♚ Capítulo 15 ♚
- Pelos céus, o que aconteceu? – Alê observou tão espantado quanto eu, ao se aproximar do veículo. – É muito sangue... Alguém sobreviveria a isso? – Perguntou com olhos começando a ficar marejados.
Ao escutar essas palavras, comecei a entrar em pânico. A ruiva precisava sobreviver. Ela me deixava maluco, e praticamente não tínhamos intimidade alguma, mas com toda certeza ela não merecia morrer.
As imagens dela com minha camisa na cozinha da minha casa sorrindo para mim, invadem meus pensamentos, e o aperto em meu peito cresce. Certamente gostaria de vê-la assim de novo.
- Ryan! – Sou tirado dos meus pensamentos, por Alê me chamando para entrar. Contudo, antes que o fizesse, dei ordem para que protejam o local.
Após alguns segundos aguardando diante da porta com respingos de sangue por toda calçada, Tena apareceu. Assim que nos viu, ela pulou nos braços de Alê chorando.
A olhei por inteiro procurando por alguma evidência de machucados, no entanto, parecia que com exceção da maquiagem borrada e do fato de nunca a ter visto tão abalada, o restante estava normal.
Alê envolveu a irmã em um abraço apertado tentando confortá-la, porém Tena parecia totalmente inconsolável. E por mais que Alê estivesse tentando esconder a preocupação que sentia, estava mais do que evidente em seus olhos que ele estava a ponto de se quebrar também.
- Atena o que aconteceu? Onde está Nathalie? – Perguntei ficando mais angustiado por vê-la abalada daquela forma.
Tena era uma mulher de ferro, não era fácil tirá-la do eixo. Já passamos por vários treinamentos de rotina, e até fomos em várias missões desastrosas em campo, mas Tena nunca ficou tão sem chão quanto estava neste momento. Nem mesmo quando Alê se machucou gravemente em uma de nossas missões.
Sabia que isso não era uma questão de favoritismo. Muito pelo contrário, pelo que percebi da minha amiga de infância nos últimos dias, ela amava ambos da mesma forma. O que me levava a crer que todo seu desespero queria dizer que a ruiva realmente não estava nada bem.
- Vocês demoraram... – Declarou após enxugar as lágrimas espalhadas por seu rosto. – A mãe de Noah cuidou dela...Nath está estável... mas perdeu muito sangue e tinha veneno na faca que a atingiram. Ainda não sabemos se ela vai conseguir. – Nos atualiza, com a fala desesperada em meio ao choro que não cessava.
- Se é tão grave por que ela está aqui e não em um hospital? – Perguntei o óbvio, começando a ficar irritado com a situação.
Se Nathalie estava tão ruim assim, como Atena pode ser tão irresponsável em trazê-la para casa do Nerd e não para um hospital especializado? Inferno, por que ela não levou a ruiva para a nossa sede? Até a área médica de lá, já era melhor do que estar em uma residência comum. – Praguejei mentalmente para não entrar em uma briga com Atena agora. Ela estava nitidamente sofrendo, e talvez fosse por isso que não pensou direito.
- Nath é diferente... – Franzi o cenho. Por que todo mundo insistia em dizer isso? Merda, não queria saber se ela era diferente. Precisava era que ela fosse tratada por alguém especializado. – Ela não pode ser tratada em qualquer lugar. – Tena completou, ficando rígida ao falar. Dava para ver em seus olhos que escondia algo. Mas isso não importava agora.
Inferno, como eu poderia deixar ela aqui? Minha mãe era médica, diretora do melhor hospital da cidade, e possui contato com todos os melhores hospitais do mundo, como poderia ficar de braços cruzados e deixar que Nathalie ficasse aqui sofrendo por algo que nem era culpa dela?
- Cadê ela? Vou levá-la para o hospital. – Disse com a voz firme sem abrir espaço para me contradizerem.
Ninguém ia impedir que a levasse para um hospital. Poderiam até tentar, porém no estado que estava neste momento, com sangue pulsando forte em minhas veias, duvidava que alguém fosse de fato capaz de me fazer mudar de ideia, ou mesmo me obrigar a deixar ela aqui. Também era diferente no fim das contas.
- Você não a levará para nenhum lugar. – Escutei Ben e o Nerd falarem juntos.
Se o meu nível de irritação já estava em 60%, ao ouvir esses dois, ele passou para 90%. Quem eles pensam que são? Eu sou um Calhoun, herdeiro do Grupo Delos, playboy e um administrador que consegue tudo o que quer.
- Isso é o que pensam. – Sorri com deboche. – Tem 20 agentes lá fora, e ninguém nesse mundo vai me impedir. – Falei com um sorriso sarcástico, me preparado para destruir esse lugar se fosse preciso.
Segui na direção da porta que o nerd tinha saído, certamente Nathalie estaria ali dentro. Porém, antes que alcançasse a maçaneta, Noah rapidamente se posicionou tentando me impedir. O que não adiantou, obviamente. Sem pensar duas vezes, soquei sua cara. Mas furioso assim como eu, ele devolveu o golpe. Ou tentou, já que não conseguiu me acertar.
- Para Ryan. – Tena me repreendeu apontando o dedo na minha cara com a voz cheia de raiva, assim que Alê conseguiu afastar o Nerd. – Você está na casa dele. Se não fosse por ele e a mãe dele, provavelmente Nath já estaria morta agora. – Disse voltando a encher os olhos de lágrimas voltando a chorar com mais intensidade.
Respirei fundo passando a mão nos cabelos tentando me acalmar, no entanto, era óbvio que falharia miseravelmente no processo.
- Eu quero vê-la. – Negando totalmente os meus impulsos, e a pessoa que sempre fui, pedi ao nerd que me deixasse ver a ruiva.
Nunca tinha sido uma pessoa que pedisse por algo, na verdade eu nunca pedi nada, nem mesmo aos meus pais. Sempre chegava e falava o que eu queria, se eles me dessem ok, se não, quando eu recebia a minha mesada ia lá e comprava.
Pedir, definitivamente não fazia parte do vocabulário de um Calhoun, nós conquistamos. Meu pai sempre me ensinou isso. Você quer? Conquiste. Tome para você.
Eu fechava contratos o dia todo, todos os dias na semana, e nunca pedi a nenhum dos nossos parceiros nada. Eu sempre os levei de uma forma ou de outra a aceitarem o que eu queria. Nunca pedi nada para líderes de embaixadas, ou até mesmo líderes de países que tenho contato, mas agora estava me rebaixando para pedir algo a um cara que era praticamente um ninguém. – A que ponto eu fui chegar? E tudo isso por uma ruiva chata, que eu nem ao menos conhecia direito, mas de alguma forma ainda me sentia culpado pelo acontecido.
O Nerd assentiu liberando a minha visita, e logo apontou para a porta dando acesso. Contudo, nada me preparou para quando entrei no cômodo e vi a ruiva deitada na cama. Ela estava pálida, e seus lábios estavam quase sem vida. Cortaram sua blusa na altura dos seios, deixando sua barriga exposta com um curativo enorme.
Me aproximei devagar, ela parecia tão pequena e tão vulnerável, que sentia como se uma exalação errada minha fosse capaz de machucá-la. Nunca tinha visto ela assim... na verdade, nunca nem mesmo imaginei que fosse possível vê-la com o semblante tão fragilizado.
Cheguei mais perto levando uma mão com cuidado até os seus cabelos, e com a outra segurei uma de suas mãos. Não sabia por que só de saber que ela estava envolvida em tudo isso tinha me abalado tanto, mas sei que vê-la nesse estado, estava mexendo profundamente com algo dentro de mim, e não sabia o que ela tinha de tão especial para ir contra tudo que acredito e sou. Mesmo sem dizer nada, ela ainda conseguia me levar à beira da loucura.
- Oi ruiva. – Disse acariciando a sua mão. – Você disse para eu não sumir...Eu estou aqui agora...Por favor abra os olhos e me diz que você está bem... – E mais uma vez eu pedi por algo, e pela primeira vez na minha vida, eu disse a palavra por favor. – Ou não serei capaz de me controlar e deixar você aqui assim. – Falei sentindo as lágrimas começarem a surgir nos meus olhos. O que estava acontecendo comigo? Até inconsciente ela sabia me deixar maluco.
Quando terminei de falar, senti ela apertar levemente minha mão, e abrir brevemente os olhos. Foi preciso uma força do inferno, para conseguir controlar minhas emoções.
- Oi bela adormecida. – Disse com um sorriso preocupado.
- Você veio! Não precisei ir até você dessa vez. – Exclamou com a voz fraca e um meio sorriso no rosto.
Admito que vê-la sorrir, me acalmou um pouco. Porém, a fraqueza clara estampada em seu rosto, ainda me preocupava.
- Sim, eu vim. – Sorri. – E quero levá-la para um hospital.
- Eu não quero ir para o hospital. – Abriu os olhos novamente, e disse olhando nos meus. – Só quero ir para casa. – Suspirou deixando uma pequena careta escapar, e precisei de todo autocontrole para não a pegar agora mesmo e levá-la sem seu consentimento. – Me leva para casa loirinho? – Perguntou parecendo segura do que queria, mas ainda com a voz fraca.
- Você precisa de um hospital, está muito fraca. – Com o coração aflito tentei argumentar, ao mesmo tempo que tentava esconder o choque que tais sentimentos estavam me trazendo.
- Só me leva para casa loirinho, por favor. – Suplicou com a voz manhosa, e meu coração quase errou uma batida por ver ela assim.
Mesmo que eu quisesse, não conseguiria negar nada para ela. Nem antes e muito menos agora, com ela tão fraca assim. Só esperava que essa fosse a decisão certa, ou não sei o que vou fazer se algo mais der errado com ela.
- Você promete para mim, que isso é o melhor? – Indaguei com o coração aflito sem saber qual a melhor decisão a se tomar. – E que você vai ficar bem, se eu fizer isso?
- Não deixarei você em paz tão cedo loirinho. – Deu um sorrisinho travesso. – Prometi que na próxima ti incluiria na minha festa, e pretendo cumprir. – Completou brincalhona, porém era nítido que tentava esconder a dor que sentia, e conseguia ver em seus olhos que estava tão preocupada quanto eu.
Queria negar tudo que ela me pediu, e simplesmente levá-la para o hospital. Mas não podia fazer isso com ela. No momento que eu precisei de ajuda, ela esteve lá para me ajudar. Não falou para Alê me levar para o hospital, ou ao menos disse para que chamasse a minha mãe, ela mesma cuidou de mim. Mesmo com as minhas birras... mesmo não sendo amigos... ela estava lá.
Então o mínimo que posso fazer é estar aqui por ela. Até porque, ela só estava assim porque se envolveu em uma briga que não era dela.
- Tudo bem, eu te levo. – Disse ainda em dúvida, mas acreditava que ela saberia o que era melhor para si mesma. Além de que Tena não deixaria a amiga morrer por uma coisa assim.
Coloquei um de meus braços embaixo do pescoço da ruiva, e outro sob os seus joelhos, pegando-a nos braços. Ao erguê-la, Nath deu um gemido baixo, que logo foi abafado ao apoiar o rosto no meu pescoço.
- Desculpa.
- Não por isso loirinho. – Declarou sorrindo gentilmente, se encolhendo em meus braços a procura de um encaixe confortável. Após encontrá-lo, envolveu os braços em meu pescoço e voltou a afundar o rosto no meu pescoço.
Era bom sentir seu toque, mas não tinha nada provocativo e sensual como das outras vezes. Era carinho... e não era só da parte dela.
Com toda certeza no mundo, nunca tratei nenhuma mulher com tanta delicadeza e carinho, como estava a tratando.
Quando me virei em direção a porta, todos estavam nos olhando. Eu tinha me esquecido completamente deles. No entanto, logo saí com a ruiva nos braços fingindo que nada aconteceu, escondendo totalmente meus sentimentos como sou mestre em fazer quando quero.
- Eu vou com você. – Tena disse se aproximando. – Alê você leva Ben para casa e avisa nossos pais. – Pediu com a voz séria, e um olhar de preocupação de quem se culpava por Nath estar machucada. Contudo, ela precisaria entrar na fila, porque eu sei que a culpa em primeiro lugar era minha, e depois de Alê por não termos atendido a ligação dela logo de início.
Me considerava o mais culpado, porque eu que era o responsável pela reunião... eu deveria ter encerrado assim que desconfiei de algo estranho acontecendo... – Saio de meus pensamentos balançando a cabeça em confirmação para a afirmação de Tena, e saio com Nath nos braços.
O Nerd abriu a porta de sua casa para sairmos, logo depois mandei Tena abrir a porta de trás do seu carro. Coloquei Nath sentada lá, e sem dizer uma palavra sequer, Tena rapidamente contornou o carro entrando do outro lado, apoiando o corpo da amiga.
- Leve Ben para casa. E vocês podem ir com eles. – Ordenei para Alê apontando para dois grupos que estavam em carros distintos mandando que os acompanhasse, ficando com outros dois para ir comigo e as garotas.
Em poucos minutos chegamos no que Atena disse ser o apartamento da ruiva. Nunca tinha vindo aqui, mas a localização era ótima e o prédio era realmente bom.
Após estacionar, desci do carro apressado para levar a ruiva para um lugar mais confortável. Ela não tinha reclamado durante o trajeto, contudo não passou despercebido as caretas que tentava esconder. Peguei ela nos braços da mesma forma de antes, e Nath mais uma vez se aconchegou em meus braços afundando o rosto em meu pescoço, enquanto seguíamos em direção a entrada.
- Aconteceu alguma coisa, srta? – O porteiro indagou ficando com semblante preocupado assim que nos viu, e me perguntei se existia alguém nesse mundo que realmente não suportasse a ruiva?
- Apenas me aproveitando de alguém com braços fortes. – Apesar de tudo que tinha passado, ela ainda sorriu brincalhona apertando meu braço de leve, ao mesmo tempo que respondia ao senhor de meia idade que facilmente acreditou em suas palavras, soltando uma gargalhada com a atitude moleca da garota. Também acreditaria, se não pudesse ver a dor em seus olhos.
Subimos para seu apartamento, que era muito bonito e mesmo estando apenas no hall, já notava que combinava perfeitamente com a imagem que vinha criando sobre ela.
Ao ser guiado pelo imóvel com o auxílio de Tena, logo percebi que o lugar todo tinha o cheiro da ruiva. Cada canto parecia mostrar a sua essência. Os quadros espalhados pelos lugares que passei, eram cheios de cores, e apesar de não entender muito sobre arte, tudo que senti nos milésimos de segundos que passei por eles, foi amor. Ela amava o que fazia. Isso era nítido.
Chegando em seu quarto, – pelo menos foi o que imaginei que fosse, já que seu perfume estava impregnado com mais força – coloquei a ruiva cuidadosamente na cama e a cobri com edredom, me sentando na beirada da cama.
Voltando o seu olhar para mim, ela deu um sorriso fazendo um leve gesto com a mão, pedindo para que chegasse mais perto dela. Me aproximei perto de seu rosto, recebendo mãos trêmulas uma mão em cada lado do meu rosto.
- Obrigada. – Disse olhando dentro dos meus olhos, e sem que eu a esperasse puxou o meu rosto para mais perto selando seus lábios nos meus.
Fiquei completamente surpreso com sua atitude, contudo no momento que ela tocou os meus lábios com os dela, eu perdi totalmente o controle do meu corpo. Perdi toda a minha sanidade, e esqueci completamente do que estava acontecendo ao redor.
Ela provavelmente estava delirando ou algo do tipo, e pensava que era o "dono do seu coração", ou até mesmo o babaca do Will que não saia de trás dela. Mas seja o que fosse, eu não consegui recuar. Deveria, porque depois do ferimento grave que teve, ela provavelmente não estava em perfeita consciência de seus atos, porém não consegui.
Apesar de seus lábios estarem brancos por causa do ferimento e a perda de sangue, o seu beijo estava quente e doce.
Não era um beijo de verdade, estava mais para um selinho. No entanto, demorou mais que um simples selinho também.
Nath sempre beijava as pessoas, mas desse jeito eu nunca tinha visto. Me lembrou como ela fazia com Alê e Magnus, contudo não achava que fosse a mesma coisa. E por mais alguns segundos, me deixei perder no momento. Sei que não deveria, mas foi o que aconteceu.
Tinha pensado várias vezes que um dia calaria sua boquinha irritante, mas nunca passou pela minha cabeça que seria ela a me deixar sem palavras, e que ainda por cima as coisas aconteceriam dessa forma.
Depois de finalizarmos o beijo, colamos nossas testas uma na outra, e ficamos assim por um tempo de olhos fechados sentindo a respiração um do outro.
Mesmo confuso com todas as coisas que acabaram de acontecer, não conseguia disfarçar o quanto estava feliz por ela estar viva. Entendia que ela ainda estava longe de realmente ficar bem, mas internamente clamava aos céus para que conseguisse se recuperar.
- Não precisa agradecer, só quero que fique bem. – Quebrei o silêncio sendo sincero em minhas palavras, e me afastei apenas o suficiente para olhar em seus olhos.
- Vou fazer o meu melhor, você sabe que sou teimosa. – Contrapôs retribuindo o meu olhar, com um sorriso brincalhão nos lábios. – Pode ficar comigo, como eu fiz com você no dia da sua festa?
- Claro, posso. Ficarei o quanto quiser. – Era óbvio que não podia e nunca nem mesmo tinha aceitado um pedido desse tipo. Ficar com uma mulher até ela dormir? Isso não existia para mim, contudo dessa vez eu considerei que era o mínimo que poderia fazer depois de tudo que ela passou por minha culpa.
Me odiava por vê-la assim, e tinha certeza de que se fosse Ben em seu lugar, o garoto não teria sobrevivido. Ele era pequeno. Somente uma criança. Jamais aguentaria perder tanto sangue, quanto a ruiva. Acho que nem mesmo a ruiva deveria ter sobrevivido se fossemos olhar a quantidade de sangue, mas talvez o Eterno estivesse nos abençoando ao poupar a vida dela. E ao mesmo tempo a recompensando por ter se sacrificado por outro.
Me sentei ao seu lado com os pés sobre sua cama, assim como ela fez quando eu estava bêbado, e coloquei minha mão em sua cabeça fazendo carinho.
- Obrigada, querido. – Declarou fechando os olhos assim que me ouviu falar que lhe faria companhia, e não demorou para que ela estivesse apagada.
- Do que ela te chamou? – Tena perguntou, me lembrando que ela ainda estava aqui.
- De querido. – Respondi franzindo o cenho sem entender o porquê do interesse repentino.
Também me surpreendi com a ruiva me chamando usando tal adjetivo, porém não considerava que fosse algo de outro mundo assim. Ou será que era? Não a conhecia tão bem assim para poder responder.
- Achei estranho quando ela te deu um selinho, e agora ela te chama de querido? – Refletiu me fazendo encará-la mais confuso ainda, enquanto ela se levantava da poltrona que estava sentada, caminhando em nossa direção.
Seria tão estranho assim ela me tratar de forma carinhosa como fazia com os outros?
É claro que sei que fui um idiota com ela quando nos conhecemos, e sei que não somos amigos de verdade, mas quando ela me ajudou depois da minha festa, acabamos fazendo uma trégua. Ou será que tinha interpretado errado?
- É que mesmo Nath sendo carinhosa com todos, ela não sai por aí distribuindo selinhos para todos... – Tena afirmou com o semblante pensativo. – Os únicos que ela faz isso é com Daniel e agora com Alê. Eu já a vi beijar outros caras, é óbvio... – Diz, e começo a me sentir como fiquei ao ver os caras secando ela na minha festa. – Mas não é o mesmo que ela acabou de fazer... agora ela te chamou de querido... Nath nunca chama duas pessoas diferentes pelo mesmo apelido, e esse é o de Ben... – Completou buscando as palavras, enquanto tentava raciocinar sobre o que acabara de acontecer.
Observando a ruiva atentamente, Tena se aproximou mais colocando a mão na testa amiga, e volta a ficar pensativa por alguns segundos.
- Ela está mais quente do que estava quando chegamos aqui. – Declarou com mais preocupação inundando seus olhos.
Levei a minha mão à testa da ruiva também, e só agora reparei que Tena tinha razão. Nath estava mais quente do que antes, e já começava a ficar com as bochechas coradas devido o aumento na temperatura.
- Pode ser uma infecção, deveríamos levá-la para o hospital. – Falei ficando com raiva de mim mesmo por ter ouvido o pedido de Nathalie. Eu devia ter a levado direto para o hospital.
- Não tenho certeza se é uma infecção. – Afirmou pensativa. – Pode ser culpa do veneno que tinha na faca. De toda forma os hospitais não podem fazer muito por ela agora, a mãe de Noah já medicou ela com antibióticos de amplo espectro para combater o máximo de infecções possíveis. Além dos remédios para combater múltiplos tipos de veneno, remédio para dor, anti-histamínico, e Nath estava terminando de tomar a segunda bolsa de sangue quando vocês chegaram. – Informou contando nos dedos, parecendo tentar lembrar do tratamento da ruiva. – Agora é aguardar. A mãe de Noah disse que isso poderia acontecer. Vou buscar gelo, toalhas e uma vasilha com água para resfriá-la. – Afirmou se direcionando para fora do quarto.
Agora estou mais preocupado do que estava, mas se eles fizeram tudo isso que Atena descreveu, e eu acredito que fizeram, porque senão minha amiga de infância não estaria tão tranquila assim. A única coisa que restava era esperar, e clamar ao Eterno para que as coisas ficassem bem.
Tena não demorou para voltar, e assim que chegou ao quarto, ela começou a cuidar da ruiva como uma verdadeira enfermeira.
Todos temos treinamento de primeiros socorros no Grupo, mas Atena sempre foi a que mais gostou dessa parte. Ela se dedicava mais do que nós nas aulas, e sempre buscava aprender mais do que era cobrado sobre o assunto.
Tena colocou o gelo assim como as toalhas molhadas sobre a ruiva, contudo além de um pequeno esquivar, Nath não reagiu muito aos cuidados. O que nos mostrou que ela estava fraca até mesmo para se queixar do frio que as coisas proporcionaram.
Temeroso por sua temperatura, ajudei Tena com a troca das toalhas e da água que com o tempo se aquecia por ter colocado as toalhas quentes dentro dela.
Repetindo esse mesmo processo algumas vezes, meu telefone começou a tocar. Praguejei, porém ao tirar o aparelho do bolso e ver que se tratava de Alê, logo percebi que era importante. Ele não me ligaria agora se não fosse.
- Alô? – Sai do quarto para atender a ligação.
- Desculpa, Ryan. – Escutei meu irmão de consideração suspirar do outro lado da linha. – Mas vou precisar que você vá a empresa para resolver o assunto dos sequestradores. – Bufei, mas antes que pudesse negar, Alê continuou. – Eu liguei para os meus pais para informá-los, mas como eles estão fora, só estarão de volta no início da madrugada. – Respirou fundo novamente, e sei que ele estava ciente de que não gostaria de sair daqui agora. – Não posso deixar Ben sozinho agora, e não posso levá-lo comigo. E muito menos posso pedir Atena para voltar para casa, Nath precisa de alguém até o pai dela chegar. – Completou com a voz triste e suplicante.
Respirei fundo tentando controlar a raiva que despertou dentro de mim novamente, no entanto sei que Alê está correto. Neste momento, a melhor opção é que eu vá para a empresa.
- Tudo bem eu entendo. – Tentei tranquilizá-lo, até porque eu sei que não sou o único a estar se culpando, e estar preocupado. – A ruiva está com a temperatura um pouco alterada agora, porém assim que conseguirmos abaixar isso eu vou para empresa. Pode avisar que por volta das 6:00 PM estarei lá. – Informei desligando o telefone logo em seguida.
São 4:30 da tarde, e teria pouco tempo para ajudar Tena, mas o mais importante era que a ruiva não podia ficar com a temperatura tão elevada como estava.
Uma hora e meia passou voando, e para minha infelicidade tinha que voltar para a empresa e deixar as duas sozinhas. Com o estado da ruiva, ela não conseguiria ficar andando muito e por mais que Tena fosse forte, ela não conseguiria carregar Nath no colo. Estava frustrado, e ainda mais preocupado que as duas se machucassem.
- Pode ir, não precisa se preocupar, vamos ficar bem. – Tena anunciou com um sorrisinho, após perceber a minha frustração. – Vou cuidar da temperatura da minha gostosa, e ela não vai acordar tão cedo por causa dos medicamentos todos. Ela até demorou muito para dormir aquela hora. Além de que é importante que aqueles idiotas paguem pelo que fizeram com a minha melhor amiga. – Falou tudo de uma vez quando viu a minha indecisão, ficando com os dentes trincados de raiva na última parte.
Acenei em positivo, e me retirei, mesmo que essa não fosse a minha vontade.
Nota do Autor
Olá amores, mais um capítulo quentinho para vocês.. Gostaram?
O que será que a nossa ruiva tem de tão especial que não pode ir a um hospita em?
E onde esse loirinho bateu a cabeça para de repente parar de ser tão babaca?
Quero saber cada hipótese por mais mirabolante que ela seja viu?
Beijinhos, e por favor não esqueçam de votar 🌟 e comentar.. Vamos fazer essa história brilhar, esse casal merece.. Até o próximo 😘..
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