficasse aqui pra sempre? Ela iria me visitar? Não, eu não posso pensar nisso, retraçar passos. Eu cheguei no acampamento, participei do caça-bandeiras, eu perdi feio. Uma caveira apareceu no topo da minha cabeça. Hades? Eu era filha de Hades? E meus pais?

Minha mãe era Ártemis, meu pai era Hércules. Reyna, Tristan, não Hades.

Dionísio ficou com raiva, acusou Hades de amaldiçoar a família dele. Isso não era minha culpa. Era? Getúlio era a família de Dionísio, e ele não me odiava, ele estava preocupado. Dionísio mentiu? Eu não sabia o que fazer, eu precisava de alguém para me ajudar, apontar o caminho certo para eu seguir, me dar as respostas que procuro.

Quando tento me levantar, vejo uma fumaça verde se aproximando, e uma mulher corre até nós com os olhos brilhando. Ela abre a boca e um turbilhão de diferentes vozes se misturam, proferindo palavras com uma magia pesada por trás.

Um semideus, dos deuses antigos filho.
Fará os doze trabalhos, esse será seu desafio.
Se acabando em chamas o mundo estará.

Uma briga entre irmãos o destino selará.
Uma escolha difícil no fim terão que tomar.
O Olimpo salvar ou a ele se juntar.

Tão rápido quanto veio, a mulher vai embora flutuando, como um espírito. Eu sei do que se trata, meus pais já me contaram: era uma profecia. Eles me contavam sobre as profecias das antigas jornadas deles. Você não pode confiar totalmente nas palavras de uma profecia, elas podem ser elusivas. Eu estava envolvida na profecia? Eu espero que não. Missões envolvem lutar, e eu não queria lutar, não podia. Kuta e Noah vão embora antes de nós, não sei pra onde. Kuta parecia machucado.

— Alessa, você consegue levantar? — Briar se aproxima de mim e me olha com preocupação. Eu concordo com a cabeça. — Ótimo, a gente vai comer agora, vem com a gente.

Ela era boa. Parecia ser gentil, seu tom de voz era feliz. Eu aceito seguir o resto do pessoal, ainda me recuperando da dor no meu pescoço ao longo do caminho, e em um momento um rapaz nos para. Ele falava com confiança, e parecia ser problema. Eu não me interesso muito, mas Dante conversa com ele, pois se conheciam antes. Eu começo a ouvir música, qualquer coisa que faça passar o tempo mais rápido, e eventualmente voltamos a andar com o rapaz nos seguindo. Estávamos em nove, era muita gente, eu não gosto de muita gente.

Ao chegarmos no pavilhão vejo uma cena familiar. Um tornado estava girando ao redor da construção, e alguns raios estavam caindo por perto. Meu pai fazia isso. Sem pensar muito, corro até a porta e abro ela de vez, e lá ele estava. Coberto de raios, empunhando Lancelot com seu único braço e apontando sua lâmina no pescoço de Dionísio. Ver ele fez meu coração acelerar. Felicidade? Talvez. Provavelmente medo.

— A minha filha, seu desgraçado!

Ele grita irritado, e eu nunca tinha visto ele daquela forma. Ele estava com raiva pelo que Dionísio fez comigo? Ele ainda se importa comigo. Isso me deixa feliz, porém isso muda assim que o deus do vinho vira o rosto na minha direção e me percebe ali.

— Pelo visto não é tanto a sua filha assim, né, Tristan?

Meu coração se parte com isso. Não podia ser verdade, ele acabou de me chamar de filha, e eu vejo ele como meu pai. Por que isso estava acontecendo? Hades não era o meu pai, ele me abandonou, Tristan cuidou de mim, certo? Dante se aproxima de mim e põe a mão no meu ombro, logo depois me afastando para que ele possa passar.

— Senhores, que tal a gente se acalmar um pouquinho?

Ele diz e isso chama a atenção dos dois. Meu pai me olha, sua expressão muda, eu não consigo entender para qual sentimento. Quando ele me olhava, o que ele via? Eu sempre quis fazer essa pergunta, mas as palavras nunca saiam. Eu ainda não sabia quem era de verdade.

— Se você tocar na minha família de novo, eu mato você.

Meu pai guarda a sua lâmina e se afasta de Dionísio, que parecia extremamente incomodado com aquilo. Ambos exalavam raiva um pelo outro. Meu pai continua me olhando de longe, e eu encaro ele tentando mostrar o que eu estava sentindo. Eu queria que ele soubesse o que era, pois se ele soubesse, ele conseguiria me explicar, já que eu não sabia o que estava dentro de mim agora. Eu nunca senti essa emoção.

— Acho melhor você falar alguma coisa.

Dante sussurra para mim, e eu concordo.

— Pai, você mentiu. Você mentiu quando disse que ia me proteger. Você sabia que eu era filha de Hades, você nunca me contou isso. Por que? Eu decepcionei você porque eu sou fraca? Eu queria poder lutar como você, como Alice. Eu quero ser forte, mas eu tenho medo das coisas que eu vejo, eu não quero machucar ninguém, eu tenho medo que as pessoas me odeiem. Você pode me ajudar?

Essas palavras nunca saíram da minha boca, no mundo real eu continuo encarando ele em silêncio. Dentro de mim, eu aceitei que talvez nunca fosse conseguir dizer o que eu gostaria de dizer. Ele e minha mãe tentaram me fazer falar por anos, conseguiram apenas recentemente, bem pouco. Foi em um dia específico. Eu não quero pensar sobre esse dia.

— Alessa, eu acho que a gente precisa conversar. — Ele diz e se aproxima de mim, eu concordo. — Eu prometo que vou te explicar tudo.

Meu pai bota a mão no meu ombro e me leva até a saída. Ele prometeu, e minha mãe me disse que promessas eram inquebráveis. Me conforto em saber que ele falaria toda a verdade agora, isso é bom. Antes de irmos para outro lugar, eu e ele percebemos que aquele garoto de antes estava preso no tornado do lado de fora. Eu não faço ideia de como. Meu pai desfaz o vento e faz com que ele caia em segurança.

— Tá tudo bem aí, cara?

Alexandre pergunta enquanto ri.

— Espera, espera. Eu tô quase vomitando. — o garoto diz com dificuldade. Depois de um tempo, ele parece ficar mais apto a conversar. — Ok, tudo certo. Por que vocês tão com essa cara? Climão...

Ele olha para mim e para meu pai, depois olha para os outros no nosso grupo. Ninguém responde nada, então ele só se coloca de pé novamente e encara meu pai com seriedade.

— Ei, você. — ele diz enquanto se aproxima. — Qual seu nome?

— Tristan.

— Ah, prazer, eu sou Lucian.

Ele diz e estende a mão com um grande sorriso. Eu não faço ideia do porquê dele ter se apresentado assim, e eu não sei se preciso entender. Meu pai parece ter ficado bem confuso também, decidindo apenas apertar a mão dele e não falar mais nada. Depois disso, eles voltam para o pavilhão e eu vou para um lugar mais afastado com meu pai. Ele me leva até a cabana de Zeus, e logo depois usa seu controle sobre o vento para fazer com que nós dois flutuemos até o telhado. Quando minha mãe estava chateada, ela costumava cruzar os braços enquanto conversava com meu pai, então eu faço o mesmo.

— A vista daqui é a melhor de todo o acampamento.

Ele diz e eu olho para cima também, vendo as estrelas. Eram bonitas, eu costumava olhar para o céu estrelado toda a noite com a minha mãe. Eu lembro de todas as constelações, a minha favorita era a constelação de Cassiopeia. Eu respondo com um "hm".

— A gente nunca mentiu pra você, só decidimos que iriamos te contar isso quando você fizesse doze anos.

— Você mentiu sim.

Pela primeira vez, as palavras saem do mesmo jeito que eu pensei. Sem frases incompletas, sem espaços em branco, apenas o que eu pensei. Se tudo que eu pensasse saísse da minha boca, talvez eu conseguisse me aproximar mais das pessoas.

— Alessa... você tem que entender que quanto mais um semideus descobre sobre ele mesmo, mais ele atrai perigos. — ele me explica a mesma coisa que o doutor disse na enfermaria. — Nem eu nem sua mãe sabíamos que Hades era seu pai de verdade, e a gente queria te proteger desse mundo antes de você ter que vir para o acampamento.

— E-eu tinha você, eu não precisava de outro pai. Vocês me protegeriam onde quer que eu estivesse, independente do que acontecer, lembra? Eu não iria precisar vir para esse lugar.

Dessa vez apenas a primeira dessas frases sai, e as outras ficam presas na minha imaginação, em um mundo onde eu consigo dizer exatamente o que estou pensando.

— Eu não falei que você precisava. — ele bota a mão na minha cabeça e bagunça o meu cabelo. — Só disse que a gente pretendia te contar tudo.

— E aí vocês iam me mandar pra cá?

— É, isso é... normal pra um semideus, entende? A gente não ia embora da sua vida, nunca, eu ia te visitar sempre, e sua mãe vai estar sempre te observando. — ele aponta para a lua. Eu aceno para ela. Eu sinto saudades de você, mãe. — Quando você chegou na nossa vida, o próprio Hades te trouxe. Só era você em uma mantinha e com seu fone de ouvido. Ele pediu pra gente cuidar de você, disse que era importante e depois desapareceu. Pensamos que ele podia ser seu pai, mas não dava pra ter certeza.

— Ele me abandonou porque me odeia?

Outra pergunta que eu nunca faria, mesmo que eu até abra a boca para falar, mas nenhuma voz sai. Em vez disso, apenas continuo olhando para ele, esperando ele continuar a conversa.

— Alessa, mesmo que não sejamos seus pais de verdade, isso não muda o que sentimos por você. A gente te ama. — ele fala e eu seguro o choro. Aquilo me deixava feliz, ser amada era bom, e eu fiquei com medo dele não me amar mais, disso ter mudado. — Eu já te contei a história da minha vó?

Eu mexo a cabeça em negação.

— Durante a guerra de Urano, eu me separei de todo mundo. Eu parti em uma jornada sozinho para terminar os doze trabalhos, pensando só em acabar com tudo aquilo e conseguir a vitória. Tudo que eu conseguia focar era em lutar. — a voz dele estava triste. Provavelmente a sua expressão também, porém eu não conseguia ler rostos. — Quando eu me tornei Hércules, a gente venceu a guerra. Logo depois eu fui visitar a minha vó e... ela já tinha morrido faz um ano.

Eu boto a mão no ombro dele. As pessoas faziam isso quando queriam reconfortar alguém, então eu faço também.

— Ela não era a minha avó biológica, sabe? Era só a mulher que tinha salvado a minha vida depois de um acidente de carro que levou a minha mãe embora. Mesmo sabendo disso, eu nunca duvidei de que ela era minha família. — ele me olha nos olhos. — Eu já perdi muita gente importante, filha, mais do que você consegue imaginar. É por isso que eu protejo tanto a minha família. O que eu quero dizer é... pra mim e pra sua mãe, você sempre vai ser família, aconteça o que acontecer.

Ele sorri. Eu choro. Eu abraço ele com força, minha mente uma bagunça de ideias e sentimentos que eu não sabia os nomes. Eu me sinto estúpida por ter acreditado que ele mentiria. Esse era o meu pai, o homem mais bondoso e forte que eu conheço, uma das minhas duas maiores inspirações, o meu ídolo. Eu te amo, pai. Eu queria te dizer isso, mas eu não preciso — você já sabe, você me conhece melhor do que eu.

— Você é minha família de verdade. — eu repito o que ele disse, e ele seca as minhas lágrimas com a mão. — Podia ter contado isso antes.

— As coisas são mais complicadas do que parecem, mas você tá certa, a gente podia ter contado isso antes. Você precisa entender que a vida de um semideus é muito complicada, e deixar seu cheiro mais forte para os monstros era muito perigoso, você viu o que aconteceu em Nova Roma. Se não fosse por sua mãe... talvez as coisas tivessem ficado bem piores.

— Cadê ela?

— Cuidando disso tudo. As pessoas que invocaram Urano... elas estão voltando. Foi um ataque surpresa nos dois acampamentos ao mesmo tempo.

Ele já me contou sobre a guerra antes. Se essas pessoas estão voltando, então haveria outra guerra, e se tivesse outra guerra eu teria que lutar.

— O que eu faço? Eu não gosto de lutar, disso...

Eu travo no final da frase, sem conseguir juntar as palavras em uma fala coerente. Todas elas se misturam na minha mente. Eu quero dizer algo, só não sei o que.

— É por isso que a gente queria te trazer aqui depois. Quando você é clamado, as coisas mudam muito. Você tem que lutar a todo momento, partir em missões, lidar com coisas muito perigosas. — ele para de falar e mais uma vez me olha com uma expressão que eu não consigo decifrar. Dificuldade? — Filha, eu acho que... não lutar não é mais uma opção. Ou você luta ou seus amigos podem acabar se machucando.

Eu apoio a minha cabeça no ombro dele. Minha mente começa a sentir a exaustão de uma vida onde eu teria que lutar, onde eu teria que controlar as coisas que vejo. Eu não sabia fazer isso, eu precisava que ele me explicasse como, mas ele não sabia o que eu via. Ninguém sabia. Se ele soubesse, ele ainda me amaria? Aconteça o que acontecer, né?

— Eu quis conversar com você também, porque eu sei o quão perigoso é ter ressentimentos para alguém com sangue de Hades. Você tem mais alguma dúvida? Eu prometi te contar tudo.

— Eu senti uma coisa estranha, nova. Quando eu descobri Hades, com a menina que me bateu. Sensação ruim, no meu coração. Eu tenho medo.

— Devem ser seus poderes, sua essência crescendo. É estranho no começo. Comigo foi uma impulsividade, com você deve ser diferente, você vai aprender a lidar com isso.

Eu não falo mais nada, ele também não. Não sei se entendia completamente aquilo, mas eu confiava nele. Se aquela sensação ruim era ressentimento e ele disse que eu lidaria, então eu encontraria uma forma de lidar. Eu queria impressionar eles, ser uma boa filha, eu faria de tudo para continuar sendo uma boa filha. Eles sempre disseram que eu era. Isso me deixa feliz.

— Então... alguém te bateu?

Ele pergunta e o silêncio se quebra. Eu concordo com a cabeça.

— Você revidou.

— Você sabe que não. — eu respondo com vergonha. Eles devem me ver como uma pessoa fraca. Eu provavelmente era. — Ela falou que vocês não eram meus pais, eu fiquei com raiva...

— Eu acho que sei de quem você tá falando. — ele estala os dedos. — Né, Alice?

De repente, ela flutua para o telhado enquanto tenta se debater para sair do controle do vento. Ele mantém ela girando no ar por um tempo enquanto ela reclama. Ele ri, porém eu apenas me viro de costas, eu não quero ver ela. E assim que eu penso isso, ele move ela até minha frente.

— Eu queria ter apresentado vocês duas antes, mas vocês agora já se conhecem, então tá tudo bem, né?

— Não, ela é má.

Pessoas que batem nas outras para se divertir e falam coisas más são pessoas más. É o que todos dizem, minha mãe me disse isso.

— Ela não é má, Alessa, ela é só cabeça quente.

— Eu não sou tão cabeça quente assim!

— É sim. — meu pai solta ela do vento e ela se senta de braços cruzados, empinando o nariz e inflando as bochechas. — Ela é um pouco difícil de lidar, mas vocês podem aprender muito uma com a outra.

Ela olha para o meu pai e ele encara ela de volta, logo depois apontando para mim. Alice reclama um pouco — eu não sei o porquê — e depois se vira pra mim.

— Aí, foi mal por antes. Eu não sabia sobre seu pai.

Ok, agora eu não podia dizer que ela era má. As pessoas más não pedem desculpas, e eu consigo acreditar nas desculpas dela. Eu aceito, porém não me sinto tão bem sobre isso.

— O que eu falei sobre Roma ainda é verdade. Não te treinaram lá não?

— Eu só gosto de música, ok?

— Música não te ajuda na batalha.

Eu sinto algo estranho. Eu olho nos olhos dela e meu coração acelera, e algumas emoções conflitantes passam pela minha mente. Acredito que seja vontade de socar ela, e isso era bem novo para mim, mas já vi pessoas sentindo isso antes. Se eu socasse ela e depois dissesse que achava ela muito bonita, ela ficaria irritada comigo? Elogios sinceros deixam as pessoas felizes, socos deixam elas com raiva, raiva e felicidade se neutralizam. Talvez funcionasse.

— Você podia aprender umas coisas com ela Alice. Se você pensasse um pouco antes de agir talvez teriam ganhado mais rápido. — meu pai diz e ela revira os olhos. — E empurrar os outros do penhasco não é legal!

— Eu não tenho culpa se eles são fracos.

— É o que eu disse: vocês duas são bem diferentes, vão se dar bem. — ele diz e eu discordo completamente, acredito que ela também. — Do mesmo jeito que eu e sua mãe cuidamos de você, Alessa, eu também cuidava da Alice. Eu achei ela em uma missão que fui com um amigo, então comecei a cuidar dela.

Isso fez algumas coisas se encaixarem em minha mente. Às vezes ele comprava duas de cada coisa. Geralmente brinquedos, e eu só recebia um, talvez o outro fosse pra ela. Se ele era o nosso pai, então éramos irmãs? Não. A gente não tinha o mesmo sangue e não fomos criadas juntas, logo não éramos irmãs. Ótimo, sinto que ficaria incomodada com isso.

— A Alice é muito importante pra mim, eu não sei o que faria se alguma coisa acontecesse com vocês duas.

Eu fico feliz, ela fica feliz.

— E por que ela é assim?

Eu comento e Alice me olha com uma sobrancelha levantada. Talvez ela tenha levado isso como uma ofensa. Não foi uma ofensa.

— Alessa... você tem que entender o seguinte: você não gostava de esgrima, então a gente se conectou através da música. Com ela foi o oposto, ela gosta muito de esgrima. — ele diz, olha para ela e começa a sorrir. Ele costumava fazer esse tipo de sorriso quando estava prestes a fazer alguma piada. — Ela puxou o meu lado ruim mesmo.

— Você tem que parar de falar essas coisas na frente dos outros.

Ela ri e empurra ele. Eu não sei se entendi a graça. Logo após isso, alguns pássaros se aproximam com sacolas em suas garras, e quando meu pai as pega eu percebo que é comida. Hambúrgueres, batata frita, refrigerantes. Ele joga uma batatinha como agradecimento ao maior dos pássaros e nós começamos a comer juntos.

— Alessa, aconteça o que acontecer, não joga isso aqui em buraco pra invocar espíritos, ok?

— Eu posso fazer isso?

— Não pode. — ele responde sério. Eu fico confusa, se eu não posso fazer, então por que eu jogaria? Eu não podia, ou não deveria? Pelo visto ele entende a minha dúvida. — Você pode, mas não faça. Da última vez que alguém com sangue de Hades fez isso ele foi controlado por um espírito. Inclusive, se você quiser ir falar com ele, eu sei um jeito de-

— Não. — eu interrompi ele. É a primeira vez que faço isso em toda a minha vida. — Se ele quisesse falar comigo, ele já teria falado.

— Com o tempo você vai entender que com os deuses as coisas não são tão simples. Eles não são tão bonzinhos quanto você pensa, e fazem coisas que a gente não entende.

— Minha mãe também?

— A sua mãe não, ela no máximo é um pouco ranzinza.

Eu abro um sorriso. Essa piada eu consigo entender, já que ela não era ranzinza. Pelo menos não comigo. Nós continuamos comendo, e Alice tenta falar enquanto mastiga, mas logo meu pai reclama com ela, mandando ela terminar de mastigar antes de falar. Quando a comida acaba, nós três ficamos deitados no telhado, olhando as estrelas.

— Quanto tempo você vai ficar por aqui?

Alice pergunta.

— Por um tempo. Talvez permanente, não sei. — ele comenta e ela solta um "isso!" em comemoração. Ele não ia mais morar comigo? — Desde que eu deixei de ser um deus, as coisas ficaram mais tranquilas. É bem libertador na verdade, me sobra muito mais tempo.

— Você pode me ajudar?

Eu pergunto tímida.

— Do que você precisa?

— Eu preciso aprender a lutar.

Ele sorri, olha para Alice, e solta uma frase que me incomoda muito:

— É, Alice, acho que achamos a sua parceira de treino.

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