Capítulo 1 - Um Plano
Não importa o que digam, quando a combinação de mentes diabólicas está completa o resultado não pode ser menos do que desastroso.
— Não sei se estou preparada psicologicamente para isso. – Dolores Lynch, ou melhor, Lola, disse enquanto balançava as pernas, sentada no chão do topo de um prédio. – Sabe, meu pai pirou. Pensa que podemos ficar sozinhos em casa no Natal. Minha avó vai viajar para praia em algum lugar com sol e eu estarei em casa vendo especiais na TV. – Bufou.
Lola Lynch era uma garotinha precoce para os seus doze anos. Os cabelos loiros combinavam com a pele branca e olhos azuis que havia puxado da família paterna. Ou pelo menos, era o que ela achava ter puxado, já que o nome da sua mãe não era citado desde que o seu pai explicou para ela toda a história sobre uma vaca que os abandonou para viajar para Maliboo e nunca mais voltou.
— Olha pelo lado bom: Você não vai ficar longe de mim. – A menina revirou os olhos assim que a voz de Aidan Vicent atingiu seus ouvidos. – Minha mãe disse que iremos passar o Natal aqui mesmo, já que ela é importante demais para ter um dia de folga para poder ficar em casa com o seu filho.
— Eu gosto da sua mãe, ela é uma das poucas mulheres no qual eu deixaria que o meu pai se aproximasse.
— Deve ser por que eles se odeiam e a única coisa que pode sair dali é alguém preso por homicídio doloso, Lola. – Disse ele, revirando os olhos para o nada. Aidan estava em pé, observando a cidade, andando de um lado para o outro. Ele era tão branco quanto a Lola, os olhos castanhos chocolate e expressivos que só poderiam vir do pai se faziam presente no rosto do menino, e o cabelo preto e o porte atlético para sua pouca idade já se faziam presentes, coisa herdada do mesmo, que ao contrário da mãe de Lola, estava simplesmente separado por que ele é Abby decidiram, e morava na Rússia. Lola tinha visto uma foto dele uma vez, eles se pareciam bastante, mesmo que o gênio dele e de Abby fosse o mesmo, sem tirar e nem por.
Lola deu os ombros se levantando, de braços cruzados.
— E daí? Eu até que acharia legal.
— Homicídio? Super interessante, realmente. – Aidan disse erguendo as sobrancelhas para a garota. – Eles se odeiam, Lola.
— Isso nunca impediu que os filhos deles fossem os melhores amigos do mundo. – Disse se jogando sobre o garoto que passou os braços sobre o seu pescoço e sorriu, indo em direção à porta do terraço para voltar para dentro do edifício residencial de Aidan.
— Não, mas causam muitos transtornos, como o fato do seu pai ter certas dúvidas sobre mim e minhas intenções com a filha dele. Um dia ele descobre que você é um menino. – Lola deu-lhe uma cotovelada em seu estomago, e ele sorriu tomando ar enquanto desciam as escadas abraçados. – Viu? Um doce de garota.
— Sou uma princesa. – Respondeu sorrindo quando chegaram ao elevador.
Aidan e Lola se conheciam desde o jardim. Seus pais antes haviam estudado na mesma escola que eles, e esse fora o lugar onde haviam se conhecido anos atrás. A escola primária que fez com que Aidan e Lola se tornassem melhores amigos, foi a mesma que fez com que seus pais se odiassem de forma mortal:
Anos atrás...
— Para de me empurrar. – Diziam às crianças que tentavam manter a fila organizada para que a Senhorita Peterson lhes ajeitassem para entrarem para a sala. Era o primeiro dia deles e o primeiro dia dela.
— Professora! Estão me beliscando.
— Para de empurrar!
— Aí, meu pé! – Uma garota gritou. Mas, fora o tumulto que acontecia ali não era exatamente isso que chamava a atenção da professora.
— Vocês dois vão ficar de castigo se não pararem com isso agora! – A senhoria de cabelos loiros e saia recatada dizia para as duas crianças a sua frente. Uma menininha de cabelos lisos e castanhos fazia bico enquanto a professora arrumava sua franja sobre sua testa, e, ao seu lado um garoto de tigelinha loira mantinha a mesma expressão. – Você, Abigail, por favor, não cole outro chiclete no cabelo do Frederick, e Fred, por favor, não tente cortar mais o cabelo da Abby ou lhe chamar de baixinha.
— Mas professora! – Eles disseram ao mesmo tempo, mas a senhorita Peterson apenas o silenciou com o dedo e se ergueu.
— Sem mais professora ou menos professora. Estamos entendido!? – A professora se ergueu para arrumar os outros alunos e Abby se voltou para Fred:
— Eu vou fazer a professora brigar com você todos os dias e sua vida será muito chata, seu bobão. – Disse ainda de braços cruzados erguendo o queixo.
— Você, sua bobona. – E ele saiu rebolando na frente da menina.
A partir daquele momento, Fred e Abby se odiaram no primário, no fundamental, no colegial e até na faculdade. Quando pensaram que não teriam mais lugares para se odiarem, foram fazer isso na escola dos filhos, já que Aidan e Lola também haviam sido alunos da Senhora Peterson. Mas para a surpresa da mulher, ao contrário dos pais, os dois viraram grandes amigos.
E para a senhora Peterson, coisas como uma versão individual de Frederick e Abbigail já fosse de lhe tirar os cabelos, com uma versão combo de Vicent-Lynch não demoraria muito para que ela ficasse careca. Se durante todos os anos letivos em que ela se manteve naquela instituição, se pudesse descrever o que podia ver dali, a sua palavra seria "possessão demoníaca", independente de qual Vicent-Lynch estivesse em questão.
Hoje.
— Olha que idiota! – Lola gritou quando mais uma vez quando Aidan deixou o personagem do jogo cair num precipício. – Você vai acabar com o meu recorde desse jeito, garoto. – Disse arrancando o joystick da sua mão o fazendo bufar, jogando-se no sofá enquanto ela passava a fase com destreza. — Aprenda como se faz.
— Só não me diga que é uma bomba, Dolores. – Disse Abby assim que entrou na sala cheia de sacolas. Aidan se levantou para ajudar a mãe com as sacolas e ela se aproximou da menina lhe dando um beijo da bochecha antes de se jogar ao lado dela enquanto o garoto voltava. – Ainda estão jogando isso?
— Sim, a menina do Aidan não conseguiu passar. – Disse ela, enquanto o rapaz se sentava se alinhando nos braços da mãe.
— Deixei a missão impossível para você, orangotango.
— Invejoso. – Ela retrucou fazendo Aidan revirar os olhos se aconchegando em Abby ainda mais. Abigail deslizava os dedos pelos cabelos do garoto enquanto conversava com Lola sobre o jogo, coisa que as duas entendiam mais do que ele. Aidan acabou dormindo e Abby se levantou deixando o menino adormecido no sofá.
— Vou preparar alguma coisa para vocês comerem. – Disse indo à cozinha. Lola pausou o jogo indo atrás dela.
— Não, não precisa. De verdade. – Respondeu enquanto chegavam à cozinha. – Eu já estou indo. – Disse apontando para a porta com o polegar. Abby a ignorou totalmente.
Abigail Simmons Vicent era uma mulher bonita. Dona de belas curvas os cabelos louros como ouro caiam muito bem nela. Era uma mulher bem sucedida, editora chefe de uma revista de moda, e era mais imponente do que imaginavam, chamando a atenção por sua inteligência, seu carisma e as grandes órbitas verdes em seus olhos. Havia engravidado muito cedo e aos seus 31 anos se via como uma mulher realizada.
— Não, relaxa. – Disse dando os ombros. – Eu estou com fome e você come comigo. – Lola repetiu os movimentos da mulher e sentou nos bancos da bancada de mármore da cozinha do apartamento.
Elas eram muito parecidas para falar a verdade. Gênio forte, sempre mandona e amavam coisas que deveriam ser para meninos. Isso, às vezes, incomodava Frederick, que tinha tido uma mulher quase tão agressiva como as duas. Poderia até se dizer que ele era o tipo de homem que gostava de mulheres difíceis.
— Tá bom. – Lola disse enquanto Abby servia para ela suco de laranja para acompanhar o sanduíche de peito de peru que havia feito. "Fresco", Lola pensou, mas não se importava com aquilo. – Obrigada.
— Espero que goste. – A menina assentiu, sorrindo. Sentia-se meio encabulada com Abby ali, como se ela fosse uma espécie de ser superior por ser adulta e principalmente por ser quem era. Mãe do Aidan e inimiga mortal de seu pai. – Sabe Lola... Eu estava há um tempo querendo falar a sós com você. – A menina ergueu as sobrancelhas enquanto Abby continuava. – Sobre o Andy...
— O que ele fez dessa vez? – Perguntou já acostumada com os problemas do amigo.
— Na verdade, o que vocês podem estar fazendo. – Explicou – Queria falar sobre você e o Aidan. Vocês estão se apaixonando? Por que sabe, se estiverem, vocês estão sempre juntos e... As relações sexuais são bastante intensas na idade de vocês...
A cena que se seguiu foi no mínimo constrangedora.
O choque das palavras da mulher foi tão grande, que o suco de laranja foi todo cuspido na bancada de mármore e o pedaço de peito de peru que havia acabado de por na boca, acabou entalando na sua garganta. Os olhos de Lola se arregraram enquanto ela tentava processar o que havia acabado de ouvir, e tentava puxar o ar para respirar enquanto morria sufocada com um frango.
— O QUE? – Perguntou enquanto batia no próprio peito tentando cuspir o sanduíche. Abby arregalou os olhos se aproximando da menina e lhe ajudando, batendo em suas costas.
— Lola, Lola, calma! Erga os braços e relaxe! Todo mundo aqui sabe disso... – Explicou fazendo com que Lola se jogasse no chão, engasgando ainda mais. A cena era no mínimo desesperadora. A menina provavelmente iria morrer na sua casa e seu pai iria querer botar fogo no apartamento. – Ai, socorro!
Lola parecia ter cuspido uma bola de gato, quando tossiu o pedaço de pão no chão de madeira de quatro e no meio do apartamento. Ela respirou devagar, limpando o canto dos olhos lacrimejantes e tentou parecer menos ridícula do que deveria estar ao se erguer.
Abby a ajudou a se levantar e Lola olhou para a mulher a sua frente e, ergueu o dedo para que as coisas pudessem ficar o mais clara possível.
— Abby, eu não sou apaixonado pelo... – Foi interrompida.
— Está apaixonada por quem, Lola? – A voz de Aidan soou a suas costas e Abby a olhou, vendo que Lola estava da cor de um tomate. A menina voltou a tossir tentando procurar um jeito de se explicar e não derreter de vergonha ao mesmo tempo.
— Pelo Arqueiro Verde, meu amor verdadeiro é o Batman. – Explicou sem se virar. – Agora, eu realmente preciso ir embora. – Sorriu para Abby dando às costas a mãe do garoto, e voltou para a sala passando pelo amigo sem conseguir nem olhar na sua cara. Pegou o casaco sobre a mesa e saiu do cômodo o mais rápido possível.
— Mãe, você fez alguma coisa? – Perguntou assim que ouviu a porta bater indicando que Lola já havia saído. Abby tossiu, desviando o olhar.
— Eu? – Perguntou apontando para o próprio peito. – Não. O que eu poderia fazer? Eu sou tão sútil. – Sorriu antes de sair da sala. Aidan ergueu as sobrancelhas sem entender o que havia ocorrido ali.
Depois da cena constrangedora na casa de Aidan, Lola seguiu para sua casa sem pensar no que havia acontecido. Lola e Aidan? Só podia ser brincadeira... Ela era Lola Lynch, a pessoa que menos combinava com Aidan Vicent no universo, e ela realmente não queria pensar naquilo.
— Lola? – Fred chamou assim que a filha entrou como um furacão na casa. Ela respirou funda voltando e sorriu para ele. – O que aconteceu? Você está vermelha.
— Vim correndo. – Mentiu. Sorriu virando-se para subir as escadas para seu quarto, mas voltou novamente para Frederick com uma cara engraçada. – Papai, você já pensou em casar de novo? – Foi direta fazendo com que Fred arregalasse os olhos.
Frederick era o que poderia se chamar de um homem grande. Os olhos escuros eram bonitos, a pele branca com um bronzeado que combinava com ele e os fios aloirados do cabelo lhe davam todo um charme. Seu corpo era másculo, e ele sabia como fazer com que isso fosse bem visível. Frederick era empresário e sua vida era tão pacata, que tudo o que ele fazia para passar o seu tempo era cozinhar e cozinhar. Não poderia haver hobbie mais gostoso do que aquele.
— O que? – Perguntou assustado. – Lola, você trata todas as pessoas que se aproximam de mim como se fosse um cão selvagem...
— Eu sei, eu sei. – Disse suspirando. – Mas... Se for uma que eu aprove, quem sabe? Prometo que eu não rosno. – Sorriu, toda meiga.
— Ahn... Quem sabe. – Repetiu sorrindo fraco. Ela abriu um sorriso enorme, antes de subir as escadas apressadamente para seu quarto, onde tirou o celular do bolso, fazendo uma discagem rápida. Aidan atendeu logo.
— Olha se não é a Lynch fugitiva. – Ele falou e ela suspirou. Sentando-se na cama.
— Cala a boca e me deixa falar. Tive um plano, e você vai me ajudar, principalmente depois de dizer o porquê eu saí da sua casa as pressas. – Ela disse simplesmente. Aidan demorou um pouco para responder e ela podia imaginar claramente a cara de idiota que ele estava fazendo do outro lado da linha.
— Ahn... Ok. Diga.
— Temos uma missão de natal, faremos com que nossos pais deixem de se odiar, e se tudo ocorrer bem, que se casem. – Falou como se fosse à coisa mais simples do mundo, como o preço do leite ou se tinha bolo. Essa garota precisa melhorar sua forma de dar notícias.
— O QUE? – Aidan gritou do outro lado da linha, fazendo com que Lola afastasse o celular do ouvido. – Não vou fazer isso nunca. – Gritou em uma crise histérica de ciúmes. – Ela é minha mãe. – Disse a última oração em um cochicho. Lola revirou os olhos.
— Ela está tão carente que está até arrumando namoradas para você. Vai por mim, ela precisa de um homem. – Explicou simplesmente. Aidan fez um som de asco, e ela deitou-se enrolando a ponta dos cabelos nos dedos.
— Arrumando namoras para mim? De onde tirou isso? Quem ela diz que é minha namorada agora?
— Eu. – Confessou. Provavelmente Aidan estava tendo um treco. – E então, está dentro ou não? – Aidan não respondeu. Lola sorriu. – Foi o que eu imaginei.
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Oi persoar. Como vocês podem perceber esse é um especial de Natal.
Eu escrevi essa "mini-web" (ou mini-livro) em 2013 para 2014 em um concurso de Especial de Natal de uma comunidade do orkut Vondy (Dulce María e Christopher Uckermann, RBD) onde eu não lembro do resultado, mas provavelmente eu não ganhei (por isso não lembro, é bom esquecer das desgraças -no) e que é composta por cinco micro-capítulos que são a brisa em pessoa, porque pra brisar eu sou a primeira a levantar a mão.
Os capítulos e postagens serão feitas diariamente e podem haver mais um no mesmo dia, isso é devido já ser dia 23 e eu deveria ter feito isso no dia 20, mas o importante é que tá aqui. Irei me dedicar a escrever Pra você, eu e Não Acredite em Nada enquanto estiver postando e vai haver um especial de natal PVE um pouco atrasado, mas vai.
Eu espero que vocês gostem do Aidan e da Lola como eu os amei um dia e, que principalmente, gostem bastante de tudo.
UM BEIJOS, UM QUEIJO E UM PEIXO, DA MONET.
PS: Vinch é a junção de Vicent e Lynch, já que como o antigo nome era Operação Vondy, não tinha o por que estar explicando, mas acredito que em algum momento eu falo isso no decorrer da história.
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