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Capítulo 5: O Ladrão de RPG

— Posso saber o que vocês estão fazendo aqui embaixo? Já para a aula. — repreendeu o professor Mauro curvando-se para não bater a cabeça no teto debaixo da escada.

Sem nem sequer deixar as crianças pegarem o jogo do chão, o professor parrudo ordenou que todos saíssem de lá debaixo. Eric, Sofia e Júlia voltaram para a aula de Educação Física, mas só para vê-la acabar. Faltavam quinze minutos para o sinal da saída bater.

Cauã, que nem teve tempo para pegar a vassoura de Dona Odete, dirigiu-se para o corredor principal. Ele dava acesso às escadas para o andar superior onde ficava sua sala de aula. Ao subir alguns degraus, olhou para o relógio digital redondo que ficava na parede em frente à escada e leu "17h45". Conforme subia os degraus, foi-se lembrando do que havia acontecido há pouco na sala de aula e como a Dona Conceição deveria estar ainda brava com ele. Ou de como ele seria zoado pelos amigos pelo resto da vida por ter vomitado nos pés da professora.

No meio do caminho, Cauã decidiu mudar de ideia e espreitando pelos corredores voltou para debaixo da escada que dava para as quadras. Sem pensar muito, o menino recolheu as peças do jogo e seguiu com a caixa para a sala de aula. Deu passos sorrateiros para não ser visto por ninguém, muito menos pela inspetora de alunos ou pela servente da escola.

Ao ver que a barra estava livre, ele acelerou os passos nos primeiros degraus da escada e assim que foi virar no piso superior deu de cara com quem menos esperava: Luquinha.

— Oras, quem apareceu. Cauã Travesso! Aí está você! — o garoto loiro de franja soltou com um ar soberbo. — O Professor Mauro demorou muito para encontrá-los? Minhas coordenadas foram tão precisas!

— Então, foi você que nos dedurou, seu...

— Dona Conceição pediu pra eu te chamar de volta. A aula de leitura está sendo na biblioteca agora. — disse Luquinha se sentindo um cão pastor trazendo a ovelha desgarrada de volta para o rebanho. — E aliás que jogo era aquele que vocês estavam... Que jogo é esse? — Luquinha indagou enquanto Cauã tentava esconder a caixa atrás de si.

— Não te interessa! — Cauã encarou Luquinha indo em sua direção.

Os dois tinham o mesmo tipo físico mirrado e sem a professora e os outros alunos ao redor, Luquinha não tinha ninguém para defendê-lo ali sozinho com Cauã no corredor. No entanto, o menino negro sempre tinha que se lembrar que bater em Luquinha poderia implicar a perda do emprego de sua mãe que era faxineira na casa 66.

— Eu te odeio! — Cauã disse exaltado encarando Luquinha. — Eu gostaria que você se tornasse uma aberração e todo mundo te zombasse.

Os dois trocaram olhares várias vezes pelo caminho e em todas houve faíscas. Quando pararam em frente a uma porta onde se lia "Biblioteca! Faça silêncio!", Cauã quis entrar primeiro. Quando ele deu o primeiro passo, tentando alcançar a maçaneta da porta, Luquinha colocou o pé no caminho. Cauã tropeçou caindo para frente. Ele não conseguiu manter o equilíbrio, pois segurava a caixa do jogo com uma das mãos, e acabou batendo a boca na porta da biblioteca, que se abriu. PAFT!

— Cauã Travassos? — soltou Dona Conceição levantando-se atônita ao ver Cauã estendido ali no chão.

As demais crianças, que estavam sentadas no chão com o livro de leitura nas mãos, ficaram surpresas e logo riram da situação.

— Cuidado, menino travesso! Você tem que olhar por onde anda! — entrou Luquinha logo atrás com cara de inocente pulando sobre Cauã e pegando a caixa de jogos. — Fabulosos. — ele leu na tampa em voz baixa e foi logo abrindo a caixa onde viu o pergaminho que tinha um brasão com uma auréola e que era dividido em quatro partes e com quatro asas.

Dona Lígia, a bibliotecária, ajeitou seu cabelo curto e arrumou a gola branca de sua camisa que fazia contraste com seu tom de pele negro. Nos seus trinta anos de idade, era a primeira vez que ela presenciava tal cena. Alunos já haviam entrado ali correndo, pulando, gritando, mas era a primeira vez que via alguém abrir a porta com a própria cara. Ofegante, ela pôs a mão no peito indicando que havia se assustado com a queda do menino. Tamanho havia sido o susto que ela deixou cair no chão um dos livros que estava lendo durante a aula de leitura de Dona Conceição. O Ainda que Eu Lesse A Língua dos Anjos de Letícia Donatela havia parado perto da porta por onde Cauã acabara de entrar, ou melhor, de espatifar-se.

Ao levantar-se do chão, Cauã recolheu o livro e alguns envelopes de cartas que caíram dele. Mesmo sem querer prestar atenção, o garoto percebeu que os envelopes eram selados com cera quente vermelha com a inicial C marcada nela. Não deu para ver quem era o remetente, ele só teve tempo de prestar atenção na capa do livro onde leu Letela Donatícia e em seguida devolveu tudo para Dona Lígia que havia ido socorrê-lo.

— Você está bem, Cauã? — Dona Lígia quis saber, mesmo notando que o garoto que dizia sim com a cabeça estava bem sem graça perante a turma. — Obrigada, então. — ela sorriu pegando o livro e os envelopes da mão dele.

— De nada, Dona Lígia. — Cauã sorriu de volta para a bibliotecária que depois de passar a mão em seu ombro, voltou a sentar-se na recepção da biblioteca próxima à porta.

O sorriso de Cauã logo se fechou quando ele se aproximou de Luquinha. Cauã o encarou e arrancou bruscamente a caixa de jogo das mãos dele. Cauã ainda sentiu um gosto de sangue na boca e passou a língua pelo seu dente mole, mas ele continuava lá.

— Sentem-se logo, meninos. — soltou a Dona Conceição impaciente. — Vocês estão atrapalhando a leitura da Gabriela. C-Continue, Gabi.

Depois disso, cada um foi para um lado da roda de leitura que estava formada no chão. Um dos colegas de turma indicou para Cauã onde seus pertences estavam. Quando se sentou e colocou o jogo sobre a mochila, Cauã insistiu em tocar o dente com a língua. E enquanto a leitura da Gabi prosseguia, ele sorriu assim que ouviu dentro de sua boca o TIC do dente se soltando.

A pancada na porta havia lhe condecorado com uma janela. Seu dente havia finalmente caído! Ele então tentou tirar o dente da boca, mas Dona Conceição o fitou com aquela cara mista de sempre: meio enojada e meio brava. Assim que ela desviou o olhar, Cauã pôs o dente na mão e sentiu os lábios inchados e o gosto de sangue se alastrar pela boca. Ele tratou logo de colocar o dente no bolso da calça assim que Dona Conceição levantou-se revelando estar usando um par de chinelos.

— Que jogo é esse, Cauã? Posso saber? — após alguns passos, ela sussurrou perto de Cauã enquanto algum outro aluno continuava a leitura.

Ele olhou para os olhos esbugalhados de Dona Conceição ali curvada atrás dele e viu aquela mistura de emoções na sua cara de sapo. Não sabia se ela estava dando bronca ou curiosa a respeito do jogo. Como de costume, em sua cabeça, ele optou pela primeira opção e gaguejou ao tentar responder até que...

— Cuidado com as escadas, crianças. A gente se vê amanhã. Último dia de aula. Não se esqueçam de trazer as coisas para o acampamento. — Dona Conceição disse virando de costas para os alunos enquanto o sinal da saída ecoava pela escola.

Uma debandada de crianças passava pelos corredores. Eric e Sofia aproveitaram o alvoroço para despistarem a inspetora de alunos e voltaram para debaixo da escada. Eles queriam resgatar o jogo de RPG. No entanto, só encontraram uma peça esquecida por lá, um anjo caído no chão: o anjo de cabelo longo e barba, a miniatura que Cauã havia usado. Para a intriga dos meninos, a peça estava totalmente pálida e sem brilho algum.

— Quem será que pegou o nosso jogo? — perguntaram-se os irmãos com as mochilas nas costas.

Desolados, os dois foram até o estacionamento da escola onde haviam deixado suas bicicletas acorrentadas em uma das árvores. Os dois se apressaram ao subir em suas magrelas, pois queriam ver se encontravam Cauã pelo caminho. Ainda havia neles uma esperança de que ele soubesse com quem o jogo estava.

Um garoto de cabelo afro e mochila nas costas cruzou com um skate velho a avenida em frente a um bulevar. Depois, fazendo altas manobras, ele adentrou pequenos becos até desembocar em frente a um posto de gasolina. Deu algumas impulsionadas com o pé direito e se estabilizou sobre o skate. Adiante havia uma larga avenida que era cortada à direita por várias vielas. Seus tênis pareciam estar grudados no skate e o garoto só teve que flexionar um pouco os joelhos para descer aquela ladeira contando de rua em rua até chegar à décima sétima. Era Cauã Travassos.

Assim que adentrou a casa de número 30, ele foi logo recebido pela cadela marrom com uma mancha escura de lua no pescoço. Luna pulou sobre ele e o encheu de lambidas enquanto ele tentava desviar de todas. Aquilo lhe fazia muitas cócegas.

Em seguida, ele entrou na sala e já foi correndo para o quarto onde se desfez de seus pertences. O skate foi para um lado. A mochila foi para outro. A camiseta foi parar no lustre, e os tênis ficaram pelo caminho.

Aos cinco anos, depois de um desempenho pré-escolar bastante fraco e de uma série de exames de eletroencefalogramas e uma radiografia do crânio, veio o diagnóstico médico: hiperatividade! Tudo explicado! Agitação, impulsividade e desatenção eram com ele mesmo!

Cauã chegou à cozinha com um sorriso estampado na face apontando o dedo em direção à boca e berrando "Caiu! Caiu!" para a mãe e a avó. Neste momento Dona Ana, a velha matrona que preparava o jantar, assustou-se com o neto mais agitado que de costume e deixou cair da pia um dente de alho.

— Caiu o quê, filho? — indagou a mãe, Dona Bernadete, que escolhia feijão sobre a mesa enquanto proseava com sua mãe, Dona Ana.

— O dente! — respondeu Cauã todo afobado.

A avó sorriu e pediu para que ele o pegasse do chão. Esperando que o menino se agachasse para resgatar o tempero, elas se surpreenderam ao vê-lo retirar do bolso um dente de leite e não de alho! Na mão direita estava o motivo de tanta euforia.

— Caium! O meee-um den-te caium!!! — dizia ele com o bocão aberto.

Após se fitarem por alguns segundos, a mãe e a avó caíram na gargalhada. Cauã deu um beijo nas duas e em seguida, tratou logo de inventar uma história sobre a travessura que lhe havia condecorado com uma janela na boca e os lábios inchados.

— Hmmmm, acho que o "pai" chegou! — soltou Dona Bernadete referindo-se ao marido quando ouviu o barulho do motor do seu carro.

Seu Chocolate, o pai, havia acabado de chegar com seu fusca verde da oficina mecânica onde trabalhava. Mas ele precisou estacionar o carro na sarjeta em frente de casa. Luna, a cachorra da família, havia escapado e estava causando o maior tumulto em frente de casa, latindo para todos que se aproximassem do número 30. A cachorra estava com eles há cerca de dez anos e sempre fora assim, não gostava que ninguém se aproximasse da família.

Depois de colocar Luna e seu fusca verde na garagem, Seu Chocolate entrou em casa. Embora quisesse dar uma bronca no filho, pois sabia que Cauã era o único que se esqueceria de fechar o portão direito, Seu Chocolate achou melhor juntar-se a todos na conversa da cozinha. Ainda mais quando viu todos conversando alegremente. O assunto não poderia ser outro: o dente de Cauã.

— Vou dá-lo para a Fada do Dente hoje à noite. — soltou o menino de forma tímida.

Durante o caminho até em casa ele pensou sobre o jogo e aquele mundo fabuloso. Ele havia ficado intrigado com tudo aquilo. E mesmo sabendo que não passava de uma lenda boba, ele queria tentar e ver qual seria o resultado. Tudo parecia ser tão real, mesmo sendo um jogo de RPG. Ou por ser um jogo de RPG é que tudo parecia ser tão real? Era o que não saía de sua cabeça.

— Ué, você ficou bobo? — questionou o pai. — Você sabe muito bem que esse tipo de bobagem não existe!

— Eu ouvi uma história hoje que me fez pensar duas vezes. Bem, se tudo der certo, eu conto para vocês amanhã de manhã.

— Mas o certo mesmo é jogar o dente no telhado de casa, pois assim outro cresce bem forte no lugar. — disse a mãe meio sem graça despejando os feijões recolhidos em uma bacia.

Seu Chocolate e Dona Bernadete se entreolharam como se o filho estivesse prestes a fazer uma barbaridade. Durante toda a infância de Cauã, eles nunca incentivaram o menino a acreditar na Fada do dente. Sempre diziam que ela não existia, e o menino, quando mais novo, achava que era uma desculpa deles pelo fato de nunca terem dinheiro sobrando para pôr embaixo de seu travesseiro.

Ao perceber um leve desânimo nos olhos do neto, Dona Ana decidiu reanimá-lo contrariando assim as palavras do genro e de sua filha.

— Gente, vamos fazer como o menino quer, só desta vez! — ela deu uma piscada para Cauã. — Vamos deixá-lo colocar o dente embaixo do travesseiro na hora de dormir que a Fada do Dente fará nascer um outro dente novinho em folha no lugar do que caiu. Ah, e ouvi dizer que agora ela deixa deeeeeeeeezzzz reais para o dono do dente no dia seguinte!!!

— Dez reais, Dona Ana ??? — Seu Chocolate indagou sabendo que quem obviamente teria de bancar a Fada do Dente naquele dia seria ele.

— Ora bolas! A Fada do Dente é informada! Ela acompanha o reajuste do salário mínimo. — respondeu prontamente a sogra olhando de soslaio para o genro enquanto mexia a panela como quem dançava lambada.

Assim que saiu da cozinha, Cauã não quis ir até o quintal onde costumeiramente brincava com os seus únicos brinquedos: as plantas da avó. Em vez disso, ele entrou no banheiro com o jogo escondido dentro da toalha de banho. Ligou o chuveiro e abriu o tabuleiro do jogo sobre a tampa do vaso sanitário. Primeiro, ele conferiu as cartinhas. Uma mais bonita que a outra. Todas em 3D, inclusive a de Custódio, o seu guardião.

Antes de tirar os óculos, Cauã colocou as miniaturas sobre o tabuleiro. Contou vinte e três. Estava faltando uma. Foi aí que ele percebeu que o seu guardião havia sumido. Cauã procurou e procurou no saquinho de dados e em toda a caixa do jogo, e nada! Sentiu então um pressentimento, uma pressão forte no peito, uma angústia. Ele não sabia ao certo! E seu coração quase pulou pela boca quando ouviu três batidas na porta do banheiro.

— Filho, você ficou com o jogo que estava com o Eric e a Sofia? A Dona Márcia ligou querendo saber. — Seu Chocolate indagou.

— FIQUEI NÃO, pai. — gritou Cauã do outro lado da porta. Em seguida, ele guardou todas as peças do jogo na caixa e entrou debaixo do chuveiro correndo.

E aí o que está achando? Ainha há muito por vir. Continue acompanhando a história de "Os Fabulosos" e não se esqueça de dar estrelas, comentar e seguir a gente. Tudo isso ajuda a divulgar o nosso trabalho.

Beijos

Luiz Horácio


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