ombro amigo
SANA, 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐
𝗦𝗲𝘂𝗹 - 𝗖𝗼𝗿𝗲𝗶𝗮 𝗱𝗼 𝗦𝘂𝗹
15:00 p.m
talvez não seja fácil abrir mão da sua insegurança e da sua vergonha alheia, mas é necessário às vezes, principalmente quando a finalidade é ajudar alguém.
Os meus pais nunca me ensinaram a amar, nunca me ensinaram a sentir, pois eles sempre pensaram que eu descobriria sozinha, e nunca tiveram tempo para me fazer sentir ou me dar apoio emocional. Tudo o que tinham para mim era uma comida diferente e um brinquedo legal no fim do dia, para tentar absorver o vazio que eu sentia sempre que eles estavam longe, o que acontecia quase sempre.
De certa forma, eles estavam certos. Uma hora ou outra eu ia descobrir o que estar apaixonada, mas eu queria que eles estivessem ao meu lado para me aconselhar sobre o que fazer nesses momentos de loucura de amor, porque eu não quero sempre ter que recorrer às minhas amigas adolescentes que não sabem o que é amor.
Então, quando escolhi ajudar Jihyo, eu realmente pensei duas vezes antes de fazer a besteira, mas acabei fazendo, porque eu sabia que se eu não ajudasse ninguém ajudaria. O mundo é terrivelmente cruel e as pessoas que vivem dentro dele não se importam o suficiente para se preocupar com algo que não diz respeito a elas. Kim Jihyo pode ser a garota mais popular do colégio, ser a dona do corpo mais esbelto, ter o sorriso mais bonito e ter tudo almejando aos seus pés, todas as pessoas do mundo, mas nenhuma delas sabe valorizar a pessoa que ela é por dentro.
Eu saberia? Eu não sei. Também não fui ensinada a me importar com os outros.
━━ Eu não estou gostando nada disso - disse Jihyo, claramente constrangida.
Estávamos no parque central e apesar de ser um lugar admirável, nós estávamos caladas há mais de dez minutos. Eu havia a chamado na intenção de descontrai-la, o que acabou não dando muito certo, eu imagino.
━━ Do silêncio ou do som estridente dos pássaros cantando? - perguntei irônica, me virando para olhar Jihyo.
━━ Do silêncio e dos pássaros também - disse entediada — De alguma forma, parece muito estranho estar aqui com você falando sobre meus problemas. Eu nem te conheço.
━━ Se você quiser me conhecer, estou disposta a te mostrar quem sou eu — digo baixinho, sentindo meu coração acelerar só por dizer aquilo. Ficamos um tempo em silêncio e resolvo cortar o assunto - Se você não quiser contar o que aconteceu, tudo bem. Estou aqui para ajudar.
━━ Meus pais se separaram — soltou de uma vez.
E mais silêncio.
Olho para ela com pena e suspiro, sem saber o que dizer.
━━ Talvez seja o melhor para eles — digo calma — Você com certeza vai se sentir melhor sem um ambiente de brigas.
━━ Continua sendo frustrante — ela diz passando as mãos pelo cabelo.
Naquele momento, percebi que Jihyo era capaz de ser ainda mais bonita do que parecia de longe. Seus lábios eram rosados e ela não usava nenhuma maquiagem, o que realçava sua pele lisa e bem cuidada. Mesmo com aquele olhar perdido, ela conseguia ainda assim ser extremamente atraente.
Mas não era hora de pensar nisso, era hora de ajudar ela.
Ao contrário do que qualquer um pensaria, não escolhi a ajudar por vontade de me aproximar mais dela ou coisa assim. Ok, talvez um pouco, mas o que mais me incentivou foi ver a falta que seu sorriso fazia. De alguma forma, eu de repente me sentia como uma fã observando seu artista favorito de longe, amando-o incondicionalmente mesmo sem ter trocado uma palavra sequer.
Sou uma adolescente idiota e cheia de hormônios, eu sei.
━━ Vou te ajudar a se esquecer dos seus problemas por um momento — digo por fim, me levantando e estendendo a mão para ela — confia em mim?
━━ não.
━━ Eu já sabia que você ia responder isso, mas não aceito não como resposta — digo abrindo um sorriso — Sei que você não vai resistir quando descobrir que vou te levar para tomar o sorvete mais delicioso de seul.
━━ Me parece atrativo dessa vez — ela diz, de levantando — ok, eu topo.
Sorrio e caminhamos até a sorveteria. Eu tentava distrair ela com assuntos aleatórios, mas ficar perto dela parecia tão assustador que eu me atropelava entre as palavras e falava besteira.
A verdade é que Jihyo não pareceu se importar nem um pouco com a forma estranha que eu falava e com meu jeito de tentar expressar o que eu queria dizer. Ela parecia me entender perfeitamente, mesmo com pouco tempo de conversa.
Destino? Talvez.
Chegamos na sorveteria e eu limpo os pés no tapete, entrando ao lado da Kim e indo até a vitrine de sabores.
━━ Pode escolher o que quiser. É por minha conta — digo sorrindo.
━━ No fim das contas, vou acabar de obrigando a me deixar pagar — ela diz pegando as bolas com os sabores que ela queria.
━━ Eu não me importo de pagar. Só quero te ver bem.
Eu pego também alguns sabores de sorvete e coloco dentro do pequeno pote azulado. Nos sentamos à mesa e começamos a comer.
━━ Por que quer me ver bem? Você nem me conhece — Jihyo diz, quebrando o silêncio.
━━ Algo em seu olhar me diz que você precisa de alguém para confiar — digo tímida, desviando o olhar — eu gostaria de ser essa pessoa.
━━ Então seremos tipo amigas?
Engasgo com o sorvete quando ela diz isso. Ela estava realmente sugerindo que fôssemos algo mais do que simples desconhecidas? Estávamos dando o primeiro passo? Milhares de perguntas rodeavam minha cabeça, e eu sabia que ela era a única que tinha aquelas respostas.
━━ Sim, seremos amigas — digo, finalmente a olhando.
Eu decidi não tocar mais no assunto da separação dos pais dela, pois sabia que era algo delicado demais para se falar sobre. A forma que ela parecia tristonha ao dizer que os pais iam se separar, me fazia querer a agarrar e proteger de todo o mal do mundo, me fazia querer que ela confiasse em mim como mais do que uma amiga.
Eu não importava se seríamos ficantes, amantes, namoradas. A única coisa que realmente importava era estar ali com ela, e poder ser alguém que a beijaria quando desse vontade.
Nós sabíamos que ela estava triste, que precisava desabafar, mas sabíamos que aquele não era o momento para falar sobre isso, porque se ela não se sentia confortável, então jamais seria certo.
Eu também tinha minhas frustrações, confesso. Talvez seja por isso que entendo Jihyo mais do que qualquer pessoa nesse mundo. Quando eu era pequena, pensava que seria finalmente enxergada pelos meus pais como uma filha, e não como uma qualquer, como um conjunto vazio em uma equação matemática. Eu pensava que se crescesse e melhorasse minhas notas, meus pais iam sentir orgulho de mim e me ver como uma filha prodígio.
Mas eu sempre seria excluída, como se não fizesse parte da família.
Após um tempo em silêncio, apenas nos deliciando com o sorvete, olho para Jihyo.
━━ Eu sei que não sou a melhor conselheira de todas e que não fiz nada além de te pagar um sorvete, mas saiba que estou aqui, e que quando quiser confiar em mim, pode me chamar — digo — Vou te passar meu número. Me ligue quando quiser desabafar.
───※ ·🌷· ※───
━━ E foi isso — conto para Tzuyu, detalhando todos os detalhes do meu primeiro contato com Jihyo.
Eu havia me atrasado uns minutinhos para o trabalho, o que era mais do que esperado, já que passei um bom tempo com Kim Jihyo. Mas sinceramente? Acho que não me importo nem um pouco em levar uma bronca do meu chefe, porque estou feliz demais, não tenho tempo para pensar naquele velho rabugento.
━━ É bom ver as coisas dando certo entre vocês. Acho que não iremos nem precisar daquela baboseira de declaração. Parece que vocês vão ser mais rápidas do que isso — fala Tzuyu, enquanto limpava a mesa — Mas é bom você estar com o psicológico preparado, porque vai ouvir um bocado de broncas do Sr. Jung.
━━ Depois eu me resolvo com ele — digo colocando meu avental — Ele não é um monstro.
Ele era sim.
Jung hoseok era muito simpático quando gostava de ser, mas a maior parte do tempo, estava atolado de trabalho e não sabia lidar com as frustrações.
A cafeteria era administrada pelo pai dele, cujo faleceu devido a um câncer no pulmão. Jung hoseok é o quarto de cinco irmãos, e foi o único que aceitou seguir com os negócios. A cafeteria era importante para o pai dele, e ele não deixaria ela acabar daquele jeito.
Mesmo sendo um pouco rabugento às vezes, ele é um homem que admiro muito. Sr. Jung nunca teve tempo para viver a vida dele como um jovem de verdade, e aos vinte e oito anos, parece ter uns trinta e cinco, por ser reservado e em alguns momentos, chato. Mesmo assim, ele seguiu o legado do pai e continuou administrando a cafeteria, além de ser muito solidário em me contratar para trabalhar aqui.
Trabalhar é minha forma de esquecer os problemas que tenho em casa com meus irmãos. Era quando eu conversava com pessoas que realmente valiam a pena e que me davam "boa tarde" ao fazer o pedido. Eu só precisava daquilo para ser feliz.
NOTAS
Oi gente, tudo bem com vocês? Antes de mais nada, queria avisar que estou reescrevendo a fanfic toda, e que se houver algum erro de coerência, pode me avisar que irei ajustar, ok?
Xoxo <3
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