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||_Pecados_||

|A igreja estava vazia. Sereno e sua bíblia católica apostólica romana estavam conversando como dois bons amigos. O marcador estava sobre o livro da sabedoria, o Monsenhor havia escolhido aquele trecho ao acaso. As luzes estavam apagadas, mas os raios de sol entravam tranquilamente e Hernandez estava sentado nas cadeiras onde os fiéis sempre estavam a observar suas missas e pregações. A vista embaçada sentia o peso da idade e o velho Sereno às vezes perdia a atenção e olhava para o lugar onde era o centro das atenções há mais de três décadas. Sereno sabia que o momento estava chegando, logo estaria fora daquele lugar.
Uma boa parte da vida do Monsenhor Hernandez fora dedicada aos ensinamentos religiosos e, por muito tempo, ouvir foi bem melhor que falar. Quando chegou à Rua dos Sonhos no início da década de 1970, os moradores daquele lugar já não eram mais tão importantes no cenário municipal. Metade casas estava desabitada e, assim, a igreja conseguiu adquirir algumas delas por um valor bem abaixo do mercado imobiliário da época. Com as aquisições a paróquia cresceu, cedeu moradias aos trabalhadores mais dedicados da igreja. Elen, a mãe de Eron, recebeu a documentação de propriedade de uma pequena casa na Rua dos Sonhos no final dos anos 90. Não foi um presente, como todos achavam. A igreja indenizou a família Menezes pelos serviços que o pai de Eron prestou à paróquia por diversos anos.
Hernandez lembrava bem daquela família humilde e unida, tudo estava bem. Eron era bem pequeno e esperto e sempre que podia, aparecia na igreja. Elen cuidava do lar e se dedicava à alimentação das pessoas envolvidas nos trabalhos pastorais. Emprego era difícil naquela época, e por um lar para morar e algum trocado semanal, Ramon Menezes, pai de Eron, prestava serviço como zelador e cuidava da manutenção da igreja. Todos estavam felizes.
No início de 2001, Elen ficou grávida. Seria uma menina a nova integrante da família Menezes e tudo estava perfeito, mas no Natal daquele ano, logo após a missa de Natal, Ramon caiu da torre da igreja. A queda de uma altura de mais de 30 metros foi fatal. O chefe da família Menezes nem chegou a ser socorrido, seu corpo cansado não resistiu à queda e todos choraram por dias. Sereno nunca conseguiu esquecer-se de o corpo ficou estendido no chão, e da mancha de vinho que estava exposta no lençol que cobriu o corpo de Ramon. Essa passagem marcou muito Hernandez.
Há onze anos, outro fato marcou a passagem do monsenhor na comunidade. Era uma segunda-feira bem cedo quando a menina mais linda da cidade entrou na igreja, fazia tempo que Sereno não a via naqueles corredores. A jovem tinha crescido bastante, havia ganhado vários prêmios de beleza na cidade e estava prestes a entrar na faculdade de Direito. Namorava Guilherme Guilhar, outro morador da Rua dos Sonhos. O futuro daqueles jovens parecia brilhante, todos estavam com a força que transformava todos os desejos em possibilidades, e eles sabiam disso. Nessa época, a igreja deixou de ser prioridade e as baladas tomaram a força que seria dedicada a Deus na santa missa do domingo.

— Monsenhor? — Chamou Iris.
— Oi, minha filha, o que houve? — Hernandez largou o que fazia e estendeu as mãos para a jovem que o abraçou.
— Preciso me confessar... — Disse ela coberta de olheiras que tragavam sua beleza. — Eu...
— Calma. Sempre existe tempo para Deus. — Ele passou as mãos sobre os cabelos dourados e desarrumados de Iris. — Não importa os seus erros e o que te perturba. Todos somos pecadores, minha filha...
Iris estava em prantos. Foi necessário alguns minutos de espera para que a menina se controlasse.
— Sou todo ouvidos, minha filha. — Tranquilizou o Padre.

Sereno ouviu tudo o que a jovem tinha a dizer, cada palavra que o coração de Iris dizia era recepcionada com sabedoria por Hernandez. Os fatos narrados pela jovem deslumbrante chocaram, mas para Deus tudo tinha uma saída. Conselhos foram dados e Sereno deixou bem claro a jovem que para Deus o perdão era regra para os que se arrependiam de coração. Hernandez passou vários dias pensando sobre o que Iris Almeida havia contato em sua confissão, o padre sabia que seriam dias difíceis para a jovem que teria que mudar sua vida radicalmente para assumir as consequências dos seus atos. Aquela segunda foi a ultima vez que Sereno viu a bela menina que cresceu naquela rua, que encantava visitantes e agora era aplaudida pela cidade. Sete dias após a confissão, Iris desapareceu para sempre, a mansão antiga que morava estava revirada e banhada de sangue, no outro dia a Rua dos Sonhos estava repleta de repórteres e estudantes de direito. O cheiro de sangue do primeiro andar daquela casa e das chuvas de verão causavam náuseas a qualquer pessoa que visitasse aquele lugar logo após aquela tragédia. Mas Sereno rezou por horas, rezou por dias, semanas, pois não existia um corpo que sinalizasse o óbito, apenas indícios de um crime que poderia ter ocorrido de várias maneiras.
A polícia interrogou várias pessoas, varias missas foram feitas ao ar livre na Rua dos Sonhos e, em poucos dias, as escadas da igreja serviram de apoio para várias outras famílias que buscavam seus entes queridos que, de alguma forma, desapareceram. Eram cartazes, faixas e muitas lágrimas. Sereno se recolheu às vezes diante dos acontecimentos, mas teve sua paz ainda mais comprometida quando de alguma forma poderia ajudar nas investigações e não o fez. A confissão de Iris estava diretamente ligada ao que tinha acontecido, mas segundo o direito canônico da Igreja Católica, o segredo sacramental da confissão era inviolável, tudo previsto em leis para fortalecer os preceitos morais e éticos do sigilo profissional, assim padres e outros profissionais não poderiam quebrar o segredo mesmo em depoimento judicial.
O velho Sereno permanecia ali em seus últimos dias como portador da palavra e na gestão daquela Igreja, naquela rua pequena e cheia de pecados e segredos. Nos últimos anos não houve um único dia em que Hernandez não se lembrasse da jovem e suas olheiras. Os pesadelos constantes aumentaram, mas pelos votos que fez ao entrar na Igreja, o Monsenhor estava preso a uma culpa que poderia salvar pessoas. E tudo isso em nome de Deus. Ultimamente, uma visita constante o perturbava e o velho Padre sabia que algo novo aconteceria antes que deixasse a Rua dos Sonhos. Ele estava feliz, mas com medo.
Eron o visitava constantemente nos últimos dias trazendo todo o peso dos pecados daquele lugar. A experiência era forte e amedrontava Hernandez, pois apesar de conhecer alguns fatos, o mais íntimo da presença de Eron de Menezes era um mistério para ele. Sereno sempre sentia quando o antigo morador da Rua dos Sonhos vinha visitá-lo e hoje Eron estava sentado atrás do Monsenhor. Hernandez sentiu a presença do rapaz, fechou os olhos e rezou baixinho com os olhos fechados. Não havia mais ninguém ali.
Sereno chorou como uma criança outra vez.
— Padre... — Sereno estremeceu. Eron esperou o Monsenhor terminar sua oração.
— O que faz aqui, Eron? Volte pro seu lugar...
— Não consigo. — Eron chorou baixinho em sussurro. Hernandez não olhou para trás.
— As coisas não saíram como deveria, mas Deus vai ajustar as coisas. — Sereno enxugou as lágrimas e limpou as mãos na batina branca.
— Mas sofro tanto... — Deus me abandonou... Abandonou. — A pele branca de Eron dava lugar à vermelhidão. Sereno virou-se e tocou a mão fina de Eron de Menezes.
— Suas súplicas querem perdão ou solução pelo que ocorreu no passado? — Disse Hernandez sem conter as lágrimas.
— Os dois, Padre! Os dois... — Disse Eron. Hernandez recebeu as palavras do jovem e desfaleceu aos poucos.
Sereno desmaiou sobre as cadeiras da igreja, Eron se foi.

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