Acordo com uma dor nas costas terrível. Nem mesmo o colchão do hotel de beira de estrada mais podre fez isso comigo. Ou eu dormi de mau jeito ou essa dor vem da culpa.

- Brie?

O quarto está escuro, porém eu não encontro o corpo dela com minhas mãos. Chamo-a de novo e me levanto quando sinto que algo está errado. Olho no banheiro e no corredor. Nada dela.

Passo pelo armário e vejo que a mala dela sumiu, em seu lugar há uma carta escrita no verso de uma folha qualquer. Brie, o que você fez dessa vez?

Owen,

Eu não sei como te dizer isso. Pessoalmente não seria a melhor maneira porque eu desistiria. Essa carta me pareceu uma boa opção.

Estou partindo. Sei que minhas coisas estão no porta malas do seu carro, pode se livrar delas, eu não ligo, não sou muito apegada a nada que está lá mesmo. Não estou levando nada seu comigo além das memórias. Quero te deixar todas as minhas boas energias.

Não voltarei para o meu antigo apartamento, mas também não lhe contarei para onde vou. Não, Los Angeles não será o meu destino agora, preciso resolver algumas coisas antes... Sei cuidar de mim mesma e estou ligando para a polícia, denunciando aquele cara que invadiu meu apartamento.

Eu sei que a gente declarou que se amava noite passada. E mesmo o sentimento sendo super verdadeiro, eu não acho certo aparecer na sua vida e bagunçar tudo.

Eu sinto muito.

Brie.

Termino a carta e olho para o quarto vazio. Minhas mãos caem na cama e o último resto de vida que eu tinha se vai. Brie sumiu e você nunca mais vai achá-la. Pego as minhas coisas, desço e vou ao balcão da recepção. O gerente me diz que o meu quarto já foi pago e que uma garota do cabelo colorido foi embora fazia alguns minutos.

Agradeço. Entro no meu carro e ligo para Brie.

- Olá, aqui é a Brie e você está indo direto para a minha caixa de mensagens. Talvez eu esteja ocupada ou vi seu número e não quero te atender. Por favor, deixe seu recado. - A voz dela é como de uma criança mimada.

- Brie, o que quer que você esteja fazendo, por favor, não faça. Não vá embora agora quando acabamos de chegar. Por favor, não faça isso.

Desligo. Presto atenção no trânsito e procuro pro Brie em todos os cantos.

Tento seu celular novamente. Onde essa garota se meteu?

- Ei Brie, sou eu. Por favor, me atenda. Nada do que aconteceu ontem foi sua culpa, meu pai sempre teve motivos para divorciar da minha mãe, mas eu estava cego com o fato de ela ter me criado. Deixe-me te ajudar a perseguir seus sonhos.

Tenho tanta raiva dentro de mim que deveria estar esmurrando o volante em vez de agarrando-o e dirigindo por essas ruas. Sigo as placas em direção a Golden Gate Bridge.

- Brie, você é a pessoa mais maluca e amável desse mundo. Quantas vezes eu vou precisar cair na sua caixa postal para você se tocar que eu tenho uma queda por você? Eu te amo, garota do cabelo colorido. Por favor, me atenda.

Olho para frente e não tenho tempo de fazer algo. O trânsito na entrada da ponte está parado e eu estou acima do limite de velocidade. Giro o volante para desviar do carro da frente, mas bato de frente com a mureta que separa um terreno vazio da rua.

E então é isso.