Imaginação Fértil
E mais uma vez liguei o meu laptop, a tela exibiu uma folha em branco, havia passado semanas, eu tentando vencer a mesma.
Era o momento que a inspiração me abraçava com toda a sua pujança. Levantei e desliguei a lâmpada, era madrugada, porém, a hora exata não visitava a minha mente.
O silêncio tinha se instalado por completo, eu diria que apenas soava o teclado por mim apalpado, no entanto, seria mentira, pois eu ainda tentava escrever a primeira palavra.
Olhei com mais atenção na tela com a esperança de exalar uma ideia eminente, mas nada aconteceu.
O gênero do texto que eu queria escrever para o concurso era ação. Cansado de escrever o mesmo gênero eu estava, extremamente cansado e sempre que participava em concursos, ganhava derrotas.
Então decidi optar por um gênero um tanto diferente para uma pessoa como eu. Escolhi... Terror. Sim, exatamente, Terror, queria fugir um pouco da minha zona de conforto, para substituir "ele chutou no canto direito" com "a entidade com toda sua fúria avançou na sua direção".
Confesso que primeiramente, quando a ideia de escolher terror como gênero roçou a minha mente, pensei em desistir, seria interessante, mais um desafio para mim.
Não foi a primeira vez a me aventurar em um outro gênero, o primeiro foi fantasia onde me saí muito bem.
A tela ainda não tinha nem se quer o título, eu ainda procurava um título forte e um começo instigante.
Quando tentava escrever a primeira letra, não palavra, o som de um pássaro me pareceu dar sinal para algo fazer, com isso quebrando o silêncio, só que, eu tinha uma simples dúvida, aquele som indicava desistir ou prosseguir?
Mandei os meus dedos prosseguirem com o trabalho, comecei escrevendo o título que me soou interessante e dei partida à parte inicial.
Aquela madrugada ostentava calor. Tirei a minha camisa, continuei a teclar sem parar, as idéias já tinham sido traçadas e conectadas nas entranhas do meu cérebro.
Os insetos produtores de fragor iniciaram a sua função na terra, produzir algazarra. Isso nada contribuiu para o parar dos meus dedos ocupados trabalhando para mais um conto.
Durante o trabalho dos meus dedos senti a temperatura cair de uma forma exagerada, o frio desfilava no meu quarto imerso na escuridão.
Fiquei atónito com a situação. Eu acreditava em coisas sobrenaturais, então o cair da temperatura significava uma coisa que nem sei como tive coragem de escrever, se a temperatura está baixa há uma presença do além.
Senti um abraço gelado me envolvendo enquanto tentava decidir se continuava escrevendo ou apenas ligava a lâmpada e dormia às claras.
Os meus pêlos automaticamente ficaram içados, aquilo parecia sério.
Juntando-se ao coro dos insetos, lá fora começou a ventar estabelecendo a oportunidade do bailar das árvores grandes e vestidas de sombras.
Um conjunto de arrepios usou o meu corpo para passear.
De imediato parei de escrever, o brilho da tela do laptop minimizou-se sem os meus comandos.
Num sobressalto me distanciei do aparelho quase caindo.
Percebi que tinha ignorado uma das dicas do rei do terror, "tenha uma lâmpada por perto porque nunca se sabe quando vai precisar" - ou uma coisa parecida.
Fora do alcance do aparelho, fui em direção do interruptor, mas durante a minha navegação com as mãos apanhando o ar, três toques consecutivos soaram na porta.
Claro que eu não ia atender, não era louco para fazer o mesmo que os personagens de um filme de terror fazem.
Ignorei as batidas e cliquei no interruptor, mas a lâmpada não trouxe a luz, tentei mais uma vez, desligando e ligando, mesmo assim nada.
De repente a tela do meu laptop exibiu a luz branca com a minha escrita convertida para a cor vermelha em estilo arte.
Me aproximei do aparelho hesitando. Sentei e vi o texto escrito em forma de versos sendo cada linha uma palavra.
NUNCA
ESCREVA
ESTE
GÊNERO
SEM
A
LUZ
Pisquei uma vez, a lâmpada trouxe a luz, a minha camisa estava no meu corpo.
Eu tinha encostado a mão no queixo pensando o que iria escrever, a minha imaginação tinha sido tão real.
A porcaria do calor continuava incomodando. O silêncio era total. Então decidi começar a escrever, meu gênero preferido ação.
Fim
Autor: #JAMES_NUNGO
24/10/2017
Revisado: 28/01/2019
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