III. depend on you
Quando Jeongguk acordou naquela manhã, foi assustado, olhos correndo para ver seu pulso novamente.
180294.
A sequência era a mesma, não havia mudado sequer um dígito.
O ômega mal conseguia explicar aquela sensação que sentia agora. Era tão opressora, e ele ainda era o único a saber de tudo.
Suas férias de repente pareciam condená-lo naquele momento, porque ele e Taehyung sempre se viam pelas manhãs desde então.
E mesmo assim, ele se sentia tão desolado, porque a ansiedade o estava consumindo por completo. O ômega sentia falta do cheiro de Taehyung, de sua presença, de tudo nele que era capaz de acalmá-lo; mas se fizesse isso, então precisaria dar explicações que não tinha.
No automático, ele levantou e fez sua higiene matinal, tomando um longo banho frio para tentar despertar completamente.
Sua mãe entrou no quarto assim que ele estava arrumado, sempre parecendo adivinhar quando ele precisava dela.
- Como você está?
- A sequência é a mesma de ontem, nem mesmo mudou um dígito sequer - Jeongguk disse, piscando várias vezes para afastar a vontade de chorar. - Taehyung está aí?
- Sim. Ele disse que vocês tinham planejado sair juntos hoje.
Jeongguk assentiu, se olhando no espelho intensamente.
- Mãe, porque isso está acontecendo comigo? - ele perguntou sem realmente esperar por uma resposta. - É porque eu não acreditei nos companheiros predestinados fielmente? É isso? É por que eu duvidei que isso aconteceria comigo?
- Jeongguk...
- Porque eu amo tanto Taehyung, e se eu sou o companheiro predestinado dele, porque ele não pode ser o meu? E... E se nos amamos tanto, por que não surgiu uma sequência única pra gente?
- Você ainda não tem certeza disso. Talvez esse número no seu pulso seja a sequência nova e única de vocês dois.
Jeongguk riu amargamente.
- Não é.
- Você não tem certeza disso, Jeongguk. Deveria falar com Taehyung para confirmar-
- Eu não preciso confirmar, mãe. Eu já sei de quem é essa sequência no meu pulso. Esse é o problema.
Sua mãe franziu a testa, confusa.
- Jeongguk, do que você está falando?
- Eu não posso contar isso pro Taehyung. Ele não tenho certeza se ele acreditaria em mim, mãe. Eu mesmo não acreditei ainda.
- Jeongguk - sua mãe falou num tom mais sério, fazendo-o tirar os olhos do espelho, finalmente olhando para ela. Havia uma lágrima solitária escorrendo por sua bochecha naquele momento. - A quem pertence a sequência no seu pulso?
Jeongguk fungou, sentindo o coração apertado.
- Meu melhor amigo da escola - Jeongguk voltou seu olhar para o espelho, tremendo levemente. - Hoseok.
[🍊]
Jeongguk estava terminando de se arrumar quando ele ouviu duas batidas na porta. Seu pai estava trabalhando e sua mãe tinha levado sua irmãzinha numa consulta de rotina; ambos chegariam tarde. Ele não entendeu quem poderia ser até terminar de colocar os calçados para ir abrir a porta.
Quando Taehyung surgiu na sua frente, o ômega ficou paralisado. A mochila em um dos ombros já dizia tudo, mas ainda assim, não explicava nada.
- Eu posso entrar ou você já mudou de ideia? - Taehyung perguntou, levantando uma das sobrancelhas enquanto aguardava a resposta.
O ômega nem mesmo prestou atenção no tom de Taehyung, sentindo-se muito bem agora que o cheiro de laranja do alfa parecia cobri-lo lentamente.
- Sim, mas... Eu falei que iria na sua casa - Jeongguk tentou dizer, dando espaço para que o alfa adentrasse o local.
- Foi ideia da sua mãe.
- O quê?
- Ela não te contou?
- Contou o que, Taehyung?
O alfa revirou os olhos, deixando a mochila no sofá, sentando-se no assento vazio.
- Ela disse que eu deveria vir. Foi me convidar depois do almoço.
Jeongguk mal acreditou naquilo. Ele não acreditava mesmo que sua mãe estava de novo tentando fazer ele e Taehyung se juntarem em um espaço tão curto de tempo.
- Eu não acredito que ela fez isso - Jeongguk bufou, mas foi em direção ao sofá onde Taehyung já estava. - Mas se você já está aqui, vamos ao que importa.
Diferente da primeira vez, o cheiro de Taehyung estava controlado. Jeongguk podia senti-lo naturalmente por estar próximo do alfa, mas agora não tinha a intensidade suficiente para começar a afetar seus pensamentos - o que ele mentalmente agradeceu, sabendo bem que de nada serviria como ajuda se fosse esse o caso.
Eles estudaram juntos de forma direta e silenciosa, o foco nos assuntos e na temática da prova. Taehyung parecia saber mais ou menos do assunto, pedindo uma explicação ou outra em alguma parte. Jeongguk ficou feliz de conseguir ajudá-lo.
Eles estudaram por algumas horas, sem nem mesmo ver o tempo passar.
- Eu vou beber água - Taehyung disse enquanto levantava do sofá, deixando suas coisas sobre o mesmo, indo em direção a cozinha da casa. Jeongguk apenas assentiu, atento em uma das questões que ele estava corrigindo para Taehyung.
Entretanto, sua atenção desfocou no instante que o celular de Taehyung notificou mensagens.
Ele não era um curioso, muito pelo contrário.
Mas a tela brilhava tão intensamente que ele apenas se convenceu que foi por culpa disso que ele pegou o celular nas mãos.
A mensagem que ele viu fez seus lábios abrirem levemente, desacreditados.
"Você deveria vir aqui... A gente podia sair ou algo do tipo"
"Tenho certeza que você vai se sentir melhor"
Ele bloqueou a tela e deixou no mesmo local que encontrou. Taehyung voltou para a sala apenas um pouco depois, recuperando suas coisas do sofá e também o celular.
- Você e a Chaejeong estão saindo? - Jeongguk perguntou, sem conseguir conter a própria boca. Até agora, por mais difícil que tudo parecesse para ele, saber que Taehyung não estava com ninguém - assim como ele -, o consolava. Fazia parecer que talvez acordasse e tudo fosse exatamente como antes de sair do controle.
Mas em momentos como aquele, ele percebia que o tempo continuava a passar, com ou sem ele.
- Você se importa, por acaso? - Taehyung devolveu com outra pergunta, sem olhar para Jeongguk. Ele terminou de rabiscar algo no caderno, fechando-o em seguida. - E outra, de onde surgiu esse assunto?
Jeongguk mordeu o interior da bochecha, sentindo o que ele tanto deixou guardado dar seus primeiros sinais de retorno. Isso aconteceria em um momento ou outro, ele pensou, mas não esperava que o momento fosse agora.
- Pra você falar assim tão evasivo, então acho que estão saindo sim.
Taehyung revirou os olhos, juntando seus materiais e guardando na mochila de novo.
- Valeu por me ajudar a estudar. Sinta-se perdoado - Taehyung disse, colocando a mochila nas costas quando levantou do sofá. Jeongguk fez o mesmo, de repente se sentindo nervoso. Se ele apenas não tivesse visto nada...
- Ela não combina nenhum pouco com você, sabia? - Jeongguk tentou parecer desinteressado, cruzando os braços.
Taehyung riu leve, mas sua expressão estava amena.
- Isso sou eu quem vai dizer.
- Não se eu não deixar.
- Como é?
- Eu não disse nada.
- Sim você disse. Você disse "não se eu não deixar". - Taehyung falou com um fino brilho de curiosidade no olhar, e Jeongguk imaginou que os olhos do alfa estavam refletindo agora a mesma incerteza de como prosseguir que nos dele. - Por que você se importaria, Jeongguk?
Jeongguk engoliu, desviando o olhar, não dando uma resposta.
Taehyung riu soprado, os ombros caindo.
- É claro que não se importa. Foi você quem se afastou, afinal.
Jeongguk olhou para Taehyung naquele instante, sentindo a intensidade de suas palavras. Foi a primeira vez que ele realmente enxergou o quanto aquilo havia afetado Taehyung.
Porque fugir tinha sido sua solução, mas também tinha sido uma teia de aranhas, e ele e Taehyung estavam presos nela até o momento.
Taehyung caminhou em direção a porta com pressa, mas Jeongguk passou por ele antes, virando a chave na fechadura e segurando-a na mão fechada.
Ele intensificou seu cheiro sem perceber, notando as narinas de Taehyung dilatarem levemente.
- Vejamos, o que é que você está fazendo agora?
- Nada. Você pode ir.
Taehyung negou levemente com a cabeça.
- Sim, é o que eu pretendo fazer. - ele tentou abrir a porta, vendo que a mesma não se movera nem um pouco. - Está trancada.
- Sério?
- Cadê a chave, Jeongguk?
- Olha, sinceramente? Eu não sei. - ele disse, olhando para o seu quarto antes de começar a andar de costas, balançando levemente a chave nos dedos. - É uma pena, talvez você só deva sentar aí e esperar meus pais chegarem. Eles tem uma cópia.
Taehyung deu alguns passos na direção dele.
- Me dá a chave, Jeongguk.
- Vem pegar.
E depois disso, ele se virou e correu na direção do quarto, fechando a porta, sem trancar.
Com seu coração a mil, ele colocou a chave na gaveta do seu guarda roupa, afastando-se daquele canto em seguida. Sinceramente, o ômega não entendia o que estava fazendo. Houveram muitas situações onde seu coração tentou alertá-lo, e de forma discreta, ele tentou o seu melhor para não fazer com que a relação dele e do alfa ficasse distante demais.
Mas aquela tinha sido definitivamente a mais próxima de realmente deixá-lo em "apuros".
A porta se abriu de repente, e Jeongguk viu que Taehyung não estava mais com a mochila, provavelmente tendo abandonado-a em algum canto na sala. Os olhos do alfa caíram nele no canto do quarto, caminhando até lá devagar.
- Jeongguk, eu não tenho o dia todo, e olha só, ele já está acabando.
Jeongguk deu de ombros, fingindo desinteresse. Ele ouviu os passos se aproximando, sentindo o coração acelerar com a proximidade repentina.
Taehyung parou na sua frente, olhando-o como se tentasse adivinhar exatamente onde o ômega havia deixado a chave.
Jeongguk sentiu o cheiro de Taehyung ficar mais intenso devido ao seu temperamento, e foi engraçado para ele não sentir nada além de bem estar e felicidade. Certamente não era essa a emoção que Taehyung queria lhe passar naquele momento, mas ele nunca tinha sido muito bom em não ser bom.
- Por que você está sorrindo? - Taehyung olhou para ele de forma solene. De certa forma, parecia diferente de antes. Jeongguk não respondeu. Ao invés disso, ele apenas se concentrou em deixar seu aroma mais forte. Baunilha chegou a todos os quatro cantos do quarto com rapidez, e como os olhos do alfa escureceram, o ômega sabia bem que tinha conseguido.
- Eu não te entendo, Jeongguk. Você está fazendo tudo isso... - Taehyung disse, respirando mais profundamente. Jeongguk realmente sentiu coisas. Mas o nervosismo cresceu quando ele percebeu em que tem tema estavam entrando. - por que você está insistindo nisso agora? Exatamente agora?
A voz de Taehyung estava tensa, demonstrando uma hesitação que ele provavelmente não queria que fosse percebido. O alfa estava tão próximo agora e sua voz soou como uma faca de dois gumes - qualquer lado que ele escolhesse, poderia trazer consequências.
De repente, ele não sentia que aquela situação era engraçada. Taehyung não parecia feliz, muito menos está se divertindo com algo.
O ômega não sabe exatamente a razão de ter sentido isso antes. Talvez fosse apenas porque ele tivesse tido um pouco de quem tanto amava depois de um longo tempo. Eufórico demais por ser sua chance de ficar com Taehyung, mesmo que não dá maneira que esperasse.
Ele lembrou de sua mãe, e no fato de que ela convidou Taehyung para ir até sua casa, na vã tentativa de aproximá-los.
Seu coração apertou, e ele sentiu aquela conhecida vontade de chorar se aproximando novamente.
Porque Taehyung parecia tão decepcionado com ele, e no fim, ele também estava decepcionado consigo mesmo, mas Jeongguk não era tão corajoso como seu pai; muito menos franco como sua mãe. Seus medos sempre pareceram maiores depois do seu aniversário, e sua única maneira de não sofrer, foi escolher não sentir.
- Jeongguk. - a voz de Taehyung o trouxe de volta, longe de seus pensamentos. Ele já não sabia por quanto tempo tinha permanecido lá. - Olhe pra mim - o alfa pediu. O cheiro cítrico pareceu abraçá-lo, mais forte e de certa forma, protetor. Jeongguk se sentiu melhor, como sempre acontecia quando Taehyung o consolava antes. Fazia-o se sentir livre das amarras do próprio coração, da prisão de sua mente. - Por que você não fala comigo? - o alfa sussurrou.
Jeongguk pensou em tudo, todas as suas memórias de antes. "Por que você não fala comigo?" O ômega mordeu o lábio inferior com força quando olhou para Taehyung, seu próprio cheiro de baunilha mais amargo.
Seus olhos estavam umidos agora, e Taehyung arregalou levemente os olhos ao perceber que Jeongguk estava quase chorando.
- Porque eu sou a droga de um medroso - sua voz saiu embargada, e a primeira lágrima escorreu dos seus olhos, e ele passou uma das mãos sobre ela. - Eu finjo que não me importo, mas eu te amo tanto - ele mordeu o lábio inferior com força. - E talvez eu mereça isso. Talvez você só seja bom demais pra mim, por isso deu tudo errado.
Taehyung ficou paralisado, a repentina confissão atingindo-o com força. Ele não esperava que Jeongguk realmente dissesse algo a ele.
Jeongguk passou novamente a mão no rosto, tentando secar as lágrimas que caiam sem sua permissão.
Ele sentiu uma mão na sua nuca, e antes que conseguisse raciocinar, o cheiro de Taehyung estava incrivelmente forte. Parecia ser a única coisa que realmente chegava em seus sentidos.
Taehyung o estava abraçando.
Seu queixo estava apoiado sobre o ombro do alfa, facilitando sua chegada a glândula de cheiro no pescoço dele. Ele fungou, prendendo-se na única coisa que podia naquele momento: o calor de Taehyung.
Os braços de Taehyung eram fortes contra ele, circulando seu corpo num abraço apertado. Ele mal conseguiu fazer o mesmo, focado demais em apenas prender a camiseta de Taehyung entre os dedos. Era difícil controlar as lágrimas agora.
- Eu sinto muito - Jeongguk disse entre as lágrimas, a voz abafada. - Eu não queria te deixar triste... Mas eu... Eu não sou corajoso o suficiente. Eu nunca fui.
Jeongguk sentiu a respiração de Taehyung contra sua orelha, um leve riso triste que escapou dele.
- Nós sempre damos um jeito quando estamos juntos... Era o que sempre dizíamos... Mas então a única coisa que pensamos em fazer quando as coisas desandaram foi em manter distância - Taehyung murmurou. - Eu deveria ter tentado mais. Sinto muito, Jeongguk - ele falou com calma, o tom incrivelmente suave.
Jeongguk parecia tão triste que nada além de gentileza deveria ser entregue a ele. E o alfa sabia mais do que ninguém. Ao ouvir aquilo, Jeongguk não conseguiu conter sua dor. As lágrimas caíram sem prensas, seu coração colocando para fora tudo aquilo que antes o prendera.
Taehyung fechou os olhos, inspirando profundamente o cheiro de Jeongguk, baunilha adentrando seus sentidos e acalmando-o do mesmo modo que tentava fazer com o ômega agora.
Ele sabia bem que, um pouco mais, acabaria por chorar também.
E eles precisavam conversar sobre muitas coisas ainda.
[🍊]
Aí gente eles se amam MT esse momento pra eles tá sendo tipo MDS PANE NO SISTEMA ALGUÉM ME DESCONFIGUROU
Próximo capítulo é o penúltimo, e também pov do Taehyung <3
Só queria dizer que enquanto eu escrevia essa história, eu não queria que nenhum deles fosse culpado, porque no fim, não são. Mas eles tinham medos como qualquer um, e as vezes o medo é a única coisa que enxergamos ao tomar uma decisão. Vamos tentar compreender os dois <3
Até! Amanhã solto mais um capítulo, mesmo horário ♥️
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