PRÓLOGO
“a realização da rainha é ser mãe.”
O interior do palácio real estava bem aquecido, da procissão de tochas acesas donde se provinha todo o calor. Dois guardas reais cruzaram seu olhar quando a rainha passou a passos largos. Segundos antes uma razoável quantidade de água havia jorrado por entre suas pernas, e isso quando o coração dela se comprimia no peito ao pensar sobre Raul, o rei de Colônia.
— Chegou a hora — Alexandra disse com preocupação para Cunegunda, a chefe das empregadas.
Cunegunda imediatamente viu que a rainha encontrava-se em péssimo estado, seu fôlego estava curto, sua respiração acelerada e a pele fria. Cunegunda também era uma parteira e logo reconheceu os indícios do parto. Era urgente e não havia tempo a perder. A rainha precisava aliviar a dor para que pudesse relaxar e conceber a criança. Para isso despojou-se de suas vestes reais ficando apenas com o fino linho sobre o corpo.
Uma pequena toalha com água morna foi depositada na testa da rainha que agora já se encontrava bem mais relaxada. Konrad de sete anos, seu segundo filho, franziu a testa ao ver aquele alvoroço todo nos aposentos de sua mãe.
— O que está acontecendo com mamãe?
A banda da porta logo foi fechada. Elizabeth a prima de Konrad logo disse que o mais em breve ele ganharia um novo irmão ou uma nova irmã.
Alexandra gemeu, era outra pontada de dor. A cabeça do bebê já estava à mostra — Está vindo! — Cunegundes disse, tomada por euforia.
A rainha encurvou seus lábios e os dentes logo apareceram num sorriso. Mais um gemido. Ao último e firme puxão, o corpinho deslizou unicamente para dentro dos braços de Cunegunda.
— Uma princesa — a parteira anunciou no abafo do choro da criança. — E saudável, graças a Nosso Senhor. — era de se maravilhar com a coloração rosada do bebê.
Várias mãos trataram logo de terminar de fazer a limpeza do sangue e dos fluídos da concepção, o som dos pássaros cantando era confortante, e Alexandra olhou para o céu percebendo os tons laranjas e rosados pensou novamente em Raul, imaginando e querendo trazer a presença dele para perto. Já se fazia três dias que o reforço da fronteira havia começado. Três dias pelos quais o rei teve de se ausentar. Três dias em que o coração de Alexandra se angustiava. Mas agora, recebendo a sua filha, contemplando cada traço das suas feições, da soma de detalhes seus e do pai... O toque da rainha fez cessar o choro vigoroso e agora dando ao bebê o mais sublime contato da realização plena de uma mãe que deu a luz.
Cunegunda aproximou-se das duas e o início de um sorriso em seus lábios era visto assim que o olhar de agradecimento da rainha se conectou ao olhar dela.
— Antes eu havia sonhado com uma criança, e tal como profetizou Isaías esta menina será para o nosso povo uma grande resposta.
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