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Melhor que Perseu

Se existia uma coisa nesse mundo que animava Alice, essa coisa era o conceito de "lutar". Não havia um único ponto negativo em lutar. Glória, diversão, adrenalina e sobrevivência, ela gostava de todas essas quatro palavras. Bem, havia um ponto negativo: se você perdesse, você morria. Só que perder era algo que apenas uma pessoa fraca faria, e ela não era fraca. Como poderia ser? O antigo deus da força era não só seu treinador, ele era seu pai. Tudo que levou ele ao topo do mundo foi passado a ela, então falhar não era improvável, era impossível.

— Qual é, Alice, melhora o ânimo!

Havia um tipo de luta que Alice não gostava: lutar contra seus desejos. E o seu desejo agora era o de socar o rapaz ao seu lado até ele desmaiar, para que ele não consiga falar nada até chegarem ao destino. Ela estava consideravelmente animada por estar participando de uma missão. Não era nada glorioso como "fechar os portões da morte" ou "derrotar Gaia" como os deuses fizeram nas histórias contadas por seu pai. A missão da vez era bem simples, ela só precisaria resgatar um semideus — que para estar precisando de resgate, devia ser um bem fraco. O problema? Toda missão seguia uma regra: elas devem ser cumpridas por três heróis, nem mais, nem menos.

Geralmente, liderar uma missão significava duas coisas: primeiramente, o óbvio, ter que comandar os seus aliados e seguir a missão. Segundo, você tinha o privilégio de escolher a sua equipe. Quando foi a sua vez de comandar uma missão, por alguma razão Alice não pôde escolher. E quem enviaram junto a ela? Lucian Grace, filho de Zeus e um incrível incompetente. A única razão que ela conseguia pensar para forçarem ela a ir com ele seria uma ordem direta de Zeus.

Tristan, o pai de Alice, também era um filho de Zeus. A diferença entre os dois era como noite e dia. Até nessa idade, Tristan já tinha sua cota de feitos, e mesmo não estando nem perto do ápice dos mais fortes, ele já dava para o gasto, segundo as histórias. Já Lucian? Ela conhecia semideuses mais novos que não seriam tão difíceis de lidar. Ele não era imprestável, mas irritava ela ao ponto em que ela preferiria ir com um a menos nessa missão.

O segundo companheiro dela era bem mais fraco, porém centenas de vezes menos irritante. Seu nome era Luca Abel, filho de Hefesto e uma mera criança. Claro, ela também era uma criança, dez anos de idade não era tanta coisa. Só que oito era bem menos. Ele era relativamente quieto, mesmo que tenha seus momentos de "ânimo exagerado", um defeito que ela relevava pois sabia que era o jeito do rapaz de lidar com o nervosismo de estar em sua primeira missão. Embora ele não soubesse lutar, um filho de Hefesto nunca era inútil.

E além do mais, Luca tratava Alice com respeito, e ela nunca admitiria isso, mas gostava disso.

— Lucian, fecha a boca. — ela responde enquanto sente seus olhos revirando. – Ou eu jogo esse carro no rio, tranco você dentro e saio com o Luca.

— Deixa disso, você não faria essa maldade comigo.

Ah, eu faria bem pior. Alice pensa, decidindo manter isso apenas em sua mente. Ela sabia que precisava manter o foco em dirigir, pois mesmo sabendo manusear uma lâmina com precisão mortal, passar a marcha enquanto mantém o volante parado era uma tarefa que ela com certeza não tinha esse mesmo domínio. A viagem foi longa, e Alice já estava ficando exausta. Foram bons dias lutando contra monstros fracos, salvando Lucian da morte e arranjando formas diferentes de seguir ao seu destino. Na última parte do trajeto, eles decidiram tomar uma escolha mais arriscada: Alice roubou um carro. Luca, como um companheiro útil deve ser, eliminou o requisito de uma chave fazendo ligação direta.

Uma viagem de menos de um dia se tornou três dias, simplesmente por não terem um jeito melhor de se locomover, já que os monstros estavam mais agitados do que o normal. Coisas grandes estão acontecendo, Quíron disse em sua voz de "eu sou mais chique que todos vocês". Mesmo que ela zombasse disso, Alice sabia que tinha um fundo de verdade. Não muito tempo atrás um filho de Eósforo foi clamado. Ela não sabia quem diabos era Eósforo, então não se preocupou com isso, na verdade, nem deu atenção. Isso mudou quando ela ouviu que sempre que esse tipo de semideus aparecia, alguma coisa terrível estava prestes a acontecer.

Tristan sempre dizia: toda lenda tem um fundo de verdade, mesmo que não seja ao pé da letra. De qualquer jeito, não é como se fosse importar até afetar ela, e estava afetando. E não é como se fosse de todo mal, já que em tempos difíceis, só os melhores heróis iriam se destacar, assim como os atuais deuses e seu pai com eles. Não haveria oportunidade melhor do que essa, então Alice estava ansiosa, crente que iria se tornar cada vez mais forte por conta das circunstâncias.

— Senhora Alice, em cinco minutos nós vamos chegar.

Luca diz com sua voz tímida. Ela já viu ele algumas vezes no acampamento, andando com os irmãos ou outros semideuses de sua idade. Por alguma razão, quando ele falava com ela, Dante, Lucian e Kaizer, Luca ficava muito mais tímido, usando honoríficos e se retraindo.

— Aí, tampinha, essa coisa funciona mesmo, né? — Lucian pergunta enquanto brinca com uma pedra. Ele se vira e aponta com a cabeça para o dispositivo nas mãos de Luca. Aparentemente era um tipo de invenção da cabana de Hermes, um rastreador de ocorrências mitológicas ou algo parecido. — Acho que se a gente tiver indo pro lugar errado, eu morro.

— Ah, eu espero que a gente esteja.

Alice sussurra, fazendo com que Lucian exclame um "ahn?".

— Funciona sim, senhor Lucian! Meus irmãos já testaram, a gente achou um montão de coisas no acampamento com isso daqui. — os olhos de Luca brilhavam enquanto ele explicava. — Você sabia que o dragão do nosso pai, Hefesto, foi criado lá no acampamento? A gente achou um pedaço dele jogado por lá.

— Maneiro. — Lucian comenta. Alice concorda em silêncio, já que "dragão metálico cuspidor de chamas" era uma combinação de palavras que mexia até com ela. — Você tem irmãos pra caramba, né não? Eu queria ter um irmão também.

— Onze irmãos! Todos eles são gênios, senhor Lucian, fazem um montão de coisas. — a timidez na voz de Luca parecia sumir a cada segundo que ele falava sobre esse tipo de assunto. — Eles não gostam muito de lutar, e eu também não, mas depois que eu vi vocês acabando com aqueles ciclopes... eu acho que quero ser que nem vocês quando crescer.

Sem que percebam, Lucian e Alice empinam o nariz ao mesmo tempo, deixando o sentimento de orgulho subir à mente deles. Ser uma figura inspiradora era uma das maiores honras que alguém poderia ter, e eles aceitariam isso de braços abertos. Lucian cruza os braços e fala algo do tipo "eu te ensino uma coisa ou outra, garoto", como se ele não tivesse a mínima vergonha na cara. Alice havia passado os últimos três dias salvando o couro dele, e Lucian estava agindo como se fosse o verdadeiro herói da história.

Se todo filho dos três grandes fosse um estereótipo tão grande do que costumam dizer sobre eles, ela não queria ver o quão instável um filho de Poseidon poderia ser, muito menos quão assustador é um filho de Hades.

— E você, Alice, cê tem um irmão?

Lucian pergunta aproveitando a deixa de Luca. Ela quase cuspiu na cara dele em resposta, mas ao ver que o garoto no fundo do carro também pareceu ter ficado curioso, ela decidiu responder normalmente.

— Só as meninas da cabana de Afrodite. — ela responde sem muito interesse, porém logo lembra de um último detalhe. — E meu pai tem outra filha, mas a gente não é parente, então não conta.

— Você já viu ela alguma vez?

Luca pergunta.

— Não, e nem quero.

Alice mente, já que ela tinha no mínimo um pouco de curiosidade. Essa outra filha de Tristan era um mistério. Que tipo de pessoa ela seria, para seu pai escolher ela em vez de Alice? Se fosse tão forte quanto ela imaginava, então Alice não teria escolha senão aceitar que ela era melhor. Seu verdadeiro medo não era esse, e sim a possibilidade dela ser mais fraca. Se fosse esse o caso, então o que ela teria de tão especial? Só de pensar nisso, Alice sentia raiva, então ela decidiu tentar deixar esses pensamentos de lado. Felizmente para ela, poucos segundos depois Luca indicou que eles deveriam sair do carro, pois estavam próximos do local.

Ela estacionou no acostamento, logo ao lado de uma floresta. Alice odiava florestas: as árvores costumam bloquear o trajeto de sua lâmina, então ela tinha que improvisar, geralmente desferindo estocadas ou cortes menos amplos. Com a sua arma em mãos, Alice seguiu Luca, que estava guiando o grupo com seu dispositivo. Logo atrás deles e cantarolando, Lucian agia como se estivesse em um passeio, pois nem ao menos tinha sacado as armas. Se ele sobrevivesse a essa missão, só podia significar uma coisa: a sobrevivência do mais forte era uma mentira, e o mundo é um lugar mais injusto do que ela pensava. Depois de alguns minutos caminhando, a paciência de Alice chega ao limite.

— Lucian, foco.

O filho de Zeus grunhe e revira os olhos.

Relaxa, pirralha, eu sei o que eu tô fazendo.

— Me chama de pirralha de novo e eu corto essa sua língua fora.

— Quer tentar? — o olhar dele fica mais sério, e ele finalmente saca a sua espada e transforma seu relógio em um escudo. — Eu não tenho nada melhor pra fazer agora.

— Ah, eu vou adorar isso...

Alice responde e se prepara para avançar nele, porém a voz de Luca traz os dois de volta para a realidade.

— E-ei, pessoal, eu não quero interromper vocês, mas...

O mais novo aponta para longe, e quando os outros dois olham, eles percebem uma construção na distância. Decididos a acertarem a conta depois, eles andam até lá, e ao chegarem mais perto, decidem que aquilo era com certeza coisa do mundo mágico. No meio de uma floresta, longe de qualquer sinal de civilização e em lugar nenhum, havia uma única construção que destoava do ambiente ao redor. Parecia um galpão, porém feito de mármore e com pilares semelhantes aos templos para os deuses, como se fosse um pedaço do Olimpo na terra.

No meio havia duas grandes portas com entalhes dourados, e estavam abertas Em frente a elas, uma placa se fazia presente: Galeria de Arte Ninho de Cobra, as letras em uma fonte estranha formavam. Alice tentou associar "cobra" a algum mito, e a primeira coisa que passou na sua mente foi um basílico, ou até mesmo uma cerastes. Era o mais óbvio, por serem cobras, mas não explicava a parte da galeria de arte. Nessas horas, ter um nerd como Kaizer por perto seria bem útil. Infelizmente, ela estava presa com o cabeça de vento, e Luca provavelmente não sabia desse tipo de coisa, por ser relativamente novo no acampamento.

Com suas armas em mãos, o trio entrou no galpão com suas guardas levantadas, prontos para batalhar a qualquer momento. O interior era mal iluminado, e preenchido de estátuas de variados tamanhos. Eram esculturas incríveis, semelhantes às que eles já viram em livros. O trabalho era impecável, e Alice não era uma pessoa que costumava apreciar muito esse tipo de arte. Eles caminharam por várias esculturas, cheias de ferramentas e pedaços de mármore jogados no chão.

Assim que ouviram o som de passos, eles já estavam prontos para atacar.

— Bem-vindos a... — uma pessoa se aproxima, se assustando quando vê o trio armado. — Céus! Não precisamos dessas armas aqui!

Uma mulher sai com um cinzel e um martelo em mãos. Ela usava um vestido branco, porém com um longo avental marrom por cima, sujo de pó branco. Para todos os casos, ela era uma pessoa completamente normal, exceto por seu rosto. A mulher usava uma venda branca, e seu cabelo trançado estava preso em um coque. Fora isso, ela ter visto as armas deles era um sinal que ela era uma criatura, já que ela tanto ignorava a névoa quanto enxergava vendada.

— Lucian, eu vou cortar a cabeça dela.

— Dá um tempo, Alice, deixa eu resolver isso.

A dupla de semideuses sussurra um para o outro, e Alice revira os olhos com a resposta do filho de Zeus.

— Oi, perdão, moça, não queria assustar você. — ele diz enquanto se aproxima com um sorriso cínico e guarda as armas. Burrice, Alice pensou, espero que ele pague o preço. — É que estamos indo atrás de um amigo nosso, e achamos que ele passou por aqui.

— Hmm... muitos fãs passam por aqui, vocês poderiam descrever melhor o amigo de vocês? Eu adoraria ajudar.

— Ele é mais ou menos dessa altura. — Lucian põe a mão onde ele crê que é a altura do semideus que buscamos. — Cabelo mais ou menos assim, sabe? Meio pra lá do que pra cá, ele tinha um jeitão meio... sabe como é, né?

Pela cara da mulher, era óbvio que ela não sabia, muito menos Alice e Luca. Lucian continua insistindo em descrever o semideus, muito para a irritação de todos presentes. Quando Luca percebe que Alice estava prestes a fazer algo impulsivo, ele bota a mão no ombro de Lucian e balança a cabeça, um sinal para ele parar de falar. O filho de Zeus aceita, relutante.

— Bem, eu... não sei se entendi. — a mulher diz e dá uma risada forçada tímida, tentando ser o mais educada possível. — Eu tenho um registro de visitantes nos fundos da galeria, talvez o amigo de vocês tenha assinado o nome aqui, não?

— Sim, sim! Você pode mostrar o livro?

Luca pergunta, assumindo a liderança. A mulher aceita e começa a guiá-los. Ao longo do caminho, ela aponta para algumas estátuas e conta histórias, como uma escultura que retrata a queda de Urano. Essa é a única história que Alice presta atenção, pois a grande estátua de mármore representava o seu pai, Tristan, golpeando a divindade Urano. Ele e o seu inimigo eram o foco principal, porém outros semideuses eram representados, pois era uma escultura gigantesca, tomando uma sala para si.

Ela reconheceu alguns dos deuses. Zeus, a irmã de Tristan. Ártemis, a esposa dele (e madrasta de Alice?). Alguns outros ela nunca viu pessoalmente, mas com certeza eram deuses. Alice não sabia botar em palavras o porquê, mas a pedra de mármore parecia emanar poder, como se fosse aquele pedaço do tempo representado em rocha esculpida. "A ascensão do Novo Olimpo", a mulher falava o nome de sua obra com orgulho, e o trio não pôde evitar ficar maravilhado com aquela imagem. Assim que saíram de lá, Alice voltou a focar na missão. Ela não conseguia chegar a uma conclusão: nenhuma figura mítica que conhecia era escultora.

Assim que o tour acabou e os semideuses chegaram ao final do galpão, Alice viu algo que chamou a sua atenção. No canto da sala, um pano cobria uma estátua, cuja única parte para fora era o braço. Diferente das outras, essa não parecia estar polida, ainda estando no estágio da rocha bruta. Alice não tinha nenhum motivo para estar tão intrigada. Estátuas não apareciam prontas, obviamente era todo um processo para chegar ao estágio final do processo, então, obviamente uma escultura não finalizada ainda estaria coberta.

Mesmo assim, seu instinto dizia que algo estava acontecendo, e ela nunca deixaria de ouvir seus instintos. Esse era um dos ensinamentos de Tristan, e ela não ignoraria isso. Confirmando que a mulher não estava olhando em sua direção, a garota se aproxima da estátua e puxa o pano cuidadosamente. Era uma pessoa, amedrontada e estendendo a mão como se estivesse indo agarrar alguma coisa. A única coisa que sinalizou que algo estava errado foi o colar no pescoço da estátua. Era um cordão com vários pingentes, e ela reconhecia todos eles. Eram os pingentes entregues aos semideuses em todo início de ano, para simbolizar a estadia no acampamento.

Alice sorriu, ela sabia quem era. A mulher escultora era Medusa.

Espera, Medusa?

— Fechem os olhos agora!

Ela grita e obedece às próprias ordens. Sua mão alcança a sua lâmina imediatamente, e ela fica atenta para qualquer som. Se ela ouvisse Medusa, ela atacaria.

— Ah, que pena, você descobriu o meu segredinho...

Medusa diz com uma falsa tristeza, ironizando a situação. Ao ouvir a direção de sua voz, Alice se preparou para atacar, porém percebeu que não sabia a localização dos seus companheiros. Se ela cometesse um erro, poderia acabar ferindo algum deles. Ferir Lucian seria apenas uma troca, mas ferir Luca não valeria a pena. Alice precisava de algum outro plano, uma ideia, rápido.

— Eu admito, eu não sou tão interessada em semideuses faz bastante tempo... — ela parecia estar caminhando ao redor deles, passando as suas garras lentamente pelas paredes. — Mas... uma artista precisa de inspiração, e eu estou em uma fase nova. E eu acabei de ter a melhor ideia possível. Um filho de Zeus na minha porta, de bandeja? Eu quase agradeço aos deuses por isso.

— Opa, como assim, senhora? — a voz assustada de Lucian ecoa pela sala. Infelizmente, ele não havia desobedecido Alice. — Eu não vim de bandeja pra ninguém, que história é essa?

— Esse escudo em seu pulso, você não acha que é injusto andar exibindo a minha imagem por aí? Seria tão melhor se você fosse uma estátua, uma obra de arte. Eu já até pensei em um nome. — Medusa parecia estar tendo dificuldade para conter a sua animação. — Já os outros... podem ir. Levem o seu amigo, ele é tão desinteressante quanto vocês. Uma criança que mal consegue levantar a sua arma... e você, garotinha? Um rosto tão bonito, mas uma alma tão cheia de fúria. O mundo já tem covardes e loucos o suficiente, não tenho nada a fazer com vocês.

Ela está me subestimando. Alice pensou surpresa. Sua surpresa lentamente se tornou fúria, e quando ela menos percebeu, já estava prestes a atacar, independente de quem esteja no seu caminho. Nesse momento, ela ouve um grande impacto, e o som de Lucian urrando de dor atingindo a parede veio logo depois. Alice não teria outra oportunidade, então ela correu na direção do som e fez um corte alto, onde ela sabia que não atingiria Luca, pelo garoto ser mais baixo que Medusa.

Esperando o som de carne sendo cortada (preferivelmente) ou até mesmo o ar, ela se surpreende quando ouve um impacto metálico.

— Hmm... esse escudo é realmente bem útil.

Entendendo o que houve, Alice tenta desferir outro ataque antes que possa ser atingida, porém ela é agarrada pelo pescoço, e erguida para cima. Ouvindo o som de várias cobras assobiando, a garota se pergunta o que ela poderia fazer. Sua lâmina ainda estava sendo agarrada, então essa não era uma opção viável. Alice poderia copiar a forma de seu pai, porém essa era uma opção arriscadissima, ela teria que finalizar tudo em um golpe só ou as consequências seriam graves.

Decidindo pela opção mais simples, ela solta a espada, soca Medusa com toda a sua força e se aproveita da confusão dela para agarrar a lâmina novamente, dessa vez chutando a sua inimiga para longe. Se ela atacasse novamente, seu golpe com certeza seria bloqueado, então ela tinha uma outra opção. Alice precisava de uma isca, uma distração que pudesse dar a brecha necessária para acabar com isso de uma vez por todas.

— Luca, atira na direção dela!

— Pode deixar, senhora Alice!

Assim que o garoto disse isso, Alice recua para trás, e um instante depois ouve o som de uma explosão. Como um filho de Hefesto comum, Luca não usava apenas armas para lutar, e ele decidiu trazer consigo um canhão, feito por ele mesmo. Em situações normais, Alice jamais pediria para alguém causar uma explosão tão perto dela, porém essa não era uma situação normal. O choque da explosão não foi tão forte quanto ela esperava, o que era bom, portanto ela se aproveitou da situação para fazer uma transformação rápida.

Ela não copiou a forma de ninguém, apenas decidindo fazer um truque. Suas costas se tornaram a parte da frente do seu corpo e vice-versa. Para qualquer um enxergando-a, ela agora estava de costas para Medusa. Era arriscado, Medusa precisaria estar com a guarda baixa e próxima o suficiente, mas Alice tinha uma única certeza: ela venceria. Ouvindo sua inimiga se aproximando em risadas, ela contou os passos precisamente.

— Qual o problema, garotinha? — a voz arrogante de Medusa enfurecia a semideusa. — Ficou confusa? Onde está toda aquela fúria de antes?

Cinco passos, quatro passos. Medusa estava quase no alcance de sua lâmina, era apenas questão de tempo.

— Depois que eu transformar o filho de Zeus em uma obra de arte, eu vou devorar vocês, sentir o gosto do medo em suas almas patéticas.

Três passos, dois passos.

— E então todos irão reconhecer Medusa por-

— Ei! Eu tô aqui! — Alice ouve a voz de Lucian, e logo depois outro impacto metálico logo à sua frente. — Não esquece de mim!

Um passo, agora.

A distração de Lucian foi perfeita. Medusa esqueceu de Alice no instante mais crítico, e essa foi a sua ruína. A semideusa desfez a transformação, e imediatamente fez um único corte amplo. Mesmo de olhos fechados, ela visualizou a cabeça do monstro se separando de seu corpo. A sensação do metal de sua espada atravessando o pescoço de seu alvo só significou uma coisa: vitória. Ela sentiu como se estivesse sendo banhada em glória, mesmo sendo uma conquista às cegas.

Um único golpe. Era tudo o que precisava.

— S-senhora Alice? — a voz preocupada de Luca desperta ela do turbilhão de sentimentos de orgulho que preenchiam a mente dela. — Você... conseguiu?

Claro que eu consegui, Luca. Eu sou a melhor.

— Ah... ok...

Ela fica parada, respirando fundo enquanto sentia a adrenalina em seu corpo se esgotando. Talvez ela pudesse levar a cabeça da Medusa para o seu pai, como um tipo de troféu. Ou não, vai que ela acaba transformando ele em uma estátua sem querer. É, era melhor não arriscar. Quando o trio finalmente se recompôs, os três concordaram em cobrir a cabeça do monstro com um pano e queimar, e assim o fizeram.

— Aí, Lucian, mandou bem.

Alice estava se sentindo orgulhosa, então ela poderia dar um elogio para seus companheiros, pois eles conseguiram não atrapalhar ela. Como um brinde, ela estendeu a mão para ajudar o filho de Zeus a se levantar, visto que ele estava cheio de feridas por conta dos golpes que recebeu de Medusa.

— Você também não foi nada mal.

Lucian diz e segura a mão de Alice. Ela solta assim que processa a frase, deixando ele cair no chão novamente. É isso que se ganha por tentar ser boa. Ela pensa, e a expressão de nojo em seu rosto era o suficiente para matar alguém apenas com o olhar.

— Vamos embora, Luca.

— E-e o senhor Lucian, senhora Alice?

— Algumas pessoas não merecem ser salvas, tampinha, você tem que entender isso. — ela diz com os braços cruzados e o nariz empinado, como se estivesse dando uma lição de vida para o mais novo. — Aí, Lucian, leva a estátua do carinha aí quando voltar pro carro, valeu? Se não eu quebro você.

— Qual foi, Alice, eu tava brincando. — a voz derrotada de Lucian clamava por piedade. Como resposta, Alice ergue o dedo do meio para ele e volta para o carro. — Alice? Luca? Alguém?

Os dois semideuses que estavam na frente esperaram o seu companheiro por meia hora, que foi o tempo que ele demorou para carregar a estátua de volta para o carro. Assim que Lucian sentou-se no banco, ele desmaiou. A viagem de volta demorou um terço do tempo da viagem de ida, e em um único dia já estavam no acampamento. A noite não parecia ser diferente de nenhuma das outras, exceto pelo detalhe de que por hoje (como todos os outros dias), Alice tinha uma razão a mais para se gabar: ela matou a Medusa.

Recebidos por aplausos e aclamações, todos no trio tinham reações diferentes para isso. Alice sentia como se fosse o mínimo, pois ela merecia isso. Lucian, por sua vez, estava se sentindo orgulhoso também, porém pelo mérito de resgatar uma pessoa, não pelo abate da Medusa. Já Luca estava com a sensação mais pura, sorridente e tendo que aguentar os onze irmãos arremessando ele para cima e segurando antes dele cair no chão, gritando "urra!" a cada arremesso. A única coisa em comum que os três tinham, era que aquela seria uma noite feliz para eles.

Eles se despediram com apertos de mão — muito para o desagrado de Lucian e Alice — e cada um partiu para a sua cabana. Exceto Lucian, que passou o resto da noite na enfermaria. Alice dormiu como uma pedra, caindo na cama e apagando imediatamente, e em seus sonhos ela estava derrubando milhares de monstros, sendo aplaudida pelo seu pai sempre que vencia uma batalha. Ela quase se sentiu mal ao acordar, percebendo que não estava derrubando milhares de monstros. Isso mudaria muito em breve, pois no momento em que saiu de sua cabana, foi abordada por Dante.

Dante era outro semideus que morava no acampamento em tempo integral. Ele não era tão forte quanto ela, óbvio, mas era competente. Alice respeitava ele, de certa forma.

— Aí, Alice, foi mal aí te perturbar enquanto tu descansa, mas... — enquanto Dante fala, Kaizer se aproxima. Diferente deles, Kaizer não era focado em luta, mas era um nerd de primeira. Cada um é forte de sua forma, Tristan dizia. — O pessoal da vigia disse que tem um filhote de drakon andando pela floresta, e a gente tava pensando em ir derrubar ele antes disso virar problema. Cê tá dentro?

— Ha, não precisa pedir duas vezes.

Ela sorri e segue eles. A Medusa e um filhote de drakon um atrás do outro? Onde ela estava? No paraíso? Ao chegarem na entrada do acampamento, marcada pelo pinheiro de Zeus, ela ouve os passos fortes do drakon, e não demorou muito para os sons se tornarem uma imagem. Na distância, os três semideuses vêem seis pessoas correndo, e em uma única investida, o drakon atinge eles com a sua cauda, e eles são arremessados até o pinheiro.

Preparado para o combate, Dante saca o seu machado-guitarra, que faz o som de um acorde poderoso. Alice saca a sua lâmina também, e Kaizer transforma a sua tatuagem em uma espada.

— Ai Abutre, a cabeça dele é minha.

Alice diz, sorrindo enquanto sente a adrenalina tomando seu corpo.

— Quero só ver.

Dante responde, e os três partem para a luta. Por uma hora inteira, eles lutaram com ferocidade, desferindo golpes em conjunto e entrando em sincronia para acabar com aquilo o mais rápido possível. Dante agia como a linha de frente, aguentando as porradas e dando brechas para que Alice cause o máximo de dano que consegue em um curto período de tempo, geralmente atacando os pontos fracos apontados por Kaizer. Juntos, eles derrotam o filhote com relativa facilidade, e em pouco tempo, o monstro cai.

Como Alice disse, a honra de cortar a cabeça do drakon recaiu sobre ela, que mais uma vez se sentia vitoriosa. Ela estava em uma sequência imparável de feitos, ninguém chegava aos pés dela. Isso é força de verdade. Infelizmente, ela tinha que resgatar os seis que estavam sendo perseguidos. Pelo jeito que eles estavam fugindo do monstro, com certeza eram semideuses. Isso é estranho. Não costumavam aparecer semideuses nessa quantidade, muito menos um conjunto tão... peculiar.

Um surfista, um moleque de cabelo vermelho sujo de carvão e fedendo a morte, uma garota com cabelo bagunçado — que pelo visto era a irmã de Dante, já que ao fim da batalha ele corre até ela e parecia estar desesperado, incerto da segurança dela —, um gordinho que roncava desmaiado, um loirinho esquisito e...

Uma outra semideusa. Pele morena, cabelo preto e dourado, uma jaqueta preta e roxa. Alice obviamente não reconhecia ela, assim como não fazia ideia de quem eram os outros. Mesmo assim, essa semideusa incomodou ela de uma forma que ela nunca se sentiu antes. Era uma sensação em seu coração que ela não conseguia indicar exatamente o quê, mas se ela não entendia, então era ruim, e logo ela ficou com raiva. Alice decidiu atribuir esse sentimento a "não fui com a cara dela".

— Alice, você está bem?

Kaizer pergunta preocupado, se aproximando dela.

— Tô, claro que tô, que pergunta é essa?

— Você conhece essa menina? — ele pergunta enquanto levanta a sobrancelha. — Sua cara está... estranha. Você não vai matar ela, vai?

— Não, Kaizer, eu não vou matar ela, não enche.

Ela responde e ajuda seus companheiros a levar os semideuses para a enfermaria. Alice se aproxima da garota e carrega ela com o ombro. Leve, muito leve. Não parecia estar fora de forma, mas pelo jeito que foi derrubada com uma única investida, não deve durar mais de um dia no acampamento. Ótimo, não quero ver a cara dela. Alice pensa enquanto caminha emburrada até a enfermaria, colocando-a na maca de qualquer jeito e se sentando em um banco ao lado.

O que diabos incomodava tanto ela? Essa era uma menina normal. Bonitinha, mas não é como se Alice nunca tivesse visto uma pessoa bonita antes. Céus, ela mesma era mais bonita, mesmo se estivesse sendo humilde. Isso era péssimo.

— Aí, Alice, falta outro, não vai ajudar a gente não?

Dante pergunta.

— Não.

— E é pra eu trazer dois de vez?

— É.

— Ah, valeu, tamo junto. — ele diz, irônico. — Vê se não encara tanto essa daí, vai que mata ela.

Alice aponta o dedo do meio, mesmo sabendo que Dante já estava de costas. Não demorou muito para ele trazer os outros dois semideuses restantes. Tomás cuidou de todos, até do trio que derrotou o drakon. Ele fez um breve comentário sobre o quão estiloso era o loirinho, mas Alice não se importou. Ela estava focada, e se decidiu: ou ela entenderia o porquê estava incomodada, ou mataria a garota enquanto ela dorme.

Sem meio termo.

Horas depois, os seis semideuses foram acordando, inclusive a garota que Alice já estava decidida a transformar a vida em um inferno. Assim que a garota acorda, ela olha para Alice, que começa a conversa do melhor jeito que conhecia: com provocações.

— Que nojo. Você baba enquanto dorme.

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