Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝗦𝗔𝗬 𝗦𝗢𝗠𝗘𝗧𝗛𝗜𝗡𝗚 | 𝗗𝗥𝟯

Era um dia feliz para Daniel. O piloto estaria casando dali poucas horas e Jasmine, sua melhor amiga, estava garantindo que tudo saísse da forma mais perfeita possível. Em contrapartida, a australiana podia contar nos dedos de apenas uma mão as vezes que havia sentado para conversar sobre aquele grande dia com o amigo. Tudo tinha acontecido tão rápido entre Ricciardo e a noiva que quando Jaz assimilou os fatos, já estava envolvida efetivamente no casamento sendo uma das madrinhas e responsável pela organização.

Com uma dor de cabeça agudo causada pelo dia agitado - e por segurar o choro por tanto tempo -, Jaz colocava algumas fotos de Daniel e Alexis, a noiva, em quadros que iriam decorar as mesas dos convidados. Isso foi um pedido diretamente da noiva, que era egocêntrica demais para deixar passar a oportunidade perfeita de exibir em todos os lugares a sessão de fotos impecável feita pelo melhor e mais caro fotógrafo do país para seu casamento.

Estava sendo um martírio para Jasmine ter aceitado a função de organizadora do casório desde o momento em que disse inconscientemente um 'sim' para a proposta de Daniel seis semanas antes. Mas o que ela poderia fazer? Além de ser profissionalmente promotora de eventos, Dani confiava nela cegamente pois sabia que a amiga se dedicaria para fazer tudo da melhor maneira.

Infelizmente, todos os pensamentos da mulher durante os dias que sucederam a breve ligação do noivo para dizer "vou me casar e quero você organizando tudo", eram voltados para os desencontros que ela e Daniel tiveram ao longos anos. Talvez se tivessem tentando mais e o universo cooperado um pouco, seria Jasmine a adotar o sobrenome Ricciardo naquele dia. Mas não era para ser, e Jaz não tinha o direito de estar magoada quando claramente deixou um monte de oportunidade passar. Era o que trazia o sentimento de culpa inquietante zumbindo no seu ouvido.

A morena despertou da cachoeira de emoções coordenadas pelos devaneios quando o celular começou a tocar. Tirando-o do bolso traseiro da jardineira jeans, viu o nome e o rosto de Daniel piscando na tela. A foto do contato tirada por ele mesmo há três anos, mostrava o sorriso mais lindo do mundo, aquele que era capaz de iluminar os dias mais sombrios na vida de Jaz. Mas naquele momento, o que a preencheu foi o sentimento de desanimo, a fazendo quase ignorar a ligação e excluir o número do piloto de sua lista telefônica.

Alô? — a voz inconfundível do australiano soou no ouvido de Jasmine.

— Oi — a garganta seca fez com que a voz dela saísse em um sussurro sofrido.

Tá tudo bem, Jaz? Quase não ouço sua voz. Aonde está?

A mulher afastou o celular da orelha para respirar fundo, concentrar, piscar para afastar as lágrimas e agir como se estivesse tudo perfeitamente bem. Mas o nó na garganta custou a descer, e quando Jasmine se aproximou do aparelho novamente, esperava que Daniel tivesse desligado.

— Estou bem, obrigada por perguntar. Me sinto um pouco cansada, mas nada com que se preocupar e...

Ei, você anda bastante ocupada esses dias sem necessidade. Sabe que tem uma equipe enorme a sua disposição. Eu... — Daniel parou por um segundo. - e a Alex, contratamos eles justamente para não ter deixar sobrecarregada.

— E eu disse que estaria tudo perfeito e que vocês não teriam preocupações. Então não se preocupe comigo — a morena respondeu. — Estou ajeitando os últimos detalhes agora e logo estarei no hotel me arrumando. Vê se não perde a hora para fazer o mesmo, ok?

Você sempre me corta quando estou te dando uma bronca — Dani soltou uma risada, mas que não se sustentou por muito tempo.

— Tenho que ser dura e desviar do assunto. Esqueceu de quem sou mãe? — Jaz comentou também levemente descontraída com a conversa fiada, mas claramente nervosa enquanto arrancava os fiapos do bolso dianteiro da jardineira.

— Falando nela, como está minha afilhada? — ele perguntou genuinamente animado ao mencionar a garotinha.

Melissa foi o único assunto em comum entre os dois durante algum tempo, quando a amizade estava no auge da frieza.

O pai da menina era apenas um lance casual na vida da Jasmine de 21 anos, mas um descuido no uso do anticoncepcional, trouxe um bebê para a jovem. Quando Jasmine entrou em contato com Daniel para lhe contar ainda sobre suas suspeitas, o australiano estava tomado pela euforia de competir como piloto titular pela primeira vez num GP da Fórmula 1. Jaz não teve coragem de dizer o que estava se passando com ela naquele dia, nem na semana seguinte quando confirmou a gravidez, ou no próximo mês quando foi ao aeroporto buscá-lo para os dias livres em casa antes de sua retomada nos compromissos com a F1. Ela sabia que com a carreira em ascensão, Perth não seria mais um lar para Daniel.

Eles se afastaram eventualmente com o passar dos meses. Mesmo de longe, Jasmine o acompanhava crescer no esporte e não podia sentir mais orgulho de vê-lo realizar aquele sonho. Mas um ano e meio depois, Daniel decidiu voltar a morar em Perth até que a mudança não atrapalhasse seu desempenho. Jaz ficou desesperada ao saber que o amigo estava de volta na cidade por tempo indeterminado. Fez de tudo para que ele não soubesse o paradeiro dela ou de Melissa, mas a Austrália não era um país grande o suficiente para ela se esconder dele para sempre.

Um dia, Dani bateu à sua porta depois de procurar por Jasmine O'Malley de todas as formas possíveis e ali, descobriu que sua melhor amiga tinha uma filha. O acontecido ocasionou uma briga feia, como nunca antes tiveram, mas Daniel não queria se afastar da garotinha, afinal tinha acabado de conhecê-la e se apaixonar perdidamente por ela. Então, a partir disso, toda vez que o piloto ligava para Jaz, o assunto era apenas Melissa - vez ou outra sobre a carreira dele. Toda vez que ele ia à casa dela, era para ver Melissa.

— Ótima. Ela e Freddie não se desgrudam — Jasmine responde por fim, abrindo um sorriso ao ver a filha e o amigo correndo por entre as mesas do salão.

Eles me lembram nós dois — Daniel murmurou depois do minuto silencioso que se fez na ligação.

— Penso nisso todos os dias — a mulher concordou voltando a segurar o choro, por um triz não começou a se debulhar em lágrimas.

Jasmine suspirou triste ao notar que haviam deixado a conversa morrer silenciosamente.

— Dani, eu tenho que ir. Não se esqueça de passar a camisa social e tenha cuidado ao vestir; confira se os botões estão devidamente fechados. Não me apareça com a gravata torta ou os sapatos sujos, ok? Te vejo na igreja.

Tudo bem, você que manda, chefe. — Jasmine revirou os olhos pois quase podia vê-lo batendo continência. — Até logo, Jaz — Daniel deixou escapar uma risadinha seguida de um gritinho e desligou.

A morena se permitiu sorrir ao pensar em como aquele homem podia ter 32 anos e continuar com o espírito da criança que ela conheceu no primeiro dia da pré-escola.

— Melissa! Freddie! Precisamos ir, crianças. — a mais velha gritou para que os menores escutassem de longe.

O celular ainda em sua mão vibrou de novo. Dessa vez era uma mensagem de Alexis, reforçando pela quinquagésima vez a hora exata que Jasmine deveria estar na igreja. A morena revirou os olhos e não se deu o trabalho de responder. Como se ela pudesse simplesmente esquecer que aquele dia era real.































A cerimônia ocorreu bem mais rápida do que todas as outras que Jaz se lembrava de ter ido. Inclusive a sua própria cerimônia de casamento com Cameron, pai de Melissa, havia levado mais de uma hora. Porém, o casamento era de Alexis Synnot, o que não deveria ser surpresa para ninguém toda aquela presa para assinar os papéis e encerrar a celebração. A loira sempre fora assim, apressada. Nos tempos de escola, todos tinha que obedecer aos horários e vontades de Alexis, pois ela nunca esperava por ninguém.

Deus, Jasmine não podia acreditar que Daniel tinha mesmo acabado de se casar com aquela megera.

A morena se sentiu um pouco amargurada por não ter se emocionado com o falatório do pastor e os votos do casal. Até Max, que formava um dos casais de padrinhos com ela, precisou usar o lenço de papel que ficou distribuído nos bancos da igreja.

— Quer o meu? — Jaz perguntou baixinho para pertubar Verstappen. O homem aceitou, pegando-o da mão dela para soar o nariz.

Jasmine soltou uma risada baixinha enquanto passava a mão pelas costas dele, fazendo um carinho de consolo.

— Deveria ser eu no lugar dela — Max disse bem humorado se aconchegado no carinho da amiga, que revirou os olhos.

Ao som de uma música pop agitada, os convidados levantaram para aplaudir os recém-casados que passaram pelo corredor recebendo a típica chuva de arroz.

Jaz teve que sair discretamente por uma porta atrás do púlpito, pois precisava estar no local da recepção antes que os convidados chegassem para averiguar se tudo estava em ordem. Dirigiu por menos de dez minutos até a imensa casa de festa numa colina bastante frequentada de Los Angeles - outra exigência da noiva. A mulher não conseguiu evitar o pensamento de que Alexis realmente tinha feito questão de escolher os lugares mais visíveis da cidade para que todos soubesse que ela estava se casando. Infelizmente a loira não era da realeza e não ganhou cobertura mundial do seu evento, mas tantos seguranças foram contratados para a festa que Kate Middleton teria inveja se visse aquilo. A carreira de modelo não tinha a transformado em uma louca por atenção, Alexis sempre foi assim.

O que deixou Jasmine muito surpresa foi Daniel ter aceitado aquela ideia extravagante e brega de casamento. Segundo as conversas noturnas sobre futuro que ela se lembrava de dividir com o amigo quando ainda adolescentes, casar em Perth e com uma simples cerimônia era o plano ideal para ele. A morena novamente caiu na caixinha do pensamento que a fazia acreditar que não conhecia o novo Ricciardo, e isso doía.

Jaz não conseguia se livrar da sensação de aperto no peito. Poucas vezes tivera um pressentimento tão ruim quanto aquele, mas quando ocorria, era certo de que algo desastroso estava por vir. Como no dia em que ela descobriu as traições de Cameron, sentia uma dor de cabeça tão forte ao acordar que quase não saiu da cama. Ou na noite anterior ao anúncio do noivado de Daniel e Alexis, quando vomitou até o que não tinha no estômago. O corpo parecia avisá-la dos terríveis episódios que se seguiriam.

— Isso aqui não é um funeral, sabia? — a voz implicante de Max soou muito próxima, fazendo Jasmine sobressaltar de susto.

— O quê? — perguntou ela piscando várias vezes, como se estivesse acabado de sair de uma hipnose.

Olhando em volta, a mulher notou que algumas pessoas se divertiam na pista de dança enquanto outras esperavam ansiosas pelos petiscos que os garçons serviam com rapidez. Na mesa reservada para madrinhas e padrinhos, ela estava sentada ali solitária antes da chegada de Max.

— Ninguém morreu para você estar com essa cara de velório, Jazi — o loiro cutucou a costela da amiga.

Minha dignidade morreu quando aceitei estar aqui, Jasmine queria responde.

— Você também não está se divertindo, e ao invés disso, veio me encher o saco, Maxine.

— Olha, eu tenho motivos suficientes para estar melancólico — disse o loiro, claramente se divertindo com a cara da amiga.

Jaz então se lembrou do abrupto término de Max e sua ex noiva no final do ano anterior, quando os preparativos para o casório estavam praticamente concluídos. A morena sabia que o coração do homem ainda lutava para se recuperar do que a mulher fez questão de reduzir a farelo.

— Vamos dançar e parar de chorar pelo que não vai voltar! — Max virou de uma vez todo o líquido que tinha em um copo que estava abandonado na mesa antes de pegar na mão da mulher. Ela ficou impressionada vendo-o não fazer a mínima careta após ingerir uísque puro.

Jasmine permitiu que ele a arrastasse gentilmente para um canto mais reservado da pista de dança. Max era um cara carrancudo para a maioria das pessoas, mas sabia como divertir um amigo quando precisava. Por isso quando ele arrancou uma rosa de um jarro que enfeitava as mesas, colocou o caule na boca, pôs as mãos na cintura da morena e a puxou para perto, não teve como conter as altas gargalhadas.

— Todo mundo está olhando para gente — ela disse escondendo o rosto no peito do mais alto.

— Sim, por que nós brilhamos e eles não — Maxine, como carinhosamente era apelidado pela mais velha, deixou um beijo estalado na bochecha de Jaz e logo a fez girar para longe de seus braços, num passo de dança até que bom para amadores.

Mas, os olhos da mulher se prendem a outro par de íris castanhas. Era profundo como a olhava e parecia recriminá-la pela dança desengonçada com o piloto 33. Ricciardo tinha as mãos na cintura da recém-esposa, mas transmitia uma expressão dura, denunciando a falta de vontade de estar ao lado dela.

— Se quer minha opinião, acho que não duram um ano — Max estava olhando na mesma direção mas desgraçadamente, ao contrário de Jasmine. — E não sou o único a pensar assim — sussurrou e balançou a cabeça em direção à Lando Norris e George Russell.

A cerimonialista então se perguntou: quem realmente concordava com aquele matrimônio? Até os melhores amigos de Daniel aparentemente não o apoiavam na decisão mais importante de sua vida. Ela quis poder ler as mentes de Grace e Joe, para saber a opinião dos os pais do piloto.

— Pensei que eu estava sendo uma vaca invejosa por pensar assim — ela confessou rindo baixinho com o queixo no ombro do loiro.

— Se for assim, então estamos todos no mesmo barco - Max a assegurou disso, apertando de leve a mão nas suas costas. — Para ser honesto, eu estou aqui pela comida.

Arremessando a rosa para trás, Max novamente rodou a australiana e a trouxe de volta para perto de seu corpo, finalizando a dança com um sorriso galanteador nos lábios. Jaz riu, genuinamente grata e satisfeita depois da conversa esclarecedora com o amigo.

Olhando o horário na tela do celular quando voltou à sua mesa, Jasmine percebeu que estava na hora dos brindes, e ela era a primeira a discursar na frente dos convidados. Ela tentou chamar a atenção de todos com um tilintar do garfo em um copo de vidro, mas não teve sucesso. Lando, já levemente alto, gritou para que a música fosse abaixada e a amiga pudesse falar sem disputar com outro som. Todos riram quando ele mandou um joinha na direção da australiana e ela aproveitei a deixa para agradecê-lo com um beijinho no ar.

Jasmine tirou o papel onde havia escrito o seu brinde da bolsinha de mão e limpou a garganta. Todos a olhavam com tremenda expectativa, pois sempre disseram que ela era boa com as palavras, tanto para falar quanto para escrever. Mas naquele dia, todas as palavras bonitas de que se recordava pareciam ter perdido o sentido e tudo o que havia escrito naquele papel, era uma grande besteira que a mulher nunca falaria por vontade própria. Todavia, para não deixar o silêncio ainda mais constrangedor, ela começou.

— Me sinto grata por ter dividido meus melhores momentos com Daniel. Por muito tempo, ele foi meu único amigo. Mas através dele, conheci outras pessoas tão incríveis quanto — trocando o olhar de Daniel para Alexis por apenas dois segundos, ela fixou nos rostos dos demais pilotos presentes. — Nunca vou me esquecer das noites em que você me ligava para contarmos estrelas até adormecer pois eu tinha medo de escuro, ou de quando você tentou me ensinar a andar de skate e eu fui parar no hospital com o queixo aberto, — Jasmine e Dani lançaram olhares aos respectivos pais, porque só eles sabiam o desespero que era a dupla dinâmica se aventurando na infância. - ou do meu aniversário de dezoito anos, quando pude beber pela primeira vez no bar da família Ricciardo e descobri que você tem uma resistência quase letal ao álcool. Obrigado por ser meu parceiro no crime.

Naquela noite também foi o primeiro e único beijo trocado entre eles. Jasmine tinha a memória fixada no topo de sua mente, mas nunca teve certeza de que Daniel se lembrava ou não.

Olhou mais uma vez para o papel nas próprias mãos e decidiu que não seguiria mais as letras ali escritas. Voltou a embrulhá-lo, amassando-o entre os dedos e então voltou-se para Daniel.

"O que vocês fizeram hoje, se escolhendo para dividir o resto da vida juntos, é a decisão mais importante que tomaram na vida. Porque às vezes... às vezes, dá errado e você vai acordar ao lado da pessoa todas as manhãs e enxergar tudo cinza, mesmo que para os outros ela possa ser considerada o sol de tão enérgica e alegre. E então anos se passarão, e você não poderá voltar atrás. Terá que lidar com o arrependimento do dia de hoje, o dia do sim.
Nós dois sabemos o que é isso, Daniel.
Sua amizade trouxe um colorido novo à minha vida, quando estive nos meus momentos mais sombrios e eu sou a pessoa mais sortuda do mundo por essa dádiva. Espero ter sabido dar valor a você, a tudo que me ensinou, e o quanto me amou.
Peço perdão caso eu não tenha enxergado que tudo o que mais precisava, sempre esteve ali, debaixo do meu nariz."

Daniel piscou diversas vezes, tentando se livrar das lágrimas que deixou escapar e foi quando Jasmine se deu conta que também havia lágrimas saindo dos seus olhos. Levou uma das mãos as bochechas e fungou, abrindo um sorriso forçado, quase triste.

— Mas tudo bem! Sim, tudo ficará bem, pois não importa onde esteja, o que esteja fazendo ou com quem esteja... Eu vou sempre, com tudo que sou, verdadeiramente, completamente, amar você, Daniel.

Não havia um ruído se quer, o mundo pareceu ter sido colocado no mudo. O constrangimento se alastrou por todo o lado, como um copo de leite derramado. Um clique no botão da câmera e um flash forte em seu rosto fizeram Jasmine sair dos devaneios, notando os olhares surpresos e pavorosos para cima de si. Como uma avalanche, suas últimas palavras voltaram à cabeça e ela soube que a comoção geral era vergonha alheia, talvez até pena. O rubor que subiu pelo rosto da mulher ganhava cada vez mais potência e ela também sentiu algo quente correndo desenfreado por todo o corpo.

Alexis tinha uma careta no rosto, reforçando ainda mais o desespero de Jaz para consertar o discurso. Ela passou as mãos soadas no vestido horroroso, alaranjado e bufante que a noiva havia escolhido para as madrinhas e pensou em como terminar aquele brinde patético.

— Vou sempre te amar como um irmão ama uma irmã, e como uma amiga ama um amigo. Estarei feliz na sua felicidade, e é o que importa. Vocês são... incrivelmente sortudos por esse encontro de almas... — Jaz capturou o momento em que Daniel limpou as recentes lágrimas, mas logo tratou de desviar o olhar - Por isso, por favor, eu proponho um brinde ao noivo e a noiva.

O tilintar dos vidros se chocando com delicadeza preencheram o silêncio mórbido e Jasmine finalmente respirou aliviada. Bebeu em um gole todo o champanhe quente servido em sua taça, se jogando na cadeira derrotada e envergonhada. Felizmente, logo Max assumiu o próximo brinde e não demorou para que temporariamente esquecessem de Jaz. Daniel e Alexis foram para a pista de dança como a maioria das pessoas logo após o discurso final, e quando começaram a se beijar, Jasmine soube que não aguentaria mais um minuto ali sem vomitar.

A australiana saiu do salão as pressas tendo que se encostar numa coluna de gesso do lado de fora quando a vontade de chorar a fez perder o ar. Chorar parecia basteira. A tornava patética, talvez imatura. Ela não era uma adolescente sofrendo por um amor não correspondido, mas estaria sendo dura demais consigo mesma se não se permitisse chorar por ter um casamento fracassado antes dos trinta e perder o amor da minha vida, um após o outro. Na verdade ela estava mais quebrada por perder Daniel do que ficou quando se separou de Cameron.

Melissa passou correndo tão rápido pela mãe que se não fossem seus longos cachos loiros e o vestido cintilante azul balançando ao vento, a mais velha não a teria reconhecido.

— Mel! — Jaz a chamou inutilmente, ela já havia descido as escadas de acesso ao salão de festa.

— A Melissa estava... - Daniel disse vindo logo após com uma expressão preocupada e apontando para a direção que a afilhada correu.

— Chorando? Ela desceu por aqui.

Os dois desceram as escadas com pressa, vendo a menina sentada em um cantinho do último degrau. Ela tinha a cabeça abaixada entre os joelhos e brincava com a grama bem aparada que cercava a estrutura de pedra branca polida da escada.

— Ei, meu amor. — Jasmine sentou ao lado de Mel enquanto Daniel se agachava à frente das duas. — O que aconteceu?

— Freddie me beijou — ela respondeu baixinho encolhendo os ombros.

— E isso é uma coisa ruim? — Jaz arriscou, franzindo o nariz.

— Claro que é, mãe.

A mulher lançou um olhar para Daniel involuntariamente pedindo sua ajuda. Ele abriu e fechou a boca várias vezes enquanto trocava olhares com a mãe e a filha.

— O que você sentiu, querida? Quando ele te beijou... — ele disse, cauteloso.

— Eu me senti... Como se estivesse na montanha russa. Com aquele frio na barriga quando a gente tá descendo junto com o brinquedo, eu acho. Mas não sei. Parece errado, sabe? Somos amigos, como vocês. Não seria estranho se vocês se beijassem? — a garota indagou olhando de Daniel para Jasmine. — Vou dizer para ele esquecer o que aconteceu e não tentar fazer isso de novo.

Os adultos se encararam constrangidos, quase culpados por não falarem sobre aquele tópico. Daniel soltou um longo suspiro antes de começar a falar com Melissa, mas ainda olhando diretamente para Jasmine.

— Mel... Ele está apaixonado e tentando te mostrar isso. Se você dispensar os seus e os sentimentos dele sem uma conversa mútua, o Freddie vai ter como missão de sua vida encontrar a garota mais perfeita do mundo só para tentar esquecer você. E ele vai falhar nisso, porque não existe ninguém como você lá fora. Então terá que se casar com outra mulher e passar o resto da vida com ela. E ele vai dizer a si mesmo que fez a coisa certa em seguir em frente e se convencer de que é feliz ao lado de outra pessoa. — Daniel quase não se preocupava com o entendimento da afilhada sobre suas palavras, e sim, com o da mulher.

— Então, o que eu devo fazer? — Melissa perguntou depois de um tempo em silêncio.

— Seguir o seu coração.

Como eu queria ter seguido o meu. - Jasmine completou a própria frase mentalmente.

— Mel! — Freddie gritou do alto da escada, atraindo a atenções dos três.

— Freddie! — A garota, agora revigorada pela conserva com o padrinho e a mãe, se levantou em um pulo e correu até o amigo.

Melissa corajosamente juntou os seus lábios aos dele em um breve selinho, o que deixou todos os presentes na cena surpresos.

— Então você se lembra. — Jaz interrompeu o silêncio incomodo que retornou depois das risadinhas pelo ato da filha.

A cabeça dela revirava com as lembranças vagas da noite do aniversário de dezoito anos. Eram como névoa se desfazendo, mas o exato momento em que ela e Daniel se beijaram havia ficado grudado em suas memórias como chiclete em sapato. Jasmine teve a clara certeza de que era disso que o amigo falava durante o conselho para sua filha.

Ricciardo abaixou a cabeça, escondendo o olhar marejado.

— No dia seguinte, eu tentei tocar no assunto por diversas vezes. Mas pensei que você havia esquecido porque logo depois desmaiou no meu colo. Você nunca me olhou daquele jeito — Dani confessou dolorosamente.

— Por isso você levou a Alexis ao baile de formatura — Jaz completou aos murmúrios.

— E você foi com o Cameron.

— E está brincando? Eu sempre olhei para você daquele jeito, sempre. — O tom irritado não passou despercebido na voz de Jasmine.

Ela desviou o olhar para o dedo anelar da mão esquerda dele, onde brilhava a aliança recém colocada.

— Não podemos falar sobre isso agora — Jaz esbravejou secando com violência as lágrimas tomando todo seu rosto. — Nosso tempo acabou, Daniel.

Jasmine levantou do degrau da escada se sentindo entorpecida, doente, machucada pelos sentimentos confusos. Sem olhar para trás e com o coração destroçado, fugiu do homem que um dia havia sido seu ponto de paz, sua luz, seu sol.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro