Capítulo 3 - Quem se importa?
O planeta ao qual pousaram era completamente artificial, criado a partir de ligas metálicas e rochas extraídas de diversos asteroides ao redor da Via-láctea. Não havia nenhum tipo de composto orgânico detectável, algo que preocupara bastante a dupla enquanto desciam, no entanto, depois da calorosa recepção, os medos se afastaram.
Chester os recebeu no porto espacial, trajando roupas que pareciam ser constituídas a partir de diversos nano robôs e uma capa azul-celeste feita de um raro tecido oriundo do planeta Terra. Após as formalidades Rodrigo e Nicole contaram ao anfitrião o motivo de estarem ali, o objetivo de suas vidas e suas crenças. No entanto, Chester se mostrou alheio a tudo isso e suas palavras desmedidas, não foram bem recebidas pela dupla.
— Quem se importa se mais uma luz se apagar?
— Eu me importo — afirmou Rodrigo.
— Só você — Chester afirmou enquanto desviava o olhar de seus visitantes.
Nicole não entendia como um homem de tão alta estirpe, demonstrando um intelecto peculiar, poderia ser tão insensível a uma causa altruísta.
— Se me permite... — Reagiu Nicole. — Por que mudou de humor tão de repente?
O homem olha-a com frieza e abre os braços, depois gira lentamente em torno de seu próprio eixo olhando para cima e diz:
— Olhe tudo isso. Contemple a arquitetura da destruição, do isolamento, do medo, da audácia, da frieza, do desespero e ambição humana.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou-lhe Rodrigo.
— Quando as galáxias se tornaram inalcançáveis, ficou claro o plano de Deus para a humanidade. Estaríamos fadados ao esquecimento e extinção. Então, os humanos começaram a construir Esferas ao redor de suas estrelas e sistemas estelares para se protegerem de possíveis ladrões de estrelas que necessitassem de energia. — Chester cruza as mãos atrás do corpo e olha para seus próprios sapatos pretos brilhantes, sorri e depois olha para os visitantes. — Acontece que cada sistema que se trancava numa esfera passava para os outros a mensagem de individualismo. Logo, todos concluíram que estavam largados a própria sorte e que deveriam fazer de tudo para sobreviverem.
— E à partir daí perderam o contato com os outros sistemas da galáxia. Eu sei disso. — Verbalizou Rodrigo.
— Mas é claro que sabe, não duvido de seus conhecimentos históricos. No entanto, há fatores que a História não menciona, os pensamentos das pessoas, pensamentos esses que as levaram ao declínio irreversível.
— Quer ir direto ao ponto? Sabe porque estamos aqui. Vai nos ajudar ou não? — Vociferou o rapaz.
— Você não entendeu ainda... Não existe humanidade para salvar.
Nicole e Rodrigo ficaram pasmos diante daquela afirmação, se entreolharam e então a garota aproximou-se do misterioso homem e perguntou:
— Você não está falando sério, não é mesmo?
— Qual foi a última vez que entraram em contato com um ser humano? — Questionou Chester, virou-se de costas para a dupla e começou a se afastar deles lentamente.
— Faz trinta anos. Quando saímos de Aldebarã. Mas o que isso quer dizer? — Rodrigo usava um tom de voz mais alto, demonstrando verdadeira impaciência.
— Quer dizer que vocês são os últimos seres humanos da galáxia — disse o homem sem olhar para trás.
— Nós? E você?
— Meu caro, não percebeu ainda? — Após a questão, o corpo de Chester se desfez numa nuvem de partículas que desapareceram rapidamente.
Rodrigo correu até o local aonde o homem estava e observou o chão, depois o céu, mas nada alí apontava uma direção para onde ele pudesse ter se teletransportado. Não havia hastes de teletransporte por ali. Ele olhou para a companheira e com ar confuso indagou:
— Ele era real, não era?
— Acho que sim. Mas não humano.
— Como assim?
— Acredito que ele seja uma projeção holográfica.
Rodrigo entristeceu instantaneamente. Olhou para sua nave e pensou nos possíveis destinos que teriam, mas todos terminavam em morte certa.
— Alguém aqui tem um ótimo discernimento. — A voz soou de todos os lugares.
Nicole girava procurando o autor daquelas palavras, mas tudo o que via eram prédios e naves abandonadas. Engoliu em seco e agarrou o braço de Rodrigo. Tão logo ele fez isso, surgiu diante deles a imagem do anfitrião, com um largo sorriso no rosto.
— Ok. E o que fazemos? Desistimos? Sabe o que queremos.
Chester caminhou ao redor da dupla, olhando-os fixamente com ar introspectivo. Parou diante da moça e sorriu, depois abriu os braços e disse:
— Não vieram até para desistir não é? Vocês disseram que se importam com a luz da Última. Pois bem, existe um meio de mantê-la brilhando e recuperar todas as outras.
— Mas... Todas as esferas que visitamos abrigavam estrelas à beira da morte. Sugaram tanta energia delas que não é possível que durem tanto tempo mais. — Explicou o rapaz.
— Existe um jeito.
— E qual é? — Perguntou Nicole.
— Enquanto vocês estiveram presos naquele planetinha na borda de um buraco negro, o tempo passou, e não foram só trinta anos. Nesse interregno, os humanos construíram o Conversor estrutural de essência eletromagnética. E com isso, transformaram seus corpos em energia pura, em parte por medo da morte física, acreditando que se tornariam imortais assim, e por outro lado, porque não se importavam mais com nada.
— E como isso pode nos ajudar? — Questionou a moça.
— Dá para fazer o processo inverso.
— Ainda não vejo como isso pode nos ajudar — afirmou Rodrigo.
— Quanta matéria tem num buraco negro? — Pergunta o anfitrião.
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Olá pessoas lindes!!
E aí, estão curtindo? Muita coisa pra lidar, ou ainda não? rsrsrs
Bem, vamos em frente então, vejo vocês no próximo capítulo.
Beijos da Pri!!!
xoxo
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