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08 - Porque eu estou saindo em um avião...

Desde que Vovó Ophelia retornou de Giles, ela e Rosana não param de discutir.

As vezes pela maneira em que uma falou com a outra, as vezes por opiniões diferentes, as vezes por causa de torradas, uvas passas ou pela temperatura do aquecedor. Mas, na maioria das vezes por minha causa.

— Rosana, acredita mesmo que um pronunciamento público da Isla irá ajudar? Ela foi agredida por causa dessa exposição exacerbada, não acho que é a melhor coisa a se fazer no momento.

Ah, é. A coletiva de imprensa. 

Hoje é sábado, o dia em que teoricamente eu preciso pedir desculpas ao mundo por algumas coisinhas que eu fiz.
Confesso que estou tão animada quanto estava antes de receber um soco no meio da cara; só que agora, uma parte de mim está com receio de que algumas perguntas soem como: "O que sente após ter levado um soco no meio da cara?".

Subi as escadas em silêncio para conseguir ouvir melhor os gritos que vinham do quarto da Rosana, e quando percebi a porta entreaberta, resolvi sentar no ultimo degrau antes que me vissem.

— Precisamos arrumar a bagunça que ela fez, mãe. Se não, eu aposto que não será a ultima vez que tentarão agredi-la. Esqueceu de como as coisas funcionam?

— Podemos lidar com isso de outra maneira, podemos pedir apoio do rei Albert, mais seguranças e...

— E você acredita que é o suficiente?

— Francamente, sim. Isla precisa de tempo.

— Ela precisa de disciplina. Talvez terapia e quem sabe uma ressonância naquele cérebro!

Engraçado Rosana dizer isso, eu lhe recomendaria as mesmas coisas.

— Não devia ficar ouvindo a conversa dos outros. — Maya cochicha surgindo no corredor ao sair do seu quarto.

— Shiu! — Peço levando o dedo indicador aos lábios, a observando se sentar ao meu lado.

— Não pode culpar garota por algo que você fez ela se tornar! — Vovó Ophelia rebate.

— Está dizendo que a culpa é minha?!

— Não, estou dizendo que a responsabilidade é sua. E que será sua se ela participar da coletiva de imprensa nessas condições e não der conta!

— Acho que eu devia entrar lá. — Sou eu quem sussurra dessa vez.

— Eu acho que não. — Maya discorda no mesmo segundo. — Seria loucura. Vovó parece estar muito nervosa e você sabe que a mamãe não é fácil. Você ia acabar ficando no fogo cruzado.

Mas e se eu não fizer nada? E se eu ficar aqui, exatamente onde estou, parada no degrau do topo da escada, com a cabeça encostada no corrimão da madeira mais clara e ridiculamente brilhante que eu já vi.

E se eu não me mover? E se eu me recusar? E se eu não quiser da conta?

— Acha que eu não dou conta? — Pergunto baixinho.

— Delas duas ou da coletiva de imprensa?

— Não sei. Ambas.

Maya me encara e suspira fundo.

— Você acha que dá? — Ela devolve.

Passo a olhar para os arabescos do carpete da escada, não creio que posso responder essa pergunta agora.

Se eu consigo ler um discurso pronto para alguns jornalistas e algumas câmeras? Sim, eu posso fazer isso.
Agora, se eu quero, bom, eu acho que essa nunca foi, e nunca será a questão por aqui.

18h23min: "Enoc, sou eu de novo. Será que poderia pedir para o tio Albert me ligar depois da coletiva de imprensa? Ele vai assistir, não é? Preciso falar com ele".

Enviei essa mensagem há uns quinze minutos. Estou sentindo que vou explodir.

O som de passos ecoa pela sala de estar da minha casa, enquanto caminho de um lado para o outro, ensaiando o discurso para o pronunciamento que deve acontecer dentro dos próximos vinte minutos. Olho para o relógio na parede e são seis e quarenta e oito. Droga. Faltam doze. Só doze.

Posso sentir meus lábios tremerem ao mesmo tempo em que meus dedos inquietos arranham a barra do vestido.
Olho para as folhas em minhas mãos, mas as palavras parecem dançar diante de meus olhos, estão sem foco e sem sentido.

Acho que não posso fazer isso.

Por que a Rosana escolheu a faixada da nossa casa como cenário para o show de horrores que está prestes a acontecer? Estou encurralada, não tenho como fugir disso.

Posso tentar fingir um desmaio. É, eu posso sim. Fiz muitas aulas de teatro, posso parecer muito convincente.
Mas é possível que eu acabe só adiando o inevitável. A ruiva iria perceber a mentira e reagendar a coletiva.

— Senhorita? — Lenna se aproxima com o chá e eu paro de andar. — Chá de hortelã com uma rodela de laranja.

— Obrigada. — Digo estendendo a mão para pegar a xícara.

Olhando o meu reflexo na bandeja de vidro, consigo perceber que a maquiadora carregou o meu rosto com corretivo, tentando esconder o hematoma e o corte na minha boca.

Aproveitei para pegar um guardanapo que Lenna também trouxe e tirar o excesso.
Depois de ver, ia ser difícil não sentir que a minha pele estava pesada.

— Isla, está na ho...— Rosana diz ajeitando o topete do seu penteado, mas não consegue terminar. — O que você fez?

Engulo o chá e devolvo a xícara com o pires à bandeja que Lenna ainda segura, enquanto permanece em pé ao meu lado.

— Eu estou pronta. — Minto, arrumando os papeis nas minhas mãos. — Vamos acabar com isso logo. — Passo pela Rosana, caminhando em direção a saída.

"Lembre-se de ler pausadamente", "Respire fundo, dê algumas pausas", "Se conseguir marejar os olhos, pode ser útil". Foi o que eu ouvi da fila de assessores que me aguardavam do lado de fora.

A entrada está repleta de jornalistas, fotógrafos e câmeras, que estão sendo contidos pelas barreiras de cordas aveludadas. Caminho devagar em direção a um pequeno palanque a minha espera, com uns três microfones nele.

Com as mãos trêmulas segurando as folhas com o discurso ensaiado, tento engolir o nó que força a se formar em minha garganta. Todos os olhares se voltam para mim, de pé no centro da escadaria principal da minha casa.

— Boa noite a todos. Eu gostaria de agradecer, antes de qualquer coisa, por estarem dispostos a me ouvir. — Minha voz saiu mais baixa do que pretendia, quase um sussurro.

Os olhares expectantes da multidão apenas intensificam a sensação de que meu coração irá saltar pela minha boca.
Os jornalistas que antes conversavam uns com os outros, agora estão em silêncio. Eles aguardam minhas palavras. Sei que tudo o que eu disser será usado contra mim ou ao meu favor.

— Recentemente, algumas imagens minhas foram divulgadas. Imagens revelando que eu agi de maneira hostil e grosseira com alguns alunos do colégio Salgueiro. Por isso, estou aqui para assumir total responsabilidade pelas minhas ações e pedir sinceras desculpas por meu comportamento inaceitável. — Continuo, tentando manter a postura.

As palavras não estão facilitando para mim, estão todas embaralhadas e confusas. Gaguejei algumas vezes e devo estar pulando trechos inteiros do discurso de duas páginas.

— Não há desculpas válidas para o que fiz. Compreendo que minhas ações foram inadequadas, cruéis e injustas. Entendo o impacto negativo que tive nas vidas das pessoas afetadas por minhas palavras e ações, e lamento profundamente por isso. Desejo, sinceramente, que vocês possam encontrar a força para me perdoar. — Engulo em seco.

Espero que me perdoe. Meu pai diz segurando as minhas mãos.

— Não precisa ir. — Resmungo caminhando até a minha cama, repleta de bichinhos de pelúcia.

Ela era macia, o cobertor era felpudo. Ajeitei meu travesseiro para me deitar e meu pai me cobriu.

Olhos castanhos. Ele tinha olhos castanhos, fáceis de refletir qualquer luz e naquele momento as íris brilhavam com a luz amena do abajur.

— Eu vou voltar antes de você começar a sentir a minha falta.

— Isso não é verdade, você não vai estar aqui amanhã cedo e o Fred vai abrir o berreiro! — Apertei o urso contra o peito.

Ele inclinou para beijar o topo da minha cabeça.

— Você e a Rose vão estar aqui para tomar conta dele. — Me lembrou. — Só tenta não arrumar confusão pelo palácio. — Sorriu. Tinha um sorriso bonito. — Me promete que vai tentar?

— Prometo. — Foi tudo o que eu precisei dizer para o sorriso dele crescer.

— Boa noite, filha. — Passou a mão pelo meu rosto. — Eu te amo, Is.

Os flashes das câmeras estão fazendo meus olhos arderem, e o som do clique parece reverberar na minha mente como uma sirene alta.

Coloco minha mão na frente do rosto e respiro fundo.

— Podem parar com os flashes? — Falo sem pensar.

Os jornalistas lado a lado se entreolham e murmuram entre si.
Posso sentir todos me julgando. Pela minha falta de educação e por toda falta de eloquência.

— Por favor? Tento arrumar o estrago.

Na frente de todos, por algum motivo, me sinto inadequada e frágil, outra vez. Só que não posso deixar transparecer, não mais do que já permiti.

Coço a garganta e prossigo:

— Entendo que minhas palavras e atitudes podem ter causado danos profundos, mas estou comprometida a mudar e a ser uma pessoa melhor. Peço humildemente a oportunidade de provar minha mudança e meu compromisso em fazer a diferença positiva na vida de todos que me cercam. Sei que as palavras podem ser vazias sem ações, e estou determinada a seguir em frente e ser uma pessoa melhor, tanto para mim quanto para aqueles que me rodeiam. E, principalmente, para toda a população de Verena.

Com muito esforço, consigo terminar o discurso, mesmo que de forma truncada e cheia de lacunas.

Enquanto os aplausos educados ecoam, me afasto do palco com as pernas trêmulas e finalmente soltando o ar preso em meus pulmões.

Chega. Acabou. Já passou.


— Tell me that you'll wait for me. Hold me like you'll never let me go. Cause I'm leavin' on a jet plane. Don't know when i'll be back again...Oh babe I hate to go...

Cantarolo baixinho, deitada na minha cama e com os olhos fixos no lustre pendurado no teto.

Não quis jantar. Dei a desculpa mais esfarrapada do planeta Terra ao dizer que estava com dor de cabeça. E, foi fácil de fazê-los acreditar nisso porquê ao que tudo indica, pedi muito rispidamente para que os fotógrafos da imprensa parassem de fritar as minhas retinas com todas aquelas luzes.

Não vi a Rosana depois de ter encerrado o discurso. Aposto que ela está querendo me esganar quando percebeu que eu pulei pelo menos uns seis ou sete parágrafos.

Em um deles, eu afirmaria com toda a convicção que iria usar o resto da minha existência em prol da comunidade e da caridade. E, que eu iria criar campanhas beneficentes após ser coroada princesa.

Fiz um favor não lendo essa bobeira, até porque é algo que poderia muito bem estar fazendo agora. Não é preciso de um título ou de uma coroa.

— Desde quando você escuta Frank Sinatra? — Fred diz, entrando no meu quarto de repente, sem nem pensar em anunciar que estava chegando.

— Não sabe bater? — Pergunto sem me mover.

— Eu sei. É a péssima educação da mamãe. — Ele se joga no lado vazio da minha cama e afofa o travesseiro para deitar. — Devia estar feliz, foi muito bem no pronunciamento.

É mentira. É claro que é.

Deve ter escutado a mãe dele berrar com alguém por eu quase ter arruinado a retratação pública que ela planejou tão cuidadosamente.

— Essa música não é do Frank Sinatra, a letra é do John Denver, mas acho que o nosso... Nosso pai gostava dessa versão. — É estranho dizer isso. — Acho que ele cantava para você quando precisava viajar... Ou algo do tipo.

Conto, sem tirar os olhos do lustre. É engraçado eu me lembrar vagamente disso.

— É. — Fred ri, posso vê-lo inclinar o seu rosto para me olhar. — Nosso pai devia gostar de música de gente velha. Já viu as fotos dele? Ele sempre usou sapatos de velhinho.

— São sapatos sociais, Fred. — Viro o meu rosto para encara-lo.

— São horríveis. — Fred rebate com um sorriso crescente.

Ele não costuma fazer isso. Aparecer do nada. Geralmente costuma passar o seu tempo jogando vídeo-game ou pregando peças em mim ou nas meninas, mas posso desconfiar dos seus motivos.

— O que está fazendo aqui? — Pergunto de uma vez.

— Estou tentando evitar alguns pesadelos. — Ele puxa um pouco do edredom para se cobrir com ele.

Reviro os olhos.

— Teve pesadelos ontem?

— Sabe muito bem que não estou falando de mim. — O sorriso dele desaparece de repente.

Não me lembro, mas parece que eu estava gritando na noite passada. Foi o Fred quem me acordou.

Estou tentando ocultar esse fato da vovó, das gêmeas, do Harry, da Lenna e principalmente da Rosana. Acho que não me ouviram e é melhor continuar assim.

Entretanto, ao que tudo indica não conseguirei esconder do meu irmão. O quarto dele divide a parede com o meu.

— E, você sabe que eu estou bem. Aquilo não foi nada demais.

Não mesmo. Eu não me lembro de ter sonhado, muito menos de ter gritado.

— Precisa parar com isso sabia? — Fred insiste no assunto. — Vão acabar internando você.

Devolvo a atenção para os cristais do lustre, balançando levemente com a brisa que entra pela varanda.

Pode não ser tão ruim.

Cabras! Olá!

Esse é um dos capítulos extras que não foram publicados por algum motivo.

Motivo: sou neurótica.

Acho importante para a história no momento, resolvi colocar.

Os próximos terão modificações leves, mas pode ser importante reler meio que por cima. Rsrs.

Já volto!

Beijos e queijos!

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