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QUATRO

Meu carro vai ficar na oficina, mas ainda não dá para saber quando ele volta e se ele vai mesmo voltar. O mecânico parecia um médico prestes a dar uma má notícia a uma família desesperada na sala de espera de um hospital.

Agora, sem carro, não sei como vou aonde preciso ir sempre que precisar ir. Terei que voltar a usar a bicicleta para ir a escola, como fazia antes de ganhar o Alfredo, mas vou precisar pensar em outra opção para conseguir chegar à academia de balé.

E ônibus não é uma delas.

E não, não estou sendo mimada. O grande problema em usar o ônibus durante a noite está no quanto isso é perigoso.

Desde o dia em que Marília e eu fomos assaltadas no ponto de ônibus quando estávamos voltando de uma das aulas da Madame Giselle, juramos que evitaríamos o transporte público o máximo possível já que não temos segurança nesse país!

Mas agora que estou sem carro, não consigo ver outra solução.

- Tenho uma solução, Emily. - papai sorri positivo. Ele está tentando me animar diante da situação.

- Estou ouvindo. - digo sem um pingo de ânimo em minha voz.

Estou esparramada no sofá como se minha vida estivesse descendo pelo ralo. Sem volta, sem perdão.

- Will vai levar você para as aulas de balé e eu vou pagá-lo pelo serviço no fim do mês.

- O quê? - pergunto furiosa, enquanto Will fica de pé com um grande sorriso no rosto.

- Quanto o senhor vai me pagar? - ele se interessa pela proposta.

- Ele não vai te pagar coisa nenhuma! - intervenho. - Quem disse que quero andar com você no seu carro? - olho para ele.

- Não é questão de querer ou não, Emily. - minha mãe finalmente fala algo. - Você tem outra opção?

- Não... mas... - minhas palavras somem no ar.

- Aceita logo, Em. - Maby pega o celular na mesa de centro e se concentra nele. - Pensa nisso como uma forma de Will se redimir com você, sei lá.

- Como ele pode estar se redimindo se vai receber por isso? - cruzo os braços.

- Na verdade, eu não tive culpa. Não exatamente. - Will se pronuncia. - Minha camionete também estava na rua e poderia ter sido destruída pelo caminhão no lugar do seu carro. - olha para mim, que franzo as sobrancelhas com raiva.

- Precisamos concordar com isso, Emily - meu pai ocupa sua poltrona. - Mas é você quem sabe. Ou pega carona com Will ou começa a andar de ônibus.

Olho para Will e me pergunto se posso suportá-lo durante esse tempo.

Porém, acho que já o aguentei demais e aturar suas caronas não deve ser tão difícil assim. Serão apenas três vezes por semana: ele vai me deixar e me buscar na academia, e pronto. Eu aguento.

- Tá. - digo por fim. - Preciso que venha me buscar hoje, às seis.

- Combinado - Will senta novamente ao lado de Mabel e solto um suspiro.

- E não se atrase! - começo a subir as escadas e bato a porta do quarto antes de me jogar na cama.

Will = 1

Emily = 0

***

Penteio minha franja com os dedos, coloco minhas sapatilhas na bolsa e fecho o zíper. Desço as escadas com a bolsa cor-de-rosa sobre o ombro e mando uma mensagem para Marília dizendo que vou passar na casa dela para buscá-la como sempre, a diferença é que dessa vez Will será nosso motorista.

Já do lado de fora, abro a porta do passageiro e vou para o banco rasgado da camionete. Will dá a partida enquanto mexe no rádio e coloca em uma estação que toca rock pesado. Como ele consegue escutar essas músicas? O vocalista - se é que devo chamá-lo assim – grita o tempo todo acompanhado de solos de guitarra e não consigo entender nada, nem metade da letra. E a situação só piora quando Will começa a cantar junto.

- Para aqui. - digo quando passamos pela casa de Marília.

- O quê? - ele aumenta o tom de voz, pois a música está alta demais.

- Para o carro! - desligo o rádio.

- Por quê?

- Marília vai com a gente. - explico. – Ela já está vindo.

Marília sai pela porta da frente e vem até a camionete. Depois olha para dentro do carro pela janela de Will e começa a rir.

- Quando você me disse que Will seria nosso motorista, achei que estivesse brincando. - diz indo para o banco de trás.

- Não é brincadeira, Marília. - jogo a cabeça para trás e Will põe o carro em movimento.

- Aqui tem cheiro de cigarro. - ela começa a farejar.

- É. Tem mesmo. - Will pega um cigarro no porta-luvas e o coloca na boca para acendê-lo em seguida. - Me desculpem, eu fui rude agora. - dá uma tragada. - Vocês aceitam? - ergue o cigarro para mim e solta uma risada antes de colocá-lo na boca novamente.

- Será que pode manter seu cigarro apagado enquanto estivermos aqui?

- Vou pensar no seu caso. - para no sinal fechado. - Mas vem cá, se você não me suporta nem pintado de ouro, por que aceitou a ideia do seu pai? Vocês poderiam ir de ônibus. É um pouco longe, mas dá pra ir numa boa.

- A verdade, Will, é que Emily tem trauma de ponto de ônibus desde que fomos assaltadas.

- Marília, não é trauma... é só...

- Trauma. - me corta. - Logo quando Madame Giselle se mudou junto com a academia pra esse bairro chique, nós começamos a ir de ônibus, pois Emily ainda não tinha ganhado o fusca do avô. Mas um dia nós estávamos esperando o ônibus e chegaram dois caras...

- Nem me lembre disso, Marília! - a repreendo. - Aqueles dois levaram minha bolsa com minhas sapatilhas novas! - exclamo. - Eu tinha acabado de comprar e simplesmente roubaram!

- Então você não anda mais de ônibus por causa disso? - Will dá mais uma tragada e ri.

- Não tem graça. - o encaro. - E se fosse com você? Se você estivesse indo ensaiar com sua banda, estivesse com sua guitarra nas costas enquanto esperava o ônibus e então chegassem uns ladrões apontando um canivete pra você? Você iria rir?

- Não, eu iria correr. – fala naturalmente. - Eles estavam com um canivete, não com uma arma. Eu não iria levar um tiro.

- A gente devia ter corrido. - Marília comenta.

- Os ladrões ainda poderiam te machucar. - protesto. - E se eles lançassem o canivete na sua direção enquanto você estivesse correndo?

- Não iriam me acertar porque eu estaria com a guitarra nas costas. - ele argumenta. - E o que eles são? Ladrões ou atiradores de facas circenses?

- Atiradores de facas - Marília ri. - Essa foi boa!

Olho para ela, que para de ri e se recosta no banco.

- Tá legal. - Will joga o cigarro pela janela. - Você morre de medo de assalto. Prefere a mim que os assaltantes?

- É claro. Você pode ser.... - aponto. - isso tudo aí, mas é melhor do que ter as sapatilhas novas roubadas.

- Tem razão. - Marília confirma. – E além disso, você cheira melhor que aquele velho esquisito que sempre ficava sentado no fundo do ônibus.

- Vou levar isso como um elogio. - ele põe o cd da sua banda para tocar. - Agora, meninas, curtam o som da melhor banda da cidade: R!OT

A música começa com um solo de guitarra e Will canta os primeiros versos em inglês. Um cd inteiro da R!OT e a viagem está só começando. Por isso coloco a cabeça contra o encosto do banco e fecho os olhos tentando me lembrar dos passos de balé que vi na internet. Se ensaiar muito, vou conseguir me destacar. E é exatamente isso que quero.

Will estaciona em frente ao prédio da academia e saio do carro. Antes de entrar, me aproximo da janela e ele diz:

- Que horas venho te buscar?

- Eu ligo quando terminar.

- Tá legal. Reze para que eu não esteja ensaiando.

- O quê? Ensaiando? Você não pode me esquecer aqui!

- Estou brincando. - ri e mexe no cabelo. - Eu venho te buscar.

Fito seus olhos, não muito convencida, e me afasto da camionete para dizer:

- Eu ligo.

Will acena brevemente e arranca com o motor quando Marília passa seu braço pelo meu e vamos para dentro.

Passamos por Barbara na recepção e ela nos cumprimenta com um sorriso, então subimos as escadas e alcançamos a sala de espelhos.

Uma das minhas colegas mais antigas do balé, Elena, está sentada em um dos cantos da sala e nós vamos até lá.

- Todo mundo está falando que Madame Giselle vai passar uma coreografia nova hoje para avaliar quem merece o solo principal. - Elena comenta baixando o tom de voz assim que sentamos perto dela.

Vamos apresentar O Lago dos Cisnes no festival de balé no final do ano e os olheiros de uma das maiores escolas de dança do país vão estar na plateia. Eles anunciaram que vão escolher os melhores dançarinos de cada academia que irá se apresentar no festival para dar uma bolsa integral.

Ganhar essa bolsa seria como ter um sonho realizado.

- Oi, meninas. - Jéssica se aproxima e senta ao meu lado. - Todo mundo está dizendo que Madame Giselle vai avaliar nossos passos hoje. Isso está me deixando tão nervosa. A propósito, adorei sua franja.

Jéssica é a mais nova da equipe. Está sempre pensando e falando várias coisas ao mesmo tempo.

- Ah, valeu. - mexo no cabelo com os dedos.

- Ficou mesmo muito legal - Elena olha para mim. - Então... está preparada para conseguir mais um solo principal? - muda de assunto.

- Vou tentar o máximo. Já que os olheiros vão assistir a apresentação, ter o solo principal ia ser uma vantagem.

- Uma grande vantagem. - Jéssica sorri. - E você vai pegar um dos solos principais. Madame Giselle sempre te coloca em algum papel importante.

- É. - Marília confirma. - Você morre de ensaiar como se sua vida dependesse disso. Lhe dar um solo é o mínimo que Madame Giselle poderia fazer.

Nós rimos e começo a fazer meu coque.

- Em, não quero te deixar preocupada, mas é melhor tomar cuidado. - Elena abaixa o tom de voz e vem me ajudar com o coque. - Cheguei cedo hoje pra treinar uns passos e Ranna já estava aqui com a mãe dela. – ela resmunga. - Ouvi as duas conversando e Ranna disse com aquela vozinha irritante: "Não se preocupe, mamãe. O solo será meu e vou entrar nessa escola nem que eu tenha que passar por cima dela."

Arregalo os olhos.

- Será que ela estava se referindo a você? - Jéssica engole em seco.

- É claro que estava! - Marília diz. - Querem saber de uma coisa? Vou ensinar pra essa garota com quantos paus se faz uma canoa! - ela tenta se levantar, mas Jéssica segura seu pulso e a faz ficar no lugar.

- Não vai criar confusão, Marília - a acalmo. - Ranna não me assusta.

- Isso aí. Não deixe essa garota pensar que pode pisar em cima de você - Elena prende o último grampo. - Terminei.

- Obrigada. – sorrio para ela e então Ranna sai do vestiário com sua bolsa de marca sobre o ombro.

Com seu coque perfeito, a loira me encara com desdém, mas a ignoro e começo a me alongar. Poucos muito depois, Madame Giselle abre a porta e joga sua bolsa em um canto da sala.

- Espero que já estejam alongados! - ela bate palmas para chamar a atenção de quem ainda não notou sua presença e põe as mãos na cintura. - Formem fileiras. Dos mais baixos para os mais altos.

- Hoje a coisa está feia. - sussurra Denis ficando atrás de mim.

Denis é um bailarino incrível e nós temos sorte em tê-lo na academia, mas além disso, ele é um amigo que qualquer um mataria para ter. Leal, companheiro, engraçado e insubstituível.

- Já está se preparando para interpretar Odette? - ele pergunta enquanto Madame Giselle se distrai procurando pelo pendrive com a música certa.

- Ainda nem sei se vou pegar o papel principal - rio e me viro para encará-lo. 

- Aham. Até parece, garota. – sorrindo, ele cruza os braços definidos. - O papel já é seu. Você e todo mundo sabe o quanto Madame Giselle te ama.

- Ela não...

- Denis e Emily, na posição e boca fechada! - a professora põe a música para tocar. - Vou passar essa sequência uma vez e espero que peguem os passos! - diz elevando o tom de voz para ser ouvida em meio a sinfonia. - Vou observá-los e semana que vem teremos o teste para os papéis do recital.

Ela então começa com os passos. Alguns pliês, piruetas... mais alguns movimentos e por fim um salto gracioso.

- É a vez de vocês.

Danço. Conto os passos mentalmente e logo já estou terminando com o salto. Volto para o começo e fazemos tudo de novo mais uma vez.

1, 2, 3 e 4

1, 2, 3 e 4

1, 2, 3 e 4

A sinfonia para e eu paro junto com ela ao fim de mais um salto perfeito. Abro os olhos e estou sozinha no meio da sala. Todos foram para os cantos por não conseguirem acompanhar a sequencia e estão me olhando. Madame Giselle dá um largo sorriso, aponta para mim e diz:

- É assim que uma bailarina de verdade deve ser.

Meu coração explode de alegria.

- Ela não desiste. Ela faz a dança acontecer.

Os alunos permanecem em silêncio, e ao olhar para Marília pelo espelho da parede, ela faz um sinal positivo com os polegares e sorri. Já Ranna, está com aquela cara de limão azedo. Como sempre.

- Emily, pode passar a coreografia novamente para eles? - Madame Giselle aperta o play mais uma vez. - Tenho que pensar seriamente sobre demitir Cris e te colocar no lugar dele.

Todos nós rimos. Menos Ranna. É claro.

Cris é o assistente de longa data de Madame Giselle. Ele sempre aparece para substituí-la quando algo a impede de vir dar aulas e a ajuda na criação das coreografias durante as temporadas de festivais.

As meninas, Denis e eu não vamos muito com a cara dele. Não é nada pessoal, só não confiamos nele, assim como não confiamos em Ranna. E o fatos dos dois serem 'amiguinhos' não ajuda.

***

Quando a aula chega ao fim, tiro minhas sapatilhas e massageio meus dedos doloridos. Então desfaço meu coque e guardo minhas coisas na bolsa no momento em que Marília se aproxima e diz:

- Dj vem me buscar. - ela está com o celular na mão. - Ele acabou de me ligar. Quer me levar para jantar e fazer as pazes.

- O quê? Você vai me deixar sozinha com Will? – digo chateada. - Marília, acho que não aguento ficar sozinha com ele naquele carro! Vou surtar e estrangular o pescoço dele!

- Emily, relaxa. Você vai sobreviver. - ajeita a bolsa no ombro e me dá um abraço rápido. - Te vejo amanhã na escola e não esquece seu encontro com Douglas na biblioteca. - sai da sala.

- Não é um encontro! – tento não sorri. - É uma reunião!

Nem sei se ela me ouviu.

- Encontro é? - Juca, um dos bailarinos da academia, caminha até mim. - Com quem?

Juca e eu tivemos um... "lance" ano passado. Nos conhecemos aqui na academia e ficamos próximos quando Madame Giselle se deu conta de que ele era um péssimo bailarino e me deu a missão de ser sua mentora até que aprendesse o básico. Juca só começou a fazer balé devido a um desvio de coluna; seu médico havia recomendado natação, mas ele odeia nadar, então decidiu dançar. No começo, Juca era duro feito um poste, não dançava absolutamente nada e eu tive que trabalhar muito até que ele finalmente começasse a levar o balé a sério. 

No começo de tudo, quando começamos a sair e ficar, era divertido, mas o nosso rolo acabou não dando tão certo no instante em que percebi que não sentia por ele nem metade do que sinto por Douglas. 

- Não é um encontro. - tento desconversar. - Só vou me reunir com Douglas para organizar os detalhes da festa de final de ano da escola.

- Ah, o Douglas. - ele afirma com a cabeça. - O mesmo Douglas que fez você terminar comigo ou é outro Douglas?

- Juca... - seguro a alça da bolsa. - A gente...

- Estou brincando, Em. - ele bagunça minha franja. - Você está linda assim. - sorri e se vai.

Solto o ar pela boca. Essa coisa de manter amizade depois de algo ter acontecido, por menor que tenha sido, é difícil.

Disco o número de Will e tento tirar minha conversa com Juca da cabeça. Ele não demora tanto para atender e peço para que venha me buscar. Will resmunga um "já vou" e abro a porta de correr para sair quando Madame Giselle diz:

- Emily?

- Sim, Madame Giselle. - me volto para ela.

- Acho que sabe que estou de olho em você para um solo importante no festival. Talvez mais que um solo. - sorri.

- Sério? - pergunto empolgada.

- Uhum. - segura meus ombros. - Então se concentre o máximo que puder. É uma grande chance. Não deixe que garotos atrapalhem.

- Garotos são os menores dos meus problemas. Não precisa se preocupar. - asseguro. - Vou me dedicar. 

- Ótimo. - fala. - Até quarta.

- Até quarta, Madame Giselle.

Me afasto e saio da sala confiante. Porém, menti sobre os garotos não serem meus problemas. Will é um grande problema para mim

- Você está atrasado. - reclamo minutos depois, abrindo a porta do carro e indo para o banco do passageiro ao seu lado.

- Eu estava ensaiando, mas estou aqui, não estou? - ele começa a dirigir.

- É.

- Onde está sua amiga?

- O namorado veio buscá-la. - apoio o cotovelo na janela aberta.

- Deveria arranjar um namorado também. - ri. - Você é muito ranzinza, precisa de um.

- Cala a boca! - lhe dou um soco no braço.

E por incrível que pareça, ele permanece calado até o fim da viagem.

- Não vai entrar pra ver a Maby? - saio do carro quando estacionamos em frente a minha casa.

- Ah... não. - balança a cabeça. - Depois eu ligo pra ela.

- Tá legal. - dou de ombros. - Esteja aqui quarta-feira, no mesmo horário.

- Tá. Tá. Já sei.

- Boa noite, Will. - me afasto.

- Boa noite, Emily.

Vou para dentro e subo até o quarto. Maby está caída na cama com fones de ouvido e uma máscara cobrindo seus olhos. Sei que ela não está dormindo, mas também sei que não percebeu minha presença. Então deito em minha cama e sinto meus músculos doloridos quando fecho os olhos de cansaço e percebo que a carona de Will não foi tão ruim assim.

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