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Capítulo único: A fúnebre melodia de MarioKart lhes sela o destino

OI, BEBÊS!! FELIZ NATALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL! 

Como vocês estão? Faz um tempão que eu não posto uma oneshot, né? Agradeçam à minha namorada seokflame por ter me animado a escrever uma!

Isso aqui é uma pseudo-collab! Eu e a seokflame combinamos os shipps, o tema e alguns elementos de cenário e cada uma escreveu a própria oneshot. Ou seja, confiram a história no perfil dela também!!

Boa leitura e espero que gostem da história!

⇢🩺⇠

 Na madrugada do dia vinte e quatro de dezembro, soa a música tema de MarioKart por entre os cômodos escuros do apartamento dos Kim. O barulho não é raro, muito menos as reações: Taehyung afunda mais a cara no travesseiro, Namjoon nem ao menos se move, Seokjin — estrategicamente posicionado no canto da cama — atende à ligação e já se coloca de pé.

Antes da voz soar do outro lado do aparelho espremido entre a orelha e o ombro, Seokjin já se enfia em calças de moletom e veste uma blusa do MapleStory. Um de seus pacientes deu entrada na urgência. E, se isso acontece, já é caso de cirurgia. Vai à cozinha e toma duas doses concentradas de café expresso enquanto pergunta sobre o quadro clínico do Sr. Choi. Quando desliga o celular, já está dentro do carro. Respira fundo.

Será uma cirurgia longa.

-🍗-

— Amor? — chama Namjoon, depois de verificar a porta da geladeira pela terceira vez. Nenhum bilhete.

— Hm? — Taehyung resmunga. Seu mau-humor matinal arrepia Namjoon, que trata de oferecer uma xícara de café ao noivo.

— Você ouviu o Jinnie saindo?

— Você não ouviu?

— Nunca ouço. — Namjoon dá de ombros e faz uma cara de inocência; arranca uma risada de Taehyung.

— Tocou a música do MarioKart.

— Vish, alguém tava morrendo então. Isso explica a falta de bilhetes.

— Você fala que alguém tá morrendo de um jeito...

— A morte é a única certeza da vida.

— Credo! É véspera de Natal.

Taehyung torce o nariz e Namjoon se inclina para roubar um selinho conciliatório, apesar de estar prestes a falar que Jesus, cujo nascimento seria comemorado na data, teve a morte como um grande marco. Porém, todas as falácias mundanas se esvaem quando ambos percebem algo.

— É véspera de Natal... — repetem. As vozes quase falham.

— Será que o Jinnie vai demorar muito?! — Taehyung solta o elefante na sala.

— Se era MarioKart... Bem provável ser caso de cirurgia de emergência.

— Merda... Cirurgia de emergência nunca é rápida.

Namjoon e Taehyung se encaram. Aflitos. Ambos desviam o olhar para o mesmo ponto: a pia da cozinha. Lá, uma gorda ave descongela, ainda no plástico.

— Se ele saiu de madrugada... Talvez consiga voltar na hora do almoço, né? — Taehyung solta.

— Talvez, mas ele vai precisar dormir. E bem provável que vai ter que acompanhar o paciente também. Se ele não escreveu bilhete, nem mandou mensagem, é porque saiu correndo pra sala de cirurgia e deve estar lá até agora.

Ficam em silêncio. A xícara de café que Taehyung levava aos lábios está estática, no meio do caminho, há bons minutos.

— A gente pode ir adiantando a ceia. Que tal? — Namjoon sugere. — Nós dois somos adultos, não tem como dar tão errado.

Taehyung encara Namjoon desacreditado com a falta de autoconhecimento. Tem, e muito, como dar errado. Porém, apesar de adorar prestar ao seu papel de peste mimada e ser paparicado pelos noivos, Taehyung sabe que é egoísta demais deixar toda uma ceia nas costas de um Seokjin-recém-saído-da-roupa-privativa. O cenário em que Seokjin chega bem não existe: ou sairá exausto da cirurgia longa, ou devastado de uma cirurgia curta. Cirurgias cardíacas curtas significam pacientes mortos.

O café chega aos lábios. Toma um gole, como se tal gesto fosse capaz de iluminá-lo sobre os passos a seguir.

Comprar algo pronto seria uma opção tão horrorosa? A ave já está comprada e descongelada, seria um desperdício. Mas se estragassem a ave tentando cozinhá-la, não seria pior? Dá para pedir ajuda para a sogra, mas todo intuito de fazer um Natal só os três é d e evitar as brigas familiares relacionadas a em qual casa iriam ceiar.

Observa Namjoon andar nervosamente perto da pia. Ele está há bons cinco minutos em espiral e Taehyung prestes a contá-lo que ficar perto da ave não é o suficiente para cozinhá-la quando os olhos de dragão se arregalam. Ele mostra, vitorioso, um caderninho.

— Sabia! — grita. Taehyung levanta as sobrancelhas, esperando o resto. — O Jinnie contou que tinha pegado a receita da mãe para fazer a ave. Achei!

— Ótimo, só falta o dom da cozinha.

— Tudo na vida pode ser aprendido.

— Joonie... Eu também acredito nisso... — Taehyung deixa o café na mesa e se aproxima do noivo para abraçá-lo. Namjoon rola os olhos, já esperando o que viria a seguir. — Ou melhor, acreditava. Até te ver com uma faca de cozinha. Sério, não dá.

— Como se você fosse muito melhor...

— Ah, eu sou mimado, não inapto. Mas é verdade que eu não vou conseguir aprender a cozinhar em um dia só.

— As instruções estão tão bem explicadinhas... — Namjoon voltou a olhar para a receita, inconsolável.

— Essa é a hora que você diz que não sou mimado, Joonie.

— Mas você é, amor. — Namjoon puxa Taehyung para um selinho. — E também não teve dó de mim pra falar que não vou aprender a cozinhar nem se eu tentar muito.

Amor, eu estou só prezando pela segurança nacional. E pela dos seus dedos. Eu uso a faca.

— Quer dizer que a gente vai tentar fazer?

— Bem, vamos tentar, né? Acho melhor começar agora porque se der tudo errado, a gente tem tempo pra inventar uma coisa nova.

— Ótimo ponto. — Namjoon se desvencilha do abraço para olhar com profundidade a receita. — Acho que primeiro deveríamos separar todos os ingredientes já. Vi no Masterchef que isso é importante, mise en place o nome.

— Verdade, quando fui pra um dos desfiles de moda lá em Paris, o organizador me contou quando fomos no restaurante.

— Incrível você lembrar.

— É. Mas eu precisava de uma legenda bonita pro ig pra minha foto na frente da Torre Eiffel e "mise en place" soava bem. Me deixou bem cult.

— Não lembrava disso...

— A gente ainda não se conhecia. — Taehyung dá de ombros e volta a se sentar à mesa e tomar o café. — Tipo, já teve desfile em Paris depois porque sempre tem desfile em Paris, mas esse em específico foi antes daquela festa.

Namjoon solta uma risadinha com as lembranças da noite da festa. Talvez seja sua memória favorita com os noivos; uma história e tanto para se contar, digna de passar por gerações da família. Talvez deva, de fato, escrevê-la como um conto a ser publicado para seus leitores favoritos — Seokjin e Taehyung.

Enquanto pensa em qual seria a melhor estrutura narrativa, abre o armário e começa a separar os ingredientes. Alinha todos na bancada da pia, como que para enfeitar a imagem da enorme ave descongelada.

— Taehyungie, você viu a farofa? — Namjoon pergunta, depois de revirar o armário da cozinha três vezes.

— Não — Taehyung responde. Com o bom humor de volta depois de finalizar sua xícara de café, levanta-se e ajuda o noivo a vasculhar o armário. Nada. — Tem farofa na receita?

— Uhum... Parece que é pra enfiar na ave.

— Como assim enfiar?

— Tipo... — Namjoon suspira e desce o olhar até a receita, desacreditado. — Está escrito aqui que é para enfiar a farofa no cu do frango antes de botar pra assar. Receita da sogra.

— Nossa, não tinha nenhum jeito mais suave de escrever isso?

— Acho que ninguém liga. Mas não tem farofa por aqui, acho que a gente tem que ir atrás de comprar.

— Na mercearia da dona Kang deve ter. Vamos lá?!

— Ficou animado do nada...

— É véspera de Natal! Não tem motivo para não ficar animado, vamos! — Taehyung dá tapas na bunda de Namjoon até conduzi-lo ao quarto do trisal para que ele se vista.

Logo estão na porta de casa: Namjoon com sua camisa larga azul clara e calça de moletom creme; Taehyung com um paletó cinza claro bem ajustado por cima de uma blusa de seda com estampas em tons de verde. Namjoon não se dá ao trabalho de perguntar se Taehyung está arrumado demais para ir à mercearia; depois de tantos anos de namoro e bons meses de noivado, sabe que é uma necessidade vital do seu homem se arrumar para qualquer coisa. Até em casa apenas veste pijamas de seda rebuscados.

A mercearia da Dona Kang flerta com tombamento pela UNESCO. Seokjin, cria raiz do pequeno bairro, compra lá desde que aprendeu a andar e ensinou aos namorados agora noivos a fazer o mesmo. É um estabelecimento minúsculo, com o poder especial de ter no estoque e nas prateleiras uma variedade de produtos digna de loja de atacado, além de estar paradoxalmente sempre vazio, mas todo mundo do bairro comentar que compra as coisas lá.

A entrada é apenas um grande buraco, fechado de noite apenas pela grade de metal que, durante as manhãs, está sempre meio para baixo, pois a Dona Kang, além de baixinha, morre de preguiça de levantar até o final. Namjoon, como de costume, bate a cabeça no metal pintado de branco encardido e termina de abri-lo até o final; Taehyung já chega irrompendo por trás do balcão para abraçar a idosa.

Com um pouco de mau-humor por ter sido a cobaia-alta-que-fecha-a-grade-de-manhã da vez, Namjoon começa sua busca pela farofa sem a presença do noivo. Assim como existe de tudo na mercearia, nada está no devido lugar, então sempre é necessário ir ao local com tempo sobrando.

Não há muito onde se buscar: a mercearia tem prateleiras ladeando todas as quatro paredes e uma estante no meio, apenas. Namjoon dá três voltas completas antes de resolver perguntar onde poderia estar para a Dona Kang. Taehyung acomoda-se confortavelmente em uma cadeira atrás do balcão, lixando a unha já impecável.

Uma ceia de Natal bem sucedida parece cada vez mais distante.

— Dona Kang, a senhora vende farofa pronta? — Namjoon pergunta por fim.

— Claro, filho! — ela responde e se levanta para buscar a farofa.

Os passos da idosa pela mercearia são lentos, mas Taehyung grudado no braço dela diminui ainda mais a velocidade. Namjoon tenta mandar um olhar cortante para Taehyung e recebe de volta um sorriso orgulhoso de quem sabe que está sendo insuportável. A personalidade de Kim Taehyung é uma delícia... de se dividir. Namjoon sente falta de Seokjin.

— Aqui. — Dona Kang aponta um saco solitário de farofa espremido entre um de ração de cachorro e outro de fraldas. É uma memória espacial admirável, a da idosa; combina de forma impecável com a organização inexistente. — Vai fazer uma farofa? Pego um bacon para vocês?

— Só isso é o suficiente, obrigado, Dona Kang — diz Namjoon.

— É para enfiar no cu no frango — segreda Taehyung.

— Ah, sim! Compraram a ave inteira?

— Sim.

— Então não precisa de bacon. Depois de lavar os miúdos, vocês fritam eles com a farofa, fica ótimo. E na hora de colocar a farofa, tem que ser sem dó, viu? — O tom da Dona Kang fica muito, muito sério, como se fosse a única guardiã de um grande segredo do universo. Ela levanta as mãos e faz gestos um tanto quanto obscenos. — Enfia mesmo no frango, quase até o cu explodir. Isso vai deixar ele bem molhadinho.

Taehyung e Namjoon se entreolham, suando frio. Não pelas experiências quase sadomasoquistas da Dona Kang com o frango molhadinho, e sim por causa dos miúdos. A ave inteira vem com miúdos? Vão precisar tirá-los? Vão precisar lavá-los?

Céus, como sentem falta de Kim Seokjin.

Pagam pela farofa pronta com o semblante abatido. Dona Kang, muito generosa, enfia seis camisinhas na sacola com a farofa para eles "não brigarem" e "extravasarem frustração de formas úteis".

Quando voltam para o apartamento e Namjoon apoia a sacolinha na mesa da cozinha, ele nota que já há uma coisa lá. Suspira.

— Taehyung.

— Hm?

— Olha isso.

Aponta para o saco metalizado que, pelo visto, repousa lá há um bom tempo, intocado. É um saco de farofa.

— Pelo menos abracei a Dona Kang e ganhamos camisinhas. — Taehyung dá de ombros. — Acho que farofa não estraga tão fácil também.

Nisso, Namjoon precisa concordar. Mas a incapacidade deles de ver uma farofa no meio da mesa depois de muito procurá-la o preocupa.

Céus, que saudades de Kim Seokjin.

-🍗-

Namjoon olha para a ave com uma tristeza digna de funeral. Imóvel. Há muitos minutos.

Nos primeiros, Taehyung lhe fez companhia, mas no momento se encontra escarrapachado no sofá, assistindo à reprise de um filme natalino qualquer na grande TV de tela plana. Namjoon se sente abandonado como nunca; coisa que até então achava impossível sendo noivo de duas pessoas energéticas.

Esfrega o rosto e, em um ímpeto de coragem, procura um vídeo na internet sobre limpar miúdos. Ele é um homem adulto, ele é capaz de revirar as entranhas de um frango. A convicção diminui quando vê a pessoa do primeiro vídeo afundar a mão pelo buraco do pescoço do animal.

Namjoon você é um adulto.

Larga o celular e vai até a pia lavar as mãos. Depois, encara a enorme ave e pega uma faca para abrir a embalagem. Toma um susto quando Taehyung se materializa ao lado e rouba o objeto de sua mão.

— Isso é para abrir a embalagem? — Taehyung pergunta com uma expressão de nojo para o frango.

— Uhum.

— Eu abro para você, mas se eu sujar minha roupa, te mato! É meu melhor pijama de seda.

— Vestiu porque quis.

— Eu venho aqui, como um príncipe encantado, prestes a salvar minha donzela ao cortar essa criatura alienígena e sou tratado assim? Ingrato!

Taehyungie, a gente já tinha combinado de fazer a ave juntos. Vestisse algum pijama diferente.

— Meu pijama hoje de noite vai ser calça jeans!

Namjoon esfrega o rosto de novo e se questiona sobre a possibilidade do seu noivado sobreviver ao dia. Tenta pegar a faca de volta, mas Taehyung não deixa e, de fato, usa-a para abrir a embalagem da ave. Namjoon a tira do plástico e a apoia em uma tábua de corte.

Já está sem cabeça, sem patas e sem pescoço. Parece um bom sinal. Namjoon respira fundo e afunda a mão na entrada — enquanto reflete o quão pornográfico pareceria se precisasse narrar o ato —, buscando os miúdos. Encontra uma sacola plástica. Abismado, puxa-a para fora.

É uma sacolinha com todos os miúdos dentro. E, melhor, todos parecem perfeitamente higienizados. Namjoon e Taehyung suspiram de alívio em uníssono.

— Nunca me senti tão bem em viver em uma sociedade capitalista e acelerada que cria o problema da pressa e nos oferece soluções fáceis que nos distanciam das tradições humanas milenares e geram mais pressa! Oh, senhor Deus, obrigado por me permitir ser marionete desse sistema hipócrita! — Namjoon, o ateu, reza.

Taehyung cai no riso.

De repente, as chances de ambos se matarem até o final da noite diminui, e isso é ótimo. Seokjin ficaria muito irritado mesmo se os encontrasse mortos, o suficiente para ressuscitá-los apenas para matá-los com as próprias mãos.

— Taehyungie, meu príncipe mãos de faca... Corta os vegetais. A gente separou eles ali.

Taehyung abaixa a cabeça e, apesar de parecer contrariado, vai fazer o que foi pedido. Pega a tábua de legumes e começa a cortá-los de uma forma meio torta, mas boa o suficiente.

Mise en place — Taehyung fala em ciclo para si mesmo, como um mantra para não sentar no sofá.

Depois de ferver os miúdos, Namjoon pega uma frigideira e os joga lá. Eles realmente douram de uma forma muito bonita, muito certa. Emocionado, nutre esperanças de dar tudo certo enquanto junta a farofa para cozinhar também.

Nutre esperanças de que, no fim, ele e Taehyung sejam adultos funcionais.

-🍗-

Apesar da maturidade inexistente de Taehyung, ele fez um ótimo trabalho em enfiar farofa no cu da ave. Namjoon acha que a mágica do empenho tem a ver com a graça da situação.

Com a ave devidamente explodindo de farofa, repousada em legumes, temperada e mais coberta de papel alumínio do que um nerd se fantasiando de Bender do Futurama como a receita da sogra dita, enfiaram-na no forno já pré-aquecido. A verdade é que ambos acham esquisito estar dando tão certo. Mais ainda quando fecham a porta do fogão e cronometram o tempo de forno.

Nada sendo consumido por chamas, nem explodindo. Nenhuma mão decepada. Nada ao menos caiu no chão! Apesar da desconfiança, o casal vai para a sala — Taehyung assistir à TV e Namjoon fazer companhia — para esperar o cronômetro apitar.

Em alguns minutos, o cheiro da ave começa a permear o ambiente. E é gostoso. De tão incrédulos e orgulhosos, Taehyung e Namjoon trocam beijos e até mais algumas coisas no sofá. Ah, o tesão e admiração nascidos da análise de alguém fazendo tarefas domésticas. Só se sentiam assim por Seokjin, é como se abrissem uma nova etapa da relação.

O barulho alto e estridente do cronômetro preenche a sala, quase tão insistente quanto o cheiro delicioso do frango. Taehyung assume a responsabilidade de tirar a comida do forno e Namjoon aceita, porque sabe ser um perigo perto de coisas que quebram facilmente. Até perto de coisas que não quebram tão facilmente.

Prendem a respiração; Namjoon observando, Taehyung tirando o frango com cuidado do forno de luvas grossas. Apoia a enorme e pesada travessa de vidro em cima do fogão. Eles tiraram o papel alumínio alguns minutos antes do cronômetro apitar e, agora, a ave reluz em um tom perfeito de dourado que os faz salivar.

— Porra... Não é que a gente conseguiu? — Taehyung está tão surpreso quanto soa.

— Ainda estou esperando um raio cair em cima desse frango e carbonizá-lo, algo assim. Não é possível dar tão certo!

— Cala essa boca! Vai zicar o nosso lindo filho frango!

Namjoon cala a boca, com a de Taehyung contra a sua, claro. Cambaleiam até o sofá e aproveitam mais uma vez a sensação descomunal de vitória.

— É assim que adultos se sentem? — Taehyung suspira enquanto Namjoon beija seu pescoço. — Pensei que era só a tristeza de ter que pagar boleto, mas é maneiro mesmo conseguir cozinhar um prato pra ceia de Natal. Eu tenho que ligar pra minha mãe e contar pra ela!

Alegre, pula do colo de Namjoon para pegar o celular. Esse só consegue rir e revirar os olhos enquanto afunda no sofá. Também está feliz, sabe que Seokjin ficará orgulhoso com a evolução de seus "dois desastres pessoais".

Assistindo à uma ceia de Natal na TV na clássica reprise, Namjoon percebe que é necessário decorar a mesa e, talvez, cozinhar algum acompanhamento. No mínimo um arroz e uma salada. Um frio sobe por sua espinha.

Todas as vezes que tentou fazer um arroz, queimou-o. E salada... Bem, a salada consiste quase só em cortar coisas e a faca não lhe era permitida. Pega um vídeo no YouTube sobre fazer um arroz. Talvez, se cronometrar tudo, há uma chance de sucesso. Torce muito para que não encha a casa com cheiro de queimado.

Vasculha a geladeira e o armário; há ingredientes para ambos pratos pensados de última hora. Por sorte, também acha um tempero pronto de alho e cebola — o que diminui os riscos de perder a mão fazendo um arroz. Segue minuciosamente as instruções da senhora do YouTube que parece saber muito bem o que está fazendo. Senhoras do YouTube têm uma aura diferente de conhecimento.

Toma um susto quando a água fervente sobe e começa a vazar no fogão, mas aprende, de forma empírica ao tirar a tampa no susto, que tal ato é o suficiente para evitar o derramamento. Então, fica lá vigiando o arroz e o cronômetro que colocou. Taehyung volta da ligação com um resmungo de "ah, não, de novo a cozinha?", mas é escalado para cortar os legumes da salada.

De tanta má vontade, Taehyung termina de cortar as coisas só quando o arroz fica pronto, sem uma queimadura sequer, mas um pouco empapado. Mais uma vez, ambos ficam impressionados com a capacidade desconhecida até então de conseguir se alimentar sem a necessidade de comida pronta. Depois, Namjoon delega a Taehyung a tarefa de arrumar a mesa, coisa que sabe ser do agrado do noivo — ele trata a decoração da casa como sua própria preparação para uma passarela de moda.

Em um piscar de olhos, uma suntuosa toalha de mesa dourada serve de apoio para guardanapos de pano vermelhos e verdes, louças grossas e douradas, taças de champagne de cristal e até mesmo um pequeno pinheiro. É caótico, mas é bonito; como o próprio decorador.

Agora, só falta o toque final: colocar a comida na mesa. Depois disso, é só esperar pela volta de Seokjin, estourar um champagne e ir para o abate patrocinado pela Dona Kang.

Namjoon deixa (ou é intimado a deixar) a tarefa para Kim Taehyung, porque pratos de Natal pedem utensílios de vidro; e vidro e Namjoon são uma péssima combinação.

Taehyung pega luvas grossas e alguns panos de prato. Segura a travessa da ave com firmeza e a levanta em cima da bancada, testando a confiabilidade de suas mãos. Vira-se devagar.

Mas esbarra a mão na panela ainda quente do arroz.

O susto faz com que a ave bambeie entre suas mãos. Ela ainda está relativamente em cima da bancada, então Taehyung tenta empurrar a travessa em queda mais para o fundo, para que ela encontre terra firme.

Mas a ave não parece querer ser comida. De uma forma muito inesperada e difícil de explicar pela física clássica, a travessa patina pela bancada, fugindo das mãos de Taehyung e se jogando no chão.

Um estampido preenche o apartamento. Taehyung e Namjoon se questionam se foi a louça ou o próprio coração quebrando.

Taehyung grita, Namjoon corre até ele.

— Amor, você se machucou? Deixa eu ver.

Taehyung respira fundo algumas vezes; nem ele sabe. Perscruta o próprio corpo e garante que está inteiro exceto o pequeno vermelho na pele da mão que encostou na panela.

— Machuquei meu ego — murmura e, depois que Namjoon suspira aliviado, volta a gritar: — Esse frango filho da puta!! Vai arder no fogo do inferno já que o fogo do forno não foi o suficiente! Eu desejo que todos os descendentes deles sejam comidos pelo rabo! Que ódio dessa merda!

— Amor... — Namjoon chama, apesar de não ter boas palavras para dar. — Hmmm, vai colocar um pijama novo e relaxa, eu arrumo a cozinha.

— Com esse tanto de caco de vidro? Você vai se matar.

Resignado, Taehyung puxa o cesto de lixo para mais perto e veste luvas; Namjoon trata de trazer uma caixa de papelão para os cacos. Ambos lacrimejam de frustração quando Taehyung joga o frango e os legumes fora. Mas, com ele longe de vista, a frustração muda para raiva enquanto Taehyung joga os cacos na caixa de papelão com cuidado e Namjoon se aproxima com um pano e produtos de limpeza.

Com ambos trabalhando juntos, eles escondem rápido os rastros do desastre. Porém, todo o processo de dar vida ao maldito frango foi tão lento, foi tão difícil. Sem combinarem entre si, ambos se encolhem no sofá, abraçando as próprias pernas enquanto encaram a TV sem nada assistir.

É dessa forma que Seokjin os encontra: de olhos ainda úmidos e rosto vermelho. Na TV, a reprise do filme natalino foi trocada pela apresentação de fim de ano de um galã da música há 50 anos. E Seokjin sabe que nenhum dos noivos gosta da música dele.

Deixa a mochila e os sapatos aos pés da porta de entrada e higieniza as mãos antes de irromper pelo apartamento. Põe-se na frente da TV e, enfim, consegue alguma reação dos outros dois: eles levantam o olhar.

— Quem morreu? — Seokjin pergunta.

— Nossa obra prima — choraminga Namjoon.

Seokjin suspira de alívio por ninguém ter morrido de verdade e esfrega o rosto, agoniado. Insiste:

— O que aconteceu?

— Fomos arrogantes. Desdenhamos da grande e poderosa deusa da cozinha e ela resolveu nos colocar em nosso lugar... — Namjoon segue se lamuriando.

— A gente fez um frango gostosão e lindo, mas aí eu derrubei na hora de servir a mesa — Taehyung traduz, com o tom de voz amargo. — Nem tirei uma foto pra postar no meu insta. Meus seguidores nunca saberão que eu sou capaz de fazer um frango.

— Ah, é? Por acaso agora você tá proibido de tocar um frango? Me poupe, Kim Taehyung — Seokjin interpela, impaciente. Começa a dar tapas fortes até demais nos ombros dos noivos. — Bora, bora, levantem! Vamos tomar um banho pra vocês lavarem essa cara de choro e eu tirar de vez a catinga de hospital.

— Como foi a cirurgia? — Namjoon lembra de perguntar enquanto, como sempre, obedece às ordens de Seokjin.

— Sr. Choi tá vivo. Então tudo bem.

Não perguntam mais sobre o dia. Depois de muitas horas no hospital, Seokjin gosta de pensar sobre outras coisas. Taehyung o agarra por trás e começam a andar desengonçados em direção ao banheiro.

— Se você dedar meu cu no banho, eu te transformo em uma bolsa — alerta Seokjin a Taehyung. Namjoon ouve com atenção, precisa lembrar de manter sua bunda sempre direcionada à parede para que não sobre para si.

Apesar dos ânimos duvidosos, tudo muda quando as roupas vão parar no balaio debaixo da pia e as peles se banham na água quente. Com as mãos cheias de espuma de sabonete, Namjoon massageia os ombros largos e tensos de Seokjin. Apesar de não ser muito bom com coisas manuais, ouve o noivo suspirar de alívio, então continua se empenhando.

Taehyung distribui beijos pelo pescoço e pelo rosto de Seokjin. Quando Namjoon resmunga, oferece beijos e abraços a ele também, deslizando a mão pelas costas largas. E dedando o noivo.

— Taehyung! — Namjoon quase grita, de péssimo humor. Tenta sair do chuveiro, mas Seokjin o puxa de volta para passar xampu em seus cabelos.

— Kim Taehyung, sem dedada no cu, tá todo mundo um cu já — Seokjin manda, Taehyung engole em seco e assente. — Namjoon, respira, vai dar tudo certo.

— Mas nem temos ceia mais... Só se você considerar arroz e salada ceia.

— O frango inclusive tava com farofa no cu! — Taehyung acrescenta à argumentação. — E morreu. Nada certo.

Seokjin os abraça ao mesmo tempo e acaricia os cabelos cheios de produto. Depois, deixa um beijo no ombro de cada.

— Fico muito feliz mesmo em saber que vocês fizeram a ceia e até prepararam a ave. Essas coisas acontecem, de verdade. Sendo sincero, nem achei que vocês iam arriscar, então eu fiz uma reserva no restaurante favorito do Namjoon para hoje, então acho que a ceia está salva.

— Estou vendo as preferências... — Taehyung resmunga.

— Seu restaurante favorito não abre no Natal, eu chequei. E a gente foi nele na última vez.

— Eu sei, só queria ser chato...

Taehyung se aconchega ainda mais contra Seokjin, feliz com a sensação de paz e segurança. Namjoon abraça ambos, aliviado de estar, de fato, tudo certo. Não está acostumado a tantas emoções.

Nesse abraço, os três riem e os três se beijam. E o eco das risadas no azulejo do banheiro soam perfeitas juntas, e os lábios se encaixam de forma impecável. Talvez seja esse o grande ensinamento de Natal do ano: que ele só é perfeito quando estão juntos. Ou, melhor: que juntos, tudo fica perfeito.

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Eu ameeeeeeeeeeeeeeeeei escrever a dinâmica dos 3kim, então espero que tenha sido tão divertido de lê-la quanto!

Muito obrigada por ter lido e amaria saber o que achou da história!! 💜 

Ah, e é claro, queria agradecer à seokflame por ter feito o meu ano ganhar calor, cor e cheiro. Do seu lado, é tudo quente e colorido, te amo.

Beijinhos de luz!

Mel Ikus

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