Alice Sabe de Nada
Alice Prewett conta que a história começou no fatídico dia em que ela foi atropelada por uma bicicleta. Para falar a verdade, não foi muito ruim além de um ralado no joelho, mas o garoto que estava na bicicleta tinha uma expressão tão assustada, que Alice decidiu que podia se divertir um pouquinho.
Abriu o berreiro só para ver a reação dele, lágrimas falsas enquanto fingia estar furiosa e machucada. Acontece que o garoto ficou mesmo sentido com a atuação e tentou, de várias maneiras e com todas as propostas possíveis, pedir desculpas. Até que ele começar a irritar Alice, a atentada criança de nove anos que já havia cansado da zoeira e só queria voltar para casa se empanturrar de algum doce.
— Tá tudo bem — esclareceu ela depois de um tempo, dando tapinhas no ombro do garoto. — Eu tava brincando. Olha, eu tô bem. Ainda vou poder fazer a minha apresentação de sapateado essa noite.
E sapateou de uma maneira nem um pouco talentosa, para provar. Mas a sua habilidade nisso era totalmente inexistente e, por algum motivo, o menino pareceu ficar impressionado e perguntou:
— Sério?
Alice riu.
— Claro que não. — E saiu andando em direção à sua casa, na mesma rua onde estavam.
Só que aí já era tarde demais. Frank Longbottom, o garoto da bicicleta que morava três ruas para baixo da dela, decidiu então que faria de tudo para se redimir pelo acidente.
•••
A partir deste momento, toda vez que a garota aparecia correndo pelos quarteirões de Godric's Hollow, lá estava o menino esguio no seu encalço. Alice chegou a ameaçá-lo seriamente se ele continuasse a seguindo, mas pelo visto, Frank nem deu bola e ela muito menos tentou cumprir o que prometeu.
Aos nove anos, eles eram apenas duas crianças descalças, despreocupadas e descabeladas. A parceria que surgiu entre eles tornou-se um laço forte que foi crescendo junto com a dupla dinâmica. O laço permaneceu firme aos onze anos, quando Alice adoeceu e foi parar no hospital e Frank se recusou a estar em outro lugar. E aos treze, quando Frank beijou pela primeira vez Emmeline Vance e Alice custou a esconder seu ciúme, embora tenha beijado Estúrgio Podmore logo em seguida para provar um ponto – e se arrependeu imediatamente.
Quando chegaram na adolescência, nessa altura eles não eram mais apenas os dois. Eram um grupo de amigos que sempre se juntavam para fazer as tradições de verão e causar, no mínimo, um osso quebrado. No primeiro dia de férias era essencial estarem todos de prontidão no deck de madeira que ficava no Lago Negro, que parecia estar sempre congelando.
Na primeira vez que fizeram isso, eles já estavam no auge dos quinze anos e essa havia sido, obviamente, ideia de Sirius Black, o garoto de cabelos nos ombros e olhos cinzas que parecia incessantemente pronto para arrumar confusão.
Ele desafiou James Potter (o moreno de olhos verdes) a pular no lago e ficar lá por pelo menos cinco minutos. James, que não era bobo, disse que só faria se Lilian Evans, a ruiva, também pulasse. Essa negou prontamente e afirmou que Remus Lupin era quem deveria ser intimado para, nas palavras dela, "essa idiotice sem nenhum sentido". Lupin apenas sorriu, deu de ombros, virou-se pra Frank Longbottom e perguntou:
— Vai entrar nessa também?
A resposta de Frank, com seus cabelos e olhos escuros, foi encarar Alice. Ela arregalou seus olhos puxados, vindos da sua descendência asiática, e recuou um passo. Conhecia Longbottom o suficiente para saber que o brilho nos olhos dele era de alguém que estava prestes a aprontar. Dito e feito. Alice até fez um movimento como se ela fosse sair correndo, mas Frank segurou sua cintura e a jogou sobre seus ombros, correndo na direção do lago e pulando enquanto a garota gargalhava.
No momento em que mergulharam, Alice deu um gritinho por causa do frio, mas foi abafado pelo grito de comemoração de Sirius que se jogou na água atrás deles. No instante seguinte estavam todos no lago, até mesmo Lily, que então pulava nas costas de James para afundá-lo na água enquanto gritava seja lá qual fosse a ofensa da vez contra Potter.
Frank tirou alguns fios molhados de cabelo da frente dos seus olhos e sorriu abertamente, passando um de seus braços em volta dos ombros de Alice, abraçando-a de lado.
— O que foi? — Perguntou ela quando Frank passou a observá-la. De repente Alice estava bem ciente de cada detalhe, de como seus cabelos estavam grudados no seu rosto e de como provavelmente parecia uma desengonçada com os lábios tremendo um pouco de frio.
Mas Frank apenas se inclinou, beijou a testa dela e, como se fosse possível, sorriu ainda mais.
— Nada, apenas estou feliz — disse ele.
— Assim, de repente? — Alice não admitiria que o vermelho nas suas bochechas era por causa da proximidade dos dois, embora estivesse acostumada com os toques constantes.
— Não tão de repente — murmurou Frank, inclinando-se mais do que a outra vez. Abriu a boca, como se estivesse prestes a dizer algo importante e...
— CUIDADO!
Sirius se chocou contra as costas de Frank quando caiu dos ombros de James, onde estava sentado segundos antes. Lilian, ainda sentada nos ombros de Remus e quem havia feito Sirius cair, ria com vontade, até James empurrar suas pernas e fazendo-a se desequilibrar, caindo também.
— Isso não vale, seu idiota! — Exclamou a ruiva quando voltou para a superfície, jogando água em Potter que tentava fugir.
Alice gargalhou, mas voltou seu olhar para Frank. Ele ia dizer alguma coisa antes, sabia que sim. Mas então o sorriso do garoto se suavizou no momento em que ele inclinou a cabeça para ela e pareceu mudar de ideia. Em vez de dizer o que ele queria, apenas estendeu uma mão pra Alice.
— Vem. — E se virou para os amigos. — ALICE E EU CONTRA REMUS E SIRIUS!
Sirius comemorou enquanto se jogava nas costas de Remus, que empurrava Black para longe e reclamava dizendo que era a vez dele de subir nos ombros do amigo.
Outra hora, pensou Frank. Ele poderia dizer o que sentia outra hora.
•••
Ah, o mergulho no Lago Negro no primeiro dia das férias era apenas a primeira tradição. Um ano após começarem com isso, conheceram Marlene McKinnon – a loira alta – e Dorcas Meadowes, a garota negra baixinha de cabelos curtos.
Já tinham algumas tradições que resolveram seguir todos os anos: a corrida de carrinhos de rolimã (Alice sempre saia com uma cicatriz nova), o show de talentos (apenas por capricho de Frank, porque ele era o único que realmente levava a sério) e a noite de acampamento e fogueira (a tradição preferida de todos eles).
Com Marlene e Dorcas acrescentaram as idas a sorveteria quando podiam. Era uma baderna. O dono da Sorveteria Florean Fortescue, o qual se chamava (adivinhem só) Florean Fortescue, gostava muito da turma e fingia não notar quando Sirius pedia amostras grátis mais de uma vez para funcionários diferentes, achando que estava enganando alguém.
Alice, Frank e Dorcas competiam o tempo todo para ver quem conseguia adivinhar o sabor dos sorvetes de olhos fechados, mas Frank sempre deixava Alice ganhar e ela sempre perdia para Dorcas, porque Marlene constantemente roubava e passava as respostas.
Marlene com o tempo se mostrou tão marota quanto Sirius. A dupla dinâmica botava o terror. Juntando com James então? Loucura na certa. Remus até tentava controlar, mas não dava certo. Para o prazer de Alice, quem Frank costumava dizer que se fingia de boa moça, mas na verdade amava as confusões. E errado ele não estava.
Era o mundinho deles. Quase intocável, quase inabalável. A vida real podia estar uma droga, mas o acordo silencioso era claro: ali, entre eles, era a chance de escapar um pouco.
Durou só até o último ano do ensino médio.
•••
Recapitulando as coisas: baile de formatura, a conclusão do colegial. Todos eles com 18 anos. Uma semana antes, Alice e Frank brigaram. Ninguém soube direito o porquê, apesar de Lilian ter tentado sem sucesso, casualmente e de forma sutil, perguntar o que estava acontecendo.
Na verdade, seu "sutil" foi chegar no Frank e:
— Por quais motivos idiotas você está ignorando Alice? — E ele a ignorou também.
Apenas Alice, Frank, Lilian, Marlene e Dorcas estudavam na mesma escola, mas James, Sirius e Remus foram chamados como acompanhantes, para poderem ir na festa também. Um ciclo se fechando, certo?
Não para Alice. Não quando, para ela, a história começou no fatídico dia em que foi atropelada por uma bicicleta. Com ela, o ralar de joelhos, o sapateado ruim e Frank. Naquela noite, a noite do baile, Alice ainda não sabia sapatear e coincidentemente, havia caído e ralado os joelhos mais cedo numa disputa infantil de quem-chegar-por-último-é-a-mulher-do-padre com Sirius, porque ele ainda achava graça desse tipo de coisa.
Mas faltava uma das variáveis: Frank. Faltava porque Alice disse a ele que não o queria lá. Em sua defesa, não queria mesmo. Não se ela fosse ser deixada de lado e ignorada como estava sendo nos últimos dias, sem nem ao menos uma explicação.
E era nisso que Alice pensava quando estava na porta do salão da festa e enquanto os seus amigos já estavam lá dentro. Era nisso que ela pensava quando virou-se para ir embora, sabendo muito bem que o peso da briga e o mau humor vinha puxando os outros para baixo também. Mas Alice não deixaria essa história afetá-los por nem mais um minuto.
Então, ela o viu. Frank também esteve na porta do salão naquela noite. Foi assim que a outra história começou, no fatídico dia em que eles se afastaram do resto do mundo e se fecharam em si mesmos numa dança solitária ao som da voz de Frank num parque vazio.
No dia seguinte, a mesma situação se repetiu com todos os seus amigos, sem exceção: primeiro, perguntavam porque ela não foi ao baile. Resposta sincera: encontrei com Frank e nós dançamos até nossos pés doerem. Resposta automática: acabei precisando resolver uma coisa.
Segundo, perguntavam se Alice tinha notícias de Frank. Pelo visto, ele e a família se mudaram no dia seguinte. Resposta sincera: eu não sei. E dessa vez, a reposta automática não era diferente: eu não sei.
Não houve uma explicação para aqueles últimos dias, o motivo para a hesitação, o afastamento. Não houve uma despedida além daquela no parque, nem uma luz para esclarecer o que aconteceu com oito anos de amizade.
A última coisa que Alice conseguiu de Frank, foi um colar. Ela havia soltado uma gargalhada alta quando viu o pingente. Era uma flor, uma rosa para ser mais exato.
Quando eram pequenos, Frank costumava colher rosas para Alice, mas ela não sabia cuidar e eventualmente as flores morriam. Ela achava que era um conhecimento geral, mas Frank realmente acreditava que as plantas estavam todas vivas e saudáveis. Quando ele descobriu que não, no auge dos seus dez anos, chorou e ficou sem falar com Alice por uma semana. Sua solução, então, foi começar uma plantação de rosas no quintal dos Prewett.
Alice ainda cuidava do Jardim com carinho, mesmo quando Dorcas costumava mandar mensagem de bom dia seguido de um "tudo bem?". Resposta automática: sim, claro. Resposta sincera: não, mas vai ficar.
•••
Lilian e James entraram para a faculdade no ano seguinte e um tempo depois, engataram o namoro. Era na cidade ao lado, por isso o casal passou a ver menos o resto do pessoal. Dorcas mudou de país, o que praticamente cortou todo o contato. Remus investiu na carreira de escritor, enquanto Sirius e Marlene abriram juntos um petshop.
Sirius descobriu seu amor por animais quando adotou Almofadinhas, seu cachorro, que sinceramente parecia mais esperto do que a maioria e tinha aqueles grandes olhos julgadores. Marlene entrou na onda quando percebeu que amava mexer com negócios. Nenhum dos dois chegou a falar algo a respeito, mas Alice podia apostar que havia algo mais... romântico, por de baixo dos panos.
E, é claro, tinha Frank.
Antes mesmo de sumir de Godric's Hollow, Frank já estava começando a ganhar destaque nas redes socais por causa de seus vídeos cantando covers. Alice amava deixá-lo envergonhado lendo os comentários que ele recebia.
— Olha esse, olha esse — ela começou uma vez, rindo, em uma tarde onde a possibilidade de Frank desaparecer de sua vida ainda parecia impossível. — O Carlinhos123 disse: "Cara, o Frank é tão gato. E canta tão bem... Que sonho!"
Ela mesmo se abanava, fingindo estar com calor enquanto Frank revirava os olhos.
— "Aí, Frank, fico até abalada, sabe?" — ela leu, não conseguindo segurar a risada que escapou no final. — Tadinha da SuCoelhinha_S2.
Nem Frank conseguiu ficar sério ao ouvir o user da pessoa que havia comentado aquilo.
— Não sei se eu fico lisonjeado ou assustado — admitiu ele.
— Os dois, tem alguns que dão medo até em mim — Alice comentou. — Mas tem uns legais. Olha: "uau, que garoto talentoso!", "esse tal de Frank Longbottom vai ficar famoso um dia, anotem o que eu digo", "caí aqui de paraquedas e já me apaixonei por essa voz".
Alice sorriu pra ele, que sorriu de volta. A sensação no peito de Frank era genuinamente boa, por saber que as pessoas gostavam do que ele fazia.
— Hmm... esse aqui fala que você é lindo, esse outro que você deveria fazer um dueto... — Alice murmurava enquanto voltava a ler os comentários em seu celular. — Hã, "nossa, imagina como deve ser a voz do Frank sussurrando no pé do seu ouvido? Me arrepiei só de pensar".
À medida que ela lia, não notou a presença de Frank aproximando-se por trás dela. Apenas percebeu quando sentiu a respiração dele contra a sua pele, os dois quase se tocando, ao mesmo tempo em que ele dizia com o tom de voz bem mais baixo que o normal:
— Tipo assim, Ali? — sussurrou ele, no pé do ouvido de Alice. Ela se arrepiou, ele riu.
O fato é que após Frank ir embora, foi apenas uma questão de tempo até os amigos descobrirem onde exatamente ele estava. Tinham uma ideia, já que Longbottom e Lupin ainda conversavam e trocavam mensagens, mas Remus dizia constantemente que a história completa não era dele para ser contada. Alice queria bater nele toda vez.
Mas Frank apareceu, semanas depois, como o mais novo artista que fechava contrato com o empresário Kingsley Shacklebolt.
•••
Quando Alice aceitou trabalhar para a Rádio Hogwarts, ela sabia que estava caminhando na direção de um sonho. Gostava mesmo de tudo que envolvia essa área de comunicação e entretenimento. Gostava das pessoas da rádio (bom, mais ou menos, sairia no soco com Malfoy tranquilamente) e era uma oportunidade gigantesca, então não rolava recusar.
Antigamente, no segundo ano do ensino médio, ela começou a fazer programas online e sozinha em seu quarto, como uma diversão, talvez um hobby. Tinha poucos telespectadores e alguns deles incluíam seu pai e seus amigos, então meio que não contava. Ela chamava seu programa de "Alice Sabe de Nada" e costumava divagar sobre vários assuntos entre as músicas que ela colocava para tocar.
Às vezes gostava de deixar seus ouvintes ligarem para ela em um número exclusivo para isso, embora normalmente (quase sempre) precisasse que Lilian ou Dorcas ligasse primeiro para incentivar outras ligações.
Dorcas amava fazer personagens. Um dia ela era uma fã com sotaque sofisticado, em outro era uma mulher com alguma profissão sem pé nem cabeça, como uma assessora de sapatos ou uma guia de séries. Lilian era mais prática, apenas pedindo alguma música ou outra.
Frank ligava toda vez e sempre pedia a mesma música. Até que ele sumiu e parou de ligar.
Mas enfim, foi mais ou menos assim: Remus conhecia um cara, que tinha um primo, que trabalhava com uma moça, que ficou sabendo uma vez, que a Madame Rosmerta do Três Vassouras, tinha o contato do irmão de Alvo Dumbledore, o Aberfoth Dumbledore. Era verdade, por mais doido que soasse.
Aberfoth foi bem legal e conseguiu uma entrevista de emprego para Alice com Minerva McGonagall, que descobriu o "Alice Sabe de Nada" e adorou. Disse ter o "um toque jovem e especial"... Alice ficou repetindo isso por semanas. E foi assim que Minerva resolveu então, chamar a garota para ser estagiária por meio período na Rádio Hogwarts. É claro que Alice foi.
Eventualmente, Alice se mudou para um apartamento que passou a dividir com Marlene. Tinha sido um ano de "Alice Sabe de Nada" e, desde a metade do seu último ano no ensino médio, três anos na Rádio Hogwarts. Frank chegou a vê-la trabalhando na rádio, afinal ele sempre vinha na hora do intervalo, às vezes com um pedaço de torta de limão, o doce referido de Alice, mas não ficou o suficiente para vê-la sair do "estagiária do cafezinho", para a estagiaria da Gryffindor.
Em certo ponto, depois de alguns meses após se formar no ensino médio e dessa vez trabalhando em período integral, Alice deixou para trás aquela parte do seu passado. Frank e etc. (Havia muita coisa dentro desse "etc.").
Certo, os áudios foram gravados e obviamente Alice conseguiu tudo, menos superar Frank Longbottom. O rancor estava até no tom e algumas pessoas poderiam inclusive apostar que a menina nos áudios chora no banho até hoje.
Mas na verdade, Alice também havia parado de gravá-los. Parou de fazer sentido, se é que algum dia já fez. No começo era sua uma maneira de desabafar, mas depois de um tempo, não parecia mais uma boa ideia. Não queria ser esse tipo de pessoa.
Então, ela os esqueceu. Mal se lembrava que um dia chegou a gravá-los. Enterrou bem lá no fundo da memória e então os áudios tornaram-se nada, apenas arquivos perdidos no banco de dados da Rádio Hogwarts.
E como você, caro leitor, já deve saber... Isso mudou drasticamente da noite para o dia.
— Alice, você está me ouvindo? — Exigiu saber Marlene, impaciente.
Marlene continuou uma mulher engraçada, mesmo depois daqueles anos e Alice tinha certeza que a loira só havia tentado chamá-la uma vez antes de perder a paciência que devemos dizer: Marlene não tinha nenhuma.
Alice estava enfiada de baixo da própria cama, caçando as anotações com algumas de suas ideias que ela havia escrito na noite anterior e jogado ali embaixo por pura frustração. Quando acordou na manhã seguinte, repensou as ideias e se arrependeu de descartá-las. Logo, ali estava ela.
Saiu de baixo da cama e virou-se tranquilamente para a porta no momento em que o furacão-Marlene entrou em seu quarto. Ela era bonita, mesmo com o temperamento. Alice costumava dizer que se tivesse metade da beleza de Lene, sua autoestima seria bem melhor do que se auto comparar com a mancha cinza misteriosa na parede da sala que Marlene afirmava não ter nada a ver com o fato dela ter tentado pintar o apartamento sozinha. Logo ela, McKinnon, que foi expulsa do curso de arte.
Frank antigamente não permitia que Alice falasse mal da própria aparência, toda vez que ela dizia alguma coisa do tipo, ele entrava em um looongo monólogo sobre as coisas que ele adorava nela. Normalmente, era praticamente tudo.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Alice.
E de repente Marlene parecia perfeitamente calma. Na verdade, talvez até mesmo... preocupada.
— Ok, alguma coisa com certeza aconteceu — falou Alice, franzindo a testa e se levantou do chão. — Quer sentar?
E apontou para a própria cama, mas Marlene ficou parada no mesmo lugar e balançou a cabeça.
— Não, você não entendeu, eu...
— Iiiih — interrompeu Alice. — Já saquei tudo. É o Sirius, não é?
— Não, na verdade...
— Eu sei que ele é meio cabeça dura às vezes, mas vocês estão indo tão bem no petshop e...
— Alice! Deixa eu...
— ... eu sempre soube que vocês tinham uma química...
— ... falar! Me deixa falar!
— ... ele falou uma vez para o Remus que só estava esperando você dar uma chance pra ele, é verdade...
— Olha, você precisa... Espera, ele falou isso?
Alice piscou os olhos inocentemente e Marlene bufou.
— Você tá me estressando — apontou a loira, revirando os olhos.
— Ótimo, é o meu trabalho diário. E dê uma chance ao Sirius.
— Te odeio e não vou falar disso.
— Me ama e deveria falar.
— O assunto aqui nem sou eu!
Alice inclinou a cabeça, com as sobrancelhas franzidas e perguntou:
— Não?
— Não!
Marlene empurrou o próprio celular para as mãos de Alice.
— Desde quando você não entra na internet?
— Desde ontem, ué. Por acaso voc...
A voz de Alice sumiu quando leu o título da matéria no site oficial do Profeta Diário, escrita por Rita Skeeter.
RÁDIO HOGWARTS: O DRAMA DOS BASTIDORES
Alice Prewett, com uma expressão aterrorizada em seu rosto enquanto lia a notícia, finalmente entendeu. Por um momento, perguntou-se como era possível alguma outra garota também ter gravado áudios sobre Frank. Quais eram as chances?
Tadinha, a menina deve estar surtando agora... Imagina ter os seus áudios vazados assim?, pensou Alice.
Mas então a ficha caiu. A garota era ELA.
Alice clicou no site onde dizia estar os áudios. E com grande horror, ela ouviu a própria voz preencher o seu quarto.
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