Um Dia Especial.
Kurama - Kojima - Shopping
O shopping, um edifício imponente de vários andares, era um verdadeiro centro de entretenimento e comércio. Suas paredes de vidro permitiam a entrada abundante de luz natural, iluminando os corredores amplos e elegantes. A decoração contemporânea e sofisticada do local encantava os visitantes, enquanto os sons vibrantes das músicas e conversas animadas preenchiam o ar.
E lá estava Yochi, com seus cabelos castanhos escuros caindo em suaves mechas sobre os ombros, cuidadosamente amarrados em um coque. Descia a escada rolante do shopping central pela quarta vez. Seus olhos azuis brilhavam, e refletiam sua curiosidade.
Ginzu, tinha um sorriso gentil nos lábios durante o tempo que a acompanhava de perto.
— Oh! Veja, senhor Ginzu, o que é aquilo? — Apontava para uma das lojas luxuosas, onde uma vitrine exibia uma mulher deslumbrante vestida com roupas extravagantes, dignas de uma diva do pop. — Ali diz, 'Karaokê', Certo?
Ginzu, um pouco surdo, e no outro andar, esforçava-se para ouvi-la claramente. Inclinava a cabeça, tentando entender. — Eu não consigo ouvir você direito! — Lutava para captar cada som que vinha da boca da garota.
—Eu disse!..— Ao notar que seria em vão, sacudia a cabeça em negação — Ah! Tive uma ideia! Fique aí! Eu estou indo! — Subindo a escadaria na contramão ao fluxo, aproveitou a oportunidade para desfrutar daquela jornada vertical mais uma decima vez. As pessoas ao redor olhavam para a garota com encanto e carinho, atraídas por sua aparência cativante e pela sensação de pureza que emanava.
Sentia-se como se estivesse sendo puxada para os céus. Aquele momento era especial, pois raramente tinha essa oportunidade. Ser uma garota; com qualquer outra. Nara, sua cidade natal, rural em sua maior parte; conservava os bons e velhos costumes; e ela pouco seria exceção à regra. Suas roupas eram apenas funcionais. Mas naquele dia, usava uma camisa social branca abotoada e uma saia longa, ambas da mesma cor, conferindo-lhe uma aparência digna de jovens de eras passadas, o que chamava a atenção por sua elegância singela.
— Você realmente gosta dessa escada. Não era mais fácil esperar eu descer? — Ditava o homem enquanto colocava a mão em seus lábios, contendo um sorriso.
— Ah... — A garota coçava a cabeça um tanto sem graça. Realmente gostava daquela pequena aventura vertical. — Em Nara não temos escadas que sobem sozinhas, temos?
— Bom, já que estamos neste andar, o que me diz de irmos primeiro comprar um quimono novo para você? — Colocou a mão no topo da cabeça dela.
O templo nunca foi um lugar que esbanjasse dinheiro, na verdade, a maior parte de suas economias era destinada a reformas. Ginzu não era um homem rico, e vê-lo gastar dinheiro com alguém que muitas vezes só lhe trazia problemas deixava Yochi um tanto desgostosa.
— Senhor Ginzu, por favor... Não precisa... Eu não quero que você gaste mais do que tem comigo... — Dizia, desejando aliviar o fardo que colocava sobre os ombros do sacerdote. — Quem sabe...Vejamos...Já sei, um sorvete!
— Não se preocupe, eu planejei esse dia por anos — Ele respondia com um olhar sereno, transmitindo uma confiança inabalável — Afinal, você hoje, se torna uma mulher adulta.
Aquelas palavras ecoavam no coração de Yochi, fazendo-a perceber que aquele momento não era apenas uma simples comemoração, mas uma transição importante em sua vida.
"Ele está certo...Querendo ou não, depois que o senhor Ginzu se for, o que eu farei? Será que vou conseguir ir atrás da minha mãe sozinha? Não...Primeiramente, eu tenho que saber viver sozinha."
— Certo. Se é assim...— A garota sorria de maneira gentil — Puxa, já pensou o que Tokiwa diria ao me ver?
Enquanto caminhavam pelo shopping, as luzes brilhantes e as vitrines chamativas os envolviam.
— Certamente, diria que está muito bonita — dizia o velho — Me lembra até aquela compositora... Como é mesmo o nome?
— Hm, aquela de Awazu? — Perguntava Yochi.
— Sim, essa mesma...— A memória do velho já não era mais a mesma.
— É Mizuki — A garota ria — Podemos cantar as músicas dela no Karaokê, o que me diz?
— Eu... Não sei cantar, Yochi...— O sacerdote revela envergonhado.
— Ah, pra tudo tem uma primeira vez — Em sua mente, por alguma razão, vinha seu velho vestido com uma roupa digna de um divo do pop — Se eu dissesse o que pensei, o senhor ficaria da cor de um tomate. Haha
O homem hesitou por um momento, mas ao olhar para o rosto radiante da garota, sentiu seu coração se encher de coragem.
— Pois bem — O velho respondia enquanto caminha. — Mas não ria de mim se eu não conseguir.
Entre conversas animadas e risos compartilhados, eles se dirigiram à loja de roupas. Enquanto adentravam, Yochi sentia-se cercada por uma aura de beleza e serenidade. A loja, localizada em um dos andares, era um oásis de estilo e sofisticação. Sua decoração era elegante e moderna, com paredes de vidro que permitiam a entrada de luz natural, destacando as cores vibrantes das roupas expostas. Os manequins exibiam os mais recentes lançamentos da moda, enquanto as prateleiras organizadas, acessórios meticulosamente dispostos. O aroma suave de perfumes e tecidos frescos permeava o ambiente, convidando os clientes a explorarem as opções disponíveis.
A garota deslizava as mãos sobre as texturas suaves de algumas roupas mais longas, quimonos bem elaborados, imaginando-se envolta na tradição milenar que aqueles trajes uma vez já representaram. De fato, usar um daqueles tecidos a fazia lembrar de seu alter ego. Ginzu, sempre ao seu lado, observava com um sorriso. Sabia que aquele momento seria lembrado por toda sua vida. Era uma forma de presenteá-la com mais do que uma simples vestimenta.
Enquanto percorriam os corredores repletos de outros tecidos coloridos, Yochi parou em frente a um deslumbrante rosa. Seus olhos brilharam diante daquela peça delicada, adornada com flores de cerejeira em tons suaves.
"Minha mãe provavelmente usaria um desses..." - Foi o que pensou
A funcionária da loja, uma mulher de meia-idade com um sorriso gentil, aproximou-se — Esse é uma escolha maravilhosa! A cor rosa representa a alegria e a feminilidade, e as flores simbolizam a beleza passageira e a renovação. Tenho certeza de que você ficará deslumbrante nele!
A garota o segurou, sentindo a suavidade do tecido deslizar entre seus dedos. Imaginou como seria vesti-lo. Já Ginzu, observando a empolgação da garota, aproximou-se:
— Parece que você encontrou o quimono perfeito. Tenho certeza de que ficará magnífica nele.
A funcionária sorria e então ditava: — Quer experimentá-lo?
Os olhos negando imediatamente.
" O que? Experimentar? Mas eu ainda não comprei, e se eu sujar ela sem querer?" - os pensamentos fluíam a fazendo colocar o vestido aonde achou. Era inocente ao ponto de não saber que é comum experimentar as roupas que gostou antes de comprá-las de fato.
— E-eu eh, ele é muito caro, acho que não seria legal eu sujá-lo dessa forma... — A garota foi interrompida.
— Fique tranquila... Vá, vista ele! — Ginzu dizia, reconfortando-a enquanto dava pequenos tapinhas em suas costas.
— A-ah, mas e se eu não souber vestir? — A timidez parecia tomar conta — "Oh raios, essa desculpa foi terrível "
A funcionária da loja, vendo a conexão especial entre os dois, ofereceu-se para a auxiliar: — Posso ajudá-la a vesti-lo. Garanto! Ficará perfeito em você! — Ela olhava para o senhor — Espere a gente papai! Logo logo sua filha estará um espetáculo!
Yochi assentiu com um pequeno sorriso e seguiu a funcionária até um provador privativo. Nem tentou corrigi-la.
Enquanto cuidadosamente era auxiliada, ajustando cada dobra e amarração, a garota sentia-se como uma verdadeira dama nobre. A suavidade dos tecidos acariciava sua pele, e a perfeição dos detalhes refletia o cuidado e a precisão da confecção.
Quando finalmente se olhou no espelho, era impossível não se impressionar com o resultado. O quimono rosa, com sua tonalidade delicada, realçava ainda mais a sua juventude. Os detalhes intrincados, como os bordados de flores e pássaros, transmitiam uma elegância atemporal. Cada movimento que ela fazia, parecia que as roupas ganhavam vida, dançando com graciosidade em torno de seu corpo. Se sentia completamente transformada, envolta em uma aura de beleza e sofisticação. Mas aquilo, carregava com sigo, uma memoria intrusiva. Sua mão lentamente acariciava o reflexo.
"Eu...Pareço ela agora...Quando ela me....Quando ela, foi embora, ela não tinha uma aparência diferente da minha..."
Enquanto saía do camarim, já vestida, Ginzu se iluminou com um sorriso admirado e orgulhoso, reconhecendo a verdadeira beleza que emanava de Yochi.
— Yochi... — ele sussurrou com as mãos sobre a boca, quase sem palavras diante da beleza radiante da garota — Você está parecendo...
— Oh? Sim? — Ela não o escutou direito. Na verdade, as palavras que saíram de sua boca, foram tão sutis quanto um sussurro.
— Quero dizer...Está radiante...— Essa tinha sido por pouco — Isso...Radiante...
A funcionária da loja percebeu o silencio perturbador e resolveu quebrar o gelo. Ela sorriu e aplaudiu — Você está deslumbrante!
As bochechas da garota, tomaram um tom rosado — Hm...Vocês estão exagerando, mas... obrigada — Coçava a nuca e evitava contato visual pela pequena timidez — De fato...Ele é muito bonito né?
Ginzu se aproximou e colocou a mão no ombro dela com ternura: — Bom, irei parcelar em dez vezes.
Após ouvir o preço, Yochi jurava que notou um suor escorrendo da testa do velho. Mas tudo pareceu dar certo no fim.
—Você é bem meticuloso mesmo, né? — Juntos, eles seguiram seu caminho, carregando consigo a sacola contendo seu presente de aniversário. A garota sorria enquanto continuava — Qual a parte do "Não se esforce muito", o senhor não entendeu?
O mais velho gargalhava — Ah, que nada. Eu achei até barato...
— Sei — Ambos paravam a frente do poster de antes. Era o Karaokê — Se está tão confiante assim, vamos ver até aonde irá
Adentraram à animada sala, onde as luzes coloridas piscavam freneticamente em sintonia com a música que ecoava pelo ambiente. O local estava decorado com posters de artistas famosos, enquanto mesas e sofás preenchiam o espaço, ocupados por grupos de amigos se divertindo.
— Yochi! Pensando bem isso não é uma boa ideia! — Alertava ,o senhor, tendo que elevar a voz pela musica que tocava ao fundo. O coitado se sentia deslocado.
Era tarde. A garota segurava um microfone, enquanto o testava— Hoje, não tem que ser sacerdote...Hoje será um musico!
A funcionária do karaokê, uma jovem animada com cabelos coloridos e roupas extravagantes, se aproximou da mesa. A face de Ginzu, era tomada por um rubor e sussurrava apenas para Yochi - Essa saia dela é muito inapropriada...! — Coitado, do pobre homem. Ela os entregou um catálogo com uma ampla seleção de músicas.
Yochi folheou rapidamente as páginas, buscando pela música da cantora citada anteriormente por eles. Ela era conhecida justamente por compor músicas sobre juventude e a beleza do mundo. No entanto, para a maioria dos jovens, suas músicas eram consideradas "cafona". Mas não para aqueles dois.
— Achei! Coloque essa pra tocar - Selecionou-a no sistema. A melodia começava, e Yochi levantou-se com determinação. Ginzu, por sua vez, sentou-se ali, um tanto apreensivo — Qual é, o senhor não vai me deixar na mão, vai?
— E-eu, eh...- O homem tinha seu braço puxado pela garota, à medida que a música ganhava ritmo, começou a cantar com sua voz doce e cheia de emoção. Balançava os braços e movimentava o corpo conforme a melodia, contagiando alguns dos espectadores que passavam a observar a cena com curiosidade.
Enquanto isso, Ginzu tentava acompanhar o ritmo, mas suas tentativas eram desajeitadas. Ele mexia os lábios descoordenadamente, tentando lembrar das letras, mas acabava soltando algumas notas desafinadas. Seu semblante era uma mistura de concentração e desespero, com suor escorrendo por sua testa: — Ehh....ahh, o que está escrito ali mesmo...?
A plateia, composta por estranhos que acompanhavam a performance, não conseguia conter o riso diante da situação. Alguns batiam palmas de forma encorajadora, enquanto outros riam abertamente. Mas ali, nenhum os ridicularizava. Era realmente um ambiente amigável.
Ginzu finalmente percebia algo. Era como se o mundo parasse de girar. As pessoas, movidas pela garota, estavam cantando com ela. Uma multidão de todo tipo de pessoas. Estrangeiros, kuramianos, crianças ou adultos. Todos estavam cantando.
Seu olhar, agora, apenas focou nela. Era como se algo tivesse mudado. Quanto tempo, Yochi não se soltava daquela forma. Por um breve momento, as memórias de inverno que a assombravam pareciam se dissipar, dando lugar a um brilho renovado em seus olhos. Era reconfortante vê-la desfrutando do presente, deixando para trás os pesos do passado.
No final da música ela parecia não notar a reação da plateia, tão envolvida estava em seu próprio mundo. Ginzu, por sua vez, respirou aliviado, agradecendo por ter sobrevivido à experiência desafiadora. Uma multidão os aplaudia.
— Você canta bem — Ditava o mais velho gargalhando. Seu coração estava pulsando um pouco.
No telão, uma voz sintética ecoava:
Parabéns! Vocês conseguiram um B+
Seguindo a mensagem, uma foto do momento eufórico foi impressa pela máquina de karaokê.
— Veja, Ginzu! Conseguimos um B +!! — exclamou correndo para pegar a foto. Ao observar, notou a careta engraçada de ambos — Parece que você estava querendo fazer cocô
— Muito engraçado...! — O velho catava a foto, inicialmente com uma expressão séria, mas em seguida, não conseguiu resistir e também começou a gargalhar — E você parece estar querendo espirrar!
— Nada disso! — Protestou, tentando manter a compostura, mas era impossível após ouvir aquele comentário. Ela se desmanchou em risadas — O pior, e que é verdade! haha
Após o Karaoke, ambos lancharam lá mesmo, tomaram sorvete, tentaram pegar pelúcias no jogo da garrinha e finalmente, voltaram a base do Shopping.
Yochi decidiu ir ao banheiro para dar um pequeno retoque em sua aparência. Esperava um momento tranquilo, mas mal sabia que adversidades a aguardava...
Após retocar seu delineado, dirigiu-se à pia para lavar suas mãos sujas de algumas pinceladas em falso. Água corria entre seus dedos e ela notou o secador de mãos próximo. Não conseguiu resistir à curiosidade.
"Que barulho isso faz??"
Assim que sua mão ativou o sensor, um som absurdamente alto, rugia liberando uma onda de ar quente. Seu coração quase parou por um segundo.
Ela direcionava pra si mesmo no reflexo enquanto gargalhava.— Sua boba...
Era algo simples, mas aquela sensação a deixava maravilhada. Queria tentar mais uma vez. Só precisava de uma boa desculpa.
— Puxa vida!...Lavei a mão antes de ir ao sanitário...— Suspirava — È uma pena. Parece que terei de usar o secador por uma segunda vez — Aquelas "coisas" da cidade, realmente a impressionava.
Antes que pudesse prosseguir, uma das portas se abriu abruptamente e uma mulher passava ao seu lado. Yochi instantaneamente reconheceu aquele cheiro de perfume. Seus olhos se encontraram em um momento, revelando a lembrança do encontro mais cedo.
— Espera aí....eu conheço você!... — Ditava a mulher cerrando os olhos. Ela estava vestida com uma camisa estampada, provavelmente, trabalhava naquele recinto — Você! Eu não acredito que tive o azar de encontrá-la novamente! O que mais você pretende fazer para destruir ainda mais o que restou? — A expressão furiosa da mulher deixou Yochi acuada contra a parede, sem saber como reagir.
Engoliu em seco, sentindo-se extremamente desconfortável com a situação. Ela não esperava aquilo, nem nos seus piores sonhos, muito menos ser alvo de sua ira.
— Agora você vai me pagar caro! — proclamava a algoz.
Caros leitores ,
Chegamos ao fim deste capítulo, e gostaria de compartilhar com vocês uma curiosidade sobre a nossa protagonista Yochi: ela possui algumas habilidades que não foram reveladas. Uma delas é o dom de tocar flauta. Essa habilidade foi inspirada em minha irmã mais nova, que também é uma talentosa flautista. Particularmente, considero a arte algo muito bonito e cativante nesse instrumento. Outra curiosidade é que ela é canhota. Essa já seria inspirado na minha irmã do meio.
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