𝗪𝗜𝗟𝗟𝗢𝗪 | 𝗣𝗚𝟭𝟬
Pierre nunca tinha se apaixonado de verdade. Willow, tinha uma dúzia de namoros fracassados, desilusões sofridas e amores não correspondidos. Para ele, foi como a brisa de verão, algo tão emocionante para se experimentar pela primeira vez. Já para ela, era mais um tiro no escuro. Não por causa de Pierre, ele era ótimo e ela sabia que o amava, mas por suas próprias inseguranças que às vezes a faziam acreditar que ele a deixaria a qualquer momento.
Um passo importantíssimo do relacionamento deles estava prestes a ser dado naquela semana do verão europeu. O francês conheceria as mães de Willow naquela noite, e estava mais nervoso do que precisava estar. Eles estavam juntos há sete meses, o que é muito tempo para estar com alguém e não conhecer sua família - mesmo que a profissão de Pierre fosse uma boa desculpa para adiar o encontro. Mas esse fato não a incomodava, até porque os outros caras que ela havia apresentado às mães não duravam todo o tempo que estava com Pierre, pois nunca fazia a relação consolidar antes de então oficializar. E se tudo ocorresse bem, na semana seguinte seria a vez de Willow conhecer os pais de Pierre. Ele tinha intenções de também chamar Virginia e Minerva para a viagem rumo a Rouen, onde a família Gasly ainda vivia.
O jantar com as matriarcas Chermont-Rosier seria em Nice, na cidade natal da ruiva, onde a casa de sua infância ainda permanecia a mesma. Naquele dia, no período da manhã, Willow tentava controlar o impulso consumista ansioso de Pierre que queria comprar no mínimo três vinhos, um quadro decorativo e uma cesta com diversos tipos de queijos para agradar as mães da namorada.
— Ginny é alérgica a queijo, esse quadro é horrível e se você chegar com três garrafas de vinho, Minnie com certeza terá uma má impressão de você — Willow informou o namorado sobre suas escolhas de presente e o viu empalidecer ao mencionar que a escritora de renome em toda a França poderia não gostar dele de primeira.
— Você poderia parar de rir da minha cara e me ajudar com um presente! Não quero aparecer de mãos vazias, mamãe diz que é mal educado... — Pierre disse com as bochechas infladas, como uma criança brava.
A ruiva inclinou a cabeça apertando as bochechas do piloto, fazendo-o se afastar mais zangado ainda.
— Leva uma garrafa de vinho só, e está ótimo. Elas não iam se importar caso você não levasse nada, sabia? — Willow disse pela terceira vez desde a noite anterior, quando eles falaram sobre o assunto antes de dormirem.
— O que você acha de eu levar flores? Sua mãe com certeza iria adorar! — Pierre ignorou a última fala da namorada enquanto olhava para o lado de fora do estabelecimento, que comportava um lindo jardim e pensava na floricultura que Virginia tinha.
Willow revirou os olhos e suspirando derrotada, marchou para fora da loja antes que socasse o rosto bonitinho de Pierre.
Mais tarde naquele dia, quando o sol escaldante havia abaixado levando embora também a companhia de Charles e Charlotte - que estavam passando as férias de verão na região para aproveitar junto dos melhores amigos -, Willow e Pierre se preparavam para ir à casa das mães dela.
— Você não estava tão cheiroso assim no nosso primeiro encontro, Pie... Está realmente empenhado em impressioná-las, não é? — a ruiva disse rindo baixo ao observá-lo pelo espelho colocando mais uma camada de perfume.
— Claro, é importante que elas gostem do cara com quem você vai casar um dia — Pierre deu uma piscadinha ao passo que Willow ficava com as bochechas sardentas coradas. Ele sempre soltava aquele tipo de comentário, do qual ela não achava ruim, mas não sabia direito como reagir. — E eu fiz errado em ter começado a namorar você sem antes pedir a aprovação delas...
— Ninguém nunca fez isso antes — Willow balançou a cabeça virando-se na direção do loiro, vendo-o se aproximar após ter vestido o blazer azul petróleo.
— Então serei o primeiro e último, Wills. Você merece todas essas breguices e tradições, entendeu? — o piloto envolveu as mãos pela cintura da amada, automaticamente fazendo-a levar os braços para seus ombros.
Willow apenas assentiu para mostrar que entendeu e era o suficiente para Pierre. Ainda assim, ela se aproximou e quando estava pairando sobre os lábios do namorado, olhou em seus olhos e disse:
— Eu amo você.
E o beijou antes que tivesse a oportunidade de respondê-la. Era calmo e terno, como se eles estivessem selando uma promessa. Não tiveram pressa em se explorarem, era sempre como a primeira vez. Pierre apertou-a na cintura quando recebeu um carinho mais intenso na nuca, ela provavelmente estava bagunçando o cabelo que tinha levado bastante tempo para deixar decente e então precisou se afastar antes que eles fossem aprofundar mais o contato e perdessem a hora do jantar.
— Virginia, as crianças chegaram! — gritou Minnie da porta de casa chamando a esposa depois de ouvir buzina soar do lado de fora e ir atender.
O bairro onde ficava localizada a casa da família Chermont-Rosier era literalmente no litoral da cidade. A propriedade tinha até seu próprio pedaço na extensão de areia da praia, já que a varanda de trás possuía passagem direta para ela. Willow respirou o ar de maresia tão característico de sua infância assim que saiu do carro e se fechasse os olhos, conseguia se recordar com clareza das tardes que passava brincando por ali com turistas de várias partes do mundo.
— Está tudo bem? — Pierre perguntou baixinho parando ao lado da francesa, mas sem encostar nela, como se o mínimo movimento pudesse despertá-la das boas memórias que parecia estar tendo.
— Está tudo ótimo — ela pegou na mão do namorado e sorriu genuinamente feliz, o puxando para a entrada de casa.
Ginny a tomou nos braços com certa brutalidade, repetindo o quanto sentia saudade da filha - desde que chegara a Nice para as férias, era a primeira vez que via as mães pessoalmente. Apesar de aparentar ser durona, era uma manteiga derretida quando se tratava da filha e não tentava esconder esse seu lado. Willow se parecia com ela fisicamente, os cabelos ruivos, as sardas vermelhas na bochecha e os olhos no mais claro tom de castanho.
— Mãe, esse é Pierre — a garota estendeu a mão para Pierre que se encontrava estático ainda na calçada da rua, não tinha ousado subir os dois degraus da escadinha que dava acesso a porta como fizera Willow aos pulinhos.
Ele pegou a mão da mais nova e subiu, recebendo um sorriso simpático de Virginia. Pierre procurava qualquer sinal de desconfiava ou que ela o ameaçasse ao pé do ouvido, mas o que recebeu foi mesmo um abraço maternal. Viu a cabeleira cacheada da outra mãe de Willow no interior da casa, que já se aproximava de braços abertos para recebê-lo.
— Pierre, querido! — Minnie cumprimentou apertando o piloto que chegou a prender a respiração. — Como é bom finalmente conhecer você.
— Sim, é bom mesmo, caso contrário estava esperando conhecê-lo quando se casasse com a minha filha em uma capela qualquer — Ginny disse com um sorriso inocente.
— Mãe!
— Virginia!
Disseram a filha e a esposa ao mesmo tempo, repreendendo a fala da florista. Em defesa, ela apenas levantou as mãos e soltou uma risada com a expressão assustada no rosto de Pierre. Não o tranquilizou sobre estar brincando, mas estava. Ele achou que seria bom descontrair e dar para elas a sacola de papel com a garrafa de vinho enfeitada com um laço prateado dentro.
— Venham, entrem antes que o menino corra para o mais longe que puder dessa casa — Minerva acenou chamando os dois mais novos para dentro. Agarrou a filha num abraço cheio de resmungos de saudade quando ela passou pela porta.
Pierre admirou ao redor até onde seus olhos alcançavam, e tudo remetia à uma casa de praia que ele costumava ir nas férias quando era convidado por um amigo super rico. Da decoração às pilastras que erguiam a casa, tudo tinha tons de branco, azul, bege, amarelo e laranja, numa paleta de cores bem simbólicas para o verão. Até as roupas que as mães de Willow usavam lembrava a maresia e um dia ensolarado. Quando abraçou Minnie, pôde sentir o cheiro salgado emanar de seus cabelos como se tivesse acabado de sair do mar.
— Vou te apresentar nossa casa — Willow beijou a bochecha do piloto, o fazendo despertar dos próprios pensamentos.
Pelos próximos minutos, Pierre conheceu todos os cantos do lugar. O piso térreo comportava uma cozinha enorme com passagem direta para a varanda traseira, uma sala confortável e rústica, um banheiro social e a dispensa, já o segundo andar acomodava os dois quartos da casa, o escritório de Ginny e o terceiro quarto que virara o primeiro estúdio musical de Willow. Tinham até um quartinho onde guardavam as pranchas ao lado do jardim de trás, todas elas eram praticamente da filha única. Ele quase podia ver uma mini-Willow correr para as ondas com a prancha roxa com baleias desenhadas debaixo do braço ou sua cantoria afinada aos quatorze anos, quando compunha suas próprias músicas no estúdio improvisado e na época sem isolamento acústico.
— Você é o orgulho delas, não é? — Pierre perguntou quando pararam na sala e admiravam o grande mural de fotos na parede contrária a da TV.
— Sou o bem mais precioso — Willow assobiou juntando as mãos e piscando os cílios, fazendo uma representação das mães.
— E é por isso que você precisa ser testado — Virginia disse ao pé de seu ouvido como uma assombração. Pierre sobressaltou assustado, Willow parecia esperar por algo parecido, então deu risada.
— Sim, s-senhora... — soprou o loiro de olhos arregalados.
— Oh, me chame de Virginia, querido — a mulher disse docemente e se dirigiu a poltrona, apontando para que o homem sentasse no sofá ali perto.
— Mãe, não precisa disso — Wills revirou os olhos sentando ao lado do namorado. Ele com medo de que a garota o deixasse, agarrou uma de suas mãos e a manteve em seu colo.
— Só vamos conversar, certo? — Ginny disse de cenho franzido, Pierre assentiu sem saber se era para concordar ou se havia sido uma pergunta retórica. — Bom, sei que você é piloto de Fórmula 1, muito promissor aliás — o garoto sorriu com timidez —, mas quero saber quem é você.
Ele lançou um olhar para Willow, que o encorajou apertando suas mãos entrelaçadas. Pierre então começou a falar sobre o que fazia além do automobilismo, explicou que vinha de uma cidade no noroeste da França, de uma família de classe média alta que era ativamente envolvida com o esporte e introduziu o assunto sobre como havia conhecido Willow. De repente não havia mais testes a serem passados ou o clima de provação pairando no ar, Ginny não demorou para ser encantada pela sensibilidade e brilho no olhar de Pierre quando olhava para a garota. Minnie simpatizou com o piloto antes mesmo de conhecê-lo, era só ouvir a filha falar sobre ele e ver seus olhinhos brilhando para saber o quão bom fazia para ela. Era o que importava para as mulheres.
— Eu vejo como você faz bem a ela, Pierre. Continue assim. Vocês têm a nossa bênção — Virginia disse ao segurar na outra mão da filha.
— Eles são adultos, amor — disse Minerva com uma careta.
— E daí? Se eu não gostasse desse rapaz eu faria a Willow desmanchar na mesma hora!
Os quatro riram da brincadeira e aproveitaram o momento de leveza, que continuou por toda a noite enquanto se sentaram para jantar e conversavam sobre qualquer assunto que surgisse. Pierre se via naquela família agora, o nervosismo de mais cedo parecia irracional.
Ele entendeu da onde vinha a linguagem do amor de Willow - o toque. Minnie e Ginny sem perceber passaram o tempo inteiro de mãos dados ou se tocando pelo cotovelo ou uma com o braço por cima do encosto da cadeira e ombro da outra. Sua Wills era do mesmo jeito; tinha uma mão na perna de Pierre por debaixo de meia e não parecia notar o que fazia.
Depois de se responsabilizarem pela louça do jantar e serem proibidos de ir embora naquele horário, Willow e Pierre subiram para o quarto da ruiva a fim de descansarem daquele dia tão cheio. O lugar remetia à infância e adolescência inteirinha da garota, com pôsteres da One Direction e Jacques Villeneuve espalhados por toda parte - sim, ela já era muito fã de automobilismo antes de conhecer ou sequer pensar em namorar Pierre. Willow costumava dizer que seu quarto era uma máquina do tempo e Pierre não teve outra alternativa a não ser concordar quando a viu vestir um pijama como aqueles que o Bananas de Pijama usavam e servir tão bem, mesmo que ela não tivesse mais treze anos.
— Boy, I'm tryna meet your mama on a Sunday. Then make a lotta love on a Monday — a garota cantarolou a música que tocava da Alexa conectada ao seu celular quando saiu do banheiro após escovar os dentes.
— Não dá para levar a sério te ouvir cantando isso enquanto está vestida como o B1 — Pierre riu esparramado na cama, sem camisa e com uma calça de moletom da roupa reserva que sempre tinha em seu carro.
— Nada que eu não possa tirar a blusa e sentar no seu colo para fazer valer o que a grande filósofa do amor, Ariana Grande disse — ela sorriu lasciva subindo na cama de joelhos.
Pierre até esperava por uma resposta atravessada daquela, mas mesmo assim arregalou os olhos quando a namorada rastejou até estar com uma perna de cada lado do seu quadril.
— Suas mães estão no quarto ao lado... — ele disse alarmado, mesmo que naquela posição não conseguisse deixar de tocá-la.
— Tem uma boa distância entre os quartos, na verdade, e aqui temos um espaço com isolamento acústico caso te deixe mais confortável — a ruiva respondeu mais concentrada no pescoço exposto do piloto.
— Wills... — gemeu sofrido ao sentir a língua quente dela se arrastar sobre sua pele. — É errado eu admitir que estava pensando em fazer um bebê em você assim que vi suas pranchas e o estúdio de música?
— O quê!? — Willow se afastou para soltar uma gargalhada alta, levando o clima das coisas para um outro lado.
— Eu me peguei imaginando uma mini-você, correndo pela praia com uma prancha debaixo dos braços e procurando por ondas, ou sendo uma musicista nata. Tocando piano, violão e bateria antes mesmo de falar... — Pierre expressou meio envergonhado, com medo de assustá-la com aquele papo.
Os olhos de Willow cintilavam. Nunca tinha parado para pensar em ter filhos, não passava por sua cabeça o quão adorável seria uma criança com seus olhos e sorriso dele. Ou a bondade e a ternura, a cumplicidade e a devoção. Pierre já vinha atrapalhando muito de seus planos, e ela não se importaria se acabasse com mais um.
— Você se imagina tendo filhos comigo? — perguntou num fio de voz.
— Eu imagino tudo com você. Não tem sentido se não for contigo. Crescer, mudar, envelhecer...
— Nós teremos tudo.
Willow sorriu com os olhos emocionados, ardendo ao acúmulo de lágrimas. O abraçou pelo pescoço e descansou o queixo em seu ombro, sentindo o cheiro do homem e desejando passar o resto dos seus dias daquele jeito. Queria tudo que Pierre quisesse, o seguiria para onde fosse e o amaria do mesmo jeito que ele fazia. Se comprometeria para sempre com ele e poderia chamá-lo de seu, porque a palavra soava bonita em seus lábios. E ficaria ali eternamente, porque longe dele, seu coração era apenas uma caixa vazia.
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pierre = lindo, fofoqueiro e escolheu o melhor número de todos!!
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