Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

ME PERDOE (CAPÍTULO ÚNICO)

❝Eu te amo, não só agora, mas sempre, e sonho com o dia em que você vai me abraçar novamente.❞ — John Tyree

Sapatos colidem na calçada portuguesa, é o único som que percorre meus ouvidos nesta noite escura. A corrente de ar — que me traz pensamentos melancólicos — movimenta o meu sobretudo carmesim. As estrelas não conseguem iluminar-me, mas eu sei como.

Paraliso ao avistar o recém construído bar. Embora não queira me render, encharcar o corpo com cerveja — tão amarga quanto as ações que um dia tomei — ainda é mais confortável do que seguir o conselho dela. Não posso fazer parte de um clube para alcoólatras, é vergonhoso.

O botequim está repleto de luzes neons ofuscando o olhar. Há inúmeros bêbados pedindo mais cerveja, e existe uma sensação estranha que me percorre por inteiro. Apesar disso tudo, é aconchegante. É como chegar em casa depois de um dia de trabalho, com a solidão me esperando sentada no sofá, e o cheiro fétido de bebida invadindo minhas narinas.

Caminho em direção ao balcão. Qualquer porcaria alcoólica melhorará o meu humor, portanto não fui crítico ao escolher. Os resultados serão o mesmo afinal.

Ao sentar em um dos bancos, sinto meu cotovelo esbarrar em alguém. O homem ao meu lado, com cara de poucos amigos, robusto e tatuado, se ajeita na cadeira respirando fundo.

Seus olhos de um intenso azul cobalto parecem julgar cada mísera parte da minha alma. Morrer parece pouco perto do que ele pode fazer. Alguns bebuns centram sua atenção na possível briga que pode acontecer. No entanto, para a surpresa alheia, recebo um curto aceno de cabeça e um questionamento que me angustia:

— Veio afogar suas mágoas, companheiro? — O ruivo indagou, sorrindo com pena.

O suor aos poucos escorre pela minha testa e encharca as mesmas mãos que tento sutilmente limpar nas calças jeans. O meu ego está ferido demais para que eu possa inventar uma desculpa, ainda que eu não queira respondê-lo. Dou um sorriso apático, sentindo os músculos do rosto contraírem-se.

— Não precisa tentar disfarçar, sua postura te entrega — esclareceu o desconhecido. — Andar pesado, olhar distante e higiene precária... — acrescentou ele —, enfim, sou Lucca, professor de leitura corporal.

Posteriormente ao se denominar, estendeu a mão direita.

— Edgar, policial militar. — Recuo, evitando o contato.

Quero confrontá-lo pela sua petulância, porém não posso mentir: falta-me argumentos e disposição.

— Ed, o que está te inquietando? — Lucca pergunta enquanto reconsidera a saudação.

Ele é um daqueles homens intrometidos, só que bem mais do que estou acostumado. Mesmo sabendo que no dia seguinte minha confissão pode parecer no jornal diário, preferi extravasar. Por mais que pareça excêntrico, conversar sobre assuntos pessoais se torna mais fácil com desconhecidos. O julgamento deles não machuca tanto, pelo menos não em mim.

Lentamente meus lábios desunem-se, mas palavra alguma sai. Ao invés, lágrimas iniciam um vagaroso caminho sobre minhas bochechas morenas. Caminho esse que é impedido pela manga do sobretudo.

— Minha esposa, ela foi embora — revelo em um sussurro.

Como válvula de escape, dou um gole na bebida. Eu sei que preciso falar sobre isso, mas querer já é algo muito forte.

Lucca esboça um sorriso empático e levemente toca o meu ombro, transmitindo calma. Encarar os olhos radiantes do mais novo faz-me invejá-lo. Possuía a mesma felicidade quando estava com ela. Embora fosse tão dependente, jamais demonstrei.

— Já sofri o mesmo, posso aconselha-lo?

Insanidade deve ser o motivo pelo qual estou conversando com um desconhecido no bar. Não quero conselho algum. O que ele vai me dizer? Que o tempo me fará esquecê-la? Que ela não era a certa? Por favor, quem errou fui eu. Mesmo assim, mesmo sabendo a inutilidade dessa conversa, balanço a cabeça, concordando.

— Sabe Ed, as relações são diferentes uma das outras, por isso não posso orientá-lo precisamente. — Lucca enche o copo com alguma bebida desconhecida. — Quem foi responsável por destruir a relação?

— O descaso. O meu, no caso.

O homem ri baixo, como se houvesse presumido minha resposta.

— Olha, quando qualquer relacionamento se inicia, nossas melhores faces são mostradas. Além de que não se agrada ninguém mostrando seus erros desde o começo, certo? — Ele levemente molha a garganta com o líquido amarelado.

— Aonde quer chegar?

— Os defeitos são ocultos por camadas superficiais. Faz com que cada ação se torne motivo para nos encantarmos — acrescentou ele —, definitivamente começamos tontos demais para perceber qualquer irregularidade.

— Essa tal ilusão não durou muito no meu caso — admito.

— Nunca dura — Se curvou na mesa e manteve um sorriso na face. — Ed, os problemas surgem, pessoas se ausentam, a rotina aparece e o amor acaba ficando em segundo plano... É impossível atentar-se somente ao seu parceiro — adicionou —, não existe uma forma de afastar tudo e viver junto dele em outro plano existencial.

Não quero que meu sentimento seja romantizado. Eu estava frustrado, sei disso, o trabalho sempre foi estressante e as leis injustas demais. Contudo, eu não poderia fazer dela a minha forma de extravasar, Ivy não merecia nem metade das palavras que saíram da minha boca.

— Eu fiz errado.

— Somos completamente abaláveis e fracos ao ponto de não conseguirmos contornar todas as situações difíceis sem guardar fúria, ansiedade, arrependimento ou chateação dentro de nós — O jovem analisou. — Isso aconteceria cedo ou tarde, não é?

Desvio o olhar, não consigo aceitar tudo que fiz.

— Mas tem como consertar, tem três jeitos para ser mais específico — Ele revela, após alguns segundos, apanha o celular do bolso de sua jaqueta e me mostra. — Primeiro: embora a sua amada possa parecer perfeita e única para você, acredite, pode-se recomeçar — O jovem conclui.

Na foto há uma jovem moça com o que tudo indica sua filha no colo, e ao seu lado há um rapaz, ambos sorridentes. O encaro desorientado, não os conhecia.

— Essa é Giullia, minha ex-esposa. Ela casou novamente e está feliz — Lucca comenta. Um sorriso se forma em sua face. Aparentava estar muito bem com isso — Então, o que me diz sobre essa alternativa?

Jamais amaria alguém sem ser a Ivy. Nenhuma mulher me faria único ou conseguiria me fazer ruborizar com seus flertes.

— Qual é a segunda opção?

— Aceite, mas não a esqueça — recomendou. — Concluir que o melhor a ter sido feito era terminar... Foi isso que fiz — Ele incluiu.

Viver sem ela é um inferno, é tortura demais para um único ser humano.

— E a terceira opção? — falo ansioso, não quero nenhuma das outras possibilidades.

— Se desculpe — propôs. — Ficar separado dela enquanto a ama não te curará mais rápido.

— Mas como faço isso? — indago — É impossível — Ele leva o dedo indicador à própria boca como sinal de silêncio, e eu me calo.

— Só a encontre, e peça desculpas. — pediu o mais novo.

— Eu não sei onde ela está! — relato enraivecido.

— Está tudo bem! — exclama. — Mande uma mensagem — complementa —, não se sabote. — O maior pede com os olhos cerrados.

Involuntariamente solto um sorriso mínimo, mas logo o removo por causa da dor. Não uso esses músculos há um ano.

— Obrigado — Conduzo a bebida para meus lábios ressecados.

— Vai cara, manda logo uma mensagem para ela. — O rapaz aumenta seu tom de voz.

Desvio o olhar, por mais que realmente queira, não quero me machucar, não pretendo receber o carma de minhas ações.

— Talvez mais tarde.

— Ah, sério? Talvez mais tarde sua amada estará nos braços de outra pessoa, pare de adiar.

Meus dentes rangem. Ele é apenas um desconhecido, um homem qualquer com seus discursos fajutos, então por que estou me levantando e me despedindo? Enfim, não importa, já saí do bar após pagar a bebida.

A noite, coberta por nuvens, aparenta me acolher com suas rajadas de vento. Balançando assim os fios finos e amorenados em minha cabeça. Apesar das estrelas não clarearem o caminho e nem mesmo o céu, o local está lustroso. Não sei ao certo se é a iluminação artificial ou a possibilidade de tê-la comigo novamente. Tudo o que sei, mesmo parecendo idiota, é que não vale a pena continuar vivendo de forma tão deplorável.

O meu coração não poderia estar mais vívido. É irônico como aquela mulher transforma o meu mundo em questão de segundos. Apenas recordar de seu sorriso quando chegava do trabalho é tão recompensador, me faz acelerar os passos e ficar de frente para o grande apartamento em que moro.

Ao adentrar, encontro o guarda com mais uma de suas revistas culinárias. Gargalho roucamente, me recordando das competições sobre quem preparava os melhores pratos.

— Senhor Bellini, você está... devastado. — O homem que anteriormente mantinha seus olhos negrumes nas publicações, questiona coçando a nuca.

Sorrio minimamente, conseguindo esboçar felicidade novamente.

— Está tudo bem Oliver. Conversarei com Ivy, pedirei perdão e para que volte! — confesso com um tom animado, algo incomum para mim.

O homem de meia-idade levanta uma das sobrancelhas, sem esperar tal resposta vindo de alguém tão orgulhoso e sério que apenas se importa em prender criminosos.

— Boa sorte.

Ando em direção ao elevador, apertando freneticamente o botão. Agir como uma criança ansiosa faz com que eu ganhasse um olhar ainda mais confuso de Oliver.

Assim que minha passagem para o primeiro andar chega, e suas portas são abertas, uma péssima imagem preenche minha visão: cabelos sujos, olheiras, barba malfeita, blusa amarrotada e calça largada.

Suspiro pesadamente, está tudo bem. Vou me cuidar assim que pedir desculpas, definitivamente eu vou.

Adentro, apertando o respectivo botão. De todas as vezes, essa com certeza foi a mais demorada. O elevador não parece gostar de mim, e se arrasta para concluir seu trabalho. Fazendo com que uma orquestra de inseguranças me acerte em cheio.

As portas se abrem, exibindo um corredor monótono com paredes pinceladas de branco. Ao fundo, posso ver minha residência, enfeitada com um pequeno adesivo de piano próximo à maçaneta.

Corro depressa. Coração acelerado, suor escorrendo, e um sorriso bobo no rosto. Não quero ficar mais nem um segundo sem conversar com a mulher que escolhi amar. Vasculho no bolso da calça pela minha chave, destranco a porta e as lembranças que fizemos vem à tona.

Lembro das competições infantis que fazíamos, as grandes performances de minha querida cônjuge que eram exibidas na televisão, e quando jantávamos no sofá rindo de coisas fúteis.

Entretanto, as lembranças reconfortantes não são as únicas que preenchem minha mente. Relembro quando acordava cedo sem ao menos escutá-la, voltava tarde e a encontrava adormecida no sofá, ou as discussões porque acreditei por todos esses anos que não tínhamos tempo para filhos. E o último dia em que nos vimos.

Aquela foi a pior despedida de minha vida. Me fez perceber que até mesmo pessoas gentis como Ivy, podem se tornar frias. Mas está tudo bem, farei com que minha mente preencha-se novamente com agradáveis memórias.

Caminho em direção do quarto, sentindo o cheiro dela. Aquela doce fragrância de churros que tanto amo. Seguro o celular na mesa de centro e fico alguns minutos encarando a tela. Como papel de parede estava a jovem que usava um vestido azul cobalto. Seus cabelos cacheados estavam presos em um coque e seus óculos com a armação branca lhe deixavam ainda mais bela.

Recordo como se fosse ontem o dia em que nos conhecemos. Meus pais me pediram para conseguir algum hobby. Influenciado pelos colegas escolhi tocar piano. Mal sabia que existiria uma aluna doce e espontânea ao ponto de me fazer corar. É engraçado pensar que se passaram dezoito anos e Ivy continuou a mesma garotinha autêntica.

Sento na cama. Com o celular em mãos, abro no aplicativo de mensagens e sinto meu coração despedaçar ao entrar no perfil de minha cônjuge. Minhas mensagens eram curtas, objetivas e com descaso. Suspiro, e com os dedos trêmulos começo a digitar:

Querida,

Jamais consegui me expressar, você sempre reclamou sobre isso. Meus sentimentos estão alojados em meu peito, porém arriscarei. É o mínimo que posso fazer.

O momento mais infeliz da minha vida começou no dia sete de fevereiro do ano passado. É irônico que eu me recorde da data, você era quem se preocupava mais com os pequenos detalhes.

Pode ser esquisito, mas confesso que não consigo viver sem estar contigo. Juro que não é exagero. Lembro que os odeia e em nenhum momento seria tão idiota ao ponto de fazer drama — creio eu, sabemos que posso ser bastante patético quando quero.

Só que acordar sozinho em uma grande cama de casal, não ter seu sorriso, os cafunés ou as tuas rotineiras perguntas sobre o meu bem-estar ainda é surreal.

Tudo bem. Ir embora era a sua melhor opção, mas foi cruel. Estou sendo egoísta, eu sei. Porém, prometo mudar porque ainda te amo.

Com você eu não tinha apenas uma família, tinha uma benção. Mesmo que eu nunca tenha conseguido aproveitar. Sei que tinha um plano para o nosso futuro e que eu simplesmente o descartei, mas agora não, agora é diferente... Juro!

Não tenho ideia do que fazer ou dizer para que possa estar contigo novamente. Tudo o que preciso é você, eu só preciso que volte para nossa casa, volte para mim.

Eu arrancarei cada pedaço do meu tempo se for preciso, okay? Não tenho ideia de chegar onde quer que esteja, por isso peço para que me responda. Apenas isso, apenas me diga: o que posso fazer para nos amarmos novamente?

Posso não ter demonstrado, ter sido um completo idiota. Aliás, por que se casou com um homem deplorável como eu? Me perdoe por ser tão patético, por ser tão eu... Por favor, ainda preciso de você.

Meus dedos oscilam junto da respiração. O momento chegou. O sim ou o não nunca esteve tão perto. Meu coração dispara aceleradamente. Em uma grande onda de medo, euforia e paixão o indicador direito embora trêmulo encosta na tela fazendo a mensagem ser enviada.

E então, eu escuto a notificação mais perto do que queria. O celular com capa rosada, o qual pertencia à minha cônjuge permanece na gaveta da escrivaninha. Uma overdose de tristeza me percorre.

Seguro os meus braços me deixando levar. As lágrimas que neguei derramar naquele dia, estou esvaziando agora... Ela não voltará. Deveria saber que não posso pedir perdão para uma morta.

Há um ano, Ivy estava trancada em seu quarto de música. No dia anterior havíamos brigado novamente sobre ter ou não filhos. Não consegui falar com ela, fui para o serviço. Me sentia culpado, mas sempre fui orgulhoso. Eu não iria me desculpar.

Quando cheguei em casa estranhei a porta estar aberta, e eu a encontrei estirada no chão da sala com inúmeras balas enfincadas em seu peito. Seu sangue escarlate preencheu o piso de carvalho, embora sua face expressasse mansidão.

Mesmo sabendo que não podia toca-la por conta das digitais, não consegui resistir.
Levemente toquei seu rosto gélido. Que irônico, Ivy era uma mulher tão calorosa. Pedi ajuda aos moradores do local. Nem me recordo qual deles nos levou em seu carro.

A estrada, embora fosse breve, pareceu ser infinita. Uma mulher tão falante estava em silêncio, apagada. Eu nunca fui religioso, mas naquele dia rezei com todas as minhas forças. Não queria que o meu único fio de esperança acabasse. Escondi o choque e o frio sob meus ossos.

Quando chegamos no hospital, alguns enfermeiros a levaram em uma maca. Caminhei de um lado ao outro enquanto Ivy estava imóvel, e então, eles tentaram sentir os batimentos cardíacos de minha esposa.

Engraçado. Nunca saberei se a mesma pôde me ouvir pedindo para que despertasse, e voltássemos para o nosso lar. Mesmo que ainda possuísse esperança daquela cena ter sido apenas um trocadilho para que desse valor à minha esposa, não era. Também pudera, as roupas no guarda-roupa que compartilhávamos ainda mantém o doce cheiro de churros. O piano ainda está na sala de música, intocado. A grande coleção de livros se encontram na estante.

Não sei qual angústia mais me perfura internamente: saber que ela partiu, nunca terem conseguido achar o assassino, ou a minha companheira não ter recebido o melhor do homem que tanto amou.

Ivy Bellini não voltará. Ainda é doloroso pensar que as duas únicas opções que agora possuo não são as que gostaria de ter: aceitar sua morte é uma maldição e estar com outra pessoa é impossível.

Então esse é o carma de um orgulhoso e apaixonado?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro