a arte da conquista
SANA, 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐
𝗦𝗲𝘂𝗹 - 𝗖𝗼𝗿𝗲𝗶𝗮 𝗱𝗼 𝗦𝘂𝗹
08:10 a.m
Eu não sabia que encarar meus desafios matinais seria tão difícil até o dia amanhecer.
Não estou falando de conseguir um emprego, lutar pela igualdade feminina ou vencer algum medo comum. Falo de criar coragem para sair da cama e ir comprar o café da manhã.
Depois do que aconteceu ontem, achei que conseguiria convencer Sunoo – meu irmão mais velho – de que eu nunca mais deveria sair de casa. Afinal, tenho grandes chances de ser atropelada ou tropeçar e cair de cara no chão. Mas ele não comprou a ideia e, pelo contrário, ainda insiste que eu vá.
Na verdade, é bem compreensível ele não ter caído no meu papo, já que qualquer um pode ser atropelado e morrer, qualquer pessoa no mundo.
É um risco que todos nós temos que correr.
Para Sunoo, sou útil apenas quando faço algo que lhe beneficia. E confesso que, mesmo ele sendo insuportável, tento manter uma boa relação com ele e com nossa outra irmã. Mas é difícil aguentar isso quando sou o capacho dos dois.
───※ ·🌷· ※───
Caminhando pelas ruas tranquilas, lembro que hoje é sábado e, consequentemente, à tarde terá treino das meninas do basquete.
Deveria mesmo ir, depois da vergonha que passei na frente da minha paquera? Talvez ela até esqueça meu rosto, afinal, convive com muita gente todos os dias. Não vai lembrar de uma qualquer que cruzou seu caminho.
Com esses pensamentos em mente, percebo que já cheguei ao meu destino. Mas a loja está cheia, e eu provavelmente vou demorar para ser atendida.
Sr. Min estava conversando com um senhor sobre a nova temporada de amoras. Nessa época do ano, elas estão por todos os lados. O que é ótimo, já que amoras são minhas frutas preferidas.
━━ O que deseja? ── Uma mulher que trabalha me pergunta, com aquela mesma cara entediada de sempre.
É como se fosse a única expressão que ela tem: sobrancelhas arqueadas, rugas aparentes, lábios sempre curvados para baixo e cabelos presos num coque frouxo, como se estivesse a ponto de se desfazer.
Aquela típica mulher que está entre os sessenta e a morte.
━━ O de sempre ── digo, tentando manter um sorriso leve para parecer minimamente agradável.
Enquanto ela pega os pães, batuco os dedos na vitrine e encaro os bolos e tortas que haviam alí. Suspiro enquanto penso no quão chato seria aquele dia e encaro o relógio.
Os sábados sempre eram os piores dias para mim. Eu não me dou bem com meus irmãos, então os ver durante um dia inteiro é muito preocupante para mim. Nossos pais sempre nos criaram como rivais que deveriam competir, e não como família. Desde pequenos, competiamos com relação as nossas notas, aos nossos brinquedos e até mesmo a quantidade de afeto diária que cada um recebia.
Eu sempre ficava para trás, porque eu sou a irmã do meio, e a irmã do meio é sempre esquecida. As pessoas da minha família não faziam total descaso de mim, mas também não eram adoráveis como costumavam ser com meus outros irmãos. Eu nunca fui tão sociável quanto Sunoo e minha irmã mais nova, Yuna, então eu sempre ficava isolada em todos os cantos, vivendo a vida toda como a sombra deles.
Sou tirada de meus pensamentos com a voz irritante da atendente, me entregando os pães que havia pedido enquanto me olhava com uma expressão de tédio.
━━ São cinco dólares ── diz ela, seca.
━━ Aqui! ── entrego o dinheiro e saio dali o mais rápido possível.
Saio direto em direção a minha casa. Eu estava com muita fome — já que estava de estômago vazio ainda — então era melhor me apressar antes de desmaiar no meio da rua.
───※ ·🌷· ※───
━━ cheguei! — grito ao entrar em casa. Logo, Sunoo e Yuna aparecem e se sentam à mesa para comer.
━━ Vocês ficaram sabendo que a irmã da Jihyo se assumiu? ── pergunta Sunoo, desviando minha atenção da comida. Levanto o olhar, interessada.
Yuna chega a cuspir o refrigerante, claramente envolvida na conversa.
━━ Jihyo tem irmã? ── pergunto, indignada ── Achei que soubesse tudo sobre ela!
━━ O nome dela é Park Dahyun ── responde Sunoo, ignorando meu comentário ── Ela estava num colégio de freiras, mas foi expulsa por transar com uma garota lá . Dizem que essa Dahyun é barra pesada.
━━ Acho que já vi ela no colégio. Se estou certa, Dahyun estuda na sala da Sana ── Yuna comenta, convicta ── Ela é realmente parecida com a Jihyo. E super gata.
━━ Já deu minha hora, tenho que ir ── declaro, encerrando o assunto e saindo rápido dali.
Nem sei porquê fico tão nervosa ao falar dela. É um mistério sobrenatural além do meu entendimento, mas prefiro não pensar muito nisso. À tarde tem o treino das meninas, e eu marquei de ir à sorveteria com Nayeon.
Deixo a minha casa antes de terminar o café, mas Sunoo e Yuna continuam conversando. Eu sempre me questionei se o motivo de eu sempre ser excluída era o fato de eu ser a única japonesa entre eles, já que os dois eram coreanos.
Quando Sunoo fez 7 anos, nossos pais se mudaram para o Japão por causa do novo emprego do meu pai, e lá tiveram a mim. Meu pai e meus irmãos nunca se deram com a minha família por parte de mãe, que eram japoneses, e acredito que talvez essa divergência tenha sido motivada pela diferença de etnias.
Algo que vai além da minha compreensão é o fato de eu ter sido a única filha a receber um sobrenome diferente dos meus irmãos. O nome "Minatosaki Sana" sempre foi motivo de chacota na escola, e costumavam brincar dizendo que eu era adotada, já que meus irmãos eram "Shin".
Talvez bem no fundo, meus irmãos se importem um pouco comigo. Eles não parecem me amar, mas sei que também não me odeiam. Às vezes confesso que acabo imaginando como seria se eu morresse. Será que eles iam ficar tristes ou iriam ficar animados por ter um quarto a mais?
De qualquer forma, eles superariam bem rápido.
───※ ·🌷· ※───
━━ A "Operação: Conquiste Park Jihyo" começa hoje, garotas ── diz Nayeon, sorrindo e balançando as mãos animadamente enquanto toma seu sorvete.
━━ Você precisa se aproximar dela, Tosaki. Não é todo dia que se encontra uma garota dessas e tem a oportunidade de tentar conquistar —— Tzuyu diz com aquele sorriso dela no rosto.
Não estava nos meus planos explicar para Nayeon e Tzuyu que eu não estou gostando nada dessa ideia. Achei que elas fossem perceber com o tempo. Na minha visão, alimentar minha paixão platônica e sofrer cada vez que vejo Jihyo beijando alguém, é bem mais fácil do que tentar manter uma conversa de mais de três minutos com ela.
━━ Falta só uma semana para o Dia dos Namorados, não dá tempo de fazer nada ── invento uma desculpa, tentando tirar essa ideia da cabeça delas.
Já mencionei que Nayeon e Tzuyu são primas? Se sim, você deve entender o porquê disso. Claro, elas cresceram juntas e acabam dividindo os mesmos neurônios.
Eu confesso que só fui descobrir que elas eram parentes quando Tzuyu e eu começamos a trabalhar juntas na cafeteria. Mesmo que Nayeon fosse minha melhor amiga, ela raramente falava sobre a família dela.
━━ Ok, eu topo ── finalmente me rendo ── Vou me declarar para ela.
…Ou não.
NOTAS
Tem sido uma tortura revisar esses capítulos, mas estou adicionando mais detalhes e contextualizando vocês sobre a história, hehe
Até breve!
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