O padre contra a mão negra: Parte 01
Padre Tomás não dormia bem fazia quase um mês, seus sonhos eram agitados, tornando-se pesadelos repletos de gritos, alunos presos na sala aula e o jovem Adam Hart tranquilo sentado na cadeira observando o alvoroço. Tomás não conhecia Adam, apenas conhecia o som da sua voz saindo do rádio toca fitas, jamais o conheceria. Pois o jovem morreu queimado na delegacia enquanto prestava depoimento.
No momento que o padre entrava na sala do interrogatório Adam estava com a cabeça ardendo em terríveis chamas negras, ajoelhado ao pés de uma bela jovem de cabelos escuros e olhos azuis, as chamas começavam a descer pelo pescoço dele. Próximo a ele estava outro homem igualmente ajoelhado chamas queimando ele por inteiro.
A bela jovem olhava arrebatada os dois queimando aos seus pés, ela não teve tempo de perceber o padre entrando na sala, pois ele já entrou atirando, o barulhos dos tiros da Magnum 44 se sobre pós aos gritos de agonia dos homens.
Tomás foi rápido três tiros na cabeça da garota e o restante das balas no tambor nas vítimas queimando, para garantir recarregou á arma e descarregou no peito da jovem.
Nesta noite o padre Tomás acordou atormentado por este terrível pesadelo levantou da cama num sobressaltado, seu corpo banhado de suor, observou a lua brilhando no céu, angustiado caminhou até a janela olhou o jardim da igreja iluminado. Olhar os jardins sempre trouxeram calma menos hoje, seu coração não parava de bater acelerado por mais que tenta-se afastar as recordações do pesadelo voltavam.
De repente o telefone toca estridente na mesinha de cabeceira fazendo Tomás assustar.
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No dia 30 de novembro quando os policiais pararam na frente da residência da senhora Vincent, o odor forte de podridão infestava as casas próximas. Eles precisaram arrombar a porta da frente na cozinha não acharam nada anormal mas quando pisaram na sala havia duas pessoas degoladas. As cabeças caídas próximo dos pés, o sangue delas empossados no chão perto da lareira que ainda ardia em brasas.
Porém os corpos não eram a origem do odor que incomodava os vizinhos e os policiais.
Fazendo a busca encontraram algo nefasto nos dois quartos, imediatamente os polícias comunicaram o chefe de polícia, logo vários telefonemas foram feitos entre eles para o Vaticano.
Distante dali o padre Tomás olhava inquieto os jardins da igreja, quando o telefone tocou estridente fazendo puxar a arma em cima da mesa, deixando o crucifixo cair no chão.
- Alô-disse Tomás alerta depositando a arma na cama.
- Sr Sinclair- responde um homem de sotaque britânico.- Sou o chefe de polícia Dimitri Belivok desculpe estar ligando neste horário, mas fomos orientados pelo Vaticano á ligar para você e solicitar sua ajuda.
Após terminar o telefonema Tomás começou a arrumar seus pertences, pegou a Magnum 44 deixada na cama, repôs as balas ungidas na água benta ao terminar guardou no fundo da mala. Próximo do óleo santo e três facas com cabos de madeira esculpidas a oração do pai nosso. Terminou abençoando cada objetos esperando não usá-los no decorrer da viagem.
Está será sua segunda missão como caçador, a primeira teve êxito por muito pouco sua alma não foi possuída pela bruxa de olhos azuis. Ainda buscava superar aquele evento e mesmo agora questionava se era a pessoa certa para a missão, mas ele não tinha escolha, sabia disso,quem poderia ir no seu lugar?
O velho padre de setenta anos seu amigo e mentor chamado João, não, não poderia pedir tal coisa e menos ainda decepciona-ló. Tanta expectativa fora colocada sobre ele. Fechando a porta do quarto simples nos fundos da sacristia pediu a Deus forças para fazer o seu melhor e ser o bastante.
Caso as suspeitas do Vaticano forem comprovadas sobre a seita mão negra estar ressurgindo após dizimar metade da população com á peste negra, a volta deles será um grande derramamento de sangue. O momento não poderia ser mais sombrios, no qual demônios e bruxas estão saindo das suas tumbas e rastejando para fora do inferno. Fazia Tomás refletir a última conversa com João quanto seu amigo lhe disse:
- Tomás faz cem anos que não haviam tantos rumores e manifestações malignas devemos manter vigilância.Pois tenho mau pressentimento estes eventos podem ser a ponta do icerberg -ao terminar João entregou um novo crucifixo dizendo- Este recebi do meu mentor quando tornei caçador agora darei a você, chegue mais perto filho.
Assim Tomás fez aproximando de João.
- Abaixe a cabeça- pediu.
Obediente Tomás abaixou a cabeça fechando os olhos, enquanto era colocado o crucifixo de madeira e prata no seu pescoço.
-Em nome de Deus eu te proclamo membro oficial dos caçadores Iluminates. Receba este pequeno porém poderoso objeto, que ele consiga ajudar nos momentos mais sombrios.- levantando a cabeça de Tomás beijo sua testa.
-Abençoado seja Tomás.
Passando a mão sobre o crucifixo as palavras de João pesavam ainda mais e os sinais do retorno dessa seita só confirmava as palavras dele. Não poderia ser coincidência pensava Tomás entrando no táxi lançando um último olhar saudoso na direção da pequena e tranquila igreja no interior do Kansas, para ir a Londres enfrentar o desconhecido.
Após algumas horas abordo do avião respirou aliviado quando aterrissou, foi direto fazer o check-out no guichê, ao lado um homem vestindo sobretudo cinza chumbo e grossas luvas pretas segurava uma placa com seu nome, Tomás aproximou do desconhecido dizendo:
- Bom dia- diz o padre levantando o chapéu.
- Bom dia senhor Sinclair-responde o desconhecido -sou o detetive Emir Turner prazer em conhecê-lo.
- O prazer é meu senhor Turner.
-Acredito que o senhor Belikov passou alguns detalhes sobre o caso.
- Sim - respondeu analisando as feições abatidas do detetive.-Relatou que os corpos foram encontrados em..
- Vamos falar sobre os detalhes no carro- conforme falava olhava para os lados desconfiado.- Desculpe a interrupção padre o caso está nos jornais, a imprensa desesperada atrás de qualquer mísero detalhes.
- Entendo.
Caminharam pelo corredor do aeroporto os dois observando á conversação das pessoas em volta.
-O quê faz um Padre no meio de uma investigação criminal?
Tomás segue calado prestando atenção nas palavras do detetive.
-Desculpe jamais imaginei tal coisa, um padre- Turner sorri - desculpe mas sempre achei que padres ficavam na igreja rezando pelas almas dos fiéis.
-Também fazemos.
Voltando ao silêncio.
- Padres não são muito de conversar?
-Não julgue todos por minha causa sou mais observador, do quê conversador.
-Observador?- Questiona Turner abrindo a porta para eles saírem do aeroporto. Na saída um carro de polícia os aguardava- neste caso suas observações não serão necessárias deixe aos profissionais.
Tomás aguardou paciente ele terminar de falar, parou na frente de Turner impedindo sua passagem.
- Não vim aqui para seguir as suas ordens senhor Turner, caso tenha algum problema com a minha permanência na investigação vá reclamar ao senhor Belikov.
- Essa não é uma atitude de padre- questiona arrogante- os padres deveriam ser pessoas pacientes e iluminadas.
- Quando é dentro da igreja sim, fora não- deu um passo a frente encarando o detetive, manteve a voz baixa porém afiada- não sou responsável pelos seus problemas detetive, nem a sua revolta contra deus, contra a igreja ou seus problemas conjugais.
Tomás percebeu a expressão de espanto no rosto de Turner, as emoções conflitantes.
- Como pode fazer tais alegações.
-Primeiro a marca da aliança retirada da sua mão recentemente, segundo suas olheiras denotam vários semanas mau dormidas e terceiro suas roupas amassadas demonstram certo descaso referente a aparência.
- Minha esposa poderia ter morrido?
- Mas não foi-diz Tomás seco- agora podemos nós focar no caso em questão deixando de lado as demais coisas.
As palavras do padre fizeram Turner ficar calado observando no carro o colega impaciente aguardando no volante.
- Meu colega nos aguarda- concluí desviando de Tomás.
Ambos entraram no carro pensativos o motorista foi apresentado como Edgar Fischer, Tomás recusou ir ao hotel guardar seus pertences, preferiu ver os corpos na casa dos Vincent.
Conforme passava de carro pelas ruas observava as casas simples germinadas de alvenarias, os jardins repletos de neve, as crianças brincando animadas nas ruas. Contudo ao virarem numa esquina encontraram grande aglomeração aguardando, muitos seguravam câmeras, algumas pessoas batiam nos vidros pedindo informações.
O carro deles foram proximando do cerco policial montado aos arredores da casa, um dos policias que vigiava permitiu a entrada deixando eles passarem.
- Quando a primeira vítima sumiu? - perguntou o Padre quebrando o silêncio.
- Quase dois meses- respondeu Fischer- a segunda vítima foi dois dias depois essas informações foram encontradas nos relatórios na delegacia.
- Como encontraram os corpos?- Perguntou retirando um pequeno bloco de anotações do bolso.
- Um motorista bêbedo bateu no poste deixando toda rua sem eletricidade por vinte quatro horas,o cheiro forte chamou atenção dos vizinhos.-Explicou Fincher estacionando o carro.
- Elas estavam dentro de quatro refrigeradores -ele olha o colega antes de dizer- padre o local ainda está sendo examinado, o senhor prefere aguardar no carro tem muito sangue no local? -Pergunta Fischer- a cena pode ser forte.
- Obrigada senhor Fischer mas vou acompanha-los, Belikov mencionou durante a ligação indícios ritualístico?
- Sim é deplorável já não basta terem matado, precisavam cortar os corpos em pedaços marcando todos com estranhos símbolos o senhor verá.
- Foram quantos corpos encontrados?
- Treze contando com as três senhoras mortas no banheiro, padre todas as vítimas eram mulheres.
- Mulheres?-Perguntou pensativo- Qual era á idade delas?
-Entre 10 á 60 anos possuíam etnia diferentes mesmo uma asiática foi encontra.
Ao descer do carro Tomás foi recebido pelo ar frio do dia primeiro de dezembro, parou olhando as casas em volta. Porém o forte odor atraía sua atenção a casa da senhora Vincent.
Dois polícias estavam montando guarda nos portões simples de madeira Turner fez os cumprimentos apresentado o padre.Tomás observou a arquitetura da casa parecia exatamente igual as outras, porém enquanto caminhava pelo jardim percebeu as singulares plantas cultivadas pela falecida moradora entre elas beladona e sorveira.
A beladona parecia ter sido plantada recentemente mas essas plantas estavam mortas, por outro lado a sorveira estava verde e a neve caía ao redor não atingindo essas ervas. Tomás intrigado abaixou analisando o solo levando terra ao nariz.
- Algum problema padre?- perguntou Turner.
- Preciso de uma enxada ou pá.
- Como uma enxada?- Insiste perguntando Turner- não pode cavar no quintal precisamos da autorização do Belikov.
- Acho que encontrei as partes faltando dos corpos- falou ainda esfregando a terra entre os dedos alheio as perguntas.
-Baseado em quais indícios- questionou Turner- nas suas observações?
- Turner- falou Fischer- Simon traga um pá ou enxada.
- Sim senhor- respondeu um dos guardas no portão saindo em largos passos.
Quarenta minutos depois eles estavam cavando no quintal, os policiais dentro da casa juntaram á escavação.
-É uma perda de tempo- falou Turner tirando a terra do buraco recém aberto- cavamos três metros não tem nada aqui.
Quando lançou a pá sentiu acertar algo mole e o cheiro de carne podre espalhou no ar, fazendo recuar.
- O que é isso?- Exclamou Turner
Tirando outra pá de terra uma mão surgiu Fischer deixou á enxada cair.
- Que monstros fariam algo assim- os olhos verdes dele estavam observando perplexo á pequena mão.
- Era de Felicity Gregori de dez anos- falou o polícial que protegia o interior da casa- o corpo dela estava no último refrigerador faltava apenas a mão direita.
Todos fizeram um minuto de silêncio, antes de recomeçar a cavar, um número maior de polícias foi chamado para ajudar e outro maior posicionado ao redor da casa tentando impedir os fotógrafos alvoroçados. Tomás apesar de impactado seguia cavando sem descanso, cada parte encontrada notou que havia realmente um símbolo cravado na pele feito por profundos cortes.
-Eles foram marcados- afirmou Turner- como as partes nos refrigeradores.
-Todos possuem este símbolo?- pergunta Tomás examinando- tem certeza os mesmos traços?
-Sim os mesmos- responderão Turner e Fischer.
- Porque padre?- perguntou o policial secando o rosto.
- Pode ser uma pista - respondeu Turner não deixando Tomás falar-o símbolo deve ser a marca de alguma seita.
-Excelente detetive Turner temos uma base para dar andamento nas investigações - falou Fischer.
Todos seguiam firme cavando enquanto a equipe para coletar os cadáveres chegou dando início a remoção empacotado as partes encontradas na terra, um trabalho pesado físico e emocionalmente. A exaustão tomava conta dos homens mas eles recusavam parar de cavar, a vontade de dar um fim naquele horror na carnificina as suas frentes. Eles prosseguiram com calos nas mãos, o suor pingando nos rostos sujos de terra, até terem certeza que não havia mais partes escondidas naquele jardim.
Ao terminarem Turner e Fischer acompanharam Tomás pela casa investigando cada cômodo, chegando nos quartos onde os corpos estavam sendo retirados dos refrigeradores pela equipe de remoção. O padre viu quando uma cabeça foi retirada do fundo, o rosto da mulher tinha lindos traços, não parecia assustada e sim dormindo.
- Temos sorte se fosse no verão não poderíamos demorar tanto para retirar os corpos.
Falava o legista segurando a cabeça, os cabelos castanhos balançaram conforme ele depositava no plástico preto, uma mancha escura atrás da orelha chamou a atenção do padre.
-Posso segurar?- Pediu Tomás ajeitando a máscara no rosto e as luvas nas mãos elas estavam escorregando devido ao suor.
Ele pegou a cabeça analisando o rosto, fechando os olhos leitosos da mulher, na boca havia sangue seco.
- A língua dos outros também foram cortadas?- Perguntou ao legista.
- Sim todas elas e nenhuma língua foi encontrada.
Virando a cabeça percebeu que a mancha atrás da orelha era na verdade uma minúscula tatuagem.
- Encontrou alguma coisa?- Perguntou Turner.
-Não era apenas sangue- entregando a cabeça-estou cansado gostaria de ir para o hotel
- Claro padre foi um longo dia vamos acompanha-lo ao hotel.
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