10 ANOS ATRÁS:
O recém formado biólogo marinho e ex fuzileiro do SAS Valentin era agora membro de uma tripulação de pesquisa marinha na costa da África do sul. O trabalho não era lá muito emocionante, só colocar câmeras subaquáticas, tirar algumas fotos e catalogar os animais que via, fora o fato de que o líder da equipe era um completo desleixado e preguiçoso que sempre deixava o trabalho duro para Valentin e seu colega Sam. Os dois amigos queriam mais do que aquela tediante vida de papéis e fotos, eram jovens, buscavam uma emoção maior. Um dia enquanto tiravam cracas do casco do navio de pesquisas Valentin e Sam tiveram uma conversa:
Valentin: Então isso é a "vida maravilhosa" que tanto nos falavam na faculdade?
Sam: Para de reclamar, podia ser pior. Pelo menos ganhamos um salário bom.
Valentin: Acho que não compensa, pelo menos não com nossos diplomas. Quer dizer, era pra gente estar por aí sendo descobridores dos sete mares e estamos aqui trabalhando igual dois condenados. Não acredito que troquei o cargo de sargento do SAS por maresia e....
No meio do seu discurso lamurioso Valentin avistou uma baleia morta boiando na água e exalando um odor muito desagradável. Eles então avisaram o resto da tripulação que logo ligou os motores da embarcação e se dirigiu até próximo do animal. Um dos membros subiu em cima da baleia para averiguar a causa da morte e constatou que tinha sido de causas naturais causadas por uma doença. De repente o cadáver do animal se mexeu por causa dos vários tubarões que estavam devorando-o. Até o momento tudo parecia normal, mas de repente algo inesperado aconteceu quando um dos marinheiros olhou o sonar.
Marinheiro: Venham ver isso aqui no sonar! Todos os tubarões estão indo embora.
Capitão: Isso é impossível... Deixe-me ver isso!
O capitão então viu no sonar as imagens dos tubarões se afastando do local, pareciam estar fugindo ou se afastando de alguma coisa, aquilo deixou o capitão um pouco tenso.
Capitão: Vamos embora agora! Cadê o Sam e o Valentin?
Marinheiro: Eles estão lá na proa a estibordo de olho no Peter, ele tinha ido ver a causa da morte da baleia.
Capitão: Essa não... Todo mundo entra agora! Saiam da água!
O capitão mal teve tempo de falar as últimas palavras quando de repente um tubarão de 11,5 metros saltou do mar e deu uma mordida na baleia fazendo Peter se desequilibrar e cair na água. Ao ver o tamanho daquele animal Sam e Valentin caíram para trás assustados, mas sabiam que tinham que fazer algo pelo seu amigo. Rapidamente Sam jogou uma boia salva-vidas enquanto Valentin abria uma passagem lateral no barco dando espaço para Peter subir. Enquanto Sam puxava a corda do salva-vidas onde Peter estava Valentin olhou na direção da cabine do capitão e gritou:
Valentin: Mas que porcaria foi essa? Aquele bicho veio do nada. Não estavam de olho no sonar?
Enquanto Valentin falava Sam continuava puxando seu colega que estava sujo de sangue e fedendo muito por causa do odor exalado pela baleia. Valentin ficou em uma escada de corda com a mão estendida para Peter segurar enquanto o mesmo nadava. Tudo parecia ter dado certo, mas de repente o tubarão apareceu por baixo e em uma só bocada devorou Peter a poucos metros de Valentin que levou um baita susto com aquilo, ele acabou se desequilibrando na escada e caiu na água, logo Sam gritou avisando que seu colega tinha caído e soaram mais um alarme. Valentin estava nadando de volta até a escada de corda desesperado , pois um tubarão gigante estava a espreita e parecia gostar de de carne humana.
Valentin: Meu Deus, não me deixa morrer assim por favor.
Depois de passar por aqueles angustiantes segundos Valentin conseguiu alcançar a escada de corda, ele deu um tapa forte na lateral do barco e Sam logo avisou ao capitão que seu amigo estava bem.
Capitão: Certo, vamos dar o fora!
O capitão ligou os motores e zarpou rumo ao porto, mas por conta do tamanho do barco não podia acelerar muito. Valentin ainda estava subindo pela escada de corda e levando um pouco de água na cara quando olhou para trás e viu uma barbatana na água o seguindo, o animal ainda não parecia ter desistido. Ele deu um grito e subiu no deck o mais rápido que pode, logo depois foi até popa e viu que o tubarão tinha sumido. Sam deu ao seu amigo uma manta térmica para ele se secar e logo puxou conversa:
Sam: E aí conseguiu a emoção que você tanto queria?
Valentin bufou e deu uma gargalhada baixa seguida de um leve soco no braço do seu amigo respondendo:
Valentin: Vai se ferrar rapaz, não era bem isso que eu tinha em mente... Mas acho que é toda a emoção que terei pelo resto da viagem.
Valentin se sentou em um canto e ficou olhando o local onde o corpo da baleia estava boiando, de repente, como um míssil, um tubarão muito maior que o anterior saltou da água e mordeu a baleia partindo o corpo do animal em duas partes. Ao ver aquilo Valentin gritou e falou um palavrão enquanto o tubarão imergia no mar deixando apenas pequenas ondas no local. Sam foi a popa ver o que tinha deixado seu amigo tão assustado.
Sam: O que aconteceu cara? Você está bem?
Valentin respirou fundo e então começou a falar:
Valentin: Tinha um tubarão lá onde a baleia morreu... Mas ele era enorme, pulou da água e partiu a baleia no meio.
Sam olhou para seu amigo um pouco cético no começo, mas sentiu certa segurança na fala dele.
Sam: Tem certeza que era um tubarão? Podia ser só outra baleia ou sei lá... Talvez com essa experiência de quase morte você possa ter visto coisas.
Valentin: Olha amigo eu sei bem o que eu vi... Não iria acreditar se não tivesse visto com meus próprios olhos. Ele deve ter uns 20 metros de comprimento, sei lá... Tem que ter uma boca grande para morder aquela baleia.
Depois de uma hora de viagem o navio de pesquisa atracou no porto da baia de Hout. Os marinheiros fizeram a manutenção rotineira na embarcação e foram embora, alguns para suas casas e outros, como Sam e Valentin, acompanharam o capitão e parte da tripulação até um bar perto da praia. Chegando lá o capitão pagou a primeira rodada de cerveja e enquanto bebia alguém puxou assunto sobre o incidente com o tubarão.
Capitão: Eu infelizmente não posso esquecer isso, ainda essa noite vou dar a notícia a família do Peter. O maldito submarino levou ele.
Valentin deu um gole em sua bebida e logo perguntou ao capitão o que era esse tal submarino.
Capitão: Era para ser só uma lenda, mas esse tal submarino é um tubarão brando de 11 metros que aparece por aqui e devora você antes que possa fazer alguma coisa.
Valentin: E esse bicho tem uma cicatriz na cabeça? O que quase me comeu hoje tinha uma.
Capitão: Sim, é isso que faz ele ser reconhecido. Dizem que ele só aparece a cada dez anos, então devemos estar seguros por enquanto.
As horas foram passando e Valentin então contou a todos sobre o tal tubarão gigante que tinha visto, também comentou o fato de o submarino ter sumido momentos antes de o outro tubarão aparecer. Obviamente ninguém, com exceção de Sam, acreditou naquilo. Alguns falaram que Valentin tinha visto coisas ou que era história de pescador, mas o jovem continuava jurando ter visto a criatura.
Valentin Vocês vão ver, seja lá o que for aquele tubarão vai fazer esse trabalho ter alguma emoção. Vou descobrir exatamente o que ele é.
Capitão: Garoto como já dissemos você só teve uma miragem, deixa de procurar por chifre em cabeça de cavalo. Agora levanta e pega mais uma cerveja pra mim.
Valentin bateu na mesa com as duas mãos e se levantou muito irritado, já tinha aguentado muita coisa desde que aceitou aquele trabalho, mas aquilo foi a gota d'água.
Valentin: Pegue seu próprio veneno seu matuto sangue de peixe, eu tenho um trabalho de verdade a fazer.
O capitão ficou bem irritado ao ouvir aquilo e se levantou segurando o braço de Valentin com força, o jovem pegou no antebraço do capitão e aplicou um golpe de imobilização no mesmo fazendo a mesa mexer e alguns copos caírem no chão e se quebrarem.
Valentin: Agora escuta aqui seu, seu... Sei lá qual espécie de animal você é. Eu tenho um diploma em biologia marinha e uma licença de mergulho, além disso sou militar. Eu deixei o SAS para correr atrás do meu sonho e não vou ficar preso a um sanguessuga como você.
Valentin largou o capitão e foi saindo do bar com todos os olhos voltados para ele. O capitão se sentou na mesa e então disse:
Capitão: Seu moleque! Vai dedicar sua carreira de amante dos peixes a perseguir um tubarão imaginário.
Valentin: É melhor do que ficar ouvindo sua voz de gralha engasgada o dia inteiro.
Valentin saiu e bateu a porta do bar e foi andando em direção a areia da praia já escurecida pela noite. Ele se sentou em uma pedra ficou ouvindo o som das ondas quebrando na beira do mar enquanto mexia na sua plaqueta militar, estava pensando em como poderia ter tido o mesmo destino de Peter e no tubarão gigante que tinha visto. De repente Valentin sentiu uma mão em seu ombro, era Sam, ele se sentou ao lado de seu amigo e começou a falar:
Sam: Nunca te vi assim, acho que isso tudo de vida e morte mexeu com tua cabeça legal.
Valentin: Cansei de ser escravo de bordo, eu vou atrás daquele tubarão e nem tente me impedir Sam, se quiser vir comigo ok, mas se não pode voltar pro bar.
Sam: Eu nunca disse que ia te impedir, eu vou junto de você. Alguém precisa ficar de olho você para impedir que faça alguma besteira... E também porque o capitão demitiu nós dois, então meio que você me deve essa.
Valentin: Foi mal pelo emprego cara, mas agora estamos juntos nessa, vamos fazer esses nossos diplomas valerem a pena.
Depois daquela noite intensa de bebedeira e decisões importantes Valentin e Sam entraram para o instituto de pesquisa marinha da África do Sul onde teriam mais equipamentos e um barco particular para fazer suas pesquisas. É a partir daqui que a história começa e de como Valentin e sua tripulação se tornariam lendas.
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