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15 - A torre do sino


Quando consegui dormir eram quase quatro horas da manhã, o que pode explicar eu ter acordado depois das duas da tarde.

Lenna e vovó Ophelia devem ter vindo me chamar algumas vezes para o café da manhã. Isso há horas atrás.

Hoje é o dia do baile beneficente. Preferi permanecer inerte, na minha cama. Embora eu saiba que é uma questão de tempo até Rosana aparecer aqui e iniciar seu showzinho autoritário.

Acho que posso vencê-la. Costumo ser ser boa em vencer as pessoas pelo cansaço, só preciso ser mais teimosa que a maioria delas.

— Por que você ainda está deitada? — O som da minha madrasta me chamando ecoa no meu quarto assim que ela abre as portas.

Estou com os olhos fixos no lustre do teto. Tem doze cristais pendurados, pelo menos, dos que eu posso contar.

— Levante, Isla! — Ordena como se fosse um chefe da guarda.

— Estava pensando... E se eu não for ao evento no Willow?

Não quero mais fazer isso.

— E, eu posso saber o porquê você pensaria que eu permitiria, Srta. Isla? — A escuto perguntar.

— Porque eu não quero. — Sem sinal de mentiras por aqui. — No mais, vai ser melhor. Assim você não precisa se preocupar comigo estragando a minha imagem. — Eu não sei o porquê afinei a minha voz.

— A sua presença é fundamental, prometeu que iria, esqueceu?

— Não, errado. Você prometeu que eu iria.

Rosana começa abrir as cortinas, permitindo a entrada da claridade que invade o meu quarto e tosta minhas retinas.

— Levante! A equipe que irá preparar você chegará dentro de algumas horas.

— Acho que vou ficar aqui.— Puxo o cobertor até a minha cabeça.

— Isla Nicolina Ophelia Grant, levante agora mesmo ou eu serei obrigada a levá-la arrastada!

— Boa sorte tentando. — Disparo num tom amorfo. — Deve haver alguns paparazzi acampando na entrada do condomínio, vão adorar registrar a Lady Rosana cometendo maus tratos.

— Já chega! — Esbraveja, puxando a coberta de mim, para fora da cama.

Tento segurar, mas ela é mais rápida que eu, e antes que ela consiga puxar o meu pé, fazendo jus à um filme de terror, eu me sento, abraçando as minhas pernas.

— Estou indisposta! — Retruco com os olhos fixos nos dela. — E, até onde eu sei, a constituição que você me faz ler e reler desde os meus dez anos me garante a liberdade de fazer o que eu quero. — Argumento. — E, embora eu não tenha essa opção em muitos aspectos, eu devia poder fazer isso hoje nem que seja pela primeira e única vez na minha vida! — Paro de falar e sopro a mecha de cabelo que cai no meu rosto.

— Deixe de drama, garota. — Ela arqueia o olhar, evidenciando as marcas de expressão na sua testa. — Me deve isso depois da sua ceninha com a Megan e o Dylan ontem na casa do Lorde Chester!

— Não. — É tão bom dizer isso. Não.

Eu amo como o som dessa palavra se propaga.

— Não te devo nada. — Jogo a cabeça para frente, apoiando nos meus joelhos. — E, honestamente, querida madrasta, acho que precisa muito mais de mim do que eu de você. — Volto a olhar para a ruiva que parece uma chaleira laranja de tão bufante.

Ela não deve suspeitar que ouvi sua conversa ultramega suspeita no telefone, mas aparenta saber exatamente do que estou falando.

— Você é impossível, Isla Grant! — Ruge com a voz estridente. — É melhor estar pronta quando formos sair, porque você irá conosco, gostando ou não, querendo ou não, e do jeito que estiver!

Rosana sai sem dizer mais nada e eu jogo o meu corpo para trás, afundando nos travesseiros.

Posso não ter prometido nada a imprensa, mas prometi para Louisa que eu iria ao baile beneficente.

É, eu devia mesmo parar de fazer promessas nas quais não estou disposta a cumprir.

Ouço duas batidas na porta do quarto antes de ser aberta novamente. Dessa vez avisto Lenna, quem está carregando uma bandeja com um bule de chá e um pedaço de bolo de chocolate.

— Olá, senhorita. Reparei que ainda não comeu nada, por que não come um pouco? A Sra. Ophelia fez o bolo. — Diz colocando as coisas em cima da cabeceira.

Lenna é uma pessoa boa. Ela é gentil com todo mundo da família, até mesmo com a Rosana, e não me parece ser o tipo de pessoa que cospe no café no chefe.

Ela provavelmente vai direto para o céu por nos aguentar por tantos anos sem reclamar.

— Lenna? — Chamo, antes dela se virar para sair do quarto.

— Sim, milady? — Me olha atenta, pronta para atender um pedido.

— A senhora tem filhos? — Indago e acho que a minha pergunta ecoa várias vezes em seu consciente, causando uma grande confusão e espanto.

Ela não está entendendo nada, sei disso porque pisca incontáveis vezes antes de conseguir dizer alguma coisa.

— Eu? — Aponta para si mesma. — Não tenho.

Eu nunca parei para perguntar nada para a Lenna, digo, sobre a vida dela.

Ela me conhece desde que eu me entendo por gente e em compensação, eu vivo dando ordens para alguém que eu não sei muito a respeito.
Nessa mesma linha de raciocínio, pobre Harry, ele sempre cuidou de mim e eu nunca parei para perguntar nada da vida dele. Casado? Namorando? Filhos? Faculdades? Não sei nada, nadinha.

Eles devem achar que eu sou egoísta, soberba e fútil. Talvez eu seja mesmo. Menina malvada, Isla.

— Você já se casou? — Levanto da cama e caminho até ela, perto da cabeceira que havia posto a bandeja.

Acho que estou assustando a Lenna com as minhas perguntas.

— Eu só estou curiosa... — Tento tranquiliza-la, dando uma garfada no pedaço de bolo e enfiando na boca. — Eu nunca perguntei nada sobre você.

— Ah. — Ela sorri em meio ao nervosismo. — Eu não tive tempo para essas coisas. Minha família sempre foi muito humilde, precisei trabalhar a vida inteira, ajudei a criar meus irmãos e depois de crescidos tive que começar a trabalhar para cuidar de mim mesma.

Assinto devagar.

— Quantos irmãos?

— Três. Os três são mais novos que eu.

— Ainda tem contato com eles?

— Às vezes. Nos natais.

Não me parece feliz em contar isso.

— E, você nunca namorou?

Ela assente.

— Uma vez, mas... — Coça a garganta. — Não durou muito. — Há uma certa nostalgia, quem sabe.

Será que eu devo parar de perguntar? Ela parece estar ficando triste.

Olha o que você, faz Isla.

Se eu tenho um superpoder, é esse. A capacidade bizarra de abrir a boca e importunar as pessoas.

O evento no Willow começou às sete da noite, mas o graças a Rosana e a sua vontade de fazer uma entrada para as câmeras, nós chegamos quase às oito.

Nada novo: Incontáveis e irritantes flashes, acompanhados de perguntas invasivas.

"Isla Grant o que tem de dizer sobre as acusações contra a senhorita? "

A verdade dói tanto quanto um soco.

"Milady, a senhorita sabe se o príncipe já retornou? "

Não, por mim ele pode se manter escondido.

"Lady Isla, está animada para o baile de apresentação do herdeiro? De onde surgiu a ideia de convidar as crianças? "

Da mente maquiavélica da marmota ruiva"

"Senhorita, como se sentiu depois de ser agredida? "

Posso dar um murro na sua cara se você quer mesmo saber a sensação.

Ainda bem que Harry e Simon deram conta desses coiotes sugadores de almas.

Houve alguns rumores sobre o tio Albert também estar presente, o que só aumentou a demanda de paparazzi cercando o lugar.

Seria bom poder vê-lo e falar com ele. Talvez eu conseguisse me sentir um pouco melhor.

Estão barrando os jornalistas dentro do evento e câmeras não autorizadas. Para participar é preciso ter o nome na lista, o que acabou deixando os seguranças mais tranquilos.

Nem mesmo o Simon está me seguindo para todos os lados. Estou considerando esse momento praticamente como uma trégua.

— Milady, eu a encontrei! — Harry me chama.

Antes mesmo de conseguirmos entrar no evento, pedi uma pequena ajuda ao grandalhão para encontrar a Louisa.

Tem pessoas demais aqui, vindo de todos os lugares e indo para todos os lados, estava difícil me concentrar em alguma coisa. Muitos olhares, muitos cochichos, muitas perguntas.

No mais, Harry parecia como um muro entre eu e a multidão.

Ele me guiou para dentro do festejo, que ocorre tranquilo apesar de todo alvoroço no portão cromado da entrada.

— Deveria pedir um aumento de salário. — Comento com o motorista faz tudo.

Harry apenas sorri e aponta para a garota no meio do jardim bem iluminado, onde há algumas pessoas dançando.

Preciso admitir, ficou muito bonita a decoração ao ar livre, eles souberam aproveitar o terreno.

Há inúmeras barracas, decorações com luzinhas penduradas nas árvores, espalhadas pela propriedade.

Tem uma criançada correndo para todo lado, parecem animadas e felizes e nem é natal.

Louisa está usando uma coroa de flores rosa e um vestido franzido, com a saia na altura dos tornozelos, e não chega a cobrir aquelas mesmas botas de jardinagem.

Ela está conversando com alguém, de onde estou não dá para ver.

— Isla! — Diz assim que se vira e coloca os olhos em mim.

Louisa dispara na minha direção e passa os braços ao redor da minha cintura.

Abraços. Rosana costuma dizer que abraços são inconvenientes. Tanto que, eu não abraço ninguém, só a Harper algumas vezes, e é ela quem começa.

Abraços são inconvenientes. O que será que a Rosana quer dizer com isso? Inconveniente significa tranquilo e quente? Porque é assim que eu estou sentindo a pirralha.

— Eu estava tão animada! Contei os dias! — Sussurra sem me soltar.

Meio dura, talvez desajeitada, passo os meus braços ao redor dela. É uma tentativa mequetrefe e desengonçada de retribuir, porque eu não sei fazer essas coisas.

— Olha... — Ela diz, me soltando aos poucos, erguendo o queixo, e levando o par de olhos brilhantes aos meus. — Quero que conheça alguém! — Segura uma das minhas mãos e me puxa andando rápido, entusiasmada.

E então, para constatar o óbvio, que o universo está conspirando contra mim ou eu estou marchando contra órbita do planeta, descendo a ladeira da vida na contramão: com uns oito passos de distância de mim, lá está ele.

— Isla, esse é o meu amigo, o nome dele é Jack!

Jack Ahren se põe de pé e olha em volta como se procurasse por algo.

— Oi. — Ele me cumprimenta com um sorriso largo, talvez exagerado, talvez desesperado. Mas, me cumprimenta, como se eu não fosse a garota que ele chamou de interesseira e gananciosa. Como se eu fosse alguém que ele acabara de conhecer.

Só que eu não sou. Eu sei disso, ele sabe disso, no entanto, acho que a Louisa não.

— Oi. — Respondo meio hesitante, mal ouço a minha própria voz.

Será que eu devo dar meia volta e ignorá-lo? Eu geralmente faria isso, sem vestígios de remorso, sem precisar me preocupar. Será que é agora que eu paro para pensar? O que me prende a essa circunstância ridícula?

Olho para Louisa e ela ainda está sorrindo. Eu quero morrer.

— Eu estava contando para o Jack sobre a sua visita e que seu sorvete favorito é de menta com pedaços de chocolate. — Ela ainda segura a minha mão. Não é nenhum devaneio, é real e não um sonho maluco. — Ela também me contou sobre o filme favorito dela, qual é mesmo, Is?

Is. Faz tanto tempo que não me chamam desse jeito. Nem mesmo a minha família torta ou a Harp.

— A noiva cadáver. — Digo e engulo em seco.

Certo, isso pode ter soado especifico demais, mas eu não menti. Eu gosto mesmo desse filme.

Jack desliza uma das mãos para dentro do bolso da calça, ainda me olhando inexpressivo e quieto.

— Louisa! — Um garotinho, o Ashton aparece repentinamente. — Tem tendas de doces artesanais e de jogos do outro lado.

— Mentira! — Ela arregala os olhos.

— Verdade verdadeira! — Ashton a chama sacudindo as mãos. — Você precisa ver!

— Eu já volto, fica aqui! Não some! — Louisa pede sumindo com o menino entre a multidão.

Ela não pode me deixar aqui sozinha com ele.

— Lou, eu... — Tento até dizer alguma coisa, em vão.

Torno a olhar para frente e encarar o rapaz num modo taciturno.
A noite pode ser mais longa do que eu pensei que seria.

Rosana deve estar procurando por mim e querendo me esganar por não ter dado uma declaração sequer aos jornalistas.

Bom, a Lou não está mais aqui, posso dar meia volta e desaparecer. É o que eu vou fazer.

Giro sobre os calcanhares sem dizer nada, contudo, em questão de pouquíssimos átimos, sinto uma mão segurar a minha, enlaçando os dedos nos meus.

— Ei. — Jack Ahren me puxa de forma leve, me fazendo ficar cara a cara com ele.

— O que pensa que está fazendo? — Inquiro de imediato.

Ele articula a boca algumas vezes, mas não diz nada a princípio.
Posso sentir sua respiração quente bater contra as minhas bochechas, ao mesmo tempo que os seus olhos esquadrinham cada centímetro do meu rosto.
Jack pressiona a mandíbula, solta o ar relaxando os ombros e olha ao nosso redor, onde ainda tem casais dançando e pessoas transitando.

— Dança comigo? — Seus lábios mexem num pedido que soa tranquilo, caótico e intenso.

— Como é? — Me sinto dura feito pedra.

— É. — Ele coloca uma das minhas mãos sobre o seu ombro, e segura a outra enquanto seus dedos entremeiam com os meus. Por fim, envolve a minha cintura, me trazendo para mais perto.

Estou sem reação, não sei o que fazer ou como me mover.
Eu não estava esperando, pensei que ele iria me ofender como o de costume, ou fazer algum comentário cáustico.
Talvez eu preferisse que fosse assim, eu saberia como contornar e controlar a situação.

— Qual... Qual é o seu problema? — Consigo dizer.

Preciso sair daqui, empurrá-lo, afastá-lo.
Se a Rosana me pega ela me mata. Especialmente pelas pessoas que estão vendo isso, o que vão pensar da noiva do príncipe dançando com outro rapaz? O que vão pensar?

— Preciso que seja mais especifica, eu tenho vários. — Ele rebate, tentando me conduzir.

Estamos oscilando em passos tranquilos, de um lado para o outro, ao som do que parece ser os Beatles.
Acho que eu nunca dancei com ninguém, além do Tio Albert nos meus aniversários, da Harper e dos professores nas aulas de dança.
Até porque eu não sou boa dançarina, e qualquer um em sã consciência teria receio de convidar a noiva do príncipe para dançar.

Chega a ser engraçado.

A questão é que, agora, é muito estranho estar fazendo isso justamente com ele. Porque Jack Ahren está perto demais.
Seu cheiro é uma combinação meio maluca de bala de café, perfume, pasta de dente de hortelã e naftalina. Provavelmente pegou a jaqueta que está usando do fundo do guarda-roupa.

— Vo-você enlouqueceu. — Digo, piscando várias vezes.

— Algumas pessoas diriam o mesmo. — Ergue o canto dos lábios.

Por que ele está sorrindo? Devo estar com um tremendo ponto de interrogação estampado no meu rosto.

— Não está zangado? — Junto as sobrancelhas. — Afinal, eu sou gananciosa, oportunista... E talvez devo atrair criancinhas que nem a Louisa com casas feitas de doces, para comer elas no jantar!

Jack Ahren nega com a cabeça.

— Eu não sei se consigo ficar zangado com você por muito tempo. — Dispara tão fácil, como respirar.

Eu não entendo esse garoto. Não mesmo. E, isso é tão irritante quanto ele. Mas, de alguma forma me mantenho aqui, dançando com ele, mesmo que eu esteja o encarando desacreditada e mesmo que eu esteja me aproveitando da oportunidade para irritar a Rosana, manchando a reputação ela se empenha tanto em consertar.

Tudo isso não faz o menor sentido. A primeira vez que eu o vi, foi na cripta do meu pai e eu podia jurar a mim mesma que jamais o veria de novo.
Como é possível essa criatura ser o meu parceiro de aula e de um jeito extremamente irônico, amigo da única pessoa que eu gostei fortemente de cara e sem questionamento algum, a Louisa?

— Por quê? — Inquiro incrédula.

— "Por quê?" O quê? — É claro que ele não entende muito a minha pergunta.

— Parece que você está em todo lugar! — Exclamo, sorrindo de nervoso da minha própria afirmação. — É como um chiclete colado no meu sapato!

— Não estou aqui por sua causa se é o que está pensando. — Rebate, sem demora alguma.

— Não pensei nisso... Eu só... — Fungo em frustração. — Não se irrita com isso?

— Com você? Às vezes. — Jack faz uma careta e meus olhos rolam em resposta. — Eu não deveria ter dito aquelas coisas. — Confessa, me deixando ainda mais confusa. — Geralmente eu não... — Ele morde o lábio com força, como se barrasse suas palavras e sacode a cabeça. — Geralmente eu não sou assim, eu gosto de analisar bem as situações, mas, quando o assunto é você...

— Você perde a paciência. — Enuncio antes que ele possa dizer o óbvio. — É eu sei. Bem-vindo ao clube. — Forço um sorriso, o que faz ele sorrir outra vez, só que não dura muito.

— Acho que te devo um pedido de desculpas. — Torna a falar, e me olhar de um jeito tão invasivo quanto ele.

Jack Ahren está se desculpando?
As pessoas geralmente não me pedem desculpas.

— Você me assusta. — Deixo escapar.

— Por quê?

— Só porque você não faz sentido, além estar em todo lugar como se me seguisse, feito um psicopata!

— Eu já disse, não estou aqui por sua causa.

— O que está fazendo aqui? — Tento ir direto ao ponto.

— Gosto dos pestinhas. — Ele olha para criançada correndo e depois para mim.

— Há quanto tempo conhece a Louisa? E... Como?

— Eu... — Umedece os lábios. — Cresci num orfanato também.

— A Emma me contou essa parte. — Eu deveria ter me lembrado desse detalhe. — Sabe o que aconteceu com...?

Por que você está perguntando, Isla?

— Mãe mortinha e pai... — Ele revira os olhos. — Bom, eu sei lá.

Cacete.

— É sempre tão delicado com as palavras?

— Não com você. — Ri baixo. — E, por que não se solta? Você tá toda dura. — Ele me afasta para me girar e me puxa de novo.

Mais perto. Eu estou mais perto agora.

Uma das suas mãos andarilha as minhas costas. Com a outra, desliza a ponta dos dedos vagarosamente do meu cotovelo, pelo meu antebraço até entrelaçá-los com os meus outra vez.
Os olhos do Jack parecem refletir todas as luzinhas das redondezas, e ele continua sorrindo. Nem parece ser o garoto sério que me disse aquelas coisas na biblioteca.

— Isso não muda nada. — Engulo em seco, me referindo a dança. — Não somos amigos.

— Por que gosta de dizer isso?

— Porque eu não digo verdades com frequência. — Minhas palavras podem ter saído um pouco ásperas.

— Se não somos amigos. — Ele estreita os olhos. — Por que ainda está dançando comigo?

Acredito que minha cota de Jack Ahren excedeu por uma noite, e eu preciso poupar as minhas energias até o fim desse evento.

— Aceito suas desculpas. — Me afasto uns centímetros. — Mas antes... — Piso no pé dele com força, o que o faz abrir a boca e resmungar da dor. — Estamos quites agora.

Não digo mais nada e volto a caminhar pelo terreno amplo, onde eu facilmente me perderia se não fosse por algumas plaquinhas rústicas que indicam os lugares.

Antes que eu possa me sentir a pessoa mais implicante do planeta Terra, avisto a Harper boquiaberta, próxima a uma dessas plaquinhas.

— Estava dançando com o Jack? — Harper pergunta colocando as mãos nos meus ombros. — Pensei que odiasse ele.

— Nem pergunta.

— Como assim eu não vou perguntar? Você estava dançando mesmo com o Jack... Tipo... Jack Ahren!

— Não estava não, você viajou para uma realidade utópica, onde ele não é metido a irritante e eu não tenho um mínimo de orgulho e vergonha na cara!

— Isla, o que aconteceu? — Harp para na minha frente me impedindo de continuar andando.

— Ele só... — Respiro fundo, nem eu sei explicar exatamente o que aconteceu ali. — Pediu desculpas.

— Por ter dito aquelas coisas?

— É, parece que sim. — Dou de ombros.

Harper leva a mão a boca e ri. Qual é a graça?

— Você veio com o seu pai? — Questiono, na intenção de mudar de assunto.

— Sim... — Assente. — Ele parou pra conversar com um amigo.

— E a sua mãe?

— Ela nem vai dar as caras. — Harper bufa abraçando o próprio corpo. — Inventou que está cheia de trabalho, mas eu sei que é por causa do meu pai.

Eu não julgo a senhora Piper. Pelo que eu entendi, ele enfeitou a cabeça dela como se enfeita uma árvore de natal, só que se passaram anos desde o divórcio e eles não encontraram uma forma de conviver sem que pareçam estar num campo minado.

Meu celular toca dentro do bolso da minha calça. Aposto que é a Rosana me caçando pelos cantos do terreno, com todo o drama costumeiro.

Estou prestes a resmungar alguma coisa para a loirinha do meu lado sobre isso, mas assim que os meus olhos param na tela desbloqueada e eu consigo ler a mensagem, travo por completo.

Número desconhecido - 20h54min:
"Posso contar o que a Lady Rosana esconde".

— Harp... — Seguro a mão dela e mostro o meu celular.

Os olhos da loirinha se arregalam no mesmo instante.

— Quem mandou isso? — Harp pergunta num cochicho.

Com um pouco de sorte pode ser alguma brincadeira de mau gosto das gêmeas ou do Dylan.

— O número tá bloqueado. — Digo depois de tentar ver e não conseguir.

Vi uma série sobre garotas que recebiam mensagens estranhas e viviam em perigo por causa de um alguém misterioso.
Acho que fiquei entretida tentando descobrir quem estava por trás de tudo, só que, receber uma mensagem anônima e muito suspeita, é realmente bizarro.

"Quem é você? " digito e envio.

Eu sei que se a pessoa quisesse que eu soubesse não teria mandado essa mensagem no anonimato, mas eu preciso tentar, além do mais, não sei o que responder.

Número desconhecido - 20h57min:
"Alguém que gostaria de ajudar"

"Vá até a torre do sino".

— Não! — Harper discorda, balançando a cabeça de maneira negativa. — De jeito nenhum e se for alguma tentativa de sequestro?

— Tem razão. — Respiro fundo com os olhos fixos no meu celular. 

Apenas quem sabe das minhas suspeitas sobre a Rosana são as meninas, ninguém além delas. Isso é muito esquisito.

— Mas, por que usar a Rosana e um suposto segredo pra me atrair?

— Talvez, porque você só tem falado nisso a semana inteira?! As paredes têm ouvidos. — Ela rebate falando ainda mais baixo.

Pode não ser nada, também pode realmente ser alguma tentativa de sequestro ou alguma piada de mau gosto.

— E, essa torre não está em reforma? — Harp pergunta.

De onde estamos, posso ver a torre alguns metros de distância, seria poucos minutos caminhando até lá. Nem irão sentir a minha falta, há poucas pessoas perambulando por aqui.

Meu celular torna a zunir com outra mensagem, dessa vez uma foto. A foto de um envelope, abaixo de um dos sinos.

Pode ser perigoso. Pode não ser. Pode ser verdade. É verdade que a Rosana está escondendo alguma coisa.

— Vem comigo? — Peço.

— Você vai ir lá? — Harper me lança um olhar incrédula. — E se for perigoso?

— Pela primeira vez na semana eu não estou com o Simon como uma sombra. — Pontuo. — E tecnicamente ainda estou dentro da propriedade do Willow, o que de tão horrível pode acontecer?

— Assassinato? Sequestro?

— Eu costumo ser a pessimista, Harp! — A recordo, já andando na direção da torre.

— E isso já diz muita coisa! Eu sinto que isso não vai acabar bem. — Ela resmoneia me seguindo. — E, se for algum serial killer? Nós não somos nem um pouco atléticas, sabemos o mínimo de ginástica e olhe lá! A gente foge das aulas de educação física!

— Fica com o número discado na emergência. — Sugiro dando o meu celular para ela segurar. — Qualquer coisa é só apertar e ligar.

A medida que vamos nos distanciando, somos atiradas na escuridão pela ausência dos postes de iluminação, e pelas nuvens que cobrem a luz da lua uma vez ou outra.

O vento soprou os fios de cabelo caindo sobre o meu rosto no segundo em que eu olhei para trás e pensei se não seria uma boa ideia voltar, todavia, as minhas botas já estavam afundadas na lama e não faltava muito.

O percurso deve ter durado três minutos inteiros, que foram preenchidos pelos resmungos da Harp, suas mil e uma teorias de como isso pode dar muito errado e o cricrilar dos grilos.

Avançamos à orla da propriedade, precisando passar pelas faixas e placas de segurança que alertam sobre o lugar estar em obra. Está ainda mais lamacento em volta.

A porta da entrada está destrancada, não faço esforço nenhum além de virar a tranca e empurrar. Ela é pesada, de uma madeira espessa, velha, coberta por musgo.

— Que escuro! — Harper sacode o celular para ligar a lanterna. — Meu Deus, Isla, aposto que o Drácula vive aqui!

Tem inúmeros lances de escadas até o topo da torre, os degraus são em espirais, rodeados por paredes de pedra, soturnas e estreitas.
Subimos bastante, vinte, trinta, eu não sei com exatidão. Apenas paro de subir para entrar no lugar úmido, alumiado por resquícios dá luz do luar, que permeia a única grande janela.

Tudo aqui cheira a terra e a ferrugem, quem sabe pelos sinos pendurados no topo, lá no alto, muito acima de nós.

— Viu alguma coisa? — Harper pergunta parada na entrada. 

Ela perpassa a luz da lanterna por cada canto para que eu possa enxergar.

— Achei! — Digo, assim que avisto o envelope em cima de uma pilastra.

— Isla, toma cuidado! — Harp pede, se aproximando.

— Não tem como ter uma bomba aqui. — Franzo as sobrancelhas com o envelope em mãos.

— Eu sei, mas, você não viu nas aulas de história? Antigamente envenenavam as páginas dos livros.

— As pessoas morriam envenenadas porque tocavam no veneno e levavam até a boca. — A relembro. — Eu não vou lamber o papel!

Finalmente abro, e tiro algumas fotografias.
São fotografias antigas, a maioria são da Rosana mais jovem, do lado da minha mãe e da rainha Amelie, exatamente como aquela que eu encontrei no closet da ruiva. 

Entretanto, são fotos diferentes, num lugar que eu não consigo reconhecer, não dá para saber ao certo se é uma igreja, um casarão. Eu só consigo ver janelas enormes e pilastras.

A última foto, está um pouco amassada, são de algumas crianças, talvez três, não consigo ver direito. 

— Isla! — Harper grita com desespero.

O meu corpo é empurrado e vai encontro ao concreto, seguido de um estrondo ensurdecedor, como se algo pesado colidisse com o chão.


O povo que leu a primeira versão, achando que sabe de tudo vai ter tombado nessa também, eu garanto! 🌚

KKKKKKKK QUEM ESPERAVA POR ISSO?


Então, vamos papear, naynay é fã de mistério, suspense, meus desenhos favoritos na infância eram scooby-doo, bein. Eu adorava.

O livro dois já tinha essa pegada mesmo, Isla mais Sherlock Holmes, daí eu resolvi trazer para o primeiro também, porque era algo que me incomodava no salto de um livro pro outro.

Agora me digam:

O quê acharam desse capítulo?

O quê acharam da mensagem anônima?

Alguma teoria?

O quê querem com a Isla?

Acham que ela fez bem de ter ido atrás?

O quê acham que vai acontecer agora?

E, o Jack puxando ela pra dançar? O quê deu no nosso menino?

O próximo capítulo sai amanhã, cheio de treco e eu já adianto que é um dos meus favoritos kkkkkk

Agora uns memes com spoilers pra eu não perder o costume:

Vou me despedindo por aqui. Beijos e salamandras! tiau!

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