Capítulo 5 - Dez pra meia noite
É natal! Qual será o seu pedido para o Papai Noel?
— Um, dois, três. Gravando! – Aidan disse, antes de apertar o botão de play e começar a gravar. Lola estava vestida de rena e Abby ria incontrolavelmente no tapete da sala, enquanto Frederick tentava imitar um papai Noel acima do peso - até mesmo pro Papai Noel. Aidan acenou para a câmera, antes de voltar-se para a "família". — Olá, senhorita Holland. – Aidan disse, dando um tchau para a lente. – Essa é minha família. Essa é Abby, minha mãe. Mãe, de tchau pra câmera. – Abby controlou o acesso de riso e acenou. – E essa é Lola, a rena psicologicamente afetada.
Lola parou sua dancinha de rena-humana para lhe atacar a almofada que estava na barriga falsa de Frederick em sua cara.
— Seu idiota! – Gritou, o fazendo revirar os olhos.
— Acreditem em mim: psicologicamente afetada. – Suspirou. – E esse é Frederick. Ele deveria estar gordo agora, mas acabaram de roubar sua barriga.
— É apenas charme, tenho um belo corpo agora. As pessoas gostam disso.
— Eu não gosto. – Abby falou, ainda rindo.
— Sua opinião não vale de nada nesse local. – Frederick falou lhe arremessando outra almofada.
— Vejam, é de família. – Aidan cochichou.
— O que aconteceu com o "me perdoe, Abby"? – A loira questionou, o fazendo revirar os olhos.
— Vamos à parte que interessa. – Frederick pediu, alisando as barbas enormes. – Essa é uma árvore destruída. – Disse apontando para o projeto de árvore de Natal. – Que foi comprada e decorada pelos integrantes dessa sala. Totalmente.
— Agora – Abby se ergueu indo até Lola e as duas fizeram uma cena para botar uma estrela em sua ponta. – A estrela. – As duas sorriram, abaixando-se como se agradecesse uma enorme plateia.
— E por último e o mais importante. – Aidan disse botando a câmera em um apoio e correu até os três. – As luzes! – Gritou erguendo os braços e correu até lá, onde Lola e Abby seguravam um fio, no qual, quando ele chegou, os quatro plugaram na tomada fazendo a árvore piscar.
— Com isso, concluímos a tradição da Letônia no qual devemos montar uma árvore de Natal em família. Esperamos que nossa nota seja pelo menos 13! Obrigada! – Aidan falou antes de se aproximar e desligar a câmera.
Assim que o relógio bateu meia noite, a ceia foi servida em meio a risadas e brincadeiras. Aidan e Lola pareciam dois idiotas rindo de tudo e Abby e Fred dois retardados por rirem deles.
Comeram, beberam e se divertiram e antes de irem embora, Aidan e Abby foram conversar com seus respectivos "amigos".
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— Sabe... Eu não imaginava que isso seria tão... Fácil. – Abby falou, enquanto andava lado a lado a Fred, pela varanda. O homem mantinha a mão nos bolos, enquanto ela andava de braços cruzados.
— Fácil? – Ele questionou franzindo o cenho, voltando-se para ela, fazendo Abby parar. – Não foi fácil. A vida não é fácil e nós dois muito menos.
— Bom... Não. – Deu os ombros, desviando os olhos dele. – Mas você entendeu. – Ele concordou com um aceno.
— Entendi. – Ele confirmou sorrindo. — Sabe, Abigail... Eu acho que existe uma explicação por nós termos se odiado tanto, a vida inteira. – Ela subiu as sobrancelhas, esperando que ele continuasse.
— E o que seria?
— Eu era... Eu era meio apaixonado por você antes, sabe? – Ele revelou fazendo as bochechas de Abby corar. – Isso também é difícil pra mim, ok? – Afirmou a fazendo rir. Abby coçou a sobrancelha, ainda envergonhada. – E... É eu acho que era isso. Você era muito bonita, Abby.
— Era? – Questionou, fazendo Frederick revirar os olhos novamente. – Acho que o pernil não te fez tão bem, Lynch. – Falou colocando a mão na testa do rapaz. Fred segurou seu braço, fazendo com que Abby encarasse seus olhos. — Eu acho que... Eu acho que eu também tive uma queda por você. Sabe... Estávamos sempre nos atacando, por motivos banais. Isso explica algumas coisas.
— Explica? – Subiu as sobrancelhas e ela deu os ombros, tentando achar palavras.
— Bom, se apaixonar por um cara idiota que só te fazia ficar com raiva e que acabou se casando com a garota mais bonita da escola, e teve uma filha que virou a melhor amiga do meu filho não é algo muito saudável.
— Então você era apaixonada por mim? – Questionou abrindo a boca em falsa surpresa.
— Você também era. – Respondeu vitoriosa. – Certo?
— Certo. Mas... – Ele deu um passo para frente, para poder observar melhor seus olhos. – Se revivemos tantas coisas do passado hoje... Será que se nós tivéssemos deixado que esse amor e ódio pendessem pro lado amor nossos filhos hoje seriam irmãos? – Abby deu os ombros.
— Está bom como está. Assim, separados. Os dois. – Disse se embolando um pouco nas palavras.
— E nós?
— O que você quer dizer com isso, Lynch?
— Nosso amor e ódio ainda existem certo? – Frederick botou uma mecha do cabelo louro atrás de sua orelha. — Ainda nos odiamos Abigail.
— Não odeio você, Frederick. Eu acho que... Que eu nunca te odiei. – Explicou, umedecendo os lábios. Estava ficando nervosa com aquela aproximação toda.
— Então... – Ele pediu para que continuasse.
— Não tem então.
— Então, tem o que? – Ela riu, abaixando a cabeça, observando os pés de Frederick. Como iria explicar algo que não sabia o que era?
— Não tem então. Tem só o agora. Sem explicações, apenas o momento. – Disse, e ele riu junto a ela.
— Eu acho que gosto disso. – Explicou concordando. Frederick sorriu antes de envolver as mãos no rosto de Abby a trazendo para perto. Aquilo nunca havia acontecido por isso à sensação de um explorar os lábios do outro era única. Era um beijo calmo, envolvente e intenso.
Ali perto, escondidos atrás da parede, Lola e Aidan observavam tudo com certo asco. Aidan queria gritar ou fazer qualquer coisa para que Frederick saísse de perto da mãe dele naquele exato momento, assim como Lola, que se fosse para ter ciúmes de algo no mundo, com certeza seria do pai.
— Não acredito que a gente se matou para conseguir chegar nesse resultado e tudo o que eu mais quero nesse momento é que ela saia de cima do meu pai agora mesmo. – Lola disse em um cochicho, fazendo Aidan lhe olhar cínico.
— A ideia foi sua, e ele quem a beijou, você não tá vendo que a mão dele tá no rosto dela? — Perguntou óbvio. Lola lhe empurrou.
— Quem se importa com isso? Ela tá segurando ele pela blusa, olha aquilo! – Apontou indignada.
— Se fosse você sendo beijada, o que iria fazer? Botar as mãos pra trás?
— Eu nunca fui beijada para saber o que é isso, Aidan. Você fala como se não soubesse!
— Você não estava de namorico com Brad Adams? – Perguntou se erguendo, parando de olhar a mãe sendo engolida por aquele brutamonte.
— Você acha que eu darei o meu primeiro beijo em alguém que vai me usar como troféu? Por favor, Andy, eu sou uma Lynch. Preciso ter classe.
— Não sei se você percebeu, mas os Lynch têm tendência a ficar com os Vicent. – Explicou, fazendo a garota botar a mão na cintura como se esperasse que ele lhe dissesse algo que fizesse sentido.
— Se você tem algum primo, Aidan, pode me apresentar. Eu não ligo.
— Haha. Vai sonhando.
— E por que não? – Subiu as sobrancelhas. – Eu sou bonita, ok? E cala a boca.
— Você está dizendo... – Deu os ombros e ela lhe lançou um olhar assassino.
— Você está me chamando de feia?
— Não disse isso! – Explicou, tentando sair o mais rápido daquele assunto. Aidan tinha tendência a levar socos de Lola, e não queria que isso ocorresse novamente.
— Pois foi exatamente o que eu ouvi, Aidan. – Ele revirou os olhos a ignorando. – E eu estou falando com você.
— O que você espera que eu faça?
— Se desculpe! – Disse batendo o pé.
— Você não é feia, Lola. – Revirou os olhos, tentando voltar a olhar a mãe.
— Isso não prova nada.
— O que você espera que eu faça? – Perguntou arregalando os olhos. Que garota mais difícil! Senhor do céu.
— Prove! – Disse firme, e o garoto em um colapso de coragem se aproximou dela, fazendo com que seus lábios se expressem em cima dos de Dolores. Lola ergueu as mãos como quem se rendesse, sem saber o que fazer, mas depois de um segundo fechou os olhos e pousou a mão sobre os ombros de Aidan.
Eles se distanciaram como se nada tivesse acontecido, enquanto Aidan a observava, displicente.
— Eu acho que acabei de provar. – Ele disse observando os enormes olhos azuis. – E quando alguém te beija provavelmente você a segura pelos ombros.
Lola abriu a boca para responder, mas assim que o fez, seus olhos se ergueram e ela observou Abby e Frederick se aproximando dos dois. Ela deu um passo para trás, assustada.
— Aidan! Vamos? – Abby chamou sorridente demais. Ele se voltou para a mãe e sorriu.
— Sim, mãe. Um instante. – Aidan enfiou a mão nos bolsos e tirou de lá algo no qual Lola não viu, mas ele pegou suas mãos, estendendo-a e colocou o que quer que fosse sobre sua palma e a fechou com a outra. – Feliz Natal, Lola. – Ele lhe deu um beijo na bochecha que demorou mais do que o necessário e se afastou indo em direção ao carro. Frederick a olhava desconfiado, mas não falou nada que a constrangesse até o momento.
Abby seguiu até o carro, com Lola e Frederick em seu encalço. Lola não abria a boca para nada, e apenas acenava e se despedia do deles.
— Obrigada por... Por hoje. – Abby disse para os dois. Aidan já estava no carro, depois de dar feliz natal a Frederick. Ele não olhava para a amiga que mantinha os olhos presos em Abby. – Feliz Natal, Lola. – Disse lhe dando um abraço e a mulher e se voltando para Fred. – Feliz Natal, Frederick. – Sorriu e ele assentiu, indo até o carro com ela. Abby entrou no veiculo e ele lhe deu um beijo nos lábios rapidamente de modo que Aidan o olhou com ódio.
— Feliz Natal, Abigail. – Ele falou, antes de se afastar e os Vicent arrancarem com o carro. Frederick se aproximou de Lola envolvendo seus braços em volta de seus ombros enquanto caminhavam de volta para a casa. – Foi um Natal legal.
— Claro que foi pai, você virou quase melhor amigo da Abby, ou melhor, está provavelmente pensando em acasalar com ela. – Disse o fazendo franzir o cenho. – Apenas realidades, pai.
— Você anda muito extremistas, Dolores. – Falou fazendo a garota dar os ombros.
— É a idade. Adolescência... A pior época, é o que dizem. – Sorriu e os dois entraram na casa, observando a árvore que haviam montado no meio da sala. Havia uma faixa de miss sobre ela, onde os dizeres "Árvore linda da família Vicent-Lynch" estavam presentes.
— Foi até um natal legal.
— Podemos dizer que sim. – Concordou enquanto a menina pegava a câmera que estava sobre uma mesa, e se aproximou do pai, lhe dando um beijo na bochecha. – Feliz Natal, papai. – Ela piscou para ele. Fred se abraçou.
— Feliz natal, minha vida. – Sorriu e Lola subiu para o seu quarto vendo o vídeo que haviam gravado mais cedo. Havia alguns pedaços da ceia e de risadas entre conversas. Havia sido um dia muito legal.
Ela se deitou, depois de se despir e observou a luz que vinha da sua janela com o clarão da lua. Seu celular tremeu e ela observou a mensagem que Aidan havia lhe enviado.
Missão concluída com sucesso.
Ela sorriu com aquilo e pensou um instante antes de responder. O que falaria? Comentaria sobre o beijo? Não, não. Não iria tentar embarcar em algo assim com Aidan. Ele era o seu melhor amigo desde o jardim. Suspirou antes de erguer o celular aos olhos novamente e digitar:
E alguma das nossas operações não foi? Feliz Natal, Andy.
Aidan demorou alguns instantes para responder.
Não. Somos demais. Mas, e ai... Gostou do presente?
Lola franziu o cenho, e se ergueu pegando o casaco que a pouco usava. Dentro do bolso ela encontrou o presente de Aidan. Era uma trouxinha de veludo roxa e ao abrir revelou um pequeno presente: Um colar de prata com um pingente que imitava diamante em forma de coração. Ela sorriu ao ver aquilo e pegou o celular novamente.
Adorei.
Ele respondeu logo em seguida:
Boa noite, Lola.
Boa noite, Andy.
Lola, ao contrário do pai ao quarto do lado, adormeceu quase ao mesmo instante. Frederick tentava lutar contra os pensamentos enquanto rolava de um lado para o outro na cama. Havia sido um ótimo dia. Ou melhor, uma ótima noite. Perfeita, na verdade.
Assim como a filha, o celular do rapaz tocou o fazendo despertar ainda mais.
Obrigada por hoje, foi muito bom. – Abby.
Ele sorriu, antes de esfregar o rosto e responder.
Espero que se repita, Vicent. Esperamos te ver ano que vem.
Vou ter de esperar um ano para te ver de novo, Frederick? Acho que posso aceitar isso.
Não. Acredite em mim quando digo que não. Nos vemos amanhã, é claro.
Farei o possível. Tenho muito trabalho, essas coisas...
Não aceito ser trocado por trabalho, Abby.
Eu não seria tão louca, Fred.
Boa noite.
Boa noite. Feliz Natal.
Frederick jogou o celular para longe e se aprumou na cama. Sim, havia sido uma ótima noite. Do outro lado da cidade, Abby observava o céu da varanda do seu apartamento. Aidan se aproximou, debruçando na mureta de metal assim como ela.
— Desculpe por ter lhe prendido naquele armário de vassouras. – Ele disse, sem observá-la. Abby deu os ombros.
— O resultado foi bom.
— Você gosta mesmo dele, não é? – Aidan se virou para a mãe, que sorriu.
— Não sei Andy, de verdade. – Deu os ombros. – Eu acho que sempre gostei, desde pequena, desde que éramos menores que você e Lola. Talvez se aproximar de Frederick me faça feliz.
— Eu acho que posso conviver com isso. – Ele sorriu e ela lhe abraçou de lado o fazendo rir.
— Mas, acho que é algo místico, sabe? Acho que o destino viu que eu e Fred nunca iríamos ficar juntos e resolveu juntar você e Lola...
— Nunca tivemos motivos pra brigar mãe. Somos amigos por isso. – Ele explicou se apoiando no ombro da mãe.
— Não estava falando disso. – Falou fazendo o garoto se esticar para observá-la. – Você gosta dela, Aidan. Todo mundo vê isso. – Aidan revirou os olhos, observando do céu.
— Não é bem assim.
— Você não pode mentir pra mim, meu amor. – Bagunçou o topete do rapaz. – Você sabe que gosta de Lola.
— Isso não vem ao caso no momento, mesmo se gostasse dela, Lola é... Lola é demais pra mim.
— Quem disse?
— Eu disse. – Explicou observando o chão. – Todo mundo na escola gosta dela. Todos os garotos querem ficar ou namorar ela, todas as garotas que não a odeiam por ser tão linda querem ser sua amiga... Eu não sou capaz de lidar com isso. Ela é demais pra mim.
— Lola também gosta de você. – Falou pensativa. – Gosta mesmo. Se não gostasse não faria tudo por você, nem estaria sempre ao teu lado.
— Amizade, mãe. Ela é minha melhor amiga.
— Amor. – Ela falou o fazendo suspirar. – Amor, Aidan. Não discute comigo.
— Vamos dormir, ok? Não quero... Não quero pensar nisso agora, eu estou feliz sendo amigo dela. – Explicou se erguendo e a puxando para dentro pela mão. – Feliz natal, mamãe. – Disse beijando sua testa. Abby fez o mesmo com ele.
— Feliz natal, meu amor. – Sorriu e o menino entrou para seu quarto.
Abby foi para o seu quarto e depois de deitar refletiu sobre tudo aquilo. Sim, o dia havia sido ótimo. E apesar de pensar que aquilo nunca mais iria se repetir, se repetiu. A "amorizade" da família Lynch e Vicent continuou durante os anos seguintes e em todos os natais, a árvore era montada e um filme era gravado para deixar registrados todos os momentos, e principalmente aquele que seriam inesquecíveis.
Aidan e Lola viviam como uma amizade que nunca sabiam se era exatamente só amizade. Abby e Frederick viviam entre o amor e o ódio fazendo que tudo pendesse para o amor. No final, independentemente da situação, tudo estava bem. Tudo estava muito bem.
Por que no Natal é assim, tudo é feito para que o final seja feliz. E o deles foi. Muito feliz. E como sempre, a denominada "Operação Vinch" deu mais bem do que o imaginado.
Fim!
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