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CAPITULO 3: O treinamento


     Os irmãos Tegiz e Grico não retornaram ainda do teste, a aerocamionete está parada no mesmo lugar em que Nais deixou. Nais continua próximo ao veículo, aliás está dormindo e roncando alto dentro de seu transporte. Ele reclinou o banco do motorista o suficiente para ficar deitado, com o chapéu em cima do rosto, para que a luz não incomodasse, e deixou o vidro aberto para que o ar não ficasse tão quente.

     Enquanto dorme tranquilo e ronca alto, Nais sente algo pesado cair em sua barriga. Ele levanta e acorda assustado com a sensação, seu chapéu cai em seu colo e começa a olha ao redor, um pouco assustado e confuso, ele olha pela janela e vê Tegiz e Grico, sujos e com alguns arranhões e machucados nos rostos.

     Nais faz estalos com a língua enquanto, esfrega os olhos com as palmas das mãos. Em seguida coloca o chapéu em sua cabeça com grandes cabelos longos e grisalhos. Pega a pedra em seu colo, a examina e finalmente fala para os dois irmãos:

     – Pedi para vocês a encontrarem em sete dias. Vocês a encontraram em seis. – Nais dá um sorriso por de baixo da longa barba. – Nada mal.

     Tegiz e Grico começaram a sorrir de orgulho.

     – Então vai nos treinar agora? – pergunta Grico.

     Nais sai da aerocamionete, joga a pedra com a estrela de cinco pontas para longe. Um gesto que fez Tegiz e Grico pensarem que todo o trabalho que tiveram no últimos dias não valesse nada, deram quase a vida para encontrar essa pedra e Nais a joga fora como se fosse algo inútil.

     De rependete o velho mago estica a mão na direção dos dois irmãos e um janto d'água surge de sua mão, molhando por completo Tegiz e Grico e livrando-os de toda a sujeira, terra e lama presa neles, além de deixa-los bravos e surpresos por serem molhados tão de repente. Em seguida um sopro de ar quente, vindo da mão de Nais, começa a secá-los como secador de mãos automático, o vento é tão forte que Grico precisou segurar o seu boné para que não voasse. Ao ficarem secos, Nais baixa a mão e o vento forte e quente para.

     – Por que fez isso? – pergunta Tegiz bravo e se recuperando do susto da água e do ar quente.

     – Estavam sujos demais. – responde Nais, voltando para dentro do veículo, mostrando indiferença ao Tegiz e Grico. – Agora vocês podem entrar na aerocamionete.

      Tegiz e Grico ficam estáticos e confusos, uma vez que se estavam muito sujos para entrar na aerocamionete, era só Nais ter avisado que iriam se limpar e se trocar. Do ponto de vista de Tegiz e Grico, foi um gesto bastante desnecessário e humilhante, fazendo parecer que foram vitimas de uma piada sem graça, ainda mais porque Nais não parece ser o tipo de pessoa que faria uma bricadeira desse tipo. E o que o deixa mais irritados é que após tudo que passaram para pegar a pedra marcada, Nais os recebe com um jato d'água, como se fosse algo normal, nem sequer respondendo se vai treiná-los ou não.

     – Por que ainda não entraram? – pergunta Nais com as mãos no volante. – Não querem que eu os treinem? Vamos entrem!

     Saindo do estado estáticos, os irmãos entram no carro, com uma felicidade, trazida com a resposta de Nais, que substituía a raiva por terem sido molhados por seu mestre, mesmo que tenham sido secados depois. Com Tegiz e Grico agora dentro da aerocamionete, Nais liga o veículo e parte junto com seus novos aprendizes para começarem o treino, em um lugar longe dessa floresta. 

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     Após algumas horas, perto do fim da tarde, a aerocamionete de Nais para em uma clareira, onde se podia ver uma cidade a alguns quilômetros de distância. Nais sai do veículo e logo em seguida Tegiz e Grico, Nais espreguiça um pouco e diz aos dois novos aprendizes:

     – Será aqui que faremos o nosso treino, mas por hora vamos montar acampamento e passar a noite aqui.

     – Certo! – responde Tegiz.

     – Tudo bem! – responde Grico.

     Os dois irmão não estão bastante ansiosos para iniciar o treino, porem sentem-se muito cansados após passarem no teste de Nais. Parece também que Nais percebeu isso, para sorte e alivio dos dois irmãos, que agora podem ter um tempo para descansar e recuperar as forças.

     – Tem uma barraca na caçamba da aerocamionete, a armem por favor, e tem também um pouco de almôndegas enlatadas, vamos prepará-las para comer. Enquanto arrumam a barraca vou pegar lenha para a fogueira.

     Tegiz e Grico concordaram com um gesto com a cabeça e começaram a tira uma lona e varetas de uma barraca de dentro da caçamba, enquanto Nais se distanciava para uma mata próxima a clareira.

     Na mesma noite, com o som do insetos noturnos, iluminada pelas chamas da fogueira, sob a luz das estrelas e do anel de Nether, Nais está sentado próximo a fogueira, a observando, preso em seus próprios pensamentos. Tegiz e Grico dormem, exaustos e satisfeitos do longo dia, dentro da barraca. Nais pega um graveto e atiça um pouco mais as brasas.

     – Não consegue dormir? – fala Nais com olhar ainda fixo na fogueira.

     – Como sabia que era eu? – pergunta Tegiz que está atrás de Nais.

     – Prática! Uma prática da qual você será capaz, algum dia.

     – É que eu gostaria de conversar algo com o senhor. – Tegiz se aproxima da fogueira e senta-se ao lado de seu mestre. – É a respeito da pergunta que você fez para nós, sobre o porquê de querermos aprender magia.

     – E o que tem isso? – pergunta Nais ainda olhando fixo para as chamas, parecendo não dar muita importância ao que seu recém aprendiz está falando.

     Tegiz focou os olhos nas chamas, como seu mestre, evitando olhar nos olhos de Nais, embora percebesse que o mestre dele não mostra estar se importando para o que diz. Tegiz respirou fundo, para aliviar sua angustia e ansiedade, e continuou a falar:

     – Eu menti a respeito de eu querer aprender magia para ajudar as pessoas.

     – Isso eu já sabia. – responde Nais, sem demonstrar nenhuma surpresa, decepção ou qualquer emoção aparente. – Percebi que você mentia. Seu irmão foi sincero, mas você estava mentindo.

     – Por que então não me disse nada? – pergunta Tegiz inconformado. – Estava ficando doido por ter mentido para você! Faz ideia do que...

     – Estava esperando que você me dissesse isso. – responde Nais tranquilamente, focando os olhos agora em Tegiz. – Queria saber se confiava em mim, a ponto de revelar seus próprios propósitos em aprender magia. Além disso, – Nais se vira para Tegiz com um leve sorriso por de baixo da barba branca. – você diria a verdade se eu perguntasse?

     Tegiz fica em silêncio e volta a olhar as chamas, reconhecendo que seu mestre tinha razão, se ele tivesse perguntado sobre suas reais intenções com certeze teria mentindo.

     Nais também volta a olhar as chamas. O silêncio entre eles só é quebrado pelo som da lenha estalando no fogo e dos insetos noturnos. Após um tempo em silêncio, Tegiz retorna a conversar com Nais:

     – Então eu quero lhe contar o real motivo de eu querer aprender magia.

     – Tem alguma coisa haver com aqueles jovens que estavam batendo em você e seu irmão? – pergunta Nais, ainda olhando as chamas.

     – Não, claro que não! – responde Tegiz olhando para Nais. – Eu quero ajudar os outros com magia, mas o motivo maior é para me vingar de um certo alguém.

     – E quem seria esse?

     – Foi a pessoa que colocou a mim e meu irmão nessa condição. – Tegiz vira as costas e levanta as costas da camiseta. – E me marcou com isso!

     Nais olha as costas de Tegiz, fica um pouco surpreso, volta a atiçar a fogueira e responde:

     – Não foi à toa que você e seu irmão passaram em meu teste. Já vi pessoas com essa marca antes. Então quer dizer que você é ...

     – Sim, isso mesmo. – responde Tegiz voltando a esconder as costas por de baixo da camisa.

     – Seu irmão já sabe dobre isso?

     – Não, e também não planejo dizer para ele.

     – Será difícil esconder essa marca nas costas.

     – Ela só aparece em algumas situações, veja...

     Tegiz descobre suas costas novamente, mostrando elas limpas sem marca alguma. Nais olhas as costas de Tegiz, e retorna a se concentrar na fogueira, como se o que ele fez não fosse importante para ele ou já soubesse que Tegiz faria.

     – Fico feliz que você tenha me decidido contar sobre isso, mostrou grande maturidade e honestidade. Mas acho melhor agora você ir dormir, amanhã vocês terão um dia bem puxado de treino.

     – Vai ainda me treinar mesmo depois de saber disso? Por que?

     Nais olha para Tegiz, com um sorriso iluminado pela luz das chamas, e diz:

     – Eu já sabia que você escondia algo, contar o que é não muda em nada nosso trato.

     Nais se levanta, com um pouco de dificuldade, se espreguiça e fala:

     – Vou dormir agora! – Nais da tapas leves nas costas de Tegiz – Não vá dormir muito tarde e não se esqueça de apagar a fogueira.

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     Alguns pássaros madrugadores começam a cantar, um pouco antes dos sóis nascerem. Tegiz e Grico estão dormindo tranquilamente dentro das barracas em seus sacos de dormir, quando um som alto e grave, como o de uma buzina, os acorda assustados. Assustados e um pouco sonolentos, cada um deles usando uma camiseta regata branca, eles olham para a entrada da barraca e vem uma mão velha, segurando uma lata de buzina de pressão. A mão aperta o botão de pressão da buzina e o som agudo toca novamente, desta vez os dois irmãos, com os rostos ainda sonolentos, tapam os ouvidos para evitarem o barulho alto. No momento que a buzina para de tocar, a mão é recolhida para fora e o rosto barbudo de seu mestre Nais aparece no lugar.

     – Acordem! – grita ele com autoridade – Já está na hora do treino começar.

     – Tá! Já ouvi! – exclama Tegiz irritado por ter sido acordado de uma forma tão súbita e desconfortável. – Que horas são?

     – Cinco e meia da manhã. – responde Nais sério.

     – E isso é hora de acordar? – responde Grico bravo e com sarcasmo.

     – Se vistam e se apressem para o treino. – diz Nais com o mesmo tom de autoridade, ignorando por completo o comentário sarcástico de Grico.

     Nais recolhe sua cabeça para fora da barraca, para terem um pouco de privacidade enquanto se arrumam para o primeiro dia de treino. Arrumados, com Tegiz usando seu costumeiro colete vermelho e Grico o seu boné branco virado para trás, ele saem da barraca e veem seu mestre, os esperando em pé com os braços cruzados ao lado da aerocamionete.

    – Muito bem! – diz Nais sério. – Vamos começar com o treinamento.

    – E o café-da-manhã? – pergunta Grico.

    – Terão tempo para seu café mais tarde, mas primeiro...

    Nais pega de dentro da caçamba do veículo a espada de Tegiz, ele a joga e Tegiz consegue a pegar no ar. Em seguida pega o arco e flechas de Grico, tambémo joga no ar e Grico consegue pegá-los.

    – Me ataque Tegiz! – manda Nais.

    – Mas e se eu te acertar? – pergunta Tegiz preocupado com o bem estar de seu mestre. Embora se sinta bravo por ter sido acordado de uma forma bastante bruta, não está tão furioso a ponto de avançar em seu mestre com sua espada em mãos.

    – Deixe que me preocupo com isso. Agora, me ataque! – insiste Nais com a voz mai firme.

     Estranhando a ordem de seu mestre, relutantemente, Tegiz desembainha a Klangre, jogando a bainha no chão em seguida, e avança em seu mestre, com a espada em posição de ataque, preparada para desferir um golpe vertical. Entretanto, enquanto Tegiz avança, Nais se mantêm imóvel. Quando fica perto o suficiente, Tegiz tenta dar um golpe com a lamina da Klangre, de cima para baixo, contudo Nais desvia pro lado com grande agilidade e facilidade, principalmente se tratando de homem de idade avançada. Vendo imediatamente que seu primeiro golpe falhou, Tegiz tenta um novo golpe, com um movimento horizontal com a espada, pro lado onde seu mestre desviou. Nais se afasta do golpe, recuando com alguns passos. Tegiz tenta um terceiro, um quarto, um quinto, vários golpes, um atrás do outro, dos lados e de cima para baixo. Porem acerta apenas o ar. Enquanto Tegiz avança e tenta golpear seu mestre, Nais por sua vez esquiva com maestria de cada um dos golpes, sem demonstrar nenhum sinal de cansaço, mesmo com sua idade. Como se desviar dos ataques de Tegiz fosse algo natural para ele.

     Após uma sequência de vários golpes, Nais segura a lamina da Klangre de Tegiz com apenas dois dedos, sem cortar ou se ferir. Tegiz fica surpreso com a precisão e força que seu mestre demonstra para conter o golpe de Tegiz, uma vez que está aplicando bastante força na espada, chegando a tremer um pouco os pulsos que seguram o cabo de sua espada. Tentando tirar, sem sucesso, a lamina da espada entre os enrugados e velhos dedos de seu mestre.

     – Já chega! – diz Nais sério, sem demonstrar nenhum sinal de fadiga, soltando a lamina de Tegiz. Ao soltar a lamina, Tegiz quase perde o equilíbrio, pois forçava a lamina da Klangre para baixo. – É o suficiente.

     – Suficiente de que? – pergunta Tegiz, pegando a bainha do chão e guardando a Klangre nela. Um pouco ofegante, devido ao esforço que fez, sem entender o que Nais queria com isso.

     – Agora é sua vez Grico! – diz Nais, ignorando a pergunta de Tegiz e olhando para Grico.

     – Quer que eu tente te acertar com as flechas? – pergunta Grico, imaginando que teria que fazer algo do mesmo gênero que seu irmão fez.

     – Não, você vai ter que acerta aquele pequeno círculo ali, com uma das flechas.

     Nais aponta para um tronco cortado atrás de Grico, acerca de duzentos metro de distância. Grico força a vista o máximo que pode, mas não consegue ver o círculo pintado.

     – Não consigo ver o círculo. – responde Grico.

     – É melhor que consiga, pois você vai ter que acertar daí onde você está. – diz Nais. Em seguida Nais da leves tapas no ombro de seu aprendiz e se afasta, dando espaço para que possa disparar.

     – Você tá de brincadeira! – exclama Grico, com uma expressão de descrença no rosto, apontando para o tronco e olhando surpreso para seu mestre. – Não tem como acertar aquilo. É impossível!

     – Você tem três chances. – responde Nais cruzando os braços, recostando-se na aerocamionete.

     Percebendo que não tem como argumentar com Nais, Grico bufa indignado com a situação e, tenta, acertar um alvo que não vê. Ele pega uma das flechas de sua aljava presa nas costas, prepara o Selyx, faz a melhor pontaria possível e dispara uma flecha. Grico acerta o tronco, mas erra o alvo, a flecha atinge o tronco a quinze centímetro acima do círculo. Tenta uma segunda vez, novamente erra, atinge apenas cinco centímetros abaixo do círculo. Última tentativa, faz o máximo que consegue, porém erra, a flecha acerta um pouco abaixo da primeira flecha.

     – Viu, eu disse que não conseguiria! – exclama Grico frustrado, mas não surpreso, por não ter conseguido acerta uma única flecha.

     – Para que afinal de contas pediu para fazermos isso? – pergunta Tegiz, ainda sem entender o objetivo desses pedidos. Um esforço que, para ele, foi desnecessário.

     – Queria saber até onde suas habilidades chegariam. – responde Nais sério. – Como imaginei, vocês não conseguem cumprir objetivos simples como esses. Isso mostra o quanto tem que aprender. Agora deixem suas armas na aerocamionete, vou pegar umas coisas nela para ajudar no treinamento.

     Tegiz e Grico guardam suas armas, jogando nos bancos do passageiro, enquanto Nais começa a mexer em algo por de baixo da lona da caçamba. Da lona ele tira um par de coletes, de algum tecido bem grosso, dois pares de pulseiras e dois pares de tornozeleiras, também feitos do mesmo material que os coletes.

     – Para que isso? – pergunta Tegiz.

     – Vocês dois usaram isso durante o treino. – responde Nais.

     Nais coloca um par de tornozeleiras em Tegiz e outro em Grico, ambos sentem um aperto nos tornozelos, imaginando que seu mestre apertou um pouco forte demais as tornozeleiras. Nais pega os coletes e pede aos dois irmãos:

     – Ergam os braços por favor!

     Seus dois aprendizes obedecem, Nais coloca o primeiro colete em Tegiz e o outro em Grico. Assim que Nais solta os coletes, eles sentem como os dois coletes são pesados, mais pesados que qualquer peça de roupa que já tenham experimentado, como seu corpo estivesse carregando um enorme saco de areia. Em seguida Nais coloca as pulseiras, também são pesadas, não tanto quanto o colete, mesmo assim é um pouco difícil movimentar os braços.

     – Agora tentem dar um paço! – pede Nais.

     Tegiz e Grico tentam dar um paço, mas quase perdem o equilíbrio, percebendo as tornozeleiras que usam são tão pesadas quanto as pulseiras, com os pesos adicionais das outras peças, ambos se dão conta do real peso que carregam. Mal conseguindo se mover direito.

     – Já perceberam o quanto é difícil fazer alguma coisa com esses pesos. Cada pulseira pesa cinco quilos, as tornozeleiras pesam também cinco quilos cada, o colete dez quilos. Ao todo vocês estão pesando trinta quilos a mais, e farão o treinamento usando esses pesos.

     – Por quanto tempo vamos ter que usar isso? – pergunta Grico tentando se acostumar ao novo peso.

     – Até eu achar que devem tirar. – responde Nais. – Também não tentem tirá-los, eu os prendi com magia, apenas eu posso tirá-los. Agora vamos tomar café.

     –E o que comeremos? – pergunta Tegiz, se acostumando aos pesos.

     – Eu não sei! – responde Nais dando de ombros. – Vocês vão ter que arrumar sua comida, usando esses pesos.

     – Tá falando sério?! – exclama Grico incrédulo, achando duvidosa a chance de arrumar comida usando trinta quilos de peso.

     – E onde vamos arrumar comida? – pergunta Tegiz desgostoso.

     Nais aponta para o leste, para um matagal próximo.

     – É melhor vocês conseguirem ou ficarão sem comer. – avisa Nais sério, mas com leve sorriso no rosto.

     – Mas você também vai ficar sem. – fala Grico com escárnio ao seu mestre.

     – Tenho comida para mim, não para vocês. Se não conseguirem não comeram até o almoço, que será ao meio-dia. Não poderão usar suas armas também, ao invés disso usaram isto.

     Nais tira do bolso interno de seu casaco um par de facas retrateis e entrega aos seus aprendizes.

     – Boa sorte! – fala Nais acenando a mão, com um sorriso no rosto. – Se não voltarem em uma hora terão que correr um quilometro.

     Vendo que não teriam mais como argumentar e com seus estômagos começando a reclamar, Tegiz e Grico caminham, pesadamente, até a mata procurar sua refeição, bastante desgostosos com a ideia de procurar alimento, usando pesos e armados cada um com uma faca. Eles terão que procurar comida bem rápido, ou correrão um quilometro com os pesos.

    Embora o matagal próximo a eles seja mais tranquilo que a mata onde fizeram o teste de procurar a pedra, ainda é difícil procurar alimento, e os trinta quilos de peso no corpo não os ajudam. Com o andar pesado pela mata, Tegiz e Grico começam a se acostumar aos poucos com os pesos.

    No caminho deles, após quase uma hora de caminhada, eles avistam uma ema entre as árvores, se alimentando das amoras de uma árvore. Os dois irmão se escondem atrás de uma moita, esperando a oportunidade para atacar, sem saber ao certo de como abatê-la, pois estão armados apenas com as facas dadas por seu mestre. Ambos pensaram nesse momento que se ao menos tivessem suas armas seria mais fácil caçar.

     Tegiz matem sua faca em mão, preparado para atacar, Grico se aproxima um pouco mais, porem acaba pisando em um graveto, o som do graveto se partindo assusta a ema e ela começa a correr para longe. Não querendo perder seu café-da-manhã, Tegiz e Grico começam a correr atrás do animal. Mesmo com os pesos presos neles, os dois irmão tentam correr o mais rápido que podem, tentando alcançar a ema que não chega a usar metade da velocidade dela para escapar dos dois. Eles tentam correr mais rápido, mas os pesos os cansa rapidamente. Após um minuto de corrida, ambos se esgotam, cansados deixam o animal fugir de vista deles.

     Cansado e com mais fome, Grico começa a olhar ao redor, a procura de comida, ele encontra uma figueira, carregada e com os frutos bem maduros. Os dois irmãos se aproximam e percebem que ela não é muito alta, tem apenas cerca de oito metros de altura. Imaginando a possibilidade, Tegiz e Grico começam a escalar a árvore. Embora os pesos os atrapalhassem, eles conseguem chegar aos galhos mais baixos da figueira. Cansados com a corrida e a subida na árvores, eles aproveitam os galhos mais firmes da figueira para se sentarem e descansarem, enquanto se banqueteiam com os doces figos.

     Quase uma hora se passa, preocupados em chegarem atrasados, Tegiz e Grico descem do galho em um salto, acostumados a pular dessa altura nas árvores de sua vila natal. Porem acabam percebendo, que com os pesos, foi uma péssima ideia, pois sentiram uma forte tensão nas pernas e nas costas. Com os pés no chão, os dois correm o mais rápido possível, ignorando a dor e pensando na provação que terão que fazer caso não cheguem a tempo.

     Ao retornarem para a aercocamionete, Tegiz e Grico encontram seu mestre sentado em frente a uma fogueira, fritando em uma frigideira ovos com bacon, usando um garfo para virar a comida.

     – Então, conseguiram achar comida? – pergunta Nais, colocando sal de um saleiro ao seu lado nos ovos com bacon.

     – Sim! – responde Tegiz, um pouco ofegante. – Nós encontramos...

     – Que bom! – interrompe Nais. – Mas infelizmente chegaram um minuto atrasados. Como punição vocês terão que correr um quilômetro.

     – Qual é! – exclama Grico indignado. – Da uma folga, foi apenas um minuto!

     – Basta irem e voltarem, daqui até aquele troncoque o Grico acertou com as flechas, até completarem um quilômetro. – continuouNais, ignorando as queixas de Grico. – E se continuarem a reclamar vão serdois. 

     Os dois irmãos bufam e começam a correr.

     – Não se preocupem, – diz Nais em voz alta. – eles vão ajudá-los.

     Nais descansa o garfo na frigideira, enquanto a tira do fogo e pega do chão dois pedaços de grama e assopra, jogando ao ar. Os dois pequenos pedaços de grama se transformam cada um em um lobo de pelos verdes, do mesmo tom que a grama, ambos muito ferozes, grandes e fortes.

     – Peguem eles! – manda Nais tranquilamente, enquanto come seu café-da-manhã, tranquilamente, direto da frigideira.

     Tegiz e Grico olham para trás e começam a acelerar o passo. Mesmo carregando os pesos, o medo provocado pela visão dos lobos os seguindo e se aproximando lhes dá uma carga extra de adrenalina, os fazendo correre mais rápido. Contudo, por mais rápido que eles conseguem ir, os lobos verdes se aproximavam mais e mais.

     – Continuem correndo ou eles vão morde-los! – avisava Nais em voz alta à Tegiz e Grico, enquanto mastigava um pedaço de bacon com ovos. – Eles só vão para quando correrem um quilometro!

      – Isso é tortura! – protesta Grico ofegante, conseguindo, junto com seu irmão, a chegar até o tronco marcado em começar a dar uma volta e retornar até a aerocamionete.

      – Não! É treinamento! – responde Nais em voz alta, ainda comendo.

     Ao conseguirem completar um quilometro, os dois lobos desaparecem como fumaça ao vento e voltam a ser dois pequenos pedaços de grama. Percebendo que não estão mais sendo seguidos, Tegiz e Grico caem exaustos no chão, suados e ofegantes. Nais se aproxima deles, batendo palmas bem leves, e fala para os dois aprendizes:

     – Muito bem! Agora vamos para o aquecimento!

     – O que?! – exclama Grico deitado de bruços na grama. – Isso não foi o aquecimento?!

     – Não, apenas mandei vocês pegarem comida e cumprirem um castigo. – explica Nais bastante tranquilo. – Agora vamos fazer o aquecimento!

     – Pelo menos nos deixe descansar uns cinco minutos, estamos exaustos. – pede Tegiz, sentado na grama, com os rosto virado para o chão, se esforçando para vira o rosto para o seu mestre.

     – Tudo bem! – responde Nais. – Cinco minutos!

     Tegiz e Grico suspiram de alivio e ficam deitados na grama de costas, com braços e pernas abertos, aproveitando o máximo possível esses cinco minutos de pausa.

     Assim que os cinco minutos acabam, Nais manda seus aprendizes fazerem exercícios como flexões, abdominais, polichinelos, agachamentos e outros exercícios para as pernas e para os braços, Nais os mandou fazer 15 de cada. Esses exercícios são leves para qualquer pessoa, entretanto Tegiz e Grico estão com pesos presos aos corpos, isso torna esses exercícios leves mais desgastantes.

     Encerrado os exercícios, Nais deu a Tegiz uma espada, muito mais pesada que a Klangre. Para Grico, ele entregou um arco, também mais pesado que o Selyx. Nais manda Tegiz treinar golpes com a espada pesada, enquanto Grico ele manda disparar flechas normais com o arco pesado. Para Tegiz fazer os movimentos básicos com a espada pesada é muito difícil, ainda com os pesos em seu corpo. Grico também passa pelo mesmo tipo de dificuldade, ter precisão para mirar é muito difícil com um arco tão pesado, e os pesos em seus corpos dificultam mais ainda.

     Durante o treino de Tegiz e Grico, Nais fala para seus aprendizes:

     – Continuem treinando que eu vou até o vilarejo resolver umas coisas, e parem apenas quando eu retornar. – Nais pega dois pedaços de grama do chão e cria a partir e a partir deles dois lobos de pelo verde. – Ele irão vigiá-los em minha ausência, se não cumprirem o combinado os lobos os atacaram.

     Nais deixa seus dois aprendizes com os lobos e parte a pé em direção da cidade. Uma hora depois ele retorna, os dois lobos desaparecem como fumaça e voltam a serem apenas pedaços de grama.

     – Muito bem podem parar! – manda Nais.

     Tegiz e Grico desabam cansados no chão, e ficam deitados de costa nele, ofegantes e transpirando. Nais senta-se no chão e coloca dois cantis de água a seu lado e fala aos seus aprendizes:

      – Venham beber um pouco de água!

      – Não pode trazer? – pergunta Tegiz ofegante e exausto.

      – Vocês devem se levantar e vir pegar.

      Embora o cansaço seja forte, a sede deles é maior. Espremendo o pouco de força que lhes restam, Tegiz e Grico, com muita dificuldade, vão de joelhos em direção ao seu mestre e ao chegarem sentam-se e começam a beber a água dos cantis, como se não tomassem água a dias e não fossem bebê-la nunca mais.

     – Então mestre, o que foi fazer lá no vilarejo? – pergunta Tegiz assim que acaba de matar sua sede, com um pouco de baba escorrendo de sua boca.

     – Um serviço para fazermos. – responde Nais. – Tem um pouco de baba escorrendo da sua boca. – Nais aponta para seu próprio rosto, no mesmo local em que Tegiz está babando, indicando onde Tegiz deve limpar.

     Tegiz ouve a indicação de seu mestre e limpa a boca com as costas de uma das mãos. Grico recupera o fôlego depois de beber tanta água e pergunta a Nais:

      – Quer serviço é esse?

      – Saberão quando formos fazer, que será depois do almoço. – Nais se levanta, batendo na calça para tirar as folhas presas no bermudão. – Agora vamos comer.

      Os dois irmão nem discordaram, uma vez que estão famintos após a longa manhã de treinos e do café da manhã fraco que conseguiram. Nem pensam a respeito do que pode ser o serviço que o mestre lhes arrumou, a fome e o cansaço não os deixam.

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     Após o almoço, Tegiz e Grico, ainda usando os pesos presos aos corpos, já acostumando-se com eles, acompanham seu mestre Nais até o vilarejo próximo, desconhecendo o trabalho que o mestre deles lhes arrumara. No vilarejo, Nais leva os seus aprendizes até uma serralheria.

     Essa serralheria fica dentro de um enorme galpão, vário funcionários, usando mascara, luvas, capacetes e óculos de proteção, trabalham cortando e triturando madeira. Deixando a madeira em diversos formatos, desde pequenas toras para lenha até grandes pedaços de compensado para casas e moveis. Nessa serralheria, além de se depararem com o cheiro forte de verniz e o barulho das maquinas e da ferramentas cortando a madeira, Tegiz e Grico encontram um senhor de pele escura, já na faixa dos quarenta anos, usando uma camiseta e uma calça jeans, bem velhos, surrados com alguns remendos, calçando um par de botas grossas com bico de ferro, um par de luvas grossas e usando um capacete de proteção.

     – Olá Nais! – cumprimenta o senhor com um sorriso ao vê-los.

     Nais e o senhor se cumprimentam com um aperto de mãos.

     – Que bom que veio. – continua o senhor. – Então são esses os dois jovens que você me falou?

     – Sim, são eles. – responde com um modesto sorriso.

     O senhor estende a mão para Tegiz.

     – Muito prazer, meu nome é Silvs, sou o dono dessa serralheria.

     Tegiz cumprimenta Silvs com um aperto de mãos e fala:

     – Sou Tegiz!

     Ao soltarem as mãos, Silvs estende a mão para Grico, que o cumprimenta também com um aperto de mãos e fala:

     – Grico!

     Grico solta a mão de Silvs, que cruza os braços enquanto mede Tegiz e Grico com os olhos.

     – Eles dão conta de fazer o trabalho? – diz ele.

     – Com certeza. – responde Nais.

     – Bom! Você já explicou o trabalho para eles?

     – Pode deixar que eu vou explicar.

     – Muito bem! Agora se me derem licença tenho outros assuntos para tratar, quando terminarem o serviço me avisem para lhes entregar o dinheiro. Boa sorte!

     – Sem problemas.

     O senhor dá um aceno com a cabeça para Tegiz e Grico, se afasta de Nais e seus aprendizes, em seguida entra em uma sala da serralheria e fecha a porta.

     – Então... O que vamos fazer? – pergunta Tegiz a seu mestre.

     – Estão vendo o aerocaminhão ali parado? – Nais aponta para o veículo a frente deles, com a caçamba carregada de toras de árvores cortadas. Os dois irmão confirmam que sim. – Eles precisão que você dois descarreguem o aerocaminhão e coloquem as toras empilhadas naquele canto. – Nais agora aponta para uma área demarcada no chão, em forma de quadrado com uma faixa amarela, ao lado de uma lixadeira industrial.

     – Tudo bem, parece simples! – fala Grico animado. – E com o que vamos descarregar?

     – Com seus braços e pernas. – responde Nais calmamente.

     – O que?! – exclama Tegiz e Grico em uníssono.

     – A máquina que eles usam para esse trabalho está quebrada e eles também não possuem nenhum robô carregador, então eu combinei com o dono que vocês fariam o trabalho hoje. Mas não se preocupem que ele pagará vocês, e poderão fazer o que quiserem com o dinheiro depois.

     – E o que o senhor vai fazer? – pergunta Grico a Nais.

     – Tenho outro serviço para fazer no vilarejo. Por isso vou deixá-los agora. Boa sorte para vocês. – despede-se Nais com um sorriso no rosto e dando tapinhas leves no ombro de Grico.

     Assim que os dois irmãos perdem Nais de vista, Grico olha para Tegiz e pergunta:

     – Ele tá brincando, não é?

     – Acho que ele estava falando sério Grico.

     – E nós vamos fazer isso?

     – É melhor fazermos, nós seremos pagos por isso.

     O senhor de pele escura, carregando dois pares de luvas groças, dois pares de botas com bico de ferro e um par de capacete de proteção.

     – Aqui estão seus equipamentos de proteção. – diz o homem entregando os equipamentos para Tegiz e Grico, que seguram com seus braços. – Podem coloca-los e começar a descarregar o caminho. No fim do dia irei pagá-los. Boa sorte.

     Encerrando a conversa com os dois irmão e tendo entregue os equipamentos de proteção a eles, o senhor de pele escura volta para a sala no canto da serralheria e fecha a porta.

     Tegiz e Grico vestem os equipamentos de proteção, depois vão em direção a caçamba do aerocaminhão cheia de toras. Tegiz aplica bastante força para empurrar uma tora, que está mais me cima da pilha e mais fácil de se tirar, e a deixa inclinada, com uma ponta para fora da caçamba, no chão pavimentado, e a outra levantada, apoiada na beirada da caçamba. Grico se agacha e levanta a tora apoiada no ombro, com alguma dificuldade devido ao grande peso da tora somado ao presos extras presos a ele. Tegiz desce da caçamba e ajuda seu irmão, carregando a outra ponta da tora nos ombros. Porém mesmo com a força dos dois combinadas, a tora ainda é pesada, contudo conseguem levantá-la leva-la até a área demarcada, descarregando dos ombros bem devagar.

     Livres do peso, os dois irmão estendem os músculos dos braços cansados. Com a primeira tora já na área demarca, Tegiz e Grico repetem o mesmo processo de descarregamento com as demais toras da caçamba.

     Por volta das cinco horas da tarde, sem ajuda dos outros cinco funcionários da serralheria, devido ao fato de estarem todos focados em seus próprios afazeres, Tegiz e Grico conseguem descarregar o aerocaminhão. Exaustos e encharcados de suor, eles conseguiram descarregar um total de trinta toras. Silvs, o dono da serralheria, vê o resultado do trabalho dos dois irmãos e elogia bastante satisfeito:

     – Você conseguiram fazer um ótimo trabalho. Venham até meu escritório, vou pagá-los pelo trabalho do dia.

      Os dois irmãos acompanharam o dono da serralheria até seu escritório, na sala do canto da serralheria. Lá dentro Silvs se senta atrás de uma escrivaninha, abriu uma gaveta, tirou de dentro dois sacos de couro e entregou para cada um. Tegiz e Grico abrem os sacos e veem cerca de vinte Liks de prata dentro de cada um dos sacos.

      Lik é a moeda usada por todos os reinos e por todas as raças em Nether. O valor mais baixo dessa moeda é o Lik de bronze, cem Liks de bronze equivalem à um Lik de prata e cem Liks de prata equivalem a um Lik de ouro, dez Liks de ouro equivalem a um Lik de platina. O Lik de platina é a moeda com o valor mais alto em Nether. Em relação à economia da Terra, vinte Liks de prata equivalem a duzentos reais.

     – Espero vê-los amanhã no mesmo horário. – fala o senhor com sorriso.

     – Amanhã? – responde Tegiz estranhando o aviso do senhor.

     – Sim amanhã. Nais não os avisou?

     Tegiz e Grico respondem negativamente com a cabeça.

     – Vocês farão o trabalho de descarregar as toras durante uma semana. – continua Silvs. – Mas não se preocupem que os pagarem certinho no fim do dia. Então os vejo amanhã?

     – Acho que sim. – responde Grico.

     O senhor de pele escura estende a mão para cumprimentar, Tegiz lhe apertou a mão e respondeu:

     – Nós nos veremos no mesmo horário.

     Tegiz solta a mão de Silvs, que a estende em seguida para Grico.

     – Pode ter certeza! – diz Grico enquanto aperta a mão do dono da serralheria.

     – Muito bem, podem sair. Mas fechem a porta quando saírem.

     Assim que saem da sala e a fecham, Tegiz e Grico se encontram com seu mestre, com as mão no bolso do bermudão.

     – Então, como foi o trabalho? – pergunta Nais.

     – Onde esteve? – pergunta Tegiz, um pouco irritado pelo fato de seu mestre ter lhes arrumado um serviço tão pesado como esse.

     – Já lhes disse, fazendo outros trabalhos. – responde o velho mago se inclinando para frente e para traz com os pés, considerando tudo aquilo uma situação cotidiana. – Foram bem pagos?

     – Até que fomos bem pagos. – responde Grico. – Vinte Liks de prata por dia até que não é nada mal.

     – Muito bom! – responde Nais. – Agora vamos voltar ao acampamento.

     Tegiz e Grico seguem o seu mestre para longe da serralheria e para o acampamento, caminhando, já se esquecendo e se acostumando aos pesos extras que carregam. No caminho para o acampamento, Tegiz pergunta ao seu mestre:

     – Mestre, por acaso nos mandar fazer aquele trabalho faz parte do treino?

     – Claro que fazia parte. – responde Nais, olhando fixo para frente. – Achavam mesmo que os mandem fazer aquele trabalho apenas para conseguir dinheiro?

     Tegiz responde com um sorriso sarcástico.

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     De volta pro acampamento, com os quatro sois já se pondo no horizonte, Nais se vira para Tegiz e Grico, sério, com os braços cruzados e fala para eles:

      – Agora começa a parte mais difícil do treino!

      Só de ouvirem que será algo mais difícil, Tegiz e Grico já ficam exausto e fazem expressões de cansaço.

      – O que é isso! – exclama Nais com uma surpresa sarcástica. – Vocês sobreviveram ao meu teste no meio de uma selva cheia de perigos. Sobreviveram a fúria da natureza. Se sobreviveram a fúria da natureza podem sobreviver a quase tudo. Isso inclui esse treinamento.

      Após ouvir as palavras de seu mestre, Tegiz e Grico concordam com a cabeça e tentam mostrar um pouco mais de animo em fazer o treinamento.

      – Vocês dois terão que ficar sentados meditando, enquanto seguram isso. – explica Nais. Tirando de dentro de seu casaco dois pequenos ramos de árvores, com alguma folhas pequenas, e entrega um para Tegiz e outro para Grico.

      – Só isso? – pergunta surpreso Tegiz examinando, desconfiado, o seu ramo, tentando encontrar algo estranho ou diferente com ele. Talvez algo que fosse lhe tentar matar ou lhe ferir gravemente se falhasse.

      – Não vamos fazer nada perigoso que vai custar nossas vidas? – pergunta Grico suspeitando da situação tanto quanto seu irmão.

      – Por hoje não. – responde Nais tranquilamente.

      – Tudo bem, mas posso saber para que isso? – pergunta Tegiz ainda achando estupida a ideia de ficar sentado no chão, segurando um pequeno ramo nas mãos.

      – Para poderem canalizar a energia do seu corpo, para assim poderem aprender magia. – responde Nais.

      – Então porque não nos ensinou isso logo desde o começo? – pergunta Grico irritado, indignado e cansado com a situação. Pensando que seria mais pratico, além de menos cansativo, fazer essa parte.

      – Calma Grico! – exclama Tegiz, preocupado que a raiva do irmão pudesse fazer Nais desistir de seu treino.

      – Vou lhes explicar o porquê. – responde Nais, mostrando não estar nenhum pouco abalado com o comportamento agressivo de Grico. – Existem quatro motivos para lhes fazerem esses treinos físicos. – explica mostrando quatro dedos em sua mão direita. – Primeiro: – Nais levanta o dedo indicador. – para terem força física quando se depararem em uma situação que não poderão usar magia; Segundo: – agora levanta o dedo médio, mantendo o dedo indicador levantado. – muitos magos também são mestres em lutas corpo-a-corpo, precisam se preparar caso tenham que entrar em alguma luta com eles, e acredito que acabaram entrando; Terceiro: – Nais mantem os dois primeiro dedos erguidos e ergue o dedo anelar. – para aumentar a energia vital de seus corpos, assim poderão ter energia para usar magias. E quarto: – ergue por fim o dedo mindinho junto com os outros três dedos da mão. – o motivo mais importante, acostumar os seus corpos para metabolizarem e suportarem grande quantidade de energia que serão utilizadas.

      – Caso não tivéssemos treinamento físico para usar magia, o que aconteceria? – pergunta Tegiz ainda com o ramo em sua mão.

      – Além de terem dificuldade de usá-la, poderiam correr o risco de entrarem em combustão espontânea. – responde Nais.

      – Como assim? – pergunta Grico.

      Nais começa a explicar:

      – O corpo humano para ter energia precisa de ATP, para as células produzirem ATPs, precisam passar por um processo metabólico. Quando um mago usa magia, e foi fisicamente bem treinado, as células aceleram o processo metabólico e produzem mais ATP. Quando um mago que não foi treinado adequadamente usa magia, ele produz mais ATP, porem pula etapas do processo metabólico, causando uma produção descontrolada de ATPs e queima descontrolada de energia. O resultado é que as células começam a produzir tanta energia, que gera calor, chegando a entrar em combustão. Isso é a combustão espontânea.

      Após explicar, Nais faz aparecer uma pequena chama em sua mão e retorna a explicação:

      – Como essa chama, no momento estou a mantendo, liberando uma quantidade continua de energia. Posso também aumentar mais a quantidade de energia na chama para ficar mais forte. – enquanto explica, ao mesmo tempo, o tamanho e intensidade da chama na mão de Nais aumenta. – Porem, seu eu aplicar demais de forma descontrolada. – de repente a chama fica enorme e muito quente, como uma erupção de chamas, dançando descontroladamente na mão de Nais. – A chama também fica descontrolada, consumindo sem controle tudo ao seu redor. Ela continuará assim até que não tenha mais combustível para queimar. – Nais fecha a mão, fazendo a enorme chama se apagar. – No caso de vocês, seus corpos ficarão pegando fogo até serem consumidos totalmente pelas chamas. Entenderão agora?

      – Sim mestre! – responde Tegiz e Grico, ao mesmo tempo, surpresos e um pouco assustados com a demonstração.

      – Muito bom! – responde Nais com um sorriso que transmite um pouco de orgulho e satisfação pelos aprendizes, além de uma tranquilidade. – Agora vou lhes mostrar o que eu quero que façam nesse treinamento.

      Tegiz e Grico ficam totalmente atentos ao que seu mestre fala.

      – Primeiro: – continua Nais de forma calma. – Quero se sentem no chão, com as pernas cruzadas. – Nais se senta no chão com as pernas cruzadas e seus aprendizes fazem o mesmo. – Depois peguem o ramo que lhes dei e segurem com as duas mãos. – os dois irmão obedecem. – Agora fechem seus olhos e relaxem, tentem sentir a pulsação dos seus corações, a respiração, o sangue sendo circulado em seus corpos. – Tegiz e Grico fecham os olhos e tentam cumprir as ordens dada pelo seu mestre. – Quando conseguirem, quero que imaginem uma energia se formando em suas cabeças, descendo de suas colunas, indo para o peito de vocês e se espalhando para cada ponto de seus corpos. Fiquem focados nela, quando perceberem que ela espalhada pelo seus corpos, tente controlá-la e direcionar essa energia para as mão, para o ramo em suas mãos. E tentem mantê-la assim até eu dizer que já está bom. Lembrem-se de se manterem relaxados e concentrados ao mesmo tempo.

      Tegiz e Grico tentam fazer as ordens de seu mestre, percebem que é fácil sentir a pulsação do coração e a própria respiração, ainda mais com o silêncio do ambiente, tirando apenas o barulho da brisa nas árvores e de alguns pássaros e cigarras, contudo é algo que não lhes causa nenhum incômodo, na verdade até os relaxa mais. Imaginar a energia se formando em suas cabeças e fluindo para o resto do corpo é um pouco difícil para os dois irmãos lidarem, até porque em suas mentes outros pensamentos surgem, que atrapalha a concentração.

      No momento em que Tegiz e Grico começam a ter esses pensamentos dispersos, sentem um golpe, não muito forte, nos seus ombros. De um objeto leve, porem duro. Eles abrem os olhos assustados e procuram o que foi que lhes acertou. Os dois veem Nais atrás deles, segurando um pedaço de papel fino enrolado.

      – Por que fez isso mestre? – pergunta Tegiz surpreso e incomodado, não pela dor do golpe, pois o papel é muito mole e o golpe foi leve, mas sim incomodado pela surpresa de ter saído de seu estado de calmaria, quase hipnótico.

     – Começaram a ter pensamentos dispersos, estavam perdendo a concentração. – responde Nais sério. – Quando começarem a perder o foco baterei de leve com esse papel para que voltem a manter o foco.

     – Como sabe que estávamos perdendo o foco? – pergunta Grico.

     – Você Grico, – responde Nais apontando com o papel enrolado para Grico. – quando começa a perder o foco começa a fazer muitos pequenos movimentos com o corpo. – Nais agora aponta para Tegiz com o pedaço de papel. – Você Tegiz, começa a relaxar demais, sua cabeça e seus braços começam a ficar muito relaxados. Agora voltem ao treino!

      Os dois irmãos, após o aviso, voltam ao treino, tentando se focar na energia que estavam imaginando. Com tudo, após alguns minutos se concentrando, começam a perder o foco e a dispersar-se em seus pensamentos, novamente sentem o golpe do papel em seus ombros, após o golpe voltam a se concentrar no treinamento. Durante o treino, Tegiz tenta não ser tão relaxado, por sua vez Grico tenta conter sua pequena agitação, ambos percebendo que esse tipo de treino é mais difícil que o treino físico, pois precisam equilibrar duas coisas opostas em suas cabeças, relaxamento e concentração.

      No treino, tanto Tegiz quanto Grico, são golpeados pelo rolo fino de papel varias e varias vezes, até se perder a conta. Eles continuam esse treino até o cair da noite, assim que os insetos e outros animais noturnos começam a cantar, Nais olha para eles e fala:

      – Vamos encerrar por hoje, continuaremos amanhã. Vamos jantar e nos preparar para dormir.

      Tegiz e Grico abrem os olhos, se levantam, com dificuldade por conta dos pesos no corpo, algo que tinham esquecido, lembrando apenas deles ao se levantarem com dificuldade. Batem a sujeira nas calças e acompanham seu mestre Nais.

      – Podemos tirar os pesos agora? – pergunta Grico erguendo um dos braços a altura do olhos, mostrando o peso preso ao pulço para seu mestre.

      – Vocês vão dormir com eles. – responde Nais.

      Grico, apesar de desapontado com a resposta, não retruca, até porque tanto ele quanto Tegiz estão se acostumando com os pesos, após ficarem o dia inteiro com os pesos e fazendo varias tarefas com eles.

      Após um jantar farto de um ensopado de carne com legumes, embora tenham que dormir com os pesos, Tegiz e Grico ao entrarem em suas barracas e se deitarem para dormir imediatamente caem no sono.Pois estão tão cansados, que mesmo que estivessem no meio de um campo de batalha com um tanque em cima deles, conseguiriam dormir no primeiro momento que se deitam.

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      Durante os dias que se seguiram Tegiz e Grico mantiveram o mesmo treino que no primeiro dia com os pesos extras presos ao corpo: Buscar café da manhã em uma hora, ou teriam que correr um quilometro, enquanto feras criadas por Nais os perseguem, e ficar sem comida até o almoço; Uma sessão de exercícios físicos; Exercícios usando o arco e as espadas mais pesados; Fazer o serviço na serralheria de mover as toras; Por fim, terminar o dia com uma sessão de meditação.

      Na manhã do sétimo dia de treinamento, Tegiz e Grico são acordados por Nais com bater de palmas bastante fortes. Já acostumados, ambos se levantam sem muita demora.

      – Já se passaram uma semana desde que vocês começaram com o treinamento. – diz Nais sério aos seus aprendizes, carregando a espada de Tegiz, o arco e as flechas de Grico e um pedaço de bambu. – Agora vamos ver o que vocês conseguiram até hoje.

      Com uma das mãos livres, Nais estala os seus dedos, e os pesos presos em Tegiz e Grico se soltam. Uma sensação de alívio e leveza passa pelos corpos e mentes dos dois aprendizes de Nais, embora já habituados aos pesos, tirá-los é literalmente perder um peso nas costas. Além do alívio, também sentem o corpo mais leve, mexem os braços e pernas, percebendo que seus movimentos estão mais rápidos, sentem como se pudessem dar um salto e alcançar umas das luas de Nether.

      – Agora peguem suas armas! – pede Nais, jogando o arco e as flechas de Grico, e as espadada de Tegiz para eles.

      Quando pegam suas armas, sentem o quão leves elas estão, quando as usavam antes as armas mais pesadas sentiam mal conseguiam manejá-las. Mas agora que as seguram pela primeira vez, a Klangre e o Selyx, desde que começaram os treinos, percebem que praticamente não há nenhum peso em suas armas, como se fossem feitas de plástico bem leve.

      – Muito bem! – continua Nais. – Agora Grico, quero que você tome um pouco de distância.

      Grico obedece e se afasta, colocando a aljava nas costa. Enquanto caminha percebe como seu andar está mais leve, estranhando o fato de ter que fazer menos força para se movimentar, uma vez que se acostumou ao peso extra.

      – Já está bom ai Grico! – avisa Nais ao ver que seu aprendiz já está a uma boa distancia dele e de Tegiz. – Agora quero que façam o seguinte: – Nais fica em posição para lutar com a espada ao ver Tegiz prendar a espada embainhada na cintura. – Me ataquem!

      Diferente da primeita vez, os dois irmão não hesitam, ambos atacam seu mestre ao mesmo tempo. Tegiz tenta atingir o seu mestre com golpes de espada consecutivos, enquanto Grico lança flechas uma atrás da outra em seu mestre, tomando cuidado para não atingir seu irmão.

      Mesmo sendo atacado pelos dois, ainda usando um pedaço de bambu, Nais consegue se defender dos ataques consecutivos de Tegiz, ao mesmo tempo desviar das flechas de Grico.

      Enquanto luta, Tegiz tenta manter seu mestre de costas para Grico, emparelhando a espada com o pedaço de bambu que o seu mestre usa para se defender. Por um instante Tegiz pensa em como um simples pedaço de bambu pode resistir a lamina de sua espada, ao mesmo tempo, como é bom extravasar a raiva tentando acertar o homem que fez, nos últimos dias, seu e irmão e ele passarem por um treino que mais pareceu uma sessão de tortura.

      Porém não tinha tempo para pensar sobre isso, ele precisa manter seu mestre com as costas para seu irmão, assim Grico consegue um alvo mais fácil para acertar. Contudo, Nais consegue perceber o plano de seus pupilos, ele força Tegiz a se inclinar junto com ele e conseguindo desta forma desviar das flechas que Grico dispara.

      Apesar de Grico ter percebido o plano do irmão, ele falha. Grico tenta uma estratégia diferente, atingir as pernas de seu mestre. Contudo Nais consegue desviar das três flechas, se afastando de Tegiz, fazendo as flechas atingirem o chão.

      Com esse momento de distração de seu mestre, Tegiz tenta um ataque de baixo para cima com a lamina de sua espada. Porém Nais consegue bloquear o ataque de seu aprendiz. Com um movimento de seu pedaço de bambu, o velho mago consegue desarmar Tegiz, jogando a espada para o ar. Em seguida, imediatamente Nais lança o pedaço de bambu na direção de Grico, acertando a sua mão e o fazendo errar o alvo.

      – Já chega! – exclama Nais.

      Os irmãos ficam param com o comando de seu mestre, automaticamente, como cães treinados. A espada de Tegiz cai, fincando a lamina no solo. Nais puxa a espada encravada no chão e a entrega a Tegiz, que imediatamente a guarda na bainha.

      – Vocês cresceram bastante desde a semana passada. – diz Nais. – Não sei se vocês perceberam, mas melhoraram muito.

      – Obrigado mestre! – responde Tegiz e Grico ao mesmo tempo.

      Agora que não estão mais lutando, tanto Tegiz quanto Grico percebem que durante a luta seus movimentos estavam mais rápidos, também percebem que não estão nenhum um pouco cansados, como na primeira vez que seu mestre os mando lutar com eles.

      – Acho que já está na hora de mudarmos para outro lugar. – fala Nais.

      – Porque? – pergunta Grico.

      – Para continuarem o treinamento. – responde Nais. – Quero que vocês arrumem as coisas e coloquem na caçamba da camioneta, enquanto vou até o vilarejo comprar mantimentos para a viagem.

      – Sim mestre! – respondem Tegiz e Grico.

      Os dois irmãos começam a arrumar as barracas e as outras coisas do acampamento, enquanto eles observam seu mestre caminhando para o vilarejo, até desaparecer de sua vista.

      Enquanto arrumam o acampamento, se preparando para partir para um novo destino, Tegiz e Grico percebem que apesar de exaustivo, sofrível e penoso o treinamento seja, os resultados obtidos são impressionantes. Também eles percebem que não devem reclamar, uma vez que eles pediram por isso.

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      Dois meses se passaram desde que Tegiz e Grico completaram a primeira semana de treinamento com o velho mago Nais. Durante esse tempo, o treinamento deles foram repetições do treino da primeira semana, com algumas variações: caso falhassem em conseguir café-da-manhã eles corriam dois quilômetros ao invés de um; dependendo da região que estivessem eles faziam escalada ou faziam natação, além é claro de cumprirem trabalhos diferentes em cada região, todos trabalhos que envolviam esforço físico; além dos exercício físicos, Nais os fazia lutar contra bonecos feitos de terra e também os fazia desviar ou bloquear pedras que flutuavam ao redor deles, que tentavam atingi-los, todos esses treinos feitos com pesos presos nas perna, braços e tórax dos dois irmãos. No final de cada semana, Nais soltava os pesos de Tegiz e Grico e os faziam lutar contra ele, em seguida eles mudavam para uma outra região, ao chegarem em uma nova região, Nais aumentava os pesos.

      Em um final de tarde, em uma clareira com algumas árvores envolta, Tegiz e Grico estão em seu momento de meditação, a sombra de uma das árvores. Contudo algo acontece com os ramos de árvores que ele seguram para sua meditação. O ramo de Tegiz começa a pegar fogo, enquanto o ramo de Grico começa a brotar um pequeno botão de flor dele. Ao perceber isso, Nais manda aos seus dois aprendizes:

     – Já chega! Podem abrir os olhos!

     Assim que abrem os olhos, Tegiz, ao ver que seu ramos está pegando fogo, se assusta e o deixa cair no chão, tentando apagar em seguida o fogo pisando nele com a sola de seu sapato. Grico por outro lado fica examinando a pequena flor que apareceu em seu ramo.

      – Meus parabéns! – diz Nais, com orgulho, ao Tegiz e Grico. Dando leves tapas nos ombros de seus dois pupilos. – Vocês seus conseguiram realizar sua primeira magia.

      No momento que escutam isso, o rosto dos dois irmão se ilumina em alegria.

      – É sério?! – exclama Tegiz não acreditando no feito que fez. Embora não tem visto, conseguiu produzir magia.

      O mestre deles confirma que sim com a cabeça, com um sorriso largo por de traz da barba. Felizes, Tegiz e Grico batem as mãos um do outro, como um sinal de conquista.

      – Agora se levantem, vamos ver o que podem fazer. – pede Nais.

      Tegiz e Grico se levantam, batem em suas calças para tirarem as folhas e sujeiras grudas, com os dois de pé Nais continua.

      – Tegiz, quero que você estenda a mão e imagine uma energia, se concentrando em seu braços e depois pense em uma chama se formando em sua mão.

      Tegiz obedece, concentrando a energia em suas mãos e imaginando uma pequena chama se forma. Alguns segundo de concentração depois, uma pequena chama se forma na palma de sua mão.

       – Consegui! – exclama Tegiz, contente e orgulhoso de si mesmo ao ver a pequena chama em sua mão.

       – Muito bom! – responde Nais. – Agora é sua vez Grico!

       Uma borboleta de asas azuis voa próximo a Nais, ele a pega, quebra as suas asas e a deixa viva, na palma de sua mão. Grico fica com um pouco de pena da pobre borboleta.

       – Quero que você faça o mesmo que seu irmão. Mas ao invés de imaginar fogo, quero que imagine uma energia fluindo de seu corpo e passando para as asas da borboleta, e imagine a asas se recuperando.

       Com a borboleta de asas quebradas em sua mão, Grico e segue as ordens de seu mestre. Ele junta as mãos de forma a não esmagar o pequeno inseto, como duas conchas que se juntaram. Em seguida ele se concentra, imaginando uma energia indo para suas mãos e passando para a borboleta para curá-la. A borboleta começa a ficar agitada em suas mãos, bate as asas desesperadamente dentro delas. Quando Grico acha que é o suficiente, ele abre as mãos e a borboleta está com suas asas recuperadas e voa da mão de Grico, como se nada tivesse acontecido com suas asas, deixando-o surpreso e fascinado com o seu proprio feito.

      – Nada mal Grico! – diz Nais. – Já pode apagar a chama agora Tegiz!

      – Tudo bem, mas como é que eu faço isso. – pergunta Tegiz ainda com braço estendido com a pequena chama ainda dançando em sua mão.

      – Imagine a chama se apagando. – responde Nais.

      Tegiz imagina a chama se apagando em sua mão, em um instante ela se apaga, como o fogo de um fogão a gas que se apagou.

      – Pelo que vi o elemento inato de Tegiz é o fogo, e o seu Grico é o elemento vida. – fala Nais.

      – O que é isso elemento inato? – pergunta Grico.

      – Elementos inatos são elementos que os magos, que podem controlar os elementos, tem uma aptidão natural para poder controlar, ou seja, nasceram para controlar determinado elemento. – responde Nais, se sentando no chão com as pernas cruzadas. Seus pupilos o acompanham. – No seu caso Tegiz, seu elemento inato é o fogo, no caso de Grico é a vida.

      – Como sabe disso mestre? – continua a perguntar Grico, sentado com as pernas cruzadas.

      – Quando o ramo de Tegiz pegou fogo, soube nesse momento que o elemento inato dele era o fogo. Quanto a você Grico, soube que seu elemento era vida quando o botão de flor nasceu em seu ramo, isso é uma característica de quem pode usar o elemento vida.

      – O que aconteceria se fossemos de outros elementos? – volta a perguntar Grico ao Nais.

      – Se fossem da terra, uma raiz apareceria; Se fossem da água, as folhas ficariam cobertas de orvalho. Do vento, as folhas ficaram cortadas; Da sombra, as folhas ficariam marrons; Da morte, o ramos ficariam secos e murchos; Da flora, os ramos cresceriam; Da fauna, os ramos ficariam curvados; E no meu caso, o elemento da luz.

      Nais pega do chão um ramo de árvore, parecido com o de Tegiz e Grico. Ao segurar o ramo em sua mão, os dois irmão são capazes de perceber as folhas do ramo aumentarem de tamanho.

      – Existem os elementos sintéticos também, que são a eletricidade, o metal, a gravidade, o magnetismo e a radiação. – volta a explicar Nais. – Esse são apenas descobertos quando manchas cinzas surgem nas folhas, então é necessário provar as folhas para saber pelo sabor que elementos elas pertencem. O azedo é para eletricidade, o salgado é para o metal, doce para gravidade, amargo para o magnetismo e picante para a radiação.;.

      – Porque são chamados de elementos sintéticos? – pergunta Grico.

      – São chamados assim porque antes da tecnologia o controle sobre eles era inútil, com o surgimento de máquinas esses elementos começaram a ter algum tipo de utilidade. – responde Nais. – Como elementos naturais não funcionam em máquinas, e esses elementos inúteis funcionam, e como maquinas são coisas sintetizadas, não naturais, os magos o chamam de elementos sintéticos.

      – Então eu só posso aprender magias do fogo e Grico só pode aprender magias da vida. – fala Tegiz sentado com o joelho erguido o usando para apoiar a mão.

      – Não é bem assim. – explica Nais sentando-se no chão e desenhando uma estrela de cinco pontas com o ramo em sua mão. Nas pontas de cada as palavras: "emissão", "intensificação", "transformação", "conjuração" e "manipulação". – Todos os quinze elementos possuem comportamentos mágicos, que são: emissão, intensificação, transformação, conjuração e manipulação. O elemento fogo possui o comportamento mágico de emissão. – Nais escreve a palavra "fogo", dentro da ponta da estrela marcada com a palavra "emissão". – O elemento vida possui o comportamento mágico de intensificação.


     – O que isso tem haver com minha pergunta? – volta a perguntar Tegiz sentando-se no chão junto com seu irmão Grico.

     – Já chego lá. – responde Nais. – Continuando... Os outros elementos que possuem o comportamento de emissão são a radiação e a luz. – Nais escreve dentro da ponta com a palavra "emissão" as palavras "luz" e "radiação". – Os outros elementos que possuem o comportamento de intensificação são a "gravidade" e o "ar".

     – Então quer dizer que só posso aprender magias da vida, ar e gravidade? – pergunta Grico.

     – Não. – responde Nais. – Quer dizer que são os mais fáceis para vocês aprenderem, porém não recomendo.

     – Por que não? – pergunta Tegiz.

     – Porque ter maestria sobre um grupo de elementos de mesmo comportamento mágico não significa garantia de vitória, lhe da mais garantia de derrota. Suponhamos que você, Tegiz, tenha dominado todos os elementos de emissão, quando enfrentar um mago que domina um comportamento mágico oposto, que pode lhe derrotar, ou seja, a transformação. Ele terá vantagem sobre você e vencerá. Para evitar isso deve aprender um elemento de comportamento próximo.

     – E quais seriam? – pergunta Tegiz.

     – Olha para as pontas da estrela, veja quais estão mais próximas ao seu elemento inato.

      Tegiz e Grico olha para o desenho e observam que a ponta de "emissão" está próxima a ponta de "manipulação 'e "intensificação". Da mesma forma, a ponta de "intensificação" está próxima a ponta de "emissão" e "transformação".

      – Então eu posso aprender elementos de comportamento de manipulação e intensificação. – responde Tegiz.

      – E eu os de transformação e emissão. – responde Grico.

      –Exato! – responde Nais. – Os elementos de manipulação são fauna, magnetismo e terra. – Nais escreve aspalavras: "fauna", "magnetismo" e "terra" na ponta com a palavra "manipulação".– Os elementos de transformação são a água, eletricidade e sombra. – Nais escreve na ponta com a palavra "transformação" as palavravas: "água", "eletricidade" e "sombra". – Quanto mais distante da ponta da estrela do seu elemento inato, mais difícil é para você aprender. Para você, Tegiz, os elementos de conjuração são mais difíceis de aprender. – Nais por fim escreve na ponta com a palavra "conjuração" as palavras: "flora", "metal" e "morte". – Para você, Grico, são os elementos de conjuração e manipulação os mais difíceis de aprender.    

      – Como vamos saber qual desses elementos devemos treinar? – pergunta Grico.

      Nais sorri.

      – Isso é algo que não se sabe, é algo que "vocês" devem escolher. – responde ele. – Mas vocês tem tempo para escolher, primeiro devem aprender a dominar seus elementos inatos, assim que o dominarem começaremos a ensinar os elementos de afinidade. Por esse motivo, a partir de amanhã, nós mudaremos o treino.

      – Como assim mudar o treino? – pergunta Tegiz.

      – No momento vocês só sabem apenas magias desordenadas, não tem controle o suficiente sobre elas. – responde Nais. – São o que chamamos de magias nível zero.

      – Magias tem níveis? – pergunta Grico.

      – Sim, na verdade magias possuem quatro níveis. – Nais responde fazendo um quatro com a mão. Em seguida ele faz o número um com a mão. – O primeiro nível é chamado de nível zero, pois não é utilizado pelos magos mais experientes. Também chamamos isso de magia latente, é alguém que pode usar magia, mas não sabe que pode usar e nem como usar. Essas pessoas nós damos o nome de médiuns. O próximo nível são as magias de nível um, são magias faladas, magias que se utiliza da fala, dos gesto e do pensamento para se fazer. Vou demonstrar.

      Nais estende a mão aberta aos seus aprendizes e fala:

      – Esfera de luz!

      Uma bola de luz branca, do tamanhão do punho de Nais, surge na palma da mão enrugada do velho mago.

       – As magias de nível dois são magias manuais. – continua a explicar Nais com a esfera de luz ainda em sua mão. – São magias que não se utiliza a fala, apenas o gesto e o pensamento.

      O velho mago estende a outra mão, sem falar nada, uma outra esfera de luz branca surge em sua mão, com o dobro de tamanho da primeira esfera.

      – Se vocês perceberam a diferença de tamanho entre as duas esferas, não foi por eu ter colocado mais energia na segunda, a energia continua a mesma. – esclarece Nais. – Conforme o nível de magia aumenta, menos energia você utiliza para realiza-la, porem a concentração para executá-la se torna maior. E agora a magia de nível três.

      Uma esfera gigante aparece, flutuando no ar entre Nais e seus aprendizes. Com um fechar de mãos, a três luzes se apagam. Tegiz e Grico ficam impressionados com a demonstração, o velho mago se levanta, limpa a sujeira de sua bermuda e fala aos seus aprendizes:

      – Mas agora chega de aula. Por hora, vamos jantar e nos preparar para amanhã.

      Embora fartos do jantar e exaustos do longo treino, Tegiz e Grico não conseguiram dormir de imediato. Estão ambos ainda muito impressionados com a demonstração de seu mestre Nais, e com sigo mesmos, pois finalmente conseguiram fazer magia. Também estão muito animados com o dia seguinte, pois finalmente irão aprender magia, uma vez que até agora tiveram apenas treinamento físico.

      Ficam várias vezes se imaginando como usariam a magia no futuro, também tentando decidir qual dos elementos que possuem afinidade eles devem aprender primeiro.







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