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Capítulo 17: Acampando na Biblioteca

Dona Lígia acompanhou os garotos da Rua 17 e Júlia Dias da quadra coberta até a biblioteca e depois subiu para a sala dos professores para tomar banho.

As barracas das quatro crianças estavam montadas no meio da biblioteca juntamente com o colchão onde a bibliotecária iria dormir.

Luquinha entrou em sua barraca preta que por si só acomodaria todos lá dentro, mas ele não queria dividir espaço com ninguém e preferiu se isolar um pouco. Tirou o moletom rosa e ficou apenas com o seu pijama azul para deixar suas asinhas negras se mexerem com folga.

Do lado de fora, Eric com um pijama cinza montava o jogo de RPG.

Vamos esperar a Dona Lígia voltar para jogarmos? soltou Sofia ajeitando o seu pijama verde.

Precisamos dela! O livro está agora todo em kângelus. Júlia soltou folheando o livro nas mãos de Eric. Vamos levar muito tempo para decodificá-lo. O jeito é esperar ela voltar. Eric ficou sem graça quando a menina apoiou sua cabeça no ombro dele.

Linda... digo... lindo o seu pijama. Eric soltou sem graça referindo-se ao pijama rosa de Júlia. Quando Sofia olhou para ele, Eric ruborizou.

Vamos logo colocar os dentes embaixo dos travesseiros antes que a gente se esqueça.Sofia soltou acabando com o clima entre Eric e a menina de rabo de cavalo.

A hora máxima para o tour até Aca.L.An.Tu.S é nove da noite. É melhor nos apressarmos, já são oito e meia. Luquinha disse saindo de sua barraca e apontando para o relógio de parede da biblioteca.

As crianças se apressaram para deixar tudo pronto. Luquinha e Eric colocaram embaixo de seus travesseiros os dentes que haviam perdido durante a briga no banheiro. Júlia decidiu emprestar à Sofia o seu dente de leite que ela havia tirado de seu colar. Sofia, então, escondeu o dente embaixo de seu travesseiro.

Júlia achou prudente não participar do tour. "Alguém tinha que ficar no mundo dos panquecas para avisar, caso algo desse errado! " ela disse tentando disfarçar seu medo.

Dona Lígia abriu a porta da biblioteca com um frescor no rosto e com o cabelo curto ainda úmido. Ela encontrou não apenas as barracas arrumadas, mas também o jogo de RPG pronto para ser jogado. Sentou-se na roda em volta do jogo e pegou o livro de regras com Eric.

Luquinha se uniu a todos na roda. Timidamente ele se sentou ao lado de Sofia. Ele havia colocado o moletom rosa para esconder suas asas de Dona Lígia.

Oi, crianças. E aí, vocês vão jogar? ela perguntou para as crianças que a encararam muito entusiasmadas.

— Vamos sim, Dona Lígia! — Eric apontou para o tabuleiro. — Vamos continuar a partida que começamos na segunda-feira. Só está faltando o Luquinha pegar uma cartinha de um dos guardiões. Sofia e Júlia já estão com as delas. O anjo da guarda da Sofia é aquele cabeludo ali, Duarte R. Gregório. O da Júlia é aquele outro de cabelo espetado, Edgar O. Percival. — ele disse enquanto as meninas exibiam suas cartinhas para a bibliotecária. — Eu serei o mestre, e a senhora vai me ajudar com a tradução das cartinhas e trechos da história.

Ok, crianças. Eu sou fluente em kângelus. Dona Lígia soltou vendo Luquinha pegar a primeira cartinha da pilha de guardiões.

— Pronto! — disse o menino animado virando sua cartinha para si. — É isso? Não tem nada nessa cartinha! — soltou incrédulo logo em seguida.

— Aguarde e confie. — Eric soltou com cara de deboche para Luquinha e depois fitou os demais. — Já vai aparecer!

Tempo depois, Luquinha estava pegando outra cartinha da pilha, pois aquela parecia "não estar funcionando", como enfatizou Sofia. No entanto, algo muito estranho estava acontecendo, pois em nenhuma das dez cartinhas que o menino loiro desvirou apareceu um guardião.

— Ah, quer saber! Esqueça as cartinhas. Pegue logo uma ficha e a preencha com o seu nome. — soltou Eric impaciente ao entregar as folhas de sulfite para Luquinha.

Entre as fichas de personagens ele encontrou uma que já estava preenchida. Ele leu em voz alta "Jogador: Cauã Travassos, Guardião: Custódio N. dos Santos, Ordem: Asa Negra..."

Custódio o quê? indagou Dona Lígia interrompendo Luquinha.

Custódio dos Santos. Luquinha repetiu perdendo a folha para a bibliotecária que a puxou de sua mão.

D. Lígia ficou por um tempo quieta lendo a ficha do personagem como se estivesse no mundo da lua. Parecia haver algo de errado com ela.

Esse guardião era do Cauã. Sofia a informou. Ele havia escolhido Custódio na partida passada, Dona Lígia. Dona Lígia?

AAAAAAAh, entendi, meninos. ela finalmente respondeu voltando a este mundo com um sorriso sem graça. Acho que estou começando a entender como esse jogo de RPG funciona.

Luquinha começou a escrever o seu nome na folha, mas antes de concluir a letra U a ponta de seu lápis quebrou. E o mesmo ocorreu com todos os outros quatro lápis que Dona Lígia lhe emprestou na sequência. Por fim, ela emprestou para Luquinha dezenas de canetas, mas parecia que todas estavam entupidas ou falhando.

— Não consigo preencher a ficha. — Luquinha bufou.

Deixa pra lá, Luquinha. Eric disse de forma enfática. Vamos começar logo esse jogo. Sem a ficha do seu personagem, mesmo! Coloque logo qualquer miniatura no tabuleiro.

A miniatura do guardião escolhido por Luquinha ficou posicionada no tabuleiro por pouco tempo. Logo ela tombou.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH. Dona Lígia berrou assustando todos.

Ela estava atônita, quase não conseguindo falar. O sangue de Luquinha gelou, pois ele imaginou que suas asas pudessem ter se mexido e Dona Lígia tivesse percebido. Mas não era aquilo, não. Parecia que o fato de a miniatura não conseguir ficar em pé sobre o tabuleiro tinha realmente perturbado Dona Lígia. Ela apontava o dedo em direção à miniatura como quem tivesse visto um fantasma ou algo pior.

Júlia levantou-se assim que percebeu, que na verdade, a reação da bibliotecária não se devia à miniatura, mas sim a uma "repugnante" barata que havia aparecido na parede na direção em que Dona Lígia apontava.

A bibliotecária levantou-se em câmera lenta e pediu para que todos ficassem quietos e não se mexessem. "Vou buscar uma vassoura, crianças. N-Não se mexam". Júlia ficou de pé feito uma estátua esperando a bibliotecária voltar. Eric levantou-se fazendo que iria proteger a menina a todo custo. Luquinha virou os olhos não acreditando que todo aquele furdunço era por causa de uma simples barata. Sofia foi a única que continuou focada no jogo quando D. Lígia saiu.

Coloque a miniatura de novo no tabuleiro, Luquinha. Sofia exigiu.

Toda vez que Luquinha ajeitava seu guardião sobre o tabuleiro, ele tombava.

Gente, algo estranho está acontecendo aqui. pontuou EricParece-me que esse guardião não quer ser usado por Luquinha de maneira alguma. Tente outro, Luquinha.

O garoto loiro seguiu o conselho, mas não funcionou. Nenhuma das vinte e uma miniaturas posicionadas por Luquinha ficou de pé no tabuleiro. Foi aí que Eric se lembrou de que a miniatura de Custódio, esquecida debaixo da escada, estava em sua bolsa.

— Tente esta! — Eric deu a miniatura para Luquinha.

Por um instante ela ficou estável no tabuleiro juntamente com as miniaturas que pertenciam à Júlia e Sofia, mas não por muito tempo.

— Acho que não conseguiremos sem o Cauã! — terminou Eric que consolava Júlia que ainda tremia de medo da barata ali na cortina. Ela rezava para que o inseto não voasse.

— Aqui, crianças. — Dona Lígia adentrou a biblioteca com uma vassoura na mão tremendo mais que vara verde.

Sofia pegou a vassoura e foi em direção à cortina. Ela mirou a vassoura no inseto e com um movimento certeiro, o atingiu. Dona Lígia e Júlia respiraram aliviadas. Eric não gostou muito, pois Júlia se distanciou dele, já que sua proteção não era mais necessária.

Todos voltaram à roda a fim de continuar o RPG, mas Eric explicou sua tese sobre a ausência de Cauã não permitir que um novo jogador entrasse no jogo. Dona Lígia, então, decidiu procurar se havia alguma informação a respeito disso. Na página cento e setenta e sete ela encontrou no ANEXO I uma sessão sobre dúvidas frequentes.

"Uma vez iniciada, a partida deve ser terminada, senão um novo jogador não pode entrar".

"Quem escolhe a guarda (o jogador) é o guardião e não o contrário".

"A carta IDEM, aquela que permite que algo que ocorreu anteriormente ocorra novamente, só pode ser usada duas vezes".

"Para evocar a sua E.I com mais domínio, o jogador deve repetir várias vezes sem errar a frase "Um ninho de mafagafos está cheio de mafagafinhos. Quem desmafagafar o ninho de mafagafos. Bom desmafagafador será".

Dona Lígia teve dificuldades para ler aquilo que parecia mais um trava-línguas. As crianças se entreolharam e depois olharam para Luquinha. Eram exatamente aquelas palavras que o menino loiro havia recitado no banheiro e liberado a sua E.I.

A bibliotecária continuou a leitura com muita empolgação e nem sequer percebeu quando as crianças se entreolharam vendo no relógio de parede que já eram quase nove horas da noite.

— COF, COF, COF. Acho que vou deitar. Estou super cansada. soltou Sofia sugerindo que todos fizessem o mesmo. Boa noite, pessoal.

A leitura acabou ficando por ali mesmo e todos foram para seus colchões. Depois que Dona Lígia apagou as luzes da biblioteca, a única iluminação remanescente era a que vinha dos postes da rua e que entrava suavemente pelas cortinas da biblioteca. Não havia muita luz, somente o suficiente para que as crianças pudessem ver onde as barracas estavam.

Dona Lígia estava deitada no colchão entre as barracas. Sofia e Eric estavam na mesma barraca cuja entrada deixaram aberta. Julia ficou em sua barraca rosa toda fechada com medo de que outra barata pudesse aparecer. Luquinha tentava adormecer em sua enorme barraca, mas não sabia como. Não conseguia achar uma posição confortável para dormir com aquelas asas. A melhor que conseguiu foi de bruços, mas aí suas asas não paravam de se mexer.

Depois de tentar por algumas horas, o menino desistiu e saiu da barraca. Encontrou todos os outros dormindo. Forçou a vista para ver que horas eram, mas não conseguiu. Ao passar pela barraca de Eric e Sofia, ele pôde ver os ponteiros fluorescentes do relógio do garoto moreno que dormia com o braço para fora. Eles indicavam onze e quarenta da noite. "O que será que aconteceu? Por que a fada do dente não veio buscar a gente hoje?".

Ele voltou para a barraca e confirmou que o seu dente de leite ainda estava debaixo do travesseiro. A Fada do Dente não havia aparecido mesmo e já se passava e muito do horário de partida da Canoa Amarela. Algo estava muito estranho.

Luquinha tentou não fazer barulho algum, mas suas asas estavam mais agitadas do que nunca. E o atrito que elas faziam com o tecido de sua camiseta estava começando a incomodá-lo. Para não acordar os demais, ele foi para trás das cortinas e lá retirou o moletom rosa e a camiseta do pijama.

Através da cortina era possível vê-lo de frente para a janela. Era a silhueta de um menino franzino com pequenas asas de anjos que se abriram em sua envergadura máxima. Luquinha sentiu um empoderamento com elas em suas costas, mas ao mesmo tempo se sentiu como uma aberração. Na sua cabeça, ele tinha a certeza de que era efetivamente um fabuloso. Desde que recordou de boa parte do que havia ocorrido com ele em Aca.L.An.Tu.S, as palavras de seu pai começaram a fazer sentido: ele iria estudar em uma escola para meninos fabulosos.

Naquele momento, Luquinha se lembrou de Tomás Miller, o aluno encrenqueiro que quase brigou com o monitor Ícaro, e de como ele havia camuflado suas asas. Curiosamente ele usara a mesma frase que Luquinha tinha usado para evocar as dele. "Era isso, a frase do mafagafo era usada para evocar e, também, camuflar as asas".

— U-Um ninho de mafagafos está cheio de mafagafinhos. Quem desmafagafar o ninho de mafagafos. Bom desmafagafador será. – Luquinha repetiu sem parar. Na terceira vez ele não errou nenhuma palavra e suas asas se dissolveram. No entanto, elas ganharam a forma de uma serpente alada brilhante que se pôs a passear pela biblioteca.

A E.I só voltou a se chocar com o menino depois de ter passado por algumas prateleiras da biblioteca. Luquinha sentiu o impacto das asas de volta às suas costas e desejou fortemente que a luz emitida por sua E.I não tivesse acordado ninguém. E pelo visto não tinha mesmo, pois não ouviu nada.

Na sua mente ele só vislumbrava um futuro fabuloso como aluno de Aca.L.An.Tu.S. Ficou se imaginando nas aulas dos Mestres Maria Posa, Foberto Ícelos e João Pestana. E se pegou rindo quando se viu jogando queda-livre e ganhando de Tomás Miller e seu grupo de trogloditas.

O menino loiro achou estranho que durante aquele tempo que ele ficou ali pensando sobre o seu futuro na janela, as suas asas não se mexeram por nenhum segundo. Ele quis senti-las, mas não conseguiu alcançá-las nem com o olhar e nem com as mãos. A única coisa que ele sentiu foi uma mão muito macia em suas costas.

— O que aconteceu com as suas asas, Luquinha? — Era Sofia que havia acabado de acordar e se guiado até ali pela luz que entrava na sala. A sombra da silhueta de Luquinha na cortina a fez achá-lo facilmente. — Suas asas sumiram!

— Jura? ele cochichou eufórico tentando não acordar todo mundo. — Foram embora de vez? Que bom! Não restou nenhuma penugem aí?

— Não, nada! Espere aí. — Sofia olhou com atenção para as costas dele. — Em vez das asas, está aparecendo uma tatuagem em formato de asas nas suas costas.

— Ótimo! Acho que aprendi a evocar e a camuflar as minhas asas.

— Uau! Você é um fabuloso de verdade, então, Luquinha? — Sofia juntou-se a Luquinha no parapeito da janela atrás da cortina.

— Sou sim. Na verdade, eu sempre soube que era diferente. Só não sabia o que eu era.

Sofia riu achando-o muito presunçoso.

— Você não acha que isso que aconteceu com você tem a ver com o RPG?

— É claro que não, Sofia. Meu pai sempre me disse que eu era um garoto fabuloso e agora eu entendo o porquê. Ele sempre dizia que "Um dia, iria me contar tudo! ". Talvez agora eu esteja pronto! Bem, se isso tivesse algo a ver com o jogo, todos vocês teriam asas assim como eu. Mas nenhum de vocês é tão fabuloso quanto eu!

— Você se acha, né, Luquinha. — Sofia o repudiou. — Como é mesmo aquela frase que você disse para aparecer a sua E.I lá no banheiro? Aquela que a Dona Lígia disse também? Como era mesmo? "Mafagafinho"... não sei o quê!

— Tá vendo! Não tem como você ser uma fabulosa. Nem sequer sabe a frase que evoca a E.I.

— "Um ninho de mafagafos ... — Sofia cochichou com um sorriso largo por ter lembrado a frase. — ... está cheio de mafagafinhos. Quem desma...fagafar o ninho de mafa...gafos. Bom desma...faga...fador será".

— Duvido que você consiga repetir de novo sem errar e mais rápido! — Luquinha a provocou.

— Com licença, Luquinha, que eu não vou perder mais nenhum segundo aqui com você. — Sofia fez que ia sair pela cortina ao olhar em seu relógio de pulso. — Ainda mais agora que faltam três minutos para eu fazer onze anos.

— Viu! Você não é fabulosa mesmo. — Luquinha soltou com desdém. — Vai completar onze anos e nunca sentiu nada de diferente. Não possui asas, nem nada. Você não é fabulosa mesmo, garota!

"Um ninho de mafagafos está cheio de mafagafinhos. Quem desmafagafar o ninho de mafagafos. Bom desmafagafador será". Sofia repetiu aquilo três vezes, mas nada aconteceu. Luquinha riu dela tentando abafar sua risada. A garota ruiva se enfezou e voltou para a sua barraca. "Se houver mais fabulosos como o Luquinha, não quero ser um deles, mesmo!"

Sofia encontrou o irmão roncando e deitou-se ao lado dele, querendo saber por que a Fada do Dente não viera. De lá ela ainda conseguia avistar a silhueta de Luquinha na cortina. Para desviar a sua atenção ela ficou olhando para o seu relógio e contou os segundos para o dia do seu aniversário. 11:58, e ela pensou que já poderia começar a usar sutiã assim como Júlia. 11:59, e ela imaginou que já poderia ter um quarto só para ela. Estava cansada de dividir tudo com o irmão. Meia noite, e ela sentiu um aperto forte dentro da camiseta de seu pijama. Ela ficou envergonhada achando que algo estava estranho com o seu corpo. "Será que os meus peitos já estão crescendo?" ela pensou.

No entanto, não era nada daquilo que estava ocorrendo, mas Sofia só se deu conta quando uma forte luz azulada começou a emanar de seu corpo, e não tardou muito para que dela saísse uma serpente alada que atravessou o teto de sua barraca fazendo um enorme rombo nela.

Sofia ficou perplexa deitada na barraca vendo sua E.I serpentear pela biblioteca de forma descontrolada. Cada colisão nas prateleiras eram livros e livros arremessados ao longe. Eric logo despertou e viu como a irmã estava assustada.

— Eu emanei uma E.I! — Sofia soltou com voz trêmula.

Eric saiu da barraca e quase foi atingido pela E.I da irmã que fez uma derrapagem perto dele. Dona Lígia acordou de sobressalto achando que as crianças haviam soltado fogos de artificio dentro da biblioteca. Quando ela se deu conta de que era uma serpente alada voando pela biblioteca e bagunçando todos os seus livros, ela tomou coragem de um lugar que não sabia onde e se levantou. "O que é isso?". No entanto, ela logo se escondeu debaixo do cobertor com medo de ser atingida por aquela coisa voadora descontrolada.

— Gente, o que foi? A barata voltou? É isso? gritava Júlia de dentro de sua barraca que continuava fechada. — M-Matem ela, por favor.

Luquinha, que já havia passado por aquilo, manteve a calma e observava tudo de perto das cortinas. Sua indiferença e frieza espantou até Eric que não sabia se protegia Sofia, ou ia acudir a Júlia.

— SAIA DE DENTRO DESSA BARRACA, SOFIA. — Luquinha gritou. — Aquela E.I é sua. Encare ela de frente antes que ela destrua toda a biblioteca. Não seja uma covarde!

— CALA BOCA, SEU CAPACHO. — Eric explodiu quase indo atrás de Luquinha, mas preferiu ajudar a irmã a se acalmar.

O esforço de Eric fora em vão, Sofia estava muito assustada e saiu da barraca correndo em direção à porta, fugindo de sua E.I. A garota ruiva abriu a porta e correu para o lado de fora da biblioteca, mas a E.I a perseguiu.

E em seguida, foi a vez de Dona Lígia (que queria uma explicação) e Eric saírem correndo pela porta. Eles viram Sofia entrar no banheiro feminino e a luminosa E.I. logo atrás dela.

Enquanto isso na biblioteca, Júlia tremia toda dentro de sua barraca rosa achando que todos estavam travando uma batalha hercúlea contra uma barata. Já Luquinha parecia ter trazido à tona uma outra memória do dia que passara em Aca.L.An.Tu.S.

Capacho! Era isso que me faltava lembrar. — o menino loiro disse aproximando-se do jogo. — O tabuleiro do jogo de RPG se assemelha muito a um tapete geográfico que vi lá em Aca.L.An.Tu.S. É uma espécie de capacho que é capaz de nos transportar para qualquer lugar desde que o tapete gêmeo esteja lá.

— Tapete gêmeo? — Júlia colocou a cabeça para fora de sua barraca ao ouvir aquilo. — Do que você está falando, Luquinha? Conseguiram matar a barata?

— Não há barata nenhuma. É a E.I da Sofia. Ela também conseguiu evocá-la. É uma fabulosa também, oras. Que absurdo!

Júlia se sentiu aliviada por um lado, mas o comportamento estranho de Luquinha a estava assustando. Ela quis saber aonde todos haviam ido, mas Luquinha só tinha olhos para o jogo de RPG. E ela estranhou muito quando viu que no lugar das asas dele havia apenas um par de asas negras tatuadas. Ela lhe fez dezenas de perguntas, mas ele só queria saber do RPG, ou melhor do tabuleiro que ele insistentemente chamava de tapete geográfico.

— Sim. Um tapete igual a este. Se usarmos, vamos parar onde o outro tapete igual a este está. Poderei então voltar a Aca.L.An.Tu.S.

— Como assim ir até lá com esse tapete? Voando?

— Não, menina burra! Capachoteando!!! — Luquinha disse com um tom de voz agressivo ao colocar a camiseta do pijama e guardar as peças do jogo em sua mochila. A única coisa que ele não guardara foi o tabuleiro onde pisava.

Júlia ficou com raiva de Luquinha quando ele jogou o moletom rosa de volta para a menina dizendo que não precisava mais daquilo.

Por causa de tamanha ingratidão, Júlia teve vontade de ir atrás dos outros, mas ficou. Ela notou que Luquinha sabia de algo muito importante e estava prestes a fazer algo fabuloso.

— Qual era mesmo a ordem? — Luquinha soltou. — Três vezes no lado direito e depois mais três no esquerdo.

ZUPT. Julia viu o menino loiro desaparecer com a mochila nas costas depois que ele limpou os pés no "tabuleiro", "capacho" ou "tapete"... Julia não sabia ao certo. Ela saiu correndo.

— Sete pães de batata amanteigados, por favor. Mesa quatorze. — pediu Aracne no balcão para a atendente da Farinha, Fubá, Fermento, Farofa e Feijão, a lanchonete 5F do Mercado Estelar.

O estabelecimento estava lotado de gente. Era hora do almoço e as fadas garçonetes se desdobravam para conseguir dar conta de todos os pedidos.

Cauã e Déda devoraram seus salgados em questão de minutos. E pensar que cada um deles havia pedido três. Se Machado de Assis estivesse ali, provavelmente teria devorado tudo em segundos. Era por tal motivo que Déda nunca deixava o mafagafo sair de casa. No entanto, ele sempre levava um bom tempo até achar o bichano, que se escondia de propósito ficando invisível.

Após o almoço, Aracne havia se proposto a traduzir as páginas do diário de Pete Atlas, mas antes precisou passar na Travesseiros e Travessuras por insistência de Cauã que queria muito ver os jogos que as crianças fabulosas jogavam. Ainda mais ele cuja diversão costumava ser o skate e as plantas da avó. Ah, e é claro, que Cauã queria dar uma escapadinha até a Pé de Atleta para ver os artigos esportivos que eles tinham lá.

— Olá, boa tarde. Eu gostaria de falar com o dono, o Seu Limor Eufésio. — Aracne tomou logo a frente quando os três entraram na loja de brinquedos.

Na vitrine havia dezenas de brinquedos fabulosos, além de um Papai Noel em uma charrete puxada por mafagafos.

— Ele não está, senhorita. Em que posso ajudá-los? — soltou um jovem rapaz que trabalhava lá e tinha uma estrela brilhante sobre o bolso do uniforme.

Déda e Cauã notaram que o retrato do jovem rapaz estava na parede indicando que ele era o funcionário do mês: Endro Soares. Cauã logo se dispersou e passou a andar pela loja com Déda. A cada corredor, o sebista demonstrava como se brincava com determinado brinquedo. O que Cauã mais gostou com certeza foi um conjunto de blocos que depois de unidos ganhavam vida.

— Vem aqui, young man. — Aracne começou a entrevistar o jovem atendente que estava se sentindo desconfortável com tantas perguntas. — Há quanto tempo trabalha aqui?

— Há cinco meses, senhora.

— Então você chegou a conhecer o antigo proprietário, o Seu Arneson Gygax, right?

— S-Sim. Achei uma pena Seu Arneson Gygax se aposentar e vendar a loja. Ele disse que gostaria de curtir a aposentadoria viajando pelos picos fabulosos do mundo. Sinto muito a falta dele, mas Seu Limor Eufésio é um bom patrão também.

Um forte barulho veio de trás do balcão da loja. Endro Soares correu até a porta que dava para uma sala restrita para ver do que se tratava. Para o seu espanto, um garoto loiro de franja acabara de sair de lá de dentro assim que o atendente abriu a porta. Era Luquinha com seu pijama azul e uma mochila nas costas.

E aí o que está achando? Ainha há muito por vir. Continue acompanhando a história de "Os Fabulosos" e não se esqueça de dar estrelas, comentar e seguir a gente. Tudo isso ajuda a divulgar o nosso trabalho.

Beijos

Luiz Horácio

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