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Capítulo 1

5 meses depois...

          Os raios de sol adentraram a Mansão Ravenclaw numa mistura de prata, safira e esmeralda, reflectindo a decoração interior. A jovem deitada na cama de dossel abriu os olhos, sonolenta. Ao olhar para o lado, sentiu-se esmorecer, dando de caras com a cama vazia, novamente.

          Laurel Ravenclaw pôs-se de pé, observando em silêncio a figura encostada à janela. A luz tornava-o uma mistura de sombras e prata, o cabelo loiro platinado despenteado como raramente acontecia, o tronco nu mais magro, as olheiras salientes marcando-lhe o rosto bonito e gélido. Lentamente, aproximou-se dele, envolvendo-o num abraço apertado, beijando-lhe as costas num gesto gentil.

- Bom dia. - saudou ela, com a voz sonolenta - Conseguiste dormir?

         Os olhos cinzentos de Draco encararam-na, respondendo sem palavras. Aquele era o dia em que Lucious Malfoy iria a julgamento, o primeiro dos vários julgamentos que ele e Laurel iriam assistir. Fora preciso cinco meses para que o Ministério se reerguesse, ao contrário do que tinham anunciado meses antes. Os danos causados por Lord Voldemort eram superiores ao que tinham contado, a morte e tortura de muitos dos seus membros, principalmente membros do Wizengamot, a ser um problema a resolver. Havia muitas vagas a preencher, traidores a acusar, obras a fazer no próprio Ministério, já que houvera partes afetadas. Aquele era um dia importante para Draco, que não pregara olho ao pensar nos pais. Por mais que a sua relação com o pai fosse complicada, a mãe estava preocupada com o homem, o que levava Draco a preocupar-se também. Para além disso, embora ele não o admitisse em voz alta, Lucious não deixava de ser seu pai, uma ligação que ficaria para toda a vida, acontecesse o que acontecesse.

- Vou pedir ao Dobby para tomarmos o pequeno-almoço aqui. - disse Laurel, esticando-se em bicos de pés para o beijar - Ovos e bacon?

- Laurel, não precisas...

- Ovos e bacon, querido?

           Draco revirou os olhos, fazendo-a sorrir. Ele detestava quaisquer nomes carinhosos e Laurel sabia-o, utilizando essa arma sempre que o queria calar ou convencer de algo. Não que fosse difícil. Por muito orgulhoso que fosse, o Malfoy faria tudo por ela e ambos tinham essa noção.

          A ruiva afastou-se, deixando-o apreciar o seu corpo nu por breves instantes, antes de vestir o seu robe de seda cor de vinho. Os olhos safira brilharam ao ver a expressão de adoração que ele tinha no rosto, uma das preferidas de Laurel.

- O que foi? - perguntou-lhe, divertida.

          O marido abanou a cabeça, com um sorriso leve no rosto que minutos antes estava tenso e sério.

- És linda, mulher. Dás comigo em doido, sabias?

        Laurel sorriu, piscando-lhe o olho antes de virar as costas em direção à porta. Antes de sair, virou-se, observando-o cuidadosamente. Fazia dias que Draco não dormia, acordando sempre primeiro que ela ou passando noites em claro a tentar não acordar. Os tempos tensos tinham finalmente chegado, interrompendo a bolha de felicidade e amor em que ambos tinham vivido.

        Não tinha sido tudo felicidade, claro. Viver com Draco era um desafio, já que eram ambos novos, inexperientes em viver com um companheiro e inexperientes em relacionamentos. Meses após o casamento de Meredith e Ley, eles próprios se tinham casado, seguindo a tradição de ambas as famílias de se casarem cedo. Contrataram Kreacher para ajudar com a Mansão, sob a condição de trabalhar honestamente como qualquer criatura. O elfo recusara-se a receber dinheiro e Laurel aceitara, com outras condições: ela própria lhe comprava roupa, comida, tinha oferecia-lhe um pequeno quarto na Mansão, férias, todas os outros direitos normais de um trabalhador, o que ele aceitara com reluntância. Enquanto os julgamentos não ocorressem, Draco e Laurel eram obrigados a ficar em Inglaterra, por isso não tinham tido oportunidade de desfrutar da lua-de-mel, tal como aconteceu com Meredith e Ashley.

       Ainda assim, era muito felizes. O anel no dedo de Laurel brilhava na mistura perfeita de safira e esmeralda, como se da aurora boreal se tratasse. Tempos de alegria e amor, interrompidos quando as cartas do Ministério começaram a chegar.

          Kreacher aguardava-a na cozinha, a mesa posta e o cheiro a comida acabada de fazer inundando a assoalhada. Saudou-a com um sorriso torto e sem dentes, o falso medalhão de Slytherin a balançar no seu peito ossudo, uma memória de Regulus Black. Laurel sorriu de volta, dizendo:

- Bom dia, Kreacher. Eu e o Draco gostaríamos de tomar o pequeno-almoço no quarto, se não te importares. Ajudas-me a levar a comida para...

       O elfo estalou os dedos. De imediato, a mesa desaparecera, surgindo muito provavelmente no seu quarto, junto com todo o seu conteúdo. A ruiva soltou uma risada, surpreendida.

- Não era preciso levares a mesa também mas muito obrigada. Queres juntar-te a nós?

       Kreacher abanou a cabeça.

- Não, minha Senhora. O Kreacher já tomou o seu pequeno-almoço, tal como a menina me ordenou que o fizesse. - respondeu o elfo, encolhendo os ombros - Ser um elfo assim é muito estranho, Miss Ravenclaw. Ter refeições como deve ser, horas de descanso, um quarto próprio... Kreacher não estar habituado, minha Senhora.

- Eu sei, Kreacher. Espero não estar a ser muito rígida contigo mas é muito melhor do que as condições normais de um elfo, não achas? - perguntou, vendo-o assentir timidamente  - Estás a ir muito bem. Continua o bom trabalho, está bem?

- Kreacher continuará, minha Senhora. Se precisar do Kreacher é só chamar. - o elfo sorriu novamente - Tenha um bom dia, Miss Ravenclaw.

- Tu também, Kreacher.

       A Ravenclaw afastou-se em direção às escadas que descera minutos antes, rumo ao quarto onde o marido a esperava. Antes que pudesse subir o primeiro degrau, a campainha tocou, fazendo-a dar um pulo de susto. Laurel franziu o sobrolho. A mente divagou, esvoaçando em direção à de Draco, que já a esperava.

         "Estamos à espera de visitas?" perguntou-lhe, intrigada.

          "Não" respondeu Draco, sucinto.

- Kreacher, podes abrir a porta, por favor? - questionou, subindo as escadas - Nós descemos já.

         O elfo respondeu-lhe algo que ela já não ouviu. Galgou os degraus, adentrando o quarto apressadamente, dando de caras com Draco já vestido. O Malfoy era e sempre seria uma visão digna de se apreciar; a camisa cinzenta, as calças de fato, o blazer preto por cima... Laurel engasgou-se, atrapalhada, algo que não passara despercebido ao seu marido, tão arrogante como sempre fora.

- Queres um lenço para limpares a baba, Ravenclaw? - perguntou o loiro, abotoando os punhos com um sorriso de lado no rosto.

- Nem a dormir mal tu perdes essa tua ideia de que és a última bolacha do pacote, pois não, Malfoy? - ripostou Laurel, sorrindo - Podes ver quem é enquanto me visto, por favor? Eu desço já.

- Claro. A senhora é que manda. - brincou ele, beijando-lhe o topo da cabeça antes de sair.

        Laurel encarou o seu reflexo no espelho enquanto lavava rapidamente o rosto. Os cabelos ruivos ondulados caíam em cascata sob os seus ombros, os olhos azuis safira brilhantes e vivos como não os vira durante meses. Fora um processo que ainda não terminara para regressar a si mesma, abandonando aquela Laurel encarcerada e séria que se matara a si mesma para pôr um fim ao Senhor das Trevas. Cinco meses após, a jovem ainda lidava com os pesadelos e assombrações que a assolavam, bem como a dor do luto que ainda não sarara por completo.

             Sentia muito a falta de Remus, ao ponto de nem sequer ter tido a coragem de visitar Teddy. Por sugestão de Ashley, que sempre estava mais atenta do que qualquer outra pessoa, encaminhara-se a si mesma na direção de Dr.Carl, a fim de fazer terapia para resolver todos os demónios que Voldemort criara e curar as suas feridas. O seu pai teria-lhe incentivado a seguir em frente, a sentir a dor num estado de amor e não de tristeza, já que Remus nunca a deixaria realmente. Laurel estava nesse processo, o qual não sabia se terminaria algum dia. Ainda assim, estava bem. Tinha uma família em quem se apoiar, amigos, uma luta ainda por finalizar, com Meredith, Draco e a si mesma para proteger contra o Ministério.

         Ela era uma lutadora até ao fim, ninguém nunca lhe tiraria isso.

        Minutos depois, desceu as escadas em caracol novamente, vestida com um bonito vestido lilás, collants de vidro e os sapatos de salto alto pretos que Meredith sempre insistia serem obrigatórios no roupeiro de uma mulher. Os olhos safira procuraram de imediato os prateados do marido, encontrando-o sentado ao lado de uma jovem que Laurel conhecia muito bem.

- Asty! - exclamou, contente - Não sabia que vinhas. Está um pouco cedo para ti, não achas?

- Eu consigo acordar cedo de vez em quando, tá?

       Astoria Greengrass pôs-se de pé, permitindo que Laurel a abraçasse, algo que não deixava mais ninguém fazer. Para surpresa da ruiva, a morena devolveu o abraço, apertando-a contra si num gesto inesperado. O coração da Ravenclaw contorceu-se, sentindo que algo estava errado. Quando a soltou, observou-a com atenção, a sua perspicácia e esperteza nunca a deixando ficar mal.

        Ela estava mais pálida do que era habitual. Os ossos do seu rosto estava mais salientes, os olhos esmeralda opacos recheados com uma determinação sombria e desesperada, o corpo mais magro tapado com roupas escuras e largas. Laurel prensou os lábios, acenando para que ela se sentasse, sentindo os olhos prateados de Draco encarando-a com a mesma preocupação que ela sentia.

- Está tudo bem? - perguntou, numa voz séria.

        A mais nova esboçou um sorriso falso, endireitando os ombros e forçando -se a adotar a postura de sempre, numa tentativa de não baixar a guarda. Ao ver o olhar de Laurel posto nela, Astoria deixou os ombros caírem, bufando enquanto dizia:

- Eu estou a morrer.

        Laurel arregalou os olhos, surpreendida. Draco colocou-se imediatamente de pé, sentando-se ao lado da mulher e dando-lhe a mão, num gesto de apoio silencioso.

- Como assim? - questionou a ruiva, num sopro.

         Astoria encolheu os ombros.

- É uma maldição de sangue. Está na minha família há várias gerações e saltou dos meus pais para mim. A Daphne também podia ter mas até agora ainda não mostrou sinais disso. Já eu... Tenho tido alguns episódios de hemorragias extremas, tonturas, cansaço, houve dias que nem me consegui levantar da cama... Fui ao St.Mungus confirmar e... É a maldição.

         Laurel engoliu em seco, atordoada.

- Quanto tempo?

- Um ano, talvez dois. É incerto. Não há tratamento, não há cura, não há nada...

- Ainda. - interrompeu Laurel, determinada - Ainda não há nada mas vai haver. Vou imediatamente contactar o St.Mungus, chamar a Ashley, reunir os melhores médicos e vamos procurar uma solução...

- Não foi para isso que vim, Lau.

- Eu sei mas é o que vou fazer. Não vou deixar que morras, és demasiado nova, tens tanto ainda por fazer...

- É exatamente por isso que estou aqui. - Astoria encolheu novamente os ombros, nervosa - Há algo que quero pedir-te que... Não posso pedir a mais ninguém. Sem ser a minha irmã, és a pessoa em quem mais confio no mundo inteiro e a única a quem alguma vez eu pediria isto.

         A Ravenclaw apertou-lhe a mão esboçando um sorriso gentil. Queria dizer-lhe o quanto lamentava por ela, que iria fazer de tudo para lhe dar mais tempo, que estava ali para ela mas, no fundo, sabia que não precisava. As duas partilhavam uma relação especial, em que palavras carinhosas e profundas não eram necessárias. Eram amigas, quase irmãs, uma ligação natural que se estabelecera sem precisarem de muito. Por isso, Laurel não disse nada a não ser:

- Diz logo, Asty.

        A morena respirou fundo, os olhos esmeralda fixos nos safira da amiga. A mais velha sempre fora um exemplo para ela, uma Slytherin tão orgulhosa e poderosa como Astoria sempre quisera ser. Por mais que o seu nome dissesse o contrário, Laurel fizera o seu caminho na Casa das Cobras, assumindo a sua personalidade própria e determinando o seu próprio destino, mesmo que não fosse o que era esperado dela. Era exatamente isso que Astoria quisera fazer toda a vida. Era exatamente por isso que confiava tanto em Laurel.

- Com um tratamento ou sem, há algumas coisas que quero fazer antes de... Ir. - fez uma pausa, engolindo em seco - Quero muito conhecer o meu sobrinho, já só falta um mês para que ele nasça e estou ansiosa. Quero terminar a escola e ser mais uma aluna graduada em Hogwarts. Mas há algo que eu sempre quis, algo que provavelmente sou demasiado nova para ser mas... Não tenho outra opção. Isto vai soar muito lamechas mas... - Astoria suspirou, encarando a ruiva com o rosto distorcido numa careta de tristeza - Eu sempre quis ser mãe, Lau.

        Draco, sentado em silêncio ao lado de Laurel como se fosse uma estátua, engasgou-se, os olhos arregalados.

- Tu? Com esse coração de pedra?

        Astoria ergueu uma sobrancelha.

- Tu casaste? O frio e galã Draco Malfoy?

- Meninos, parem. - reclamou Laurel séria.

- Ele é que começou.

- Astoria...

         A Greengrass revirou os olhos, pigarreando:

- Como eu estava a dizer, quero ser mãe. Aliás, eu vou ser mãe. Os Muggles têm uma coisa chamada "Inseminação artificial", em que eu escolho o dador masculino e tenho um bebé. Não percebo nada de termos Muggle mas sei que posso escolher o mais saudável, as características que eu desejo que o meu filho herde, etc...

- É um procedimento recente, Astoria. - interrompeu Draco, inesperadamente - É arriscado.

- Como é que sabes? - perguntou a mulher, de sobrolho franzido.

         O Malfoy enrubesceu.

- Talvez eu tenha lido sobre isso...

         Laurel engoliu em seco, sentindo as lágrimas assolarem-na. A mão livre pousou imediatamente no seu colo, a recordação do que perdera sempre presente. Ambos tinham discutido o assunto e decidido que, quando fossem mais velhos, procurariam outras opções para serem pais. Pelos vistos, Draco já começara, mostrando inclusive que estava disposto a ver opções Muggle, contrariando toda a sua educação e crenças, mostrando a Laurel o quanto a amava e o quanto sacrificaria por ela. O Malfoy sorriu-lhe, envergonhado, afagando-lhe as costas carinhosamente.

- Estou a investigar isso mas já tomei a minha decisão: eu vou ter um filho. Laurel, tu sabes quão destabilizados os meus pais são. - Astoria bufou, irritada - Loucos, na verdade. Nunca senti qualquer amor da parte deles, talvez por isso seja, como o teu querido marido disse, um coração de pedra. É por isso que eu sempre quis ser mãe. Quero sentir esse amor incondicional que toda a gente fala, quero provar que consigo ser mais do que uma Greengrass, mais do que a minha família fez de mim. Não sou carinhosa, não sou maternal mas quero ser. Quero amar e ser amada. - a voz de Astoria tremeu, num raro momento de emoção e fraqueza - Nem que seja por poucos meses.

- Astoria, com a tua condição tu podes... Tu podes morrer no parto. - disse Laurel, apertando-lhe a mão - Podes nunca ver o teu filho.

- Mas o amor surge quando eles ainda estão na barriga, não é? - a morena abanou a cabeça, decidida - Eu quero viver isso antes de morrer. Sei que sou muito nova, sei que tem complicações, sei todos os riscos e, mesmo assim, vou seguir em frente com essa ideia. O meu problema não é esse.

         Astoria endireitou-se, fitando o casal à frente dela com seriedade.

- Os Greengrass não podem ficar com o meu filho quando eu morrer. Vão criá-lo da pior maneira ou nem sequer o vão amar por ser meu filho, a renegada da família. Daphne vai ter o seu próprio filho, não a quero sobrecarregar com essa responsabilidade. Por isso... - fitou os olhos safira de Laurel, com um sorriso tranquilo no rosto - Laurel, quero que sejas tu a ficar com ele. Quero que sejam vocês os pais dele quando eu já cá não estiver.

        Laurel pôs-se de pé, num gesto instintivo. A frase de Astoria ressoava-lhe ao ouvido, acelerando-lhe o coração, atordoando-lhe a mente e o espírito. Em silêncio, caminhou na direção da cómoda onde Draco tinha a única bebida alcoólica presente na casa, uma garrafa de Uísque de Fogo que trouxera da Mansão Malfoy quando se mudara para a Mansão Ravenclaw. Com um estalo, abriu-a, ignorando a sua consciência, que lhe gritava para não beber álcool em jejum. Pegou em dois copos, serviu o líquido vermelho e estendeu um deles na direção de Draco, que a seguira quase de imediato.

- E-Eu s-sei que estou a pedir muito...

- É muita coisa. - conseguiu dizer Laurel, bebendo de um trago o conteúdo do seu copo - Acredito que também seja para ti, a doença, tudo... Mas estás a pedir-me para criar o teu filho.

- Não pediria a mais ninguém, Laurel. - Astoria aproximou-se a passos largos dela, os olhos esbugalhados - Os meus pais farão de tudo para ficar com o meu bebé, nem que seja para me infernizar, vão lutar em tribunal, vão fazer trinta por uma linha...

- E eles vão ganhar, Astoria. - interrompeu Laurel, com a voz esganiçada - Mesmo que tu digas especificamente que nos dás a guarda do teu filho, eles são os avós, têm o sangue Greegrass e nós não. Se é por isso que queres que nós fiquemos com ele podes esquecer, nem mesmo o meu sobrenome ou o de Draco teria qualquer influência nessa questão. Eles ficariam com o teu filho num piscar de olhos porque são eles que são os parentes mais próximos, são eles que partilhariam o sangue com ele...

- A menos que haja sangue nosso no bebé.

           O copo de Laurel escapou-lhe da mão, nunca atingindo o chão em resposta à sua magia, que impediu que tal acontecesse. A jovem fitou o marido, vendo o rosto de Draco encará-la com uma expressão que raramente vira nele.

         Esperança.

- Eu serei o dador. - afirmou Draco, firme - Assim, o sangue Malfoy permitiria que eu tivesse o direito parental. Laurel, és minha mulher, só não tens o nome Malfoy porque não quiseste. Serias tão família como eu.

- Isso resolveria o problema. - confirmou Astoria, fitando Draco com uma careta - Embora não me agrade a ideia de dar à luz um Malfoy.

- É um privilégio teres um Malfoy na tua vida, Greengrass.

- E-Eu preciso de pensar. - gaguejou Laurel, afastando-se dos dois - E-Eu já volto.

            Antes que qualquer um deles pudesse responder, Laurel correu porta fora, subindo as escadas e trancando-se a si mesma no quarto, a respiração entrecortada e o coração acelerado. Alguns passos em frente e encostou-se junto ao parapeito da varanda aberta, sentindo a brisa fresca da manhã acalmá-la.

           Ser mãe fazia parte dos seus objetivos. A maternidade era algo que fazia parte da genética das Ravenclaw, a necessidade de transmitir a sua sabedoria e conhecimento à descendência tão vital como comer ou dormir.

          Agora, de uma forma estranha e confusa, essa oportunidade surgia. Ainda assim, ver outra mulher ter o filho de Draco doía em cada fibra do seu ser, deixando-a de rastos. Por mais bondosa que fosse e por mais que amasse Astoria, seria capaz de passar por isso? Seria capaz de amar um filho que era de Draco com outra?

- Se alguém consegue és tu, querida.

        Laurel virou-se, encontrando os olhos prateados do marido fixos nela. Ele seguira-a, como sempre faria. Lentamente, Draco aproximou-se dela, abraçando-a por trás e beijando-lhe o topo da cabeça com carinho.

- Desculpa, eu estava a...

- Usar Leglimancia sem querer? - sentiu-o soltar uma risada fraca, o corpo dando um solavanco nas suas costas - Sim, estavas.

- Não era suposto ouvires-me...

- Desculpa ter-me oferecido para ser o pai da criança de outra mulher, eu devia ter falado contigo primeiro...

- Desculpa ter fugido...

       Os dois soltaram uma risada. Laurel ergueu o rosto na direção dele, observando os traços que tanto amava. Os olhos prateados fitaram-na, sérios.

- Eu só fiz essa sugestão porque vi o teu olhar, Laurel. Eu vi a decisão estampada no teu rosto. Farias tudo pelos teus amigos, darias a vida pela tua família e Astoria é uma das pessoas que eu sei que vais proteger até ao fim. Ela vai ter aquele bebé, contra tudo e contra todos. É teimosa a esse ponto. E tu vais apoiá-la porque é isso que tu fazes. - Draco afagou-lhe o queixo, suspirando - Se há alguém que faria algo assim és tu. És a única bondosa, altruísta e maluca o suficiente para criares uma família como a que eu, tu e Astoria seríamos para o menino ou menina que virá. - fez uma pausa, pigarreando - A ideia de eu ser o dador foi apenas...

- Apenas para garantir que ninguém o tiraria de Astoria ou de nós. - completou a Ravenclaw, assentindo - Eu percebi, Draco. Mas ter outra mulher com um filho teu...

- Nunca foste uma mulher insegura, Laurel. Achas o quê, que eu vou-te trocar por ela? Só porque ela tem o meu filho na barriga? - Draco ergueu uma sobracelha, vendo-a baixar os olhos - Eu e a Astoria não nos suportamos. Para além disso, vou repetir o que disse meses atrás, quando te entreguei esse belíssimo anel... - pegou-lhe na mão, afagando o anel onde o último pedaço do medalhão de Ravenclaw brilhava - Eu sou obcecado por ti. Sou teu, com tudo o que tenho e não tenho. Não te troco por nada, Laurel Ravenclaw.

- Nós somos tão novos...

- Somos mas não estamos sozinhos, temos uma família para nos apoiar. A minha mãe, Ashley, acho que até a Meredith, embora ela ainda mate a criança se lhe gritar ao ouvido... - brincou, vendo a mulher rir - O Potter, a Granger, os Weasley... Embora eu não os deixe sozinho com o nosso filho...

         "Nosso"

           Laurel Ravenclaw esboçou um sorriso, os olhos safira brilhantes. Num impulso, abraçou o marido, sentindo-o apertá-la contra si. O rosto dele pousou na curva do seu ombro, os seus corpos encaixando na perfeição.

- Amo-te. - murmurou, afastando-se para o olhar - Sempre.

        Draco sorriu.

- Também te amo. Sempre. - colocou a mecha loira do seu cabelo atrás da orelha, misturando-a com os restantes cabelos ruivos - Sabes, a Astoria veio pedir-te isto a ti. Acho que ela sabe que o filho dela seria extremamente amado por ti. Ela confia em ti. Então... Vamos descer e dizer à Astoria que queremos ser tão loucos como ela?

         A ruiva riu-se.

- Ainda tinhas dúvidas?

           Quando desceram, Astoria encontrava-se de pé, como se nem sequer se tivesse mexido. Os olhos esmeralda fitaram os safira de Laurel, ambos jovens e brilhantes de lágrimas. Assim que a Ravenclaw sorriu, Astoria levou as mãos à boca, visivelmente emocionada.

- Obrigada. - sussurrou, abanando a cabeça - Eu tinha receio... Sei que podia ter pedido à Daphne isto mas...

- Mas sabes o que eu nunca vou poder ter. - completou a Ravenclaw, a mão afagando a barriga - Obrigada eu por confiares em mim, Asty.

- Então, vou buscar um copo para tratar do assunto? - questionou Draco, de mãos nos bolsos.

       Astoria semicerrou os olhos.

- Vou mesmo ter de carregar o teu filho, Draco Malfoy?

- Se quiseres que nós fiquemos com ele em vez dos loucos dos teus pais, sim. - respondeu o loiro, sorrindo com ironia - Já te disse, teres um Malfoy na tua vida é a melhor dádiva que podes...

- Eu vou-me arrepender disto. - resmungou a morena, revirando os olhos.

       Laurel sorriu. A tristeza com que Astoria chegara ali evaporara-se, a esperança e o entusiasmo pelo que ia fazer alterando-lhe as feições. Todos eles eram extremamente novos e todos eles sabiam disso. Mas Draco tinha razão; Laurel faria qualquer coisa pela sua família e pelos seus amigos e nunca seria grata o suficiente a Astoria pela oportunidade que lhe estava a dar. Faria tudo por aquele bebé e amá-lo-ia como uma mãe, embora nunca fosse tirar o lugar de Astoria.

       Ainda assim, Laurel fez uma promessa: daria à Greengrass mais tempo com o seu filho. Investigaria, desenvolveria poções, feitiços, qualquer tratamento que permitisse a Asty amar e ser amada de volta, tal como ela desejava.

          Três anos depois, nasceu Scorpius Hyperion Malfoy, filho de Draco Malfoy, Astoria Greengrass e Laurel Ravenclaw, na família mais estranha e cheia de amor que poderia existir.

**

Acho que esta foi a ideia mais louca que tive e, ainda assim, tenho a certeza que faz todo o sentido. Laurel faria tudo pela família e pelos amigos e Astoria queria dar-lhe a oportunidade que Voldemort lhe tirou: a maternidade. Todos ganham e, se alguém era capaz de fazer com que isto resultasse, seria a nossa querida e gentil Laurel Ravenclaw. Não concordam?

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