"Jornal local de Crescent City , cinco e quarenta da tarde."

- O que você faz aqui?

- Oi pra você também senhor Joe!

- Eu te fiz uma pergunta!

- A polícia suspendeu a atuação da imprensa na cena do crime, e, há uma forte tempestade se aproximando. - Disse Lisa em tom de estresse.

- E onde está Cassandra?

- A Cassy? Ela teve que ir para casa, começou a passar mal, garotas, sabe como é não é?

- Não, não sei. Só sei que eu quero ela aqui amanhã às sete em ponto estando com diarreia ou não!

- Claro! Vou dar o recado a ela, pode deixar!

Arredores de Redwood, oito horas da noite.

- O que foi aquilo que aconteceu lá? Quem é você? O seu amigo ficou pra trás, ele vai ficar bem? - Pergunta Cassy desesperadamente.

- Fica calma! Primeiro, você quase foi devorada por um lobisomem, segundo, eu sou o cara que te salvou de virar comida e terceiro, não se preocupe com o Sebastian, ele sabe se cuidar. - Respondeu calmamente o jovem rapaz.

- Como assim um lobisomem!? Que tipo de brincadeira é essa? Seu amigo pode já estar morto e você ainda consegue ficar calmo!?

- Gritar não vai resolver em nada, e não se preocupe, Sebastian não vai morrer, logo logo ele vai estar aqui.

- A propósito, que lugar é esse que você me trouxe? A delegacia é do outro lado da cidade. E quem é você?

- Você não se cansa de fazer tantas perguntas?

- Não, pelo menos até você responde-las.

- Está bem, vai ser assim, eu respondo, você cala a boca e fim da história! Feito?

- Está bem.

- Nós estamos no Motel 6 nos arredores da floresta, e não, não podemos ir à polícia, vão achar que você é louca. Quanto a mim, me chamo Bryan.

- Você me trouxe pra um motel!?

- Era pra você calar a boca lembra?

- Dane-se o combinado! Você me trouxe pra um motel e eu mal te conheço!

- Esqueceu que fui eu quem salvou sua vida?

- Não, não esqueci, mas não vá pensando que vou te recompensar o satisfazendo!

- O quê? Acho que me enganei, a polícia não vai te achar louca, você é louca!

- Não sou louca!

- E eu não quero transar com você!

- Ah não?

- É claro que não! Só te trouxe aqui a pedido do Sebastian!

Cassy senta na cama e põe as mãos em seu rosto na tentativa de se esconder por vergonha.

- O que foi agora? Está com dor no estômago? - Pergunta Bryan

Cassy nada respondeu, apenas balançou a cabeça em sinal de negação.
Bryan logo percebeu que ela estava daquele jeito por conta do que ele disse e logo vai ao encontro da garota, se ajoelha em sua frente, retira as suas mãos do rosto e diz:

- Olha, talvez eu tenha me expressado mal, não é que eu não queira transar com você, o que eu quis dizer é que não te trouxe aqui pra isso, entende?
Cassy permanece calada, entretanto ela o encara e em seguida apenas sorri como quem estivesse dizendo "está tudo bem. "
Todo aquele silêncio logo é quebrado quando alguém bate na porta. Cassy, assustada levanta da cama repentinamente.

- Será que aquela coisa nos seguiu até aqui!?

Bryan pede a Cassy que fique quieta mesmo ela não obedecendo as suas ordens.
- Sebastian? É você? - Perguntou Bryan.

- É claro que sou eu! Abre logo essa droga de porta antes que algum humano apareça e eu acabe perdendo o controle!

- Perdendo o controle? Não é algo que o Sebastian diria!

- Tem razão, não é algo que eu diria, a não ser que estivesse perdendo sangue como agora! Abre a porta Bryan!

O jovem logo acata e abre a porta, Sebastian entra o mais rápido que pode para que Bryan feche-a depressa.

- Ai meu Deus, o que fizeram com você!? - indagou Cassy pasma com aquela cena.

E de fato era algo perturbador. Sebastian estava com suas roupas rasgasdas, sangue por todo o corpo e várias feridas abertas nas regiões do pescoço, costas e peito.

- Parece que dessa vez eles estavam com bastante raiva. - Disse Bryan ajudando o amigo a se sentar.

- Com toda certeza, o pior é que não consigo entender o motivo dessa retaliação, nós cumprimos com a nossa parte do acordo, vampiros ficam longe da floresta e os lobisomens longe dos nossos domínios! O que será que aconteceu? - Perguntava Sebastian a si mesmo em voz alta.

- Eu ouvi bem? Vocês são... Vampiros!? - Perguntou Cassy boquiaberta.

- É ela? - Pergunta Sebastian.

- Impossível não ser, só havia ela de humana lá. - Respondeu Bryan.

- Olá!? Eu fiz uma pergunta! - Esbraveja Cassy.

- Ela não cala a boca? - indaga Sebastian.

- Eu me fiz a mesma pergunta! - Acrescentou Bryan.

Cassy parou de falar por um instante e começou a analisar a situação em que se encontrava e quando se deu conta correu imediatamente para a porta mas, não obteve sucesso pois, numa velocidade sobre-humana Bryan corre até a porta e impede a sua saída.
- Onde pensa que vai garota?

- O meu nome é Cassy, agora me deixa sair!

- Mas o que há com você ? Nós acabamos de salvar sua vida! - Diz Sebastian.

Cassy se espanta ao olhar para Sebastian, o homem que a pouco tempo estava a sangrar tinha agora apenas as suas roupas sujas de sangue.

- Você não está sangrando? Como você pode não estar sangrando!? - Pergunta Cassy.

- Não contou a ela Bryan? - Perguntou Sebastian.

- Você é melhor do que eu nessas coisas, fora que desde que chegamos essa foi a única vez em que ela calou a boca. - Responde Bryan encostando-se na porta.

- Que se dane que contou ou deixou de contar! Agradeço por terem me salvado, mas agora eu quero muito ir embora. - Esbraveja Cassy.

- Sinto muito mas você não pode ir, além do que nós temos que manter você aqui até ele chegar. - Disse Bryan.

- Ele? Ele quem? - Perguntou Cassy.

- Uma coisa de cada vez garota. Primeiro você queria saber porquê parei de sangrar, bem, eu não estou mais sangrando graças a minha habilidade de cura rápida.

- Cura rápida? Vai me dizer agora que vocês são bruxos também?

- Bruxos? Que ofensa garota! Somos vampiros! Não nos misturamos com esse tipo de gente!

- Não exagere Bryan, de fato, somos vampiros, e quanto aos bruxos, não temos contato, pelo menos não com a maioria. - Disse Sebastian.

- Por quê você acha que eu quero ir embora? - Indaga Cassy.

Os rapazes ficam sérios de repente e passam a encarar um ao outro até que começam a rir.

- Qual é a graça? - Pergunta Cassy com tom de raiva.

- A graça Cassy é que você está com medo de nós e acha que vamos chupar o seu sangue! - Disse Sebastian ainda rindo.

- E isso é razão para rir? A minha vida estar por um fio é uma piada pra vocês?

- Não quero te assustar Cassy mas, nós já comemos. - Disse Bryan voltando a rir.

Cassy aproveita o momento de distração e empurra Bryan da porta e logo em seguida sai pela mesma. Sebastian não perde tempo e também com a sua velocidade incomum de vampiro corre parando bem diante da jovem.

- Tem certeza de que quer fazer isso Cassy?

- O que há com vocês? O que querem comigo? Já agradeci por terem me salvado o que mais querem de mim?

- Que você apenas espere, há alguém que quer vê-la. - Disse Sebastian.

- E se eu não estiver afim?

- Teremos que te obrigar. - Disse Sebastian acenando com a cabeça para Bryan.

- O quê? Agora que eu não vou mesmo!

Cassy mal havia notado que Bryan chegara por trás, e quando se deu conta era tarde demais. O jovem vampiro a agarrou e fez com que a mesma inalasse algo que ele colocara em um lenço.

- E agora, o que fazemos? - Indaga Bryan.

- Leve-a para dentro e amarre os braços e as pernas, e não esqueça a mordaça. - Disse Sebastian.

- Desde quando somos sequestradores profissionais? - Perguntou Bryan ironicamente.

- Isso não é hora para brincadeiras Bryan! Concentre-se na missão!

- Por que tivemos de pegá-la, a culpa não é nossa se ela estava no lugar errado e na hora errada! - Disse Bryan.

- Você também estava no lugar errado e na hora errada há cinquenta anos atrás quando o transformaram num vampiro.
Bryan se cala por um instante e em seguida encara Sebastian como quem fosse dizer mais algo, mas, tendo visto que ele estava coberto de razão optou por não retrucar.

- Se precisar estarei lá dentro, amarrando um certo alguém. - Disse Bryan carregando Cassy em seus braços.

- Está bem, vou ligar para ele e logo vou entrar.

- Tudo bem.

- Bryan!

- Sim Sebastian?

- Me desculpe, sei que relembrar do seu passado o incomoda, não tive essa intenção.

- Não precisa se desculpar, no final das contas você estava certo, e se não fosse pela sua ajuda eu ainda estaria preso ao meu passado, e sempre serei grato a você. - Disse Bryan virando-se e entrando no quarto.

Sebastian espera o amigo sair de cena, e, após Bryan fechar a porta ele logo inicia a ligação.

- "Alô?"

- Alô? Era pra você estar aqui a uma meia hora!

- "Eu estou chegando Sebas!"

- Apresse-se agora a pouco ela tentou fugir e tivemos que sedá-la, e por favor, pare de me chamar de Sebas, isso soa meio estranho. - Disse Sebastian.

Sebastian desligou o telefone e seguiu em direção ao quarto, ao entrar ele avista Cassy já acordada, amarrada e amordaçada, debatendo-se entre os travesseiros. Bryan por sua vez estava sentado numa poltrona ao lado com suas pernas sobre a cama.

- Uma coisa eu digo, ela é forte. - Disse Bryan passando a mão em seu rosto.

- Ela te bateu? - Pergunta Sebastian.

- Quando eu estava amarrando as pernas o efeito do sonífero passou e ela quando despertou ficou assustada e me deu um chute na cara.

- Já reparou que de nós dois as mulheres sempre batem em você? - Indaga Sebastian.

- Talvez seja por que as mulheres prefiram mais a mim que você! - Disse Bryan rindo um pouco.

- Claro! Ao contrário de você meu caro amigo eu não me deito com a primeira que vier. - Disse Sebastian dando uns tapinhas nas costas de Bryan.

Enquanto isso, Cassy se debatia e tantava falar mesmo com a mordaça na boca.

- Se está vendo que não consegue falar nada porque não fica quieta? - Perguntou Bryan.

Sebastian se aproxima de Cassy e retira a mordaça, mas logo em seguida põe sua mão na boca dela.

- Presta bastante atenção, eu vou tirar a mão bem devagar de você mas se você gritar eu vou por a mordaça novamente, entendeu?

Cassy balança a cabeça em sinal de aceitação e aos poucos Sebastian vai retirando sua mão.

- Peço que nos desculpe por estarmos agindo assim contigo, acontece que você estava no lugar errado e na hora errada, por isso chamamos um conhecido para dar um jeito nisso, mas não se preocupe, você não vai morrer, se é o que está pensando. - Disse Sebastian.

- O que você quer dizer com "dar um jeito nisso"? - Pergunta Cassy completamente nervosa.

- Como essa é a primeira e última vez que nos veremos acho que posso te contar. - Disse Sebastian levantando-se da cama.

- Primeira e última? - Indaga Cassy.

- Exato! Primeira e última! - Exclama Bryan.

- Não estou entendendo. O que foi que eu fiz? - Indaga Cassy com os olhos cheios de lágrima.

- Oh não! Por favor não chore Cassandra. Eu já disse, você não vai morrer. - Diz Sebastian tentando acalmá-la.

Sebastian retira de seu bolso um lenço e enxuga as lágrimas do rosto de Cassy que insistia em chorar. A atenção voltada para ela era tanta que eles quase não perceberam que alguém estava batendo na porta.

- Deve ser ele! - Disse Bryan correndo para abrir a porta.

- Olá meus caros "chupadores" de sangue! - Disse o rapaz que acabara de chegar.

- Quer por favor calar a boca e entrar logo? - Ordenou Bryan.

- Quanto estresse! - Diz o rapaz entrando no quarto.

- Até que enfim Christopher! Achei que tinha esquecido do nosso combinado. - Disse Sebastian.

- Um mago nunca quebra uma promessa meu caro "Sebas". - Diz Christopher.

- Que indelicadeza a minha! Permita-me apresentá-los formalmente. Cassy, esse é Christopher Adams. E Christopher, esta é Cassy a garota da qual lhe falei no telefone. - Diz Sebastian.

- Prazer Cassy, está pronta? - Pergunta Christopher.

- Pronta? Para quê?

- Agora que ele está aqui posso te contar Cassy. Christopher é um feiticeiro e eu o chamei aqui para apagar as suas memórias sobre o ocorrido na floresta. - Disse Sebastian.

- O quê? Eu não permito! Ninguém vai entrar na minha cabeça! - Diz Cassy.

- Ninguém disse que você tem escolha garota! - Exclama Bryan.

- Vai com calma Bryan! Eu vim aqui para neutralizar a mente de uma humana e não fazê-la parar de chorar! - Disse Christopher.

- Certo. Cassy me escute, você quer voltar pra casa não quer? - Indaga Sebastian.

- Mas é claro que sim!

- Perfeito! Mas, para fazer isso você tem que colaborar, já te disse para não se preocupar pois não vamos matá-la. - Disse Sebastian.

- Você promete que só vai me fazer esquecer do que aconteceu na floresta e depois eu vou poder ir pra casa em paz? - Pergunta Cassy.

- Mas é claro que prometo! Tem a minha palavra, e, para a sua sorte, um feiticeiro nunca quebra uma promessa! - Disse Christopher.

- Então está bem, eu vou confiar em vocês.

Dito isso, Christopher retira as cordas e logo em seguida segura firme em uma das mãos da jovem.

- Agora, eu quero que pense na floresta e em tudo o que aconteceu e que você viu. - Ordena Christopher.

Os vampiros dão alguns passos para trás e logo após Christopher inicia o feitiço. Mas, ao por sua mão sobre a testa de Cassy, algo faz com que ele a retire imediatamente e se afaste da garota.

- O que foi que houve Chris? - Perguntou Sebastian amparando o feiticeiro.

- O feitiço não vai funcionar, mesmo que eu insista, não vai.

- E porque diz isso? - Indaga Bryan.

- Por alguma razão bastante óbvia o feitiço falha ao entrar em contato com ela! - Exclama Christopher.

- O que você quer dizer com isso Christopher? - Perguntou Sebastian.

- Eu não consegui fazer o feitiço por que tem magia dentro dela!