O grupo junta-se à volta de uma mesa, na biblioteca da Mansão Blackburn. Eric está na cabeceira da mesa, com Ricci e Bobby ao seu lado. Mais longe, estavam Ryan, Sam Gareth, Derry Gareth, Kyle Haggerty e Liz Jones. Todos tinham copos com bebidas à frente, desde água a whiskey.

Eric: Então, chamei-vos aqui porque, aparentemente, há um grande perigo que pode chegar a nós, vindo de um plano fora do Multiverso. Estamos a falar de uma entidade quase omnipotente.

Ryan: Como é que sabemos isso?

Eric: O Zegas esteve cá e contou-me. Ele pode ser um ser infernal, mas é suficientemente forte para passar a barreira de forças da Mansão e, por acaso, desta vez até foi útil.

Sam: Bem me parecia que cheirava a enxofre.

Liz bate no ombro de Sam e leva o indicador aos lábios, dando a entender que este se devia calar.

Ricci: O cabeça de carneiro disse mais alguma coisa de importante? Tipo, quem é o amigo que nos quer fazer a folha, tás a perceber?

Eric: Duas palavras: Requiem Black.

A cara do ocultista torna-se bastante séria e pálida, como se este tivesse ouvido um nome proibido.

Ricci: Estás a brincar, certo?

Eric: Conheces?

Ricci: Sim, conheço. O Requiem Black era um alium de classe A++, há cerca de cinquenta anos atrás. Chamava-se Neoptolemus Granger, o tipo levantava mortos, virava o contínuo espaço-temporal do avesso, abria buracos negros, portais interdimensionais, interuniversais, criava universos alternativos para por dentro de terrários gigantes. Ele é capaz de ser a pessoa mais poderosa a já ter existido, pelo menos, em termos de valores na escala de Varus, que determina o nível de poder dos alium, ele mediu 45.000 varus. Para comparar, o Thomas Grey só tem 3.000 varus, o Kevin Slater mede 8.000 e o Sebastian Clay são 9.000. O próprio Lúcifer é estimado em 50.000 varus e o Deus universal mais poderoso, o judaico-cristão-muçulmano? São 100.000, a estimativa. Se ele agora é uma entidade omniversal, então, podem multiplicar o poder dele por cinquenta.

Sam: Foda-se! A alhada em que nos fomos meter, se for verdade, não há ninguém que nos possa ajudar, nem os fabulares, o Athreus, a Margot, todos eles juntos.

Ryan: Existe uma pessoa.

Ricci olha para Ryan, com um olhar de espanto.

Ricci: Não! O puto é novo, não é para aqui chamado, para não falar que a mãe dele me iria estrangular!

Eric: Ricci, compreende, estamos numa crise. Triliões, quadriliões, porra, quintiliões de vidas a desaparecer, se nós não fizermos nada. Ninguém neste universo, sem ser o Willard, é capaz de evitar que o Requiem Black avance.

Ricci: Temos Cores Caídas do Espaço, temos Carcossa inteira, Protodeuses, Ancestrais, milhares de entidades, seres e armas contra ele, para o atrasar!

Ryan: Ganhavas semanas, meses, no máximo, até se fosses acordar o Cthulhu e fosses à Corte de Azathoth pedir ajuda ao Nyarlathotep, que fosses às Terras do Sonho falar com o Hastur, ou à Área Morta, para tentares que o Anomaly te ajudasse, podes ter a certeza que eles seriam apenas inconveniências para o Requiem Black. Ele é um quarto do Quarteto do Equilíbrio, estamos a falar de um grupo de quatro entidades que mantêm o Multiverso a funcionar. É uma constante multiversal, em todo o Multiverso existe Morte, Vida, Tempo e Espaço, ele é a Morte.

Ricci: E o que é que um puto de dezasseis ano faria contra uma entidade completa, poderosa e extremamente sedenta de sangue? Mesmo com os poderes do Willard, que foram capazes de causar perigo de convergência entre universos, estamos a falar de um quinto do poder do gajo!

Eric: A telepatia dele é quatrocentas vezes mais forte que todas as que já foram registadas, consegue ressuscitar mortos, apagar e retornar a existência de seres. O Willard vale por todos os Great Old Ones, Ancestrais, Protodeuses e entidades divinas universais combinados. E ele consegue falar com as Moiras. 

Ricci: Ele consegue o quê?

Eric: Falar com as Moiras. A ponte de ligação entre todos os membros do Quarteto do Equilíbrio, as suas supervisoras.

Ricci: Eu sei quem são as Moiras, palerma! São o grupo de entidades que representam o Destino, as únicas entidades multiversais que vivem dentro dos universos e fora deles, ao mesmo tempo. Só uma Moira é capaz de limpar um universo do seu estado de existência. Só não sabia que o filho da Beth Avery era capaz de comunicar com elas.

Eric: Esse é o nível de poder que ele tem, se as coisas derem para o torto, podemos sempre chamar a cavalaria pesada, com isto digo, as Moiras.

Ricci: Cavalaria pesada? As Moiras são um grupo de ICBMs com bombas de hidrogénio lá dentro, parecem velhinhas inocentes por fora, mas, em termos de poder, eu diria que nós somos um monte de paus e pedras, o Will é um tanque, o Requiem Black é uma bomba incendiária e as Moiras são a Tsar Bomba. É uma disparidade enorme entre níveis de poder.

Eric: Por isso é que precisamos da ajuda do Will, se ele se concentrar, conseguimos ganhar toda esta batalha sem qualquer problema.

Ricci pensa um pouco.

Ricci: Foda-se! Reúnam os Icónicos, chamem a malta que esteja no espaço, Defensores do Espaço, extraterrestres, anjos, arcanjos, demónios, feiticeiros. Vamos precisar de juntar uma força superior a tudo o que o universo já viu. Esta merda, acabe bem ou acabe mal, vai ser o Apocalipse Segundo S. João ao quadrado.

Derry: Lembra-te que Apocalipse, em grego, quer dizer "revelação" e que, o mundo, não acaba após um Apocalipse, apenas evolui, para melhor ou pior, e, dando isto para onde der, vai haver uma evolução, saiba-nos a mel ou a merda.

Liz: Calma, isto é tudo muito bonito, mas, e as hipóteses de morrermos todos numa bola incandescente? Vão ignorar isso?

Eric: É uma hipótese, mas, se um franganote quer ganhar a um peso-super pesado...

Ricci: Tem, quase sempre, de fazer batota. Eric Pirus, tu não me digas...

Eric: É a única solução.

Sam: Eu sei o que estás a pensar e não, ninguém vai gostar. Ele ia limpar o universo, tal como o Requiem Black. Libertar o Plades, para conversar com ele, é um absurdo, ele ia fugir, de certeza.

Eric: Não é só ele... é todos os super prisioneiros, no Tártaro, na Glass Mountain, em Holy Bridge, em Lead Castle.

Ricci: Pronto! Teres lido o Livro do Calvário já te deixou variado! Vais causar um derrame ao presidente e um problema estrutural em todo o lado, se fizeres isso!

Eric: É o que tem de ser feito.