Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

02. Agente cabeça-dura

Sei que nunca entenderá
Este absurdo sentimento
[...]
É certo que diariamente estou vivendo
Em um conto de fadas que invento

Angélica Vale, Aquí estaré

A conversa seguiu com Estela me fornecendo uma ou outra informação, embora sem o mesmo peso de antes. Obviamente, ela não sabia dizer qual seria o local exato da próxima tramoia da chefia. Apesar disso, uma linha de raciocínio estava começando a se desenvolver na minha cabeça diante do que me foi passado.

Não demorou muito para uma enfermeira adentrar o quarto, alegando estar na hora do calmante da paciente — um jeito sutil de dispensar alguém. No entanto, após a aplicação do medicamento, permaneci por um tempo encarando Estela se entregar ao sono, como se eu quisesse me certificar da sua segurança. Sem me segurar, cheguei perto de seu leito. Sussurrei:

— Faremos justiça por você, e também pelas outras. Eu prometo. — E realizei uma discreta carícia em seu rosto.

Mal abri a porta para finalmente sair de lá e tive uma surpresa, uma inesperada surpresa.

— O que está fazendo aqui? — indaguei com um fundo de cólera na voz.

Era ela.

Agatha de Lima Costa.

Tratava-se de uma jovem e bela mulher, dona de madeixas castanhas em um tom avelã, olhos cor de mel, pele clara e altura mediana. Além disso tudo, era uma agente na Polícia Federal cujo posto se situava no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo, onde também eu... ocupava o cargo máximo, se é que podem me entender... Em outros termos, estava lidando com alguém subordinada a mim, ou melhor, insubordinada.

— Eu... Eu... Eu... — era o que ela conseguia balbuciar.

A maneira que estava se recompondo, parecendo ter quase sofrido uma queda, só poderia indicar que...

— Espera aí! — eu disse. — Você estava escutando atrás da porta?

Constrangida, Agatha se limitou a anuir. Revirei os olhos e, sem pensar muito, agarrei-a pelo braço, arrastando-a para um canto qualquer do andar em que estávamos.

— Quem te deu autorização para estar neste lugar? — tornei a perguntar assim que cessamos nossa breve caminhada.

— Ninguém... — respondeu, cabisbaixa.

— E então...?

Ela respirou fundo, aparentando tomar coragem para o que iria dizer, o que não demorou a vir:

— Soube que vinha para cá e... te segui...

— Me seguiu? — Não pude disfarçar o espanto. — Espera aí... Como soube que eu estava aqui?

Agatha olhou para um lado, depois para o outro. Suas reações quase involuntárias e sua expressão corporal a traíram, fora o fato de eu conhecê-la muito bem. A conclusão daquilo foi verbalizada por mim:

— Não me diga que você entrou inadvertidamente na minha sala, mexeu no meu computador, nos meus arquivos, e descobriu que eu viria para cá? — finalizei, levando a minha mão à testa.

Nervosa, ela novamente se limitou a assentir.

— Sabe que a sua atitude pode acarretar um processo administrativo contra você mesma, não? — continuei. — Não pense que, sendo quem você é, terá vantagens.

Aí ela voltou a surpreender. Se há dez segundos estava abatida por estar recebendo aquelas duras palavras, depois, seu semblante mudou para outro mais corajoso, mais... petulante! E a resposta que deu comprovou isso:

— Mas as desvantagens eu sempre tive.

— Desvantagens? Não seja ridícula! Está sendo ingrata também.

— Só sou designada para missões sem grandes emoções. Cansei de lidar apenas com coisas pequenas, coisas que, se bobear, um policial militar ou civil pode saber resolver.

— Você está sendo arrogante. Eu faço isso por...

No impulso, quase soltei que "Fazia aquilo pelo bem-estar dela". Eu tinha bons motivos para pensar e, principalmente, agir dessa forma. Por um momento, empatizei com os anseios de Agatha, porém, a desobediência dela, especialmente nos últimos tempos, me dava nos nervos.

— Faz isso por... — ela insistiu para que eu continuasse.

— Faço isso porque... é o meu trabalho. E o seu também. Não deve misturar as coisas.

— Qual é? — Céus! Ela não dava um descanso! — Sabe que sou uma boa policial, me formei com louvor na faculdade de Direito, tenho anos de experiência na área e, por essas e outras razões, estou apta para assumir o posto de delegada.

Assim que terminou de proferir essas palavras, levou a mão à boca, indicando haver falado mais do que devia. Então era por esse motivo as suas ações e reações?

A verdade era que minha aposentadoria estava bem próxima de acontecer. Diante desse iminente fato, os burburinhos na delegacia estavam em polvorosa. Eu fingia não ouvir, mas, volta e meia, me deparava com alguns cochichos pelos cantos acerca de quem poderia me substituir.

Claro! Para ocupar o cargo de delegado, era preciso cumprir com uma prova, aos moldes de concurso público mesmo. Em contrapartida, não era qualquer um que estaria apto para realizar tal teste. A indicação, especialmente vinda de quem seria substituído — no caso, eu —, contava como outro requisito importante.

— De fato, você é uma ótima agente — falei e ela sorriu. Tolinha... —, mas é impulsiva, sem respeito às hierarquias e, vendo agora, um tanto sem controle emocional. Como posso entregar a nossa querida delegacia nas mãos de alguém feito você?

OK... Peguei pesado na última frase, visto a feição chocada e os olhos esbugalhados de Agatha. Não havia mais volta: com tão pouco tempo de conversa, já estávamos discutindo naquele teor.

— Vou relevar a sua ida indevida à minha sala sem precisarmos recorrer a processos ou algo do tipo — prossegui. — Seria uma burocracia danada e, de acordo com o que estão dizendo as boas e as más línguas, estou de saída, portanto, não quero me desgastar. — Fixei o olhar nela e emendei: — Mas isso terá consequências. Vou para a casa, porque já deu por hoje. Até mais, oficial Costa!

Parecendo atônita pelas minhas palavras, ela nem sequer esboçou qualquer movimento. Aproveitei aquilo e apenas lhe dei as costas.

Mal sabia ela que uma espécie de retaliação de minha parte logo viria.

Poucos dias após ter ido ao Hospital São Paulo, estava eu na minha própria sala da delegacia — um espaço pequeno, contendo apenas uma mesa, que comportava um computador, e umas poucas cadeiras. Nada exuberante, afinal, meu serviço não demandava elegância.

Não me encontrava só no local, tendo uma meia dúzia de oficiais comigo, dentre os quais..., Agatha, que ocupava um assento e me analisava atentamente.

Estávamos ali para eu explicar um plano que encabecei.

Desde a conversa com Estela, comecei, ao lado da minha equipe, a investigar qualquer festa que acontecia em São Paulo. Podia ser uma grande loucura, pois a cidade era realmente quilométrica, mas nada que não pudesse ser resolvido dispondo de alguns policiais à paisana aqui ou ali. Obviamente, não obtivemos qualquer avanço de imediato.

Ao menos por enquanto.

Em certa ocasião, deparamo-nos com informes a respeito de um evento que ocorreria em um espaço relativamente conhecido da capital. Tratava-se do Buffet Tulipas, situado na Mooca, na Zona Leste. Era um salão grande, elegante, de fácil acesso e, sobretudo, propício para determinadas festividades, tais como casamentos.

Entretanto, não era um casamento, algo tão intimista, que iria acontecer ali, e sim... Um baile de gala!

Só isso já batia com o que Estela havia me dito, mas outros componentes também alimentaram as minhas suspeitas. O valor da entrada baratíssimo para as mulheres e sendo o bufê, conforme citado, localizado em uma região privilegiada me fizeram estranhar mais a situação. Era como se os bandidos, os quais ainda não conseguimos identificar, fossem e não fossem sutis e quisessem fazer de tudo para fisgar uma nova vítima.

Assim, meus instintos e experiência apontaram que ocorreria naquele lugar o ataque dos criminosos. Contudo, teríamos que agir com cautela. Civis se encontrariam no bufê e caberia prudência a mim e aos agentes que fossem me acompanhar. Daí veio o esquema que pensei.

— Vamos nos infiltrar no baile — eu disse. — Faremos uma espécie de investigação silenciosa, com direito a disfarces, mas também alguns de nós ficarão pelos arredores do lado de fora. — Fiz uma pausa. — Estarei lá dentro, trajando as vestimentas pedidas para a ocasião, porém não irei só: precisarei de duas pessoas daqui ao meu lado.

Novamente, pausei, o que acabou gerando um instante de suspense e expectativa nos demais naquele ambiente. Passei o olhar em todos e parei em Agatha, que me mirou com uma evidente ansiedade. Dei meu veredito:

— As oficiais Prado me acompanharão.

Referia-me a Natália e Natiele Lacerda Prado. Duas irmãs gêmeas idênticas, donas de cabelos loiros em um tom morango, altas, esbeltas, bonitas de maneira geral e, principalmente, policiais competentes; tão competentes que já me peguei cogitando em indicar uma delas, quem sabe ambas, para o cargo de delegado assim que me aposentasse.

Todavia, havia um peso a mais naquela minha decisão, pois sabia que... elas não se bicavam com justamente Agatha.

Existia um motivo, se é que poderia me referir dessa forma: para variar, os buchichos na delegacia alegavam haver uma clara preferência de minha pessoa pela agente Costa, o que nunca procedeu. De qualquer modo, as provocações e trocas de farpas entre as três moças citadas acabaram sendo inevitáveis ao longo do tempo.

E isso ficou simbolizado diante da expressão chocada, para não dizer derrotada, de Agatha e a alegria mal contida das irmãs, que ainda ousaram lançar um olhar debochado para a praticamente declarada rival, quase querendo dizer "Vencemos". Uma grande baboseira, afinal.

Confesso que tive dó de Agatha naquele momento. Na minha mente, roguei um pedido de desculpas a ela. A escolha das gêmeas, enquanto minhas parceiras, jamais foi com intenção de afronta. Amigos, amigos, vida profissional à parte. Por esse motivo, justifiquei:

— O fato das oficiais Prado serem tão semelhantes fisicamente pode ser favorável para a nossa missão. — E com um sorrisinho, completei: — Preparem os trajes de gala, meninas.

Risos ecoaram pela sala, embora não tenham contagiado Agatha, que se manteve de cara fechada.

Aproveitando que a minha fala humorada tinha dado relativamente certo, finalizei:

— A propósito, dei à nossa missão o nome de... Operação Abóbora. Em breve, o castelinho desses marginais virará abóbora. Só espero não ter que esperar até meia-noite...

Mais gargalhadas se fizeram audíveis e, com isso, decretei o fim da reunião. Os policiais foram se dispersando. Nesse ínterim, percebi as fitadas e risadinhas maldosas de Natália e Natiele para Agatha, enquanto se encaminhavam para fora do espaço.

Para minha surpresa, a agente Costa permaneceu. De início, ficamos somente nos encarando, ela inquisidora e eu com a postura firme. Em seguida, acabei não resistindo:

— Algum problema ou algo que queira falar, policial?

— Elas me odeiam — respondeu com ferocidade. — Elas me odeiam e você sabe disso!

— Te odeiam, é? — ironizei. — E corta esse "você"! Para a senhorita — frisei bem o "senhorita" —, não sou "você", sou...

— Por que escolheu elas? — interrompeu-me, pouco ligando para a advertência verbal que eu estava para terminar de dizer.

O sangue, então, subiu para a minha cabeça. Quem era ela para me cobrar explicações, ainda mais sobre o meu trabalho? Rebati:

— Em primeiro lugar, não estou nem aí para as suas picuinhas pessoais. Sugiro que se entenda com as agentes Prado sendo as adultas que vocês são, ou que pensam que são, pois se for impossível uma tentativa de ficarem em bons termos, então que se engalfinhem da porta para fora desta delegacia! — Parei a fim de recuperar um pouco de fôlego e segui: — Em segundo lugar, do mesmo jeito que a senhorita entrou na minha sala e vasculhou o meu computador sem a minha permissão, também me senti livre para escolhê-las para estarem comigo na operação.

Ela arfou de indignação e disse:

— Inacreditável... Está praticamente admitindo que agiu por pura birra.

— Não. — Gesticulei com a cabeça. — Birra é algo do seu repertório, de gente igual a você, de crianças iguais a você.

Como resposta, ela se limitou a anuir, sem deixar de denotar a sua revolta. Deu as costas e intencionou se retirar. Porém, a sua pose petulante, sem demonstrar um pingo de respeito por mim, ainda me irritava. Portanto, manifestei-me:

— Sabe que pensei em te dar uma suspensão pelo que fez?

Ela se virou e, com o mesmo ar prepotente, retrucou:

— Então por que não dá?

Arregalei levemente os olhos, mas não iria me deixar abater pelos miados dela, que se assemelhavam aos de uma garotinha mimada.

— Pois é... — falei. — Eis aí um arrependimento meu... Mas eu posso, por exemplo, te proibir de estar nessa missão que conversamos agora. Que tal?

Percebi um discreto abalo em seu semblante. Eu sabia que a atingiria no ego ao podá-la do ponto de vista profissional.

— Ótimo! — foi o que simplesmente respondeu, mesmo que sarcasticamente.

Deu alguns passos, tornando a sair da sala. Todavia, quando pensei que a conversa morreria, veio a sua réplica... surpreendente:

— Maldita hora em que nossos caminhos foram cruzados!

E bateu a porta, furiosa.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro