𝗝𝗘𝗔𝗟𝗢𝗨𝗦 | 𝗟𝗡𝟰
2019
Vanessa estava estonteante com seu crachá de identificação em volta do pescoço enquanto andava pelo paddock. Ser melhor amiga de Lando desde o nascimento tinha suas vantagens. Eles mais brigavam do que suas mães podiam suportar, porém eram tão inseparáveis quanto as mulheres esperavam que fossem quando planejaram engravidar ao mesmo tempo, ainda na adolescência.
Carola e Cisca também marcavam presença no GP de Silverstone, graciosas por verem os filhos de braços dados andando todo o perímetro do autódromo - e no caso de Vanni, conhecendo o circuito pessoalmente pela primeira vez. Era o primeiro ano do Norris na Fórmula 1 e ele fez questão de ter a madrinha e toda sua família ao lado naquela corrida "em casa".
Logo as obrigações do domingo iriam começar, fazendo com que Lando e Vanessa voltassem para a garagem da McLaren. Mas a garota estava muito interessada nos boxes além do time papaya.
A mãe e a madrinha estavam tão distraídas que não viram sua fuga para a garagem vermelha, a algumas outras de distância. Vanessa adorava o automobilismo desde que se entendia por gente, e na casa Blanchard só havia uma torcida possível: a tifosi. Claro que sua mãe pulou do barco e se tornou a maior mclarista quando o afilhado conseguiu um assento na categoria, correndo pela equipe laranja. Mas ela, o pai e os irmãos continuavam tão loucos pela Ferrari quanto antes. Vanni fazia um esforço na frente de Lando, fingindo torcer com todas suas forças para a equipe do melhor amigo, porém nunca seria uma total vira-casaca como acusava Carola de ser.
Sebastian Vettel com o macacão na cintura foi a primeira coisa que seus olhos captaram quando chegou a parte reservada a Ferrari. Vanessa tinha certeza que estava fazendo cara de boba, pois ainda parada no mesmo lugar, conseguiu chamar a atenção do mais velho. Ela sentiu o coração bater na garganta ao vê-lo sorrir e depois caminhar em sua direção quando terminou a conversa com um dos engenheiros da equipe.
— Oi. Você está bem? — Seb perguntou com certa preocupação vendo a palidez cobrir o rosto da garota.
— Ah... Sim! Claro! Estou bem, sim. Obrigada, Sr. Vettel! — Vanessa conseguiu destravar e agora gesticulava mais que o necessário.
— Sr. Vettel? Não me chamam assim nem quando estou na presença dos comissários da FIA fazendo alguma reclamação sobre a imparcialidade descarada deles — o homem riu, dando uma discreta olhada para o crachá de identificação dela. A plaquinha carregava seu nome, sua foto, de qual equipe era convidada e o enunciado GF of Lando Norris. — Procurando por alguém? Acho que seu namorado não esteve por aqui...
— Meu namorado? — a menina riu nervosa e então olhou para o cordão pendurado em seu pescoço. — Oh, não. Lando não é meu namorado. Isso aqui é obra da assessoria dele a fim de tirar uma com a nossa cara. Mas tudo bem, isso acontece o tempo todo.
Ela percebeu o quão falante estava e se calou, sentindo um formigamento no rosto que começava a ficar da cor do macacão de Sebastian.
— Bom, não vou atrapalhar mais a sua concentração. Tenha uma boa corrida, Sr- Sebastian — a inglesa se consertou antes que terminasse a frase.
— Obrigado. Não quer ficar para assistir daqui? Lando não vai se importar em termos sua torcida por só uma corrida, não é? — ele perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
Vanessa percebeu algum tempo depois, quando passou a conhecê-lo melhor, que ele já sabia que ela era uma grande fã. Estava estampado em sua testa. E ele sabia que tinha a torcida dela em todas as outras corridas também.
Mas a garota não se sentiu culpada em nenhum momento enquanto aceitava a oferta de Sebastian. Ele tirou o boné que usava na cabeça, o autografou e o colocou na cabeça da morena sorridente. Quando ele saísse de perto, ela tiraria inúmeras fotos para invejar o pai e os irmãos que não puderam estar presentes.
Distraída com as selfies, ela não percebeu Charles chegando na mesinha onde ela estava. Ele estranhou a garota que nunca tinha visto por ali e a observou enquanto tinha o canudo da água que bebia na boca. Os dois tomaram um susto simultâneo, ela por ser pega fazendo poses e ele por estar observando-a como um stalker.
— Oh, meu Deus, respira... — Vanni dava tapinhas nas costas de um Charles engasgado.
Os dois desataram a rir quando o piloto parou de tossir e recuperou o ar. Charles também foi atraído pelo cordão no pescoço da garota, se deparando com a mesma informação que Seb viu mais cedo. Dessa vez, Vanni foi mais rápida em explicar do que ele perguntar. Era amigo de Lando, mas não do tipo que conhecia muito de sua vida pessoal fora do autódromo, incluindo sua amiga de infância.
— O Lando é o rico da relação. Eu não tinha dinheiro para acompanhá-lo em todas as competições de kart Europa afora, sabe? — Vanni explicava quando surgiu a dúvida porque eles nunca haviam se encontrado antes. — Mas é óbvio que sei quem você é. Lando sabe que os Blanchard são tiffosi, ou pelo menos eram, até que nos tornamos torcedores da laranjinha por causa dele — ela meio que sussurrou, fazendo Charles gargalhar alto.
— Norris não iria gostar disso. Mas fique tranquila, comigo seu segredo está a salvo — o piloto lhe lançou uma piscadinha que fez suas pernas virarem amoebas. — Eu preciso ir para a concentração. Nos vemos no final da corrida?
— Eu não vou a lugar nenhum — Vanni respondeu anestesiada pela simpatia e beleza do monegasco. Completamente atraída.
Ninguém pareceu se importar que ela estava em uma garagem diferente da que identificava seu crachá. Menos Lando, que foi procurá-la pouco antes de ser chamado para a concentração e não a encontrou nos boxes de sua equipe. Ele ficou preocupado por nem sua mãe e tia saberem onde a garota estava, e não pôde pegar o celular para mandar mensagem para ela. Pensou que o lugar não era tão grande para que ela se perdesse, certamente tinha ido ao banheiro ou à cozinha da instalação naquele minuto e por não ter muito tempo, não pôde ficar para esperá-la.
Durante a corrida, Vanni ficou dividida entre torcer para o time do coração ou para o melhor amigo, que no momento estava à frente de Charles por dois segundos. Os pontos na tabela estavam acirrados entre os dois, e a temporada de estreia pela Ferrari do piloto monegasco a deixava ainda mais empolgada por aquela disputa. Ao fim das voltas, a garota vibrou em agradecimento pelo resultado. Lando perdeu a posição para Leclerc, garantindo porém o P5. O coração dela chegou a estar disparado e a garganta seca de tanto que falou sozinha durante quase duas horas.
A traição com Norris já havia sido o suficiente, Vanessa precisava estar de volta a garagem laranja e azul antes que o piloto principal retornasse. Mas com a algazarra dos três primeiros colocados era tanto que ela teve que desviar de muita gente e em determinado momento se viu realmente perdida. Foi quando uma mão agarrou-a acima do cotovelo, a guiando para um lugar menos barulhento e movimentado. Era Charles, coberto de suor, com o rosto vermelho acompanhado de um sorriso e já se desfazendo da parte superior do macacão.
— Oi! Nossa, parabéns pela corrida — a garota se colocou na ponta dos pés para abraçá-lo pelo pescoço.
— Obrigado, Vanessa! Fico feliz que tenha acompanhado junto da minha equipe. Ouvi que você parecia mais nervosa do que eu — Charles respondeu rindo enquanto a soltava.
— Com certeza eu estava. Mas me dá um desconto, foi minha primeira vez vendo tudo aqui de dentro.
— É claro. Você deveria vir mais vezes...
O flerte barato fez Vanessa ruborizar como uma garotinha diante do menino que gostava. Mas antes que pudesse devolver o cortejo, Lando apareceu a suas costas com uma cara nada agradável. As narinas infladas e o olhar num tom de azul escuro, denunciavam o ciúmes.
Aquele sentimento não era algo novo para Lando. Quando se tratava de Vanessa, nos últimos tempos ele vinha se sentindo muito assim quando a ouvia falar sobre ou a via com outros caras. Não é como se eu não pudesse sentir isso. Ele tentava se justificar toda vez.
— Posso falar com você? — Lando disse quando Vanessa ainda estava de costas para ele.
Pediu desculpas com o olhar para Charles que deu de ombros com um meio sorriso, balançando a cabeça em seguida como se dissesse que a veria por aí novamente.
— Você não assistiu a corrida nos boxes da McLaren, não é? — o garoto tomou a frente da conversa observando o boné da equipe adversária na cabeça da morena.
Vanni começou a caminhar para longe das pessoas porque não queria criar uma cena com Lando na frente delas. A identificação em sua credencial poderia parecer mais real caso isso acontecesse. Drama de casal.
— Você me monopolizou nos últimos três dias, Lando. Sabe para qual equipe eu também torço e não fez questão de me apresentar aos pilotos que tanto admiro — disse ela aos suspiros sendo seguida pelo moreno de volta à casa papaya. — Então, eu tive que ir sozinha conhecê-los. Mas juro que não era minha intenção ficar e assistir a corrida por lá, só...
— Aconteceu do Leclerc jogar um verde qualquer que você não pôde recusar — Norris parou na frente da melhor amiga, desviando-a de um engenheiro da Mercedes com cheiro de champanhe e um sorriso estampado no rosto.
Sem intenção, os corpos deles ficaram a centímetros de distância. Tinham a mesma altura - Vanessa era talvez dois centímetros mais alta, mas Lando nunca admitiria isso -, o que fez seus rostos ficarem tão grudados ao ponto de sentirem a respiração um do outro.
— Me desculpa — Vanni crispou os lábios e se afastou tão ligeiramente quanto tinham se encostado.
— Pelo quê? — Lando perguntou meio extasiado pelo breve momento que tiveram. A garota revirou os olhos o chamado internamente de lerdo.
— Por ter dividido minha torcida no nosso GP, por ter assistido da garagem da Ferrari e não secretamente ter adorado... — ela estreitou os olhos quando ele abriu um enorme sorriso esperando a última frase. — Não vou pedir desculpas por ter flertado com o Charles. Se a Vanessa Hudgens tivesse na sua frente, você faria o mesmo.
Ela novamente revirou os olhos ao citar a celebrity crush de Lando que curiosamente era sua chará.
— Justo. Mas por favor, não me deixe sem você na próxima corrida que eu te trouxer. Seja uma traíra longe dos meus olhis — pediu ele de forma dramática. Vanessa assentiu soltando uma risada e o puxando para um abraço de "campeão", quando se apertavam ao mesmo tempo e davam tapinhas nas costas um do outro.
Lando ainda estava se remoendo de ciúmes, mas sabia que no fim do dia não havia Charles, Sebastian, Ferrari ou qualquer outro time da F1 que poderia separá-lo de Vanessa. Eles eram como carne e unha, às vezes arrancavam bifes ou roíam demais, porém nunca deixavam um ao outro. Ele descobriria dali para frente que o sentimento era recíproco da parte dela, e não estamos falando exatamente do ciúmes...
🏁
final de ano é sempre corrido, mas vou tentar manter o ritmo de um capítulo por semana viu, não vão se livrar de mim.
ainda muito indignada com a fia e michael masi para falar sobre a última corrida da temporada, mas saibam que tenho muitas opiniões sobre! que 2022 seja mais justo...
esse capítulo foi um pedido da bia_wang, e eu espero que tenha gostado ❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro