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Capítulo 1 - Um lugar a mais na mesa

Rodrigo despertou assustado, suando, arfando e flutuando pela cabine mal iluminada. Agarrou o corrimão guia e locomoveu-se até a poltrona. Sentou-se, tapou a face com as mãos e depois de um longo suspiro passou a respirar normalmente. De novo, o mesmo sonho. As imagens de seu momento onírico eram claras e familiares: a família sentada ao redor de uma mesa, com uma cadeira a mais do que deveria ter, a mãe fazia questão de mantê-la ali, já o pai insistia em retirar, doía-lhe muito saber que a filha havia se perdido no espaço.

O rapaz consulta os dados no computador e detecta a próxima esfera. Calculou a distância e presumiu que se aumentasse um pouco a velocidade poderia chegar lá em menos tempo do que as duas semanas previstas. Verificou os tanques de combustíveis e concluiu que seria possível. Sorriu e flutuou em direção ao corredor. Passando por diversas escotilhas avistando apenas o manto negro, frio e solitário do espaço sideral.

Alcançou a porta dos aposentos da companheira, tocou o botão e um sinal sonoro soou fino e prolongado. Instantes depois a meiga e sonolenta voz de Nicole soou pelo aparelho.

— Espero que seja importante.

— É sim. Posso entrar?

A porta deslizou para baixo emitindo um som de ar pressurizado escapando e um suave ruído metálico. Rodrigo se lança para dentro, onde a garota estava sentada no teto amarrando os cabelos como um rabo de cavalo.

— O que é tão importante?

— Encontrei mais uma esfera. Está a duas semanas daqui, mas dá para diminuir o tempo se acelerar a nave um pouco mais.

— Melhor não. Se forçarmos agora, não teremos para depois. Sabe que tipo de civilização habita a esfera?

— Não. Longe demais para fazer contato.

— É realmente uma pena. Acha que será dessa vez?

Rodrigo flutuava como se estivesse nadando, aproximou-se da janela do quarto da moça e tocou o vidro com as duas mãos, sua respiração criava uma mancha embaçada na superfície transparente. Ele vira-se para ela vagarosamente e diz:

— Espero que sim. Não podemos perder a última.

Nicole flutua para junto dele, abraça-o por trás e sussurra em seu ouvido:

— Não. Não podemos mesmo. Mas é para isso que você está aqui. Para não deixar que a última luz se apague.

Ele sorriu e girou para encará-la, mas ela foi mais rápida e o envolveu com um beijo.

— Você acha que eles sabem? Acha que eles se importam? — Rodrigo afastava-se de Nicole lentamente até encostar-se na janela. — Droga! Estou falando como se tivesse certeza de que estão lá.

— Ei, ei... Não desanime. Dessa vez dará certo, é sério. Você vai ver.

— Não sei... Era tudo mais fácil quando não existiam essas Esferas de Dyson. Podíamos medir energias e nos comunicar mais facilmente. Sem contar, que a maioria dessas porcarias estão abandonadas.

— Presta atenção! — Nicole aproximou-se novamente do rapaz, pousou as mãos sobre seus ombros e olhou no fundo de seus olhos. — Só porque não pode ver, não significa que não está lá.

— Espero que esteja certa Nic. Estou cansado de procurar ajuda. Em pouco tempo não teremos mais combustível para continuar procurando. E só nos resta energia para um salto. Queria que todos tivessem notado isso tudo há tempos.

— Eu sei que estamos em fase crítica, mas dará tudo certo. Essa com certeza terá alguém que estará disposto a nos ajudar. Não temos muita coisa ao redor, não é mesmo?

— Uma nebulosa inerte e o buraco negro central, além da estrela. — Rodrigo impulsiona-se para o alto e gira o corpo para tocar o teto com os pés. — Eu não sei se a nave aguenta mais uma estilingada. Pode ser nossa última parada, entende isso?

— Entendo. Mas, e se não der certo, o que pretende fazer?

— Temos poucas opções. Um salto nos levaria há pouco mais de cem mil anos luz daqui, ou seja, ainda estaríamos na bolha galáctica. O combustível não nos levaria muito longe, talvez só mais uns seis meses de voo. E usar o buraco negro como estilingue pode nos lançar para fora da galáxia, mas não chegaremos a lugar nenhum, as galáxias vizinhas são inacessíveis.

— É... Não é nada esperançoso. Me lembro de quando o capitão falava, que um dia, todo humano aprenderia ter as estrelas como guia. Se ele olhasse para o céu agora, com uma única estrela, o que ele diria?

— Que não aprendemos nada.


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Olá pessoas lindes!

Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo, porque os demais estão iraaados.

E aí? Pescou alguma referência?

Beijos da Pri!

xoxo

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