Capítulo 2: A Deusa Nórdica do Gelo.
Esperar alguém em um aeroporto é, em minha opinião, o maior mico que alguém pode pagar. Eu não entendi o porquê da empresa me mandar aqui em vez de qualquer empregado. Sei que foi uma exigência minha que tivesse uma assistente, detalhe, uma assistente mulher, pois não gostaria que as pessoas pensassem que estou andando de um lado de outro com um, argh, homem.
Lógico que pedi uma estrangeira, afinal, sabe como é; uma menina que dependesse dos meus talentos intelectuais para sobreviver num país estranho e perigoso. É a glória! Pedi que fosse uma nórdica. De preferência, Sueca, para me ajudar nos afazeres diários, pelo as quais, não teria tempo para fazer. Além de admirar o seu belo corpo, bem, para me inspirar...
A minha empresa aceitou as minhas exigências, mas disse que não poderia atender todas, porém faria o possível. Ora, sou um artista cientifico um criador, não custa nada fazer um pedido tão insignificante. Só não entendi, por que eles pediram que a recepcionasse?
Agora estou aqui, com uma placa idiota e esperando uma mulher que não tenho a menor idéia como é a sua aparência. Deve ser loira, creio eu, inteligente e com um corpo sensacional. Uma Musa. Uma Deusa!
As horas passam, o vôo dela atrasa e fico mais tempo nesta cadeira gelada. E, finalmente, o vôo chega. Os passageiros saem do aeroplano, da janela do aeroporto, que dá uma visão geral do desembarque, vejo uma mulher linda, maravilhosa, é ela! Ajeitei o meu cabelo e minhas roupas. E, aguardo...
As pessoas passam por mim e, eu, com aquela placa idiota. De súbito, a Deusa chega.
É a perfeição em forma de mulher, linda, espetacular, divina, monumental, tudo de bom... Aproximei-me dela e disse em inglês:
- <Bem-vinda ao nosso país! Sou Rodrigo.>
Ela se agacha e aquela voz melodiosa responde:
- <Que gracinha, de menino!> - em inglês. <Onde está a sua mãe?>
Naquele momento, o meu sangue ferveu. Fui humilhado por aquela Deusa. Nunca pensei que fosse arrasado por um comentário inocente como foi o dela.
- <Você não é a minha assistente?> - perguntei admitindo a minha derrota.
- <Claro que não, seu idiota!> - responde uma voz que não era da Deusa.
A mulher se levanta e me deixa fazendo um afago em minha cabeça com a sua luva de couro. E vi uma garota ruiva, sardenta, de óculos, olhos verdes, cabelos presos tipo "maria-chiquinha", vestida de casaco de nylon colorida, carregando uma pesada mochila de couro, calça moletom e tênis velho. É bonita, mas um lixo comparando com aquela Deusa.
- <Quem é você, para me chamar de idiota?> - respondi a altura.
- <Sou a sua assistente! Seu tarado sexista!> - respondeu também a altura.
- <Eu pensei que...>.
A Deusa respondeu em um bom português:
- Sinto muito, Rodrigo... Mas achei que se trouxesse o que pediu poderia atrapalhar o seu trabalho. Se você queria uma prostituta, depois posso trazer mais tarde.
Surpreso, perguntei quem é a loira:
- Sou a verdadeira dona da Piston, chamo-me Gabriela Lira. - e estende a sua mão coberta com a luva de couro.
Fiquei chocado.
Na sala VIP do aeroporto internacional, o trio, devidamente instalado, começa a sua conversa. Apesar de ser uma empresária, que acho desconhecida, conseguiu isolar o local mais reservado do aeroporto, todo ele. Realmente, acho que ela deve ter algum poder.
Outra coisa que fiquei impressionado é o fato que ela mesma foi à cozinha e preparou sanduíches e algumas frutas. Afinal de contas, mulheres, como ela, costumam trazer seus próprios empregados de confiança e não a mesma servir os seus convidados. Trouxe tudo em uma bandeja. A ruiva tratou de servir-se, já a mim, esperei o suco de laranja que a mulher preparava com afinco.
Fiquei observando a mulher passando geleia de amora no biscoito de água e sal. Deu uma mordida tão sensual que tive a sensação que estava naqueles filmes pornográficos. Já a ruiva, comia o seu sanduíche com voracidade, parecia uma faminta. Tomei o meu suco de laranja e esperei que elas terminassem o seu lanche. A viagem deve ter sido cansativa. Perguntei a ruiva se não tinha comido nada durante a viagem e a garota respondeu:
- <Eu não como comida de avião. Tenho enjôos.> - respondeu em inglês.
Continuei a minha série de perguntas e dessa vez para minha patroa.
- Bem... Não esperava que uma empresária tão rica quanto você costuma servir tão bem as pessoas. Mesmo sendo uma herdeira de um império empresarial como a Piston.
Um olhar frio e em seguida a resposta me deixou intrigado.
- Eu não sou a herdeira. Sou a dona de tudo que você conhece, seja direta ou indiretamente. Por isso, não fico acanhada em servir os que me servem.
- Como assim?
- Mais tarde irás compreender o que quis dizer com isso. - e dá mais uma mordida em seu biscoito.
- Acho curioso que uma mulher que viaja de classe econômica num avião comercial seja tão megalomaníaca.
- Tenho 35% das ações daquela companhia. É natural que peça passagens de graça, na classe econômica, pois não gosto de ostentação. Mas se não acredita, pense como consegui isolar toda a sala VIP de um aeroporto internacional pelo a qual não se aluga. - e sorri.
A partir daí, comecei a entender o motivo de pagar tantos cientistas e abriga-los em bases secretas no meio do sertão nordestino. Excentricidade. Uma tola utopia de conseguir o domínio do mundo ou uma descoberta fantástica que o resto jamais tenha. Seja que for, tenho muita pena dela. Afinal, ter tanto dinheiro deixou a pobrezinha avariada.
- Bem... <Qual é sua primeira impressão que teve em nosso país, senhorita...?> - perguntei em inglês à ruiva.
- <Olga! Olga Gosdevantirmir!> - responde.
- <O que?>
- <Olga Gosdevantirmir!>
Não resisti e fui sincero.
- <Que nome horrível! Não tinha um pior?>
- <Bem, é melhor do que Rodrigo.> - diz com frieza.
A loira começa rir. Pigarrei e voltei a perguntar:
- <Qual cidade da Suécia você nasceu ou vive?>
- <Eu não sou sueca! Sou finlandesa!>
- Finlândia! - olhei para a loira com raiva.
Ela deu um gesto com os braços como não pudesse fazer nada.
- Deveria ter pedido quebra de contrato... - disse para mim mesmo. <O que sabe fazer, pelo menos?>
A menina sacode a sua mochila surrada e tira um caderno espiral com umas cem folhas.
- <Meu currículo!> - e estende em minha direção.
Comecei a ler o tal currículo. Com o tempo, fiquei muito impressionado com as capacidades da ruiva. Ela, aos seus 16 anos, é formada em vários cursos universitários, desde nutrição até enfermagem, atualmente, cursa medicina, mas teve que trancar por minha causa. (Ai, que inveja! Neste país, um menor não pode cursar uma universidade.) Mas seja o que for ela é genial, pelo menos o que se apresenta aqui nesse currículo, é perfeita para o que pretendo fazer.
- <Li aqui que pratica artes marciais... Judô?>
- <Kendô. Esgrima japonesa.>
- <Eu sei o que é Kendô! Está escrito também que pratica outras técnicas marciais que estudou e desenvolveu sozinha. Vejo que gosta de bater nos outros.>
- <Bater, não. Defender-me e defender os outros.> - diz coçando o ombro.
- <Tem medo de ser estuprada?>
- <Tenho medo de usar mal o meus conhecimentos.>.
Somente aí, que percebi que estou lidando uma pessoa especial.
- <Gostei de você!> - disse. Bem... Senhora Lira, acho que tem razão. Ela é a melhor no que pretendo fazer.
- Sabia disso. - diz a loira com convicção. Espero que a associação de vocês seja longa e que sua cabecinha genial trabalhe bastante. - e alisa a minha cabeça. Tenho que ir... Escreva sempre para nós. Gostaria de ler pessoalmente as suas teses e seus avanços.
O meu coração doeu bastante, só pela idéia de deixar de vê-la.
- Espero encontra-la novamente.
Uma piscadela foi a sua resposta e acompanhada das seguintes palavras:
- Claro que vamos, Rodrigo... - e sai da sala VIP.
Fiquei paralisado por alguns momentos e a ruiva fala umas palavras em finlandês, a qual eu não entendi nada. E para minha surpresa, a ruiva fala em um bom português:
- Vocês, homens, são tão bobos... Só porque a gostosa deu mole para você, ficou todo derretido.
Virei o rosto em direção da ruiva e perguntei:
- Você fala português?!
- Claro! Acha mesmo que iria a um país que não conheço o idioma? E ainda acompanhada de uma estranha, num país estranho e servir de baba de uma criança. Tenho a obrigação de aprender a língua. Para sobreviver, pelo menos...
Acho que quero morrer.
Depois que a mulher saiu da sala VIP, o local foi ocupado por várias pessoas estranhas e de todas as idades. Rapidamente, tivemos que sair, pois não teríamos a nossa privacidade para trocar mais informações. Então decidimos que iramos de táxi até a rodoviária para, de ônibus, fossemos a cidade Petrópolis. Foi tudo como planejado, mas a ruiva não gostava do calor da nossa cidade. Mesmo estando no inverno, o Brasil é um país tropical e sendo a garota uma nórdica, é muito quente.
A minha cidade é muito bonita, mesmo no inverno, um local alto é sempre um clima ameno, pelo menos para ela. Talvez, por isso, esteja usando roupas tão leves. Só aí reparei que a garota é branca como uma vela. O seu rosto sardento e o cabelo ruivo e longo, é capaz de mostrar que é uma adolescente como outra qualquer. E que gosta de novidades como as meninas da idade dela, a primeira coisa que fez, quando chegou ao hotel, foi comprar um monte de bugigangas, como lembranças, para encher a mochila. A sua roupa, agora que reparei, parecia uma cantora de Rock ou pop-star de consumo rápido; não condizia ao currículo que me apresentou, mas o fato de falar tão bem o Português me deixou impressionado.
Quando a apresentei a minha mãe, foi um choque. Elas se deram bem... ( Argh!!!) O mundo das mulheres, talvez, nunca o compreenda. A garota jantou conosco, adorou a feijoada, mas a espertinha sabia dos riscos de comer "pratos exóticos" e comeu com moderação. Eu a levei ao seu quarto e foi muito carinhosa comigo, deu-me até um beijo meu rosto. (Ahn?!) E foi dormir, vai entender?
No dia seguinte, acordei com os sons de aplausos na varanda do hotel e qual não é minha surpresa ver a ruiva praticando artes marciais. E uma pequena multidão, formados pelos hospedes do hotel, adorando aquela jovem atlética que parecia uma Musa dançando para o Sol que acabava de nascer. É duro admitir, mas é encantadora.
Às sete e meia da manha, a minha mãe serviu o café - da - manhã para sua nova "filhinha", frutas da estação e bolo de fubá. Eu fui ao básico café com leite e biscoitos. Não agüento o rosto da minha mãe quando encontra algo adorável. A sardenta fica toda sorridente e olha para mim como soubesse o que estou sentido ciúmes. ( Rá, rá, rá.)
Depois do café, eu a levei onde é o meu laboratório, ou oficina, como queiram. A garota ficou impressionada com a sujeira do meu espaço, mas mais ainda com o meu projeto que a apresentei.
- Rodrigo... Esferas que deslizam no ar, que legal! Creio que usa eletro - magnetismo e para comunicar com o computador? Vai usar ondas de rádio?
- Não. Vou usar corrente eletrostática ionizada puxando para o espectro azul. Assim poderei controlar as minhas esferas com os meus impulsos nervosos, a resposta de reação será de centésimos de segundo após o comando cerebral.
- Incrível! Esferas voadoras controladas pelo poder da mente! Caramba! Imagine o que poderá ser feito com essas maravilhas.
- Muitas coisas. Desde resgate de pessoas soterradas até espionagem. Basta uma mente e um propósito que serão usadas segundo a sua imaginação. Às vezes, dá medo de cria-las.
A ruiva dá um sorriso lindo e diz:
- Você está sendo pago para cria-las, sabe disso. Estou sendo paga para ajuda-lo, sabe também disso. Então, por que o medo?
- O poder. Imagine o exercito que possuir esta "arma", pequenas bolas de canhão controladas pelo poder da mente voando a uma velocidade próxima a do som. Todas feitas de titânio, atingindo um corpo humano e bastando desejar aonde atingir.
- E... Você é muito parecido comigo. Tem medo de usar mal os seus conhecimentos. - diz a ruiva colocando a sua mão em meu ombro. Sabia que tem uma coisa que minha irmã costuma dizer uma coisa a esse respeito. Quando entro nessa crise paranóica, ela diz o seguinte: "Sabe qual é a diferença entre o conhecimento, a inteligência e a sabedoria?" Eu sabia sim o que significava, mas fingia que não sabia para que a minha irmã possa dar a sua hilária resposta. Então, respondia: "O conhecimento permite saber o que é a bomba, a inteligência permite faze-la e sabedoria quando usa-la.".
Engraçado, como precisamos escutar o óbvio para perceber o quanto somos humanos. É lógico que ri. Como rimos, diante algo perturbador e não queremos demostrar que aquilo nos atinge, mas toca no fundo de nossa alma.
Refeito do curto acesso de riso, convidei a minha assistente ao trabalho em si. Todos os dias começaram o processo de limpeza do laboratório. Ideia dela é claro. Depois, mostro os instrumentos que ela vai operar, pois, apesar de ser a minha "babá", existem coisas que eu não posso fazer sozinho. Construir robôs seria fácil, mas certos problemas não podem resolvidos somente pela lógica. O improviso, nessas horas, é fundamental. Com o tempo, começo a perceber que aquela loira tinha razão, afinal, a menina é genial e tem uma capacidade de aprender e assimilar idéias novas fora do comum.
As semanas passam, as experiências foram difíceis e de poucos resultados. Uma busca para uma redução dos processadores nas esferas me consumiu muito. Colocar um sistema de vôo eletro - magnético ligado a computadores é inviável, pois o sistema de memória é vulnerável a esse tipo de onda. Tive que criar um novo processo de capacitação de armazenamento de informação à esfera. Aí a minha assistente descobriu a foto - química uma das suas experiências, mas é perfeito. O cérebro humano é constituído de um sistema parecido e muito mais avançado, porém a ideia aperfeiçoou o conceito inicial das esferas e tornou viável a sua existência.
Por causa da fantástica solução da Olga, tive que convidar a ruiva para um passeio, um piquenique, no alto da serra. Muito comum aqui em Petropólis. Tive o prazer de ver a menina carregando a "cestinha" e eu com a minha mochila com os acessórios. Mais ainda, vê-la ofegando subindo a serra a pé e com o direito de língua para fora. (Foi à glória.)
- O que foi rainha das artes marciais? Cansou?
A ruiva respondeu com desdém:
- Seu ciúme, vai acabar te prejudicando, Rodrigo. Lembre que estou levando a cesta com a comida e se eu escorregar tenha certeza que você vai muito mais trabalho que imagina, querido.
- Claro! Mas depois de umas duas horas de riso interrupto.
- Sabe... A tua loira me telefonou. Perguntou se você está me tratando bem. Sabe que respondi?
Calei-me.
- Disse que estamos nos dando muito bem. Tão bem que todos aqui no hotel pensam que somos namorados...
- Só se for seus sonhos, garota! - disse irritado.
- Será que sou tão feia? - diz ela alisando os cabelos.
- Horrorosa! - menti.
- Puxa! Estou magoada... Quer dizer que você gosta de mulheres mais velhas?
- Gosto de mulheres. - disse olhando nos olhos. Não de meninas!
A ruiva não respondeu, mas um pequeno sorriso surge em seus lábios. E continuou a sua escalada.
O local escolhido foi uma pequena visão do paraíso. O cenário típico para uma história de amor, daqueles bem melosos, porém prefiro que seja um quadro impressionista. Sinceramente, eu não sabia o nome daquela árvore as suas folhas são claras e rosadas. Olga escolheu ficar na sombra acolhedora da bucólica árvore.
- Uma Aroeira Negra... Eu só tinha visto uma híbrida dessa em exposições e não ao ar livre. Sabia que ela foi criada para matar um percevejo que é uma praga que matava o botão da Túlipa. O adulto botava os ovos no botão e em seguida as larvas comiam toda a flor. A árvore faz que o percevejo sugue a sua seiva e em seguida o inseto morre. Doce veneno... Acontece que se tornou uma armadilha aos pássaros que comem os insetos que se alimentam de sua seiva. Todos que morrem a árvore alimenta-se dos dejetos decompostos.
- Obrigado pela aula de botânica.
- Esta árvore lembra muito aquela mulher, a sua loira. - diz tocando no galho. Atraente, linda e feminina, mas muito perigosa.
- Mulheres... Depois eu que sou o ciumento.
- Uma mulher sabe muito mais da outra que vocês homens imaginam. Vocês só enxergam a mascara e nós além dela.
- Se você sabia que ela é perigosa, por que veio com ela?
- O poder dela é muito maior que o meu. Sinto isso em todos os meus poros. Mesmo que não quisesse, eu viria a este país. Basta uma ordem dela.
- Que história é essa? Você livre para fazer o que quiser...
- Homens... Como são ingênuos. - e balança a cabeça. Aquela mulher é realmente o que diz ser e não está mentindo. Para nossa desgraça somos suas peças, tudo por causa de nossa maldita vaidade.
- Por que vaidade? Somos o que somos. O que há de errado nisso?
- Somos poucos é verdade, mas somos capazes de mudar o mundo e talvez o Universo com nossas idéias. Mulheres como ela nos usam para o seu conforto e ostentação.
- Acho que temos alguém com imaginação fértil... - digo em tom ironia. Será que alguém não me disse que deveríamos fazer o que quisermos se assim não fosse nós nem existíamos?
Ela não respondeu de imediato, ficou arrumando o local do piquenique e estendendo a toalha. Também não quis forçar a conversa, afinal, notei que ela quer me dizer alguma coisa nas entrelinhas. Algo que não tinha percebido. Depois de tudo arrumado, nós começamos a nos servir. A ruiva me deu um copo de chá gelado que aceitei com satisfação. Depois de minutos de silêncio, Olga olha à paisagem e diz:
- Seu país é muito bonito... Se pudesse, ficaria aqui para sempre.
- Com o seu salário, você pode fazer o que quiser.
- Sozinha? Nunca! Só ficaria aqui se fosse casada.
- Como é a sua família lá na Finlândia?
- Mãe, pai e irmã. O meu pai é dono de navio pesqueiro e minha mãe é ilustradora de livro infantil. Eu e minha irmã somos gêmeas. - e sorri. Temos uma casa enorme e aquecida. No inverno, ficamos jogando e criando histórias na Internet. Pelo menos, eu e minha irmã. Já a minha mãe faz os seus desenhos e meu pai fica construindo seus navios dentro de garrafas. No verão, o meu pai vai pescar e minha mãe e a gente viajamos pela Europa. É legal.
- Como a loira descobriu você?
A ruiva tira o leve sorriso de seu rosto.
- Numa olimpíada de conhecimentos. Representei a Finlândia e ganhei a medalha de ouro e quebrei o recorde de pontos da competição. Gabriela me enviou um e-mail convidando para trabalhar em sua firma e aceitei. Era um bom salário e era uma forma de desenvolver a minha mente.
- A sua irmã é tão genial quando você?
- Acho que sim, mas não demonstra. Talvez por timidez, ou por sabedoria... O fato é que ela é muito mais mística do que eu. Gosta de Magia e dessas coisas. A Matemática nos agrada, mas por motivos diferentes. Acho que quer desenvolver uma espécie de Matemática mágica, sei lá...
- Gosto de Magia. - digo à ruiva. Sabia que Giordiano Bruno é o meu filósofo favorito?
- A minha irmã idolatra ele e Carlos Castaneda.
- Caramba! Ela joga pesado! E Carl Gustav Jung?
- Ela é formada em psicologia Jungiana. Às vezes ela diz que é maga. Pode?
- Uma vez, tentei fazer Magia, mas não deu certo. Acho que sou muito racional...
- A Magia funciona melhor nas mulheres. É o diz Orgad.
- Quem?
- A minha irmã, Orgad Gosdevantirmir.
- Esqueci que seus nomes são horríveis!
- Ah, é! Acha que dizer o seu é fácil? Para dizer à minha mãe o seu nome foi um sacrifício!
Começamos a rir e confessei os meus sentimentos:
- Eu menti Olga. Acho você linda...
Os seus grandes olhos verdes brilham.
- Ora, admitiu que sou linda? Hunf! - desdenha. E aquela Deusa loira?
- Errei de Deusa... - e aproximei dela. Descobri que gosto de nórdicas ruivas e sardentas.
- Galanteador. - vira o rosto de lado em direção oposta do meu. Aposto que quer me seduzir. Vai ser difícil! Sou uma garota direita!
Pego o seu queixo com os meus dedos e forço o seu rosto a encontrar o meu.
- Eu nunca pensei que você seria fácil. - disse olhando nos seus olhos.
- Seus óculos precisam ser lavados! - diz ela tentando cortar o clima.
- Está com medo? - perguntei.
- Estive... Agora não mais... - e nos beijamos.
Sobre a árvore rosada, nós nos entregamos a paixão sobre a mais bela visão do paraíso.
Fim do capitulo dois.
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