Abri meus olhos e vi um céu extremamente azul, me levantei com cuidado do colo de Christopher e sai de perto da escada andando pelas ruínas até ver uma família de ursos de fogo, me aproximei e eles pareceram não se importarem com minha presença.

Um dos pequenos ursos veio até mim cambaleando e puxou a barra da minha calça me guiando até perto de um lago, pude ver criaturas nadando no lago não sadnil mas outras maiores mas igualmente fofas.

Quando me aproximei uma pequena criatura com uma flor na cabeça passou por mim voando.

— é melhor não mexer com as safnins — uma outra falou voando envolta de mim.

Quando me dei conta várias flores do tipo dente de leão estavam voando, olhei para o lado e vi algumas criaturas se divertindo com a flor.

— achamos o lago — Christopher falou atrás de mim e quando me virei quase perdi o fôlego.

Um raio de sol passava por entre a árvore que estava no lago e batia exatamente no rosto de Christopher fazendo com que seus olhos ficassem mais claros do que realmente são, e os dentes de leão voando envolta de nós.

— é, achamos — sorri indo na sua direção.

Ele segurou minhas mãos e me puxou unindo nossos lábios em um breve selinho, me virei percebendo que as criaturas do lago agora estavam nos observando, seus rostos com grandes bochechas de felino e grandes olhos, todas tinham cabelos castanhos cacheados.

— Olá — me aproximei calmamente.

— Estela, melhor não — Christopher segurou minha mão e eu olhei para ele por um instante quando voltei meus olhos para o lago fui golpeada com um jato de água forte no rosto e uma rasteira que fez com que eu caísse no chão.

As criaturas agora estavam somente com os olhos atentos para fora da água, pude perceber uma mulher de cabelos escuros entre elas, seus olhos incrivelmente azuis me encarando até que ela desapareceu dentro da água junto das safnins.

— você está bem?— Christopher perguntou se segurando para não rir.

— ótima — respondi com um tom de deboche e o filhote de urso de fogo veio até mim lambendo meu braço.

— você é um ímã para esses animais — Christopher me ajudou a me levantar.

— eu sou a paz, você é a guerra lembra?

— eu posso não ser a guerra por você, só um pouco — ele me puxou para perto e encarou meus olhos — eu quero ser tudo para você, menos a guerra.

— você nunca foi a guerra para mim Christopher.

— eu nunca achei que fosse me sentir assim por alguém — Christopher  encarou meus lábios.

— eu também não.

Ele uniu nossas testas e uma leve canção começou a tocar, procurei a fonte do som até que vi um pequeno Pixie com uma flauta sentado no galho de uma árvore.

— me concede essa dança? — Christopher me estendeu a mão.

— estão todos nos olhando — falei me referindo a os Pixies que observavam atentamente nos galhos das árvores.

— deixa — ele sorriu colando nossos corpos e começamos a nos mover lentamente no ritmo da música

— eu te disse que eles estariam aqui — a voz de David soou e eu me separei de Christopher.

— atrapalhamos algo? — Jaden perguntou e eu neguei com a cabeça.

Um dos Pixies jogou uma pinha na cabeça de David e vários frutos em Jaden e eu só fiquei ali parada rindo observando enquanto David e Jaden eram bombardeados por pinhas e os Pixies não pararam até que Christopher pediu.

— já viram as safnins?

— já, não foi muito agradável.

— o que fizeram?

— deram um banho na Estela.

— como vamos fazer isso? — perguntei me referindo a espada.

— temos que conquistar a confiança delas.

— elas não parecem confiar muito.

— temos que tentar — Christopher segura minha mão.

— ok.

Os meninos continuam conversando enquanto eu me afasto um pouco indo atrás de alguns ursos de fogo, eles se deitam ao lado de uma pedra, quando me viro para voltar sou surpreendida pelo mesmo animal que vi na floresta, ele solta o ar com força fazendo com que meu cabelo voe para trás, levo minha mão até o crânio e encosto minha testa no mesmo.

É como se ele tentasse me dizer algo.

— eles estão em perigo, o tempo é curto — uma voz sussurra na minha cabeça.

Fecho meus olhos e me vejo em uma floresta completamente escura, abro novamente os olhos e me afasto do crânio, ele  me encara por alguns segundos e então encosta em mim novamente.

— não tenha medo — a voz sussurra novamente na minha cabeça.

Fecho os olhos novamente e volto para a floresta, tudo tem aspecto pegajoso.

— venha — a voz fala atrás de mim e quando eu me viro vejo um homem com longos cabelos escuros sorrindo.

— quem é você?

— o espírito da floresta — seu sorriso aumenta — você não é igual a paz que eu esperava — ele entorta a cabeça levemente para o lado.

— e como você esperava?

— mais apaixonada como a Jasmine, frágil — ele  passa o polegar pela minha bochecha — ao invés disso temos uma guerreira curiosa.

— por que veio até mim?

— sou atraído até você — ele arranca uma flor negra do chão — minha bela e doce paz — ele põe a flor no meu cabelo e beija minha mão.

— porque eu?

Ele dá a volta em mim e se encosta em uma árvore, só agora posso notar seus olhos vermelhos, fico encarando por um bom tempo até ele falar:

— lindos não? São por todos que eu já matei.

— o espírito da floresta mata? Achei que fosse pacífico.

— já fui humano tolinha — ele empurra minha cabeça com o dedo de uma maneira que eu me sinto como uma criança.

— era um guerreiro? — me sinto um tanto tola ao perguntar mas faço mesmo assim.

— sou um dos criadores do esool minha querida, lutei muito com os humanos e quando morri fui designado para ser o espírito da floresta, fico vagando pelo esool atrás da minha pequena paz — ele se aproxima cada vez mais e então eu ouço meu nome ser chamado, o que faz com que eu abra os olhos.

Christopher está me olhando e o espírito da floresta não está mais ali, olho para o lago a tempo de ver uma das safnins mergulhar.

— você sumiu — Christopher se aproxima e entao para derrepente como se tivesse  lembrado de algo — vamos, temos que montar o acampamento.